19 de janeiro de 2009
A igreja e o coreto
A igreja e o coreto, quase em frente, situam-se numa localidade cujo étimo significa "terra fértil", não sendo a toponímia exclusiva da região. Sempre me interroguei por que motivo se "viravam" as casas para uma estrada tão movimentada aos fins-de-semana, pois a via dá acesso a uma praia da moda, muito frequentada para um almoço de bom peixe ou marisco, bem como por nela se situarem muitas casas de fim-de-semana de alguns lisboetas classe média. Há quem explique as construções junto à estrada principal como uma forma antiga de se passar o tempo: em épocas distantes, sem opção por "fitas de cinema", sempre se podia optar, através de varandas e janelas, por animações em tempo real.
No Verão, durante as festas da terra, o coreto é utilizado por bandas e fanfarras do concelho, sendo estas as manifestações culturais que ainda vão perdurando nas sociedades recreativas das aldeias saloias, dado os grupos de teatro se encontrarem, nos subúrbios, salvo honrosas excepções, em franco desaparecimento.
Identificam a localidade?
Acertou a Mi quando indicou a Terrugem.
Ó SINO DA MINHA ALDEIA
Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.
E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.
Por mais que tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.
A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.
Fernando Pessoa
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4 comentários:
Esta localidade sei que sabes que sei!
Adorei reler o poema de Fernando Pessoa.
São João das Lampas
Terrugem
Rosarinho,
Aqui a tarde "não é lá muito calma", que o diga quem precisa de estacionar no local a qualquer dia da semana, mas vá-se lá saber porquê, ocorreu-me o poema.
Luís Bonifácio,
o local fica a uns quilómetros de S. João das Lampas.
Mi,
Acertou! Terrugem é realmente o local fotografado. Felizmente que a igreja está a ser recuperada. Ao longo do processo, tem-se vindo a descobrir atentados sucessivos (as cores e algumas pinturas murais encontravam-se tapadas, o tecto em madeira também parece não ser o original, finalmente os azulejos estão a ter o tratamento merecido).
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