5 de maio de 2005

Do TRANCÃO ao T(A)EJO...

Mas ninguém fala do melhor projecto de despoluição daquele que já foi o mais poluido rio da Europa?... O Trancão, no qual já se pode tomar um banhito, já foi detentor desse troféu.
Abstenho-me de falar acerca dos rios poluidos, onde quer que seja, só para atribuir responsabilidades ou culpas. Culpa temos todos nós do que se passa um pouco por toda a parte... alguém protestou alguma vez acerca do destino dos detritos de uma central nuclear localizada junto ao maior rio da Península?
Actualmente existem duas centrais nucleares em Almaraz, na Estremadura Espanhola, com uma potência total de 2000 MW, muito próximo da fronteira portuguesa e a montante, no rio Tejo, onde se situa a mais antiga central nuclear espanhola (Zorita com 160 MW) e a mais recente (Trillo com 1060 MW). Estas centrais têm dado mostras evidentes do seu funcionamento irregular. Existe uma ameaça latente de instalação de cemitérios definitivos ou provisórios de resíduos radioactivos de alta actividade, que também podem ter consequências para ambos os países. Está a ser feita a instalação de um cemitério nuclear provisório junto à Central de Trillo na cabeceira do Tejo, com o risco de dispersão dos materiais radioactivos pelo rio. De ambos os lados da fronteira, ninguém se preocupou nunca (falo de S.Bento e da Moncloa), com o impacto ambiental destas infraestructuras no ambiente, quando está provado que a poluição originada por meios biológicos ou processos químicos é recuperável a médio prazo, equanto que a poluição nuclear leva centenas, senão milhares de anos a debelar.
Nasci e cresci ao lado do Tejo Internacional, conheço practimente o Tejo desde a nascente até à sua Foz, passando pelas Colunas de Hércules (vulgo Portas de Ródão), resido a escassos metros do maior estuário da Europa e uma das mais belas e bem preservadas reservas naturais que existem neste continente, daí este meu amor por um rio junto do qual nasci, ao longo do qual tenho vivido (Até na Base em Tancos tinha de ir ao banho no Tejo) e espero que amanhã não seja véspera desse dia, fecharei os olhos não muito longe dele.
Por isso, não discutamos qual dos vizinhos polui mais que o outro.
Tenho orgulho e regozijo-me pelo exemplo que foi a despoluição do Trancão; essa ainda foi possível fazer. Será que poderemos dizer o mesmo caso algo se passe no Tejo? É que os resultados da despoluição, é garantido, ninguém que nasça nos próximos séculos vais testemunhar.

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