10 de setembro de 2009

ondas do mar de vigo

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ondas do mar de vigo,
se vistes meu amigo!
e ai deus, se verrá cedo!


qual 'ita' de vasco moscoso de aragão, 'capitão de longo curso' para impressionar damas de suspiro fácil, no porto no pará a responder que sim a todas as ancoragens, que afinal foram a salvação na tempestade insuspeita, esta casa/barco está ancorada nas ondas de terra com cabras em vez de peixes.

ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
e ai deus, se verrá cedo!


como a
mais bonita das canções de marinheiros a lembrar o sea green with waver in her hair. que lembram a amada morta
aqui verde de pastagens seguras e generosas

se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro!
e ai deus, se verrá cedo!


o barco preso que não fará a viagem às colinas de lisboa.
cantará ele
a canção que os marinheiros fizeram à cidade de colinas cobertas de mulheres bonitas?

our ship she weighed up anchor all for to sail away/the wind it from the southwest blew, for lisbon we were bound/the hills and dales were covered with pretty young girls around

se vistes meu amado,
por que hei gran cuidado!
e ai deus, se verrá cedo!


ou acabaria a cantar do cimo daquela proa um
forecastle shanty a plenos pulções:

so now we end this serial,
through sheer lack of material,
we wish you luck and freedom from
diseases venereal.

3 comentários:

Vee disse...

Gosto muito do som e da cadência de "ondas do mar de vigo". Não sei explicar.

Luísa disse...

Também gosto muito do poema, dava-me um prazer enorme declamá-lo no secundário!
Quanto aos barcos presos, navegue-se por onde se navegar, o de Caxinas é o melhor exemplo. Tenho um fascínio por aquela igreja desde pequenina...

teresa disse...

1)- Vieira designava os peixes por 'gado do mar', o que não torna a imagem assim tão insólita;

2)- o 'mistério' ainda por explicar (quando se fala em género) para o facto de os jograis e trovadores se colocarem na pele de elementos femininos e, curiosamente, só elegendo como interlocutores os elementos femininos da natureza (os estudiosos destas cantigas galego-portuguesas têm para tal diversas hipóteses): 'ondas' (e não mar); 'flores de verde pino' (e não pinheiros), tudo o que não se consegue entender, por tão distante no tempo e na História da nossa cultura, atrai (opinião pessoal) .

Para finalizar e ligando aos comentários anteriores o poema, quanto mais simples e isento de artifícios de estilo, mais bonito.

E Vee, a cadência das paralelísticas (designação deste 'ondas' e do 'flores do verde pino' ou ainda do 'Levou-se a louçana', etc., devia-se ao facto de serem acompanhadas de música (cantadas, daí a designação de 'cantigas, para mim as mais bonitas são as do galego Pero Meogo, mas já me estarei provavelmente a repetir)

As cantigas de Sta Maria de Afonso X (o sábio), avô de D. Dinis tb apresentam esta métrica.