Esta história dos professores está a tornar-se um pouco aborrecida.
Foram para aí uns cem mil a dizer que era impensável e inaceitável. Depois, vitoriaram-se pela mobilização nunca vista no nosso país. A Oposição gostou porque teve oportunidade de se "coitadinhizar" (desculpem a invenção desta palavra mas a utilização de "solidarizar" pareceu-me abusiva) com os crescentes anseios e preocupações do povo português. Entretanto, ouvia-se a ministra a dizer que ainda havia coisas a melhorar e que estavam marcadas reuniões para se debaterem questões.
Depois, numa madrugada de Abril (numa madrugada de Abril é bonito, não é?), fumo branco e dois vencedores de uma só reunião: o Ministério e os Sindicatos. Ninguém recuou, ninguém negociou, ninguém nada. Toda a gente venceu mas ninguém percebeu o quê.
Mas agora é uma chatice... Quem explica aos cem mil que afinal não era preciso terem vindo a Lisboa? Quem tem agora dó do Louça, do Portas, do Sousa e do Menezes por terem ficado sem uns "aliados" na luta contra o governo?
Parece que há uns professores um pouco chateados com este desenlace. Mas até podia apostar que são só umas dezenitas daqueles cem mil. Porque os outros vieram aproveitaram a viagem.
E o aborrecimento prende-se precisamente com o substancial recuo que resultou num acordo que para esses professores é visto como uma vitória do Ministério e uma vitória de Ministério é coisa que não pode acontecer nunca (acho que não segue as directivas do partido ou coisa assim).
Tirei isto do DN (Vitorino Guerra pertence a um movimento que organizou manifestações espontâneas de professores. Isto de organizar a espontaneidade é coisa de gente intelectualmente avançada!):
«Em relação à criação de uma nova categoria salarial, Mário Nogueira assegura que ela visa penas equiparar o topo da carreira dos professores à dos técnicos da administração pública, embora Vitorino Guerra lembre que ela também tem como objectivo recompensar professores que exerciam cargos públicos, 'nomeadamente sindicais'»
mmmmmm... interessante, sem dúvida.
Parece que ontem as escolas aprovaram de forma esmagadora "o reconhecimento de que os cem mil professores que vieram a Lisboa não ainda não sabem bem o que vieram cá fazer" e vão ractificar o acordo.
Mas Mário Nogueira já disse que «apesar disso, os professores vão manter uma forte acção reivindicativa, como está aliás previsto na moção, e vão continuar a protestar contra as políticas educativas. No 1º de Maio, por exemplo, os sindicatos vão, evidentemente, desfilar e protestar» (gosto muito do "por exemplo" e do "evidentemente") certamente contra o estatuto da carreira docente, o concurso para definição dos professores titulares, contra o novo modelo de gestão escolar e, claro, contra a avaliação... coisas, digamos, "elementares num sistema educativo"...
E os alunos? No meio disto tudo alguém se preocupa com eles?
Mas tenho esperança de que um dia os professores ainda reivindiquem coisas desinteressantes como actualização de conteúdos, reformas pedagógicas, passos para uma melhor comunicação com os alunos, perceber as crianças de hoje e a maneira como elas são influenciadas pelo que as rodeia, etc.
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