Como se faz a porra do update para o Blog Plus???
Devo ser muito burra ou o cérebro estar muito down:)
A 230 anda o Gasel Manuel:) Cheio de produtividade.
Também tenho pena que o Porto tenha perdido, Lau.
Andreia voltaste!!!!:)))
De resto do mundo só me apercebi da chuvada de hoje. Ah, e da pobreza nos States.
E qualquer coisa dos circos.
Cardinalli acho.
Se alguém mais inspirado me explicar como se updata esta coisa, agradeço.
Obrigadas..obrigadas..como diria a nossa Amália....que aliás é o único túmulo que tem flores frescas no Panteão. Mas coitada deitaram-na junto ao Almeida Garret e aoJoão de Deus.
31 de agosto de 2003
Ideias para dias quentes de verão (6)
Tenho alma de escritor. Desta maneira faço mais uma confissão: sou um presumido.
Mas sinto mesmo que tenho. Vem de há três ou quatro anos, ou talvez desde há mais, desde sempre e eu não notava. Ou simplesmente não queria, ou não sabia notar.
Agora sinto-o, noto-o. Há alturas em que tenho ideias que me chegam à cabeça, que nem raios ou sopros de vento, que me bailam na cabeça, tomam forma, mudam e transforma-se às vezes em páginas escritas, outras vezes em delírios... Mas não param de chegar e às vezes vão-se embora, fogem, dizem adeus... para não voltar ou regressarem dias depois. Há personagens que vêm de repente, sem dizer nada, sem avisar e também se instalam, falam comigo e dizem-me “ escreve-me... escreve-me!” ou chamam-me cabrão e gritam-me “deixa-me voar”... E ficam ali por uns dias instalados ou voam para outros lados. E às vezes não voltam...
Nestas alturas fico febril, angustiado... dantes ficava contente, quietinho, só a imaginar. Agora não, angustio-me, quero ficar com qualquer coisa, um esboço, um vulto, algo que mais tarde me lembre, e escrevo papelinhos, agendas, qualquer coisa. Nestes dias escreveria livros imensos de todas as cores!
A angústia ocorre porque sei que virão os dias chuvosos, frios, cinzentos, em que as ideias me abandonam, os vultos migram para sul e eu nem meia página escreveria. Um livro dessa altura serio “O Livro a Cinzento” dos dias cinzentos de Inverno, da alma cinzenta...
Última confissão do dia: ao falar de almas lembrei-me do livro “Alma de Pássaro” da Rebelo Pinto. Já li e, apesar de ser o tal estilo que o Orlando bem define como Urbano Porra-louca, li com algum agrado. Duas razões: ao menos ela é assumidamente autobiográfica. A segunda é que também tenho um alma de pássaro, às vezes de águia, a maioria das vezes de mero pardal!
PP: Continuo a descobrir histórias extraordinárias da minha família. Ontem foi de uma minha trisavó, Maria do Patrocínio, que nasceu ali para os lados de Marvão, talvez em 1860. Viúva cedo, meio pobre, rancho de filhos, vida dura. Casou de novo, agora com homem mais abastado e deve ter sido bom, de tal modo que um dos filhos dela (o meu bisavô Ventura) casou com uma das filhas dele (a minha bisavó Emília). Assim era como se fosse madrasta/mãe e sogra da sua nora e enteada/filha. E era como se a minha avó só tivesse um avô e uma avó... (confuso?). Isto acabou em tragédia: anos mais tarde um neto, que era pobrezinho e alcoólico (os males da altura) matou a minha trisavó Mª do Patrocínio para lhe roubar um fio de ouro. Este neto passou vinte anos na cadeia, saiu, foi repudiado pela família e matou-se ao atirar-se para debaixo de uma camioneta da Setubalense...
PPP: Era para linkar a Rebelo Pinto mas encontrei outro que me pareceu interessante...
Mas sinto mesmo que tenho. Vem de há três ou quatro anos, ou talvez desde há mais, desde sempre e eu não notava. Ou simplesmente não queria, ou não sabia notar.
Agora sinto-o, noto-o. Há alturas em que tenho ideias que me chegam à cabeça, que nem raios ou sopros de vento, que me bailam na cabeça, tomam forma, mudam e transforma-se às vezes em páginas escritas, outras vezes em delírios... Mas não param de chegar e às vezes vão-se embora, fogem, dizem adeus... para não voltar ou regressarem dias depois. Há personagens que vêm de repente, sem dizer nada, sem avisar e também se instalam, falam comigo e dizem-me “ escreve-me... escreve-me!” ou chamam-me cabrão e gritam-me “deixa-me voar”... E ficam ali por uns dias instalados ou voam para outros lados. E às vezes não voltam...
Nestas alturas fico febril, angustiado... dantes ficava contente, quietinho, só a imaginar. Agora não, angustio-me, quero ficar com qualquer coisa, um esboço, um vulto, algo que mais tarde me lembre, e escrevo papelinhos, agendas, qualquer coisa. Nestes dias escreveria livros imensos de todas as cores!
A angústia ocorre porque sei que virão os dias chuvosos, frios, cinzentos, em que as ideias me abandonam, os vultos migram para sul e eu nem meia página escreveria. Um livro dessa altura serio “O Livro a Cinzento” dos dias cinzentos de Inverno, da alma cinzenta...
Última confissão do dia: ao falar de almas lembrei-me do livro “Alma de Pássaro” da Rebelo Pinto. Já li e, apesar de ser o tal estilo que o Orlando bem define como Urbano Porra-louca, li com algum agrado. Duas razões: ao menos ela é assumidamente autobiográfica. A segunda é que também tenho um alma de pássaro, às vezes de águia, a maioria das vezes de mero pardal!
PP: Continuo a descobrir histórias extraordinárias da minha família. Ontem foi de uma minha trisavó, Maria do Patrocínio, que nasceu ali para os lados de Marvão, talvez em 1860. Viúva cedo, meio pobre, rancho de filhos, vida dura. Casou de novo, agora com homem mais abastado e deve ter sido bom, de tal modo que um dos filhos dela (o meu bisavô Ventura) casou com uma das filhas dele (a minha bisavó Emília). Assim era como se fosse madrasta/mãe e sogra da sua nora e enteada/filha. E era como se a minha avó só tivesse um avô e uma avó... (confuso?). Isto acabou em tragédia: anos mais tarde um neto, que era pobrezinho e alcoólico (os males da altura) matou a minha trisavó Mª do Patrocínio para lhe roubar um fio de ouro. Este neto passou vinte anos na cadeia, saiu, foi repudiado pela família e matou-se ao atirar-se para debaixo de uma camioneta da Setubalense...
PPP: Era para linkar a Rebelo Pinto mas encontrei outro que me pareceu interessante...
30 de agosto de 2003
Ideias para dias quentes de verão (5)
Parece que próxima 2ª feira é dia aziago para muita gente... eu também volto a partir pedra. Quem me dera que estes dias aterrassem e não voassem, que este sábado durasse para aí dez dias...
Além de não fazer nada como de costume, ler uns livros ou dar umas voltas de mota, comecei a interessar-me por uma nova coisa: as raízes familiares... Já conhecia umas histórias curiosas dos meus avós mas agora vou mesmo fazer um tipo qualquer de árvore genealógica (aos pouquinhos...). Isto porque o meu pai mostrou-me um livro de um antepassado meu, tão antepassado que nem sei nomeá-lo, talvez “hectavô”
O livro é antiquíssimo, a “Nova Floresta, ou Sylva da Varios Apophthegmas, e ditos sentenciosos espirituaes, e moraes; com reflexões, Em que o util da doutrina se acompanha com o vario da erudiçaõ, assim divina, com humana” (isto é que é um título...) do Padre Manoel Bernardes. A folha onde estaria a data de impressão está rasgada mas indica que é a quarta edição e deve ser lá por volta de 1700 e poucos.
O mais interessante é que esses meus antepassados usavam as folhas (mais ou menos) em branco no início e fim do livro para assentar diversas notas. Geralmente a relatar nascimentos de filhos e mortes de pais e avós. Mas há outras muito mais giras. Numa delas um tal Joaquim C. Monthanxa diz que o livro lhe pertence em 1748. Mas a melhor de todas, que não está datada mas que pode ser deste mesmo Joaquim ou de um outro de 1837, aqui deixo reproduzida:
“Livro Meu muito istimado do Thouzouro do meu Saber Se al gum Dia te perder o fidalgo que te a char O zo de ser on rado. Senão souber o Meu nome porbaxo vai ASinado Joaquim Monthanxa”
E assim vou dormir a sesta da tardinha...
PP: Não resisto, não sou hipócrita. Gostei da derrota do Porto :))) . Gostei da cara do Mourinho : ))) . Há que ter algumas alegrias... :)))
PPP: Que não dei pela falta da Andreia...? Mas se eu passava os dias a suspirar... :))
Além de não fazer nada como de costume, ler uns livros ou dar umas voltas de mota, comecei a interessar-me por uma nova coisa: as raízes familiares... Já conhecia umas histórias curiosas dos meus avós mas agora vou mesmo fazer um tipo qualquer de árvore genealógica (aos pouquinhos...). Isto porque o meu pai mostrou-me um livro de um antepassado meu, tão antepassado que nem sei nomeá-lo, talvez “hectavô”
O livro é antiquíssimo, a “Nova Floresta, ou Sylva da Varios Apophthegmas, e ditos sentenciosos espirituaes, e moraes; com reflexões, Em que o util da doutrina se acompanha com o vario da erudiçaõ, assim divina, com humana” (isto é que é um título...) do Padre Manoel Bernardes. A folha onde estaria a data de impressão está rasgada mas indica que é a quarta edição e deve ser lá por volta de 1700 e poucos.
O mais interessante é que esses meus antepassados usavam as folhas (mais ou menos) em branco no início e fim do livro para assentar diversas notas. Geralmente a relatar nascimentos de filhos e mortes de pais e avós. Mas há outras muito mais giras. Numa delas um tal Joaquim C. Monthanxa diz que o livro lhe pertence em 1748. Mas a melhor de todas, que não está datada mas que pode ser deste mesmo Joaquim ou de um outro de 1837, aqui deixo reproduzida:
“Livro Meu muito istimado do Thouzouro do meu Saber Se al gum Dia te perder o fidalgo que te a char O zo de ser on rado. Senão souber o Meu nome porbaxo vai ASinado Joaquim Monthanxa”
E assim vou dormir a sesta da tardinha...
PP: Não resisto, não sou hipócrita. Gostei da derrota do Porto :))) . Gostei da cara do Mourinho : ))) . Há que ter algumas alegrias... :)))
PPP: Que não dei pela falta da Andreia...? Mas se eu passava os dias a suspirar... :))
29 de agosto de 2003
Livros e cabeleireiros e dias de sol
Ando aqui a ler uma biografia deliciosa da Colette, "La Vagabonde assise". Acho um nome extraordinário, vagabundear-se sem saír do lugar. E continuo a achar que gostaria de ter vivido no princípio do século em Paris....Com um pequeno óbice..a tecnologia ausente...Mas de facto a Colette que se revela nessas páginas é uma figura cruel e apaixonante. Assim como a família dela. Quase se sentem os cheiros, os sabores a textura.
Estou a gostar.
E , mudando completamente de assunto,voltemos ao real.
Perguntava-me a mim mesma. Porque demoramos tanto num cabeleireiro? porquê todos esses rituais? É reconfortante no entanto termos tanta mulher a tratar de nós solicitamente. Perdemos a identidade e regressamos ao colo da mãe. Somos comandadas e manipuladas até ao produto final. E ok, no fim, ficamos felizes se alguém nos diz "estás tão produzida hoje, t !!"
Acho que os homens têm azar, nesse aspecto de não serem tratados assim.Têm vergonha se calhar.
Ou entâo ? o eterno mistério feminino....sei lá eu.
Estou contente caraças:)
Quanto aos sonhos. Sempre sonhei muito, sonhos muito enredados. Defeito de cinéfila adoradora do Bunuel.
Qual Almodovar, qual carapuça.
Hoje acordei com vontade que o Bunuel estivesse vivo e fizesse mais filmes. Para não falar do Orson Welles.
Talvez os clonem, quem sabe...
Vejo que vem tudo animado do mês de Agosto.
E a Lau continua desterrada, o Paulo do Sul a pastorear preguiça e a Lia a indignar-se contra a porra das editoras portuguesas. O Ricardo I energético as always.
E acho que nada tenho mais para relatar.
Abeijos e braços
Estou a gostar.
E , mudando completamente de assunto,voltemos ao real.
Perguntava-me a mim mesma. Porque demoramos tanto num cabeleireiro? porquê todos esses rituais? É reconfortante no entanto termos tanta mulher a tratar de nós solicitamente. Perdemos a identidade e regressamos ao colo da mãe. Somos comandadas e manipuladas até ao produto final. E ok, no fim, ficamos felizes se alguém nos diz "estás tão produzida hoje, t !!"
Acho que os homens têm azar, nesse aspecto de não serem tratados assim.Têm vergonha se calhar.
Ou entâo ? o eterno mistério feminino....sei lá eu.
Estou contente caraças:)
Quanto aos sonhos. Sempre sonhei muito, sonhos muito enredados. Defeito de cinéfila adoradora do Bunuel.
Qual Almodovar, qual carapuça.
Hoje acordei com vontade que o Bunuel estivesse vivo e fizesse mais filmes. Para não falar do Orson Welles.
Talvez os clonem, quem sabe...
Vejo que vem tudo animado do mês de Agosto.
E a Lau continua desterrada, o Paulo do Sul a pastorear preguiça e a Lia a indignar-se contra a porra das editoras portuguesas. O Ricardo I energético as always.
E acho que nada tenho mais para relatar.
Abeijos e braços
Ideias para dias quentes de verão (4)
Bem... os dias quentes parece que se foram embora e as ideias também escasseiam. Esperemos pelo Outono!
Não fazer nada.
Gosto de não fazer nada. E é o que faço nestes dias depois da agitação de Espanha e Itália.
Mas há que faze-lo bem, com estilo. Primeiro há que acordar cedo, antes das nove da manhã, de preferência por volta das oito. Comer qualquer coisa devagar, um copo de leite, umas broas, um naco de queijo ou tostas com marmelada. Depois ir ao quintal, sentar num banquinho e fumar um cigarro no fresco da manhã... nessa altura está na hora de ir até à sala, esparramar-se no sofá, abrir a televisão e “zappar” um bocado (parar dois ou três minutos nos canais de televendas). A seguir saio, desço a rua e bebo uma bica na tasca do Porra, fumo outro cigarro. Volto a casa, volto ao quintal detrás e leio um bocado de um livro, dez páginas no máximo. Está na hora de voltar à sala, ao sofá e dormir a sesta da manhã...
É quase hora de almoço, comer bem, beber groselha! Depois vai-se à outra bica e fumar mais cigarros, agora no Fatan (nesta altura o ideal era alguém me levar ao colo ou às cavalitas). Voltar devagarinho, sala, sofá, sesta da tarde. Acordar aos poucos, ir até ao quintal e ler mais dez ou doze páginas. É nesta altura que há que inventar dez desculpas para não ir jogar à bola com o miúdo ou fazer qualquer outro desporto violento.
Chegou a tardinha e nesta hora mágica que ocorre a diversidade do dia: ir dar uma volta de mota, para aí dez quilómetros; ir beber uns copos, sei lá... dez imperiais; ir bater dez bolas com o taco nº 10 (que não existe!). É quase hora de jantar, mas primeiro a sesta do jantarinho. Comer bem, tinto, sobremesa, bica. À noitinha ou se lê o livro (nesta altura podemos ir até às vinte páginas), ou se vê um filme, ou se vai ver os dias que voam.
São onze horas, tenho sono, o dia foi esgotante, vou-me deitar. Espero não ter sonhos que me cansem...
O que por aí vi... Ao Ricardo D, como já lhe disse, concordo com que o facto dos mancebos de masturbarem (que se masturbam) não implica que as moças sejam tão arredias (que o são por serem mesmo assim... e também se masturbam).
Ao ler o outro Ricardo confirmei que me estou a tornar fascista. Mas é normal: à medida que envelhecemos começamos a ver mal ao pé, a ter dores nas costas, a querer trabalhar menos e a ficar fascistas... E a minha vida é comandada por um dúplice, o eu e o eu. Mas gosto! Agradeço a sugestão do Orlando, gosto de me rir e de um bom avacalhamento. Acabei de ler Pantaleão e as Visitadoras do MV Llosa. Avacalha muito e fez-me rir dez vezes. Descobri entretanto que do Brasil só li o Meu Pé de Laranja Lima e aquele do PC da Srª Primm e do demónio... Os sonhos da T e do Boavisteiro intrigam-me, acho que devem ser reveladores de algo. Aconselho um “sonhólogo”!
PP: ai o Benfica! Aiiiiiii ... há que me habituar, são os anos de chumbo!
Não fazer nada.
Gosto de não fazer nada. E é o que faço nestes dias depois da agitação de Espanha e Itália.
Mas há que faze-lo bem, com estilo. Primeiro há que acordar cedo, antes das nove da manhã, de preferência por volta das oito. Comer qualquer coisa devagar, um copo de leite, umas broas, um naco de queijo ou tostas com marmelada. Depois ir ao quintal, sentar num banquinho e fumar um cigarro no fresco da manhã... nessa altura está na hora de ir até à sala, esparramar-se no sofá, abrir a televisão e “zappar” um bocado (parar dois ou três minutos nos canais de televendas). A seguir saio, desço a rua e bebo uma bica na tasca do Porra, fumo outro cigarro. Volto a casa, volto ao quintal detrás e leio um bocado de um livro, dez páginas no máximo. Está na hora de voltar à sala, ao sofá e dormir a sesta da manhã...
É quase hora de almoço, comer bem, beber groselha! Depois vai-se à outra bica e fumar mais cigarros, agora no Fatan (nesta altura o ideal era alguém me levar ao colo ou às cavalitas). Voltar devagarinho, sala, sofá, sesta da tarde. Acordar aos poucos, ir até ao quintal e ler mais dez ou doze páginas. É nesta altura que há que inventar dez desculpas para não ir jogar à bola com o miúdo ou fazer qualquer outro desporto violento.
Chegou a tardinha e nesta hora mágica que ocorre a diversidade do dia: ir dar uma volta de mota, para aí dez quilómetros; ir beber uns copos, sei lá... dez imperiais; ir bater dez bolas com o taco nº 10 (que não existe!). É quase hora de jantar, mas primeiro a sesta do jantarinho. Comer bem, tinto, sobremesa, bica. À noitinha ou se lê o livro (nesta altura podemos ir até às vinte páginas), ou se vê um filme, ou se vai ver os dias que voam.
São onze horas, tenho sono, o dia foi esgotante, vou-me deitar. Espero não ter sonhos que me cansem...
O que por aí vi... Ao Ricardo D, como já lhe disse, concordo com que o facto dos mancebos de masturbarem (que se masturbam) não implica que as moças sejam tão arredias (que o são por serem mesmo assim... e também se masturbam).
Ao ler o outro Ricardo confirmei que me estou a tornar fascista. Mas é normal: à medida que envelhecemos começamos a ver mal ao pé, a ter dores nas costas, a querer trabalhar menos e a ficar fascistas... E a minha vida é comandada por um dúplice, o eu e o eu. Mas gosto! Agradeço a sugestão do Orlando, gosto de me rir e de um bom avacalhamento. Acabei de ler Pantaleão e as Visitadoras do MV Llosa. Avacalha muito e fez-me rir dez vezes. Descobri entretanto que do Brasil só li o Meu Pé de Laranja Lima e aquele do PC da Srª Primm e do demónio... Os sonhos da T e do Boavisteiro intrigam-me, acho que devem ser reveladores de algo. Aconselho um “sonhólogo”!
PP: ai o Benfica! Aiiiiiii ... há que me habituar, são os anos de chumbo!
Golpe no enfado. (ploft)
Esta será a última entrada que aqui faço durante os dias-que-supostamente-seriam-de-férias mas que acabam por ser os mais-tensos-do-ano. Estou ansiosa por voltar ao meu quartinho/toca. Até porque daqui, não sei porquê, o pc recusa-se a abrir esta página tão bela e tão airosa. Nem aos comentários consigo aceder. É um qualquer castigo dos céus. Escataploft.
Posto isto quero dizer que a generalização do outro dia foi um mero golpe no enfado destes últimos dias. Nem todos os mancebos se masturbam tanto assim (não tenho qualquer fundamento para o dizer), nem eu gostaria tanto de ver as moças satisfeitas e acasaladas. Era um enfado ainda maior se andassemos constantemente todos contentes. Seria um não tão admirável mundo novo onde o bom uso das mãos eliminaria o soma. Foi um ar que me deu. (Salvo Seja)
Só mais uma coisa. Ainda me lembro da primeira vez que peguei num livro que pelo meio tinha páginas em branco. Lembro-me da sensação de ter sido enganada, de impotência. Sou como a minha amiga ali em baixo: não tinha ideia que estas coisas já eram normais. Niiimzita, acho que te trocam o livro no quiosque, vai lá ver, barafusta. Livros sem páginas são como aquelas rádios que cortam o início e o fim das canções. É maumaumau.
Ainda outra coisa. Bons dias para todos, dias voadores, anfíbios, ou lá como forem os de cada um. Cá por mim, gostaria de ter dias mais doces.
Sabem de alguma pastelaria que aceite encomendas deste calibre?
Posto isto quero dizer que a generalização do outro dia foi um mero golpe no enfado destes últimos dias. Nem todos os mancebos se masturbam tanto assim (não tenho qualquer fundamento para o dizer), nem eu gostaria tanto de ver as moças satisfeitas e acasaladas. Era um enfado ainda maior se andassemos constantemente todos contentes. Seria um não tão admirável mundo novo onde o bom uso das mãos eliminaria o soma. Foi um ar que me deu. (Salvo Seja)
Só mais uma coisa. Ainda me lembro da primeira vez que peguei num livro que pelo meio tinha páginas em branco. Lembro-me da sensação de ter sido enganada, de impotência. Sou como a minha amiga ali em baixo: não tinha ideia que estas coisas já eram normais. Niiimzita, acho que te trocam o livro no quiosque, vai lá ver, barafusta. Livros sem páginas são como aquelas rádios que cortam o início e o fim das canções. É maumaumau.
Ainda outra coisa. Bons dias para todos, dias voadores, anfíbios, ou lá como forem os de cada um. Cá por mim, gostaria de ter dias mais doces.
Sabem de alguma pastelaria que aceite encomendas deste calibre?
28 de agosto de 2003
Ray Bradbury
Hoje comprei o Fahrenheit 451... aquelas promoções... com o "Público", por 5 euros... queria reler e partilhar com o moço que me atura e leva o Simão ao veterinário um dos meus livros preferidos...
Bem... para meu desgosto, chega-se à página 64 e passa-se para a 81, que segue, sem interrupções, até à pág. 96, onde, apruptamente, voltamos à 81 outra vez... depois da 99 ainda tenho que ver...
(suspiro)
...
É impressão minha ou neste país isto já passou a ser normal?
´
niiim
Bem... para meu desgosto, chega-se à página 64 e passa-se para a 81, que segue, sem interrupções, até à pág. 96, onde, apruptamente, voltamos à 81 outra vez... depois da 99 ainda tenho que ver...
(suspiro)
...
É impressão minha ou neste país isto já passou a ser normal?
´
niiim
Mistério
Como se explica que haja grupos musicais que disponibilizam na internet todas as canções dos seus novos cds? Alguns destes grupos disponibilizam também todas as imagens que compõem o livrinho do cd. Será porque o trabalho de gravar todas as músicas da internet para um cd e de imprimir todas as imagens numa impressora a cores, esse trabalho terá um custo superior ao preço do cd? Ou será porque os grupos musicais confiam na ética e na psicologia dos seus ouvintes?: "Se ouvirem e gostarem do cd então sentirão que é justo comprar o original; por outro lado, o desejo de compra será mais forte se tiverem ouvido todas as músicas e não apenas um single."?
Com excepção de roupa e automóveis, eu compro tudo o que experimento. No caso de música, eu compro todos os cds que ouvi integralmente na internet pelo simples facto de... os ter ouvido integralmente! Depois de se ficar a conhecer bem uma coisa, depois de se experimentar, de nos apropriar-nos dela fica uma vontade de possuir em definitivo, isto é, de comprar.
No caso de grupos musicais de culto (no caso do meu culto) eu compro os cds quer os tenha ouvido integralmente quer conheça só um single e quer tenha gostado ou não.
Ricardo
Post post: Suggestions for further (and colateral) research: Depois de se experimentar uma pessoa (e gostar) também se fica com o desejo de a possuir em definitivo??
Com excepção de roupa e automóveis, eu compro tudo o que experimento. No caso de música, eu compro todos os cds que ouvi integralmente na internet pelo simples facto de... os ter ouvido integralmente! Depois de se ficar a conhecer bem uma coisa, depois de se experimentar, de nos apropriar-nos dela fica uma vontade de possuir em definitivo, isto é, de comprar.
No caso de grupos musicais de culto (no caso do meu culto) eu compro os cds quer os tenha ouvido integralmente quer conheça só um single e quer tenha gostado ou não.
Ricardo
Post post: Suggestions for further (and colateral) research: Depois de se experimentar uma pessoa (e gostar) também se fica com o desejo de a possuir em definitivo??
Imagens
Pois é, vamos ter que updatar este blog para termos imagens aqui.
A Maria depois encarrega-se de as arranjar:)
Entretanto temos que aguardar que o Blogger actualize essa versão e a tenha disponivel.
Outra coisa! Grande chuvada!
Adoro o cheiro a terra molhada:)
Beijos e .....meninos Pedro e Orlando onde andam vocês???
A Maria depois encarrega-se de as arranjar:)
Entretanto temos que aguardar que o Blogger actualize essa versão e a tenha disponivel.
Outra coisa! Grande chuvada!
Adoro o cheiro a terra molhada:)
Beijos e .....meninos Pedro e Orlando onde andam vocês???
Ideias para dias quentes de verão (3)
Viajar.
Ser viajante!
Gosto de viajar, ver novos lugares, olhar caras desconhecidas, comer comidas nunca antes comidas, falar línguas mal faladas, fazer coisas que antes nunca tinha feito...
Devia ser obrigatório viajar. Faz parte de um conceito que li num livro recentemente: as pessoas andam a correr de um lado para o outro para chegarem mais cedo ao ponto de partida, porque se esquecem que nunca se chega, está-se sempre a partir! O viajar dá-nos melhor esta noção, este contínuo partir. Devia ser obrigatório viajar, pelo menos para os funcionários públicos: não se podia entrar sem conhecer bem os hábitos e costumes de pelo menos cinco países. E Espanha não conta!
Viajar. Abre-nos a mente, ilumina-nos o espírito e engrandece-nos a alma. Quem nunca viajou nunca saberá o que poderia ter feito ou o que poderá vir a fazer, nunca conhecerá alguns dos seus limites. Quanto mais viajo, mais quero viajar, mais coisas quero fazer.
Já andei por muitos lados: já calcorreei Lochs e Glenns da Escócia, já subi ao Empire State Building e deambulei pela Times Square, já bebi Schnnaps em Dezembro em Viena e tintos de verano em Agosto em Cádiz, já subi o Mississipi num barco de roda, já me maravilhei com o Alhambra de Granada e espreitei a Gioconda entre dúzias de japoneses...
Estas férias estive em Florença, na Toscânia. E gostei, gostei muito, fiz pequenas coisas extraordinárias. Passeei nas ruas de “Firenze”, vi os frescos de Filipino Lippi na Capela Brancacci, a Sagrada Família de Miguel Ângelo nos Uffizi e a Trindade de Masaccio em St. Maria Novella. Molhei os pés no Tirreno, subi à Torre Grossa de S. Gimignano e jantei no Il Campo de Siena. Ouvi cantos celestiais na capela de St. Margherita (onde Dante casou e conheceu Beatrice Portinari) e vi a ópera Turandot na Torre del Lago Puccini, perto de Lucca.
Estou um pouco melhor!
Mas quero muito mais: quero assistir ao Palio em Siena e correr à frente (ou atrás) dos touros no S. Firmin de Pamplona, quero atravessar os EUA de carro e ir à muralha da China gritar qualquer coisa em chinês, quero ver o sol da meia-noite em Narvik e ouvir o Muni a chamar os fiéis na Mesquita de Istambul...
Quero viajar!
PP: Por viajar não incluo ir oito dias para Varadero, comer muita melância, beber mais Baccardis e dar alguns mergulhos na piscina....bahhhhh!
PPP: a chuvinha da manhã foi óptima... o pior foi à tarde que andava de mota... :)
Ser viajante!
Gosto de viajar, ver novos lugares, olhar caras desconhecidas, comer comidas nunca antes comidas, falar línguas mal faladas, fazer coisas que antes nunca tinha feito...
Devia ser obrigatório viajar. Faz parte de um conceito que li num livro recentemente: as pessoas andam a correr de um lado para o outro para chegarem mais cedo ao ponto de partida, porque se esquecem que nunca se chega, está-se sempre a partir! O viajar dá-nos melhor esta noção, este contínuo partir. Devia ser obrigatório viajar, pelo menos para os funcionários públicos: não se podia entrar sem conhecer bem os hábitos e costumes de pelo menos cinco países. E Espanha não conta!
Viajar. Abre-nos a mente, ilumina-nos o espírito e engrandece-nos a alma. Quem nunca viajou nunca saberá o que poderia ter feito ou o que poderá vir a fazer, nunca conhecerá alguns dos seus limites. Quanto mais viajo, mais quero viajar, mais coisas quero fazer.
Já andei por muitos lados: já calcorreei Lochs e Glenns da Escócia, já subi ao Empire State Building e deambulei pela Times Square, já bebi Schnnaps em Dezembro em Viena e tintos de verano em Agosto em Cádiz, já subi o Mississipi num barco de roda, já me maravilhei com o Alhambra de Granada e espreitei a Gioconda entre dúzias de japoneses...
Estas férias estive em Florença, na Toscânia. E gostei, gostei muito, fiz pequenas coisas extraordinárias. Passeei nas ruas de “Firenze”, vi os frescos de Filipino Lippi na Capela Brancacci, a Sagrada Família de Miguel Ângelo nos Uffizi e a Trindade de Masaccio em St. Maria Novella. Molhei os pés no Tirreno, subi à Torre Grossa de S. Gimignano e jantei no Il Campo de Siena. Ouvi cantos celestiais na capela de St. Margherita (onde Dante casou e conheceu Beatrice Portinari) e vi a ópera Turandot na Torre del Lago Puccini, perto de Lucca.
Estou um pouco melhor!
Mas quero muito mais: quero assistir ao Palio em Siena e correr à frente (ou atrás) dos touros no S. Firmin de Pamplona, quero atravessar os EUA de carro e ir à muralha da China gritar qualquer coisa em chinês, quero ver o sol da meia-noite em Narvik e ouvir o Muni a chamar os fiéis na Mesquita de Istambul...
Quero viajar!
PP: Por viajar não incluo ir oito dias para Varadero, comer muita melância, beber mais Baccardis e dar alguns mergulhos na piscina....bahhhhh!
PPP: a chuvinha da manhã foi óptima... o pior foi à tarde que andava de mota... :)
27 de agosto de 2003
Torradas
Questão existencial do dia:
Porque será que, quando as beatas lancham (depois da sua missinha) trituram a vida alheia enquanto comem torradas?
Isto de tomar café ao lado de uma igreja tem o que se lhe diga….
Porque será que, quando as beatas lancham (depois da sua missinha) trituram a vida alheia enquanto comem torradas?
Isto de tomar café ao lado de uma igreja tem o que se lhe diga….
Cheia de preocupações...
Não estou nada preocupada. Só com os sonhos falantes.
Hoje sonhei que alugava uma casa na Avenida da Liberdade e as escadas eram teleféricos.
Para não falar das varandas que pareciam pranchas de piscina.
Os meus gatos fugiam. E eu corria muito depressa atrás deles.
Mas depois acordei , estava no meu quarto.
Fui a modos que confirmar se as escadas tinham sido substituídas.
Mas, está tudo igual:)
Gostei !!!!!! MUITOOOOO !!!!da chuva da manhã. Sincronia total com a saída do táxi.
Espero não sonhar mais hoje:)
Hoje sonhei que alugava uma casa na Avenida da Liberdade e as escadas eram teleféricos.
Para não falar das varandas que pareciam pranchas de piscina.
Os meus gatos fugiam. E eu corria muito depressa atrás deles.
Mas depois acordei , estava no meu quarto.
Fui a modos que confirmar se as escadas tinham sido substituídas.
Mas, está tudo igual:)
Gostei !!!!!! MUITOOOOO !!!!da chuva da manhã. Sincronia total com a saída do táxi.
Espero não sonhar mais hoje:)
De novo outra vez...
Voltei... embora ainda de férias, agora no remanso do campo alentejano: dias mansos e noites longas.
Vou aos poucos por a leitura dos posts em dia. Aos poucos, sim, porque aqui a ligação é das antigas, lenta, quase manual... e instável. Vamos ver se consigo "postar" este.
Voltei... e cheio de ideias, projectos novos, sei lá. Até ao fim da semana farei uma apresentação formal... a ver o que dá!
Quanto ao que já vi, a T continua preocupada com marcos de correio e tubarões caminhantes :) ... e a Lau continua avinagrada, vá lá que já não sou mancebo! Aos novos blogadores (que ainda não sei quem nem quantos são) dou as boas vindas e desejo desde já um feliz Natal!
Só uma dúvida... sou o Paulo I ou o Paulo II?
Vou aos poucos por a leitura dos posts em dia. Aos poucos, sim, porque aqui a ligação é das antigas, lenta, quase manual... e instável. Vamos ver se consigo "postar" este.
Voltei... e cheio de ideias, projectos novos, sei lá. Até ao fim da semana farei uma apresentação formal... a ver o que dá!
Quanto ao que já vi, a T continua preocupada com marcos de correio e tubarões caminhantes :) ... e a Lau continua avinagrada, vá lá que já não sou mancebo! Aos novos blogadores (que ainda não sei quem nem quantos são) dou as boas vindas e desejo desde já um feliz Natal!
Só uma dúvida... sou o Paulo I ou o Paulo II?
26 de agosto de 2003
Tubarões caminhantes
Ontem adormeci a falar de tubarões e estradas.
Estou aqui a tentar perceber o que quer isso dizer. Palpita-me que o próprio Freud teria dificuldade em explicar.
Imagino os bicharocos de patinhas excedentárias e boné de ciclista, a meterem-se à estrada e a implicarem com os meus sonhos.
Será o filme do Spielberg? E a estrada? Será um caminho? Uma autoestrada?
E nesse caso, como pagam as portagens? Visa? Cortam as pernas aos portageiros? E será que portageiros é com g ou com j?
À parte estes sonhos um bocado arrevesados , orais ainda por cima , que posso dizer?
Saudades desses blogadores todos que estão de férias!
As boas vindas ao Ricardo II!
Tendencialmente este blog vai virar dinastia. PauloI, Paulo II....
Mais coisas? Já estou a descansar do número de turista forçada.
E nada como um sofá e um livro.E outras coisas mais :)
Orlando ,já liguei para a porra da DinaLivro. Sabes quanto tempo demora a chegar um livro do Brasil aqui? 3 meses!!!! Nem o Pedro A Cabral demorou tanto, caraças!!!!
E aqui fico a esticar as pernas e a tentar ter bons (maus?)pensamentos.
De facto a tentativa resulta.
Estou de sorriso aberto e cara de parva.E o mundo a girar.
Obrigada S.
Estou aqui a tentar perceber o que quer isso dizer. Palpita-me que o próprio Freud teria dificuldade em explicar.
Imagino os bicharocos de patinhas excedentárias e boné de ciclista, a meterem-se à estrada e a implicarem com os meus sonhos.
Será o filme do Spielberg? E a estrada? Será um caminho? Uma autoestrada?
E nesse caso, como pagam as portagens? Visa? Cortam as pernas aos portageiros? E será que portageiros é com g ou com j?
À parte estes sonhos um bocado arrevesados , orais ainda por cima , que posso dizer?
Saudades desses blogadores todos que estão de férias!
As boas vindas ao Ricardo II!
Tendencialmente este blog vai virar dinastia. PauloI, Paulo II....
Mais coisas? Já estou a descansar do número de turista forçada.
E nada como um sofá e um livro.E outras coisas mais :)
Orlando ,já liguei para a porra da DinaLivro. Sabes quanto tempo demora a chegar um livro do Brasil aqui? 3 meses!!!! Nem o Pedro A Cabral demorou tanto, caraças!!!!
E aqui fico a esticar as pernas e a tentar ter bons (maus?)pensamentos.
De facto a tentativa resulta.
Estou de sorriso aberto e cara de parva.E o mundo a girar.
Obrigada S.
25 de agosto de 2003
Ondem páram os marcos de correio?
Hoje recordei-me da cidade quando havia em cada esquina um marco de correio.
Vermelhinho e irredutível , sempre vigilante, e esperando ávidamente que o enchessemos de cartas e postais.
Hoje corri o quarteirão em busca de um. E nada.
Extinguiram-se?
A culpa é dos e-mails?
Quem nos anda a retirar o prazer do manuscrito , dessa intimidade partilhada que nos faz sentir tão bem?
Este é um verdadeiro atentado ao verbo namorar.
Acho mal, muito mal.
Em contrapartida, bancos, finanças e outras instituições afins devem ter marcos de correio mesmo à porta. GRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
Vermelhinho e irredutível , sempre vigilante, e esperando ávidamente que o enchessemos de cartas e postais.
Hoje corri o quarteirão em busca de um. E nada.
Extinguiram-se?
A culpa é dos e-mails?
Quem nos anda a retirar o prazer do manuscrito , dessa intimidade partilhada que nos faz sentir tão bem?
Este é um verdadeiro atentado ao verbo namorar.
Acho mal, muito mal.
Em contrapartida, bancos, finanças e outras instituições afins devem ter marcos de correio mesmo à porta. GRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
22 de agosto de 2003
Aforismos bestas próprios das férias
Se os mancebos não usassem as mãos só para se masturbarem as moças não seriam tão arredias.
***
Os nossos pais fodem, e ao contrário do que dizem alguns, não é só para nos conceberem.
***
Os nossos pais fodem, e ao contrário do que dizem alguns, não é só para nos conceberem.
Sempre às voltas.
Tenho dias de desenrolar novelos.
Puxo uma ponta devagarinho , não o quero quebrar.
Apesar daquela vontade toda de o ter liberto, fios escorridos por todo o lado.
Algas e mar.
Desejos emaranhados.
Sorrisos. Vozes.
E sim,também o resto.
Puxo uma ponta devagarinho , não o quero quebrar.
Apesar daquela vontade toda de o ter liberto, fios escorridos por todo o lado.
Algas e mar.
Desejos emaranhados.
Sorrisos. Vozes.
E sim,também o resto.
Atalho
Mergulhado em formas infames
(a minha, enorme; as alheias,
inermes), fortificado
por um sem fim de meneios, muxôxos,
ares de negação, de emoção todo
heróico - talhado no formão
do "sou mais eu" - e, portanto,
triste como um pau de escanteio
num campo de vento e vacas: só.
Decido: não racho. No deserto finito
(mas onde esse fim?) escondo uvas.
Que importa se as inventei?
Esta minha cara de Deus
foi Deus quem deu.
E o jeito de Deus
quem deu fui eu.
Adiante me estendo,
com dedos sujos as como,
e me apresso a formar
ante exércitos que desconheço
(desejos, maçãs, pupilas,
ódios cursivos como águas frias,
olhos azuis, ossos, mãos
e a piedade longe acenando do cais do parto):
quando nasci, mãe de auroras
(o clarão sonoro do mundo que me deste!,
clarins de luz me ensurdeciam!),
nossos gritos moqueavam adeuses,
e a vereda íngreme do mundo
era torso de cobra desdobrado
em quintais de feras: desanima mundi.
Então só. Decido: não vergo.
E morro aturdido: não reconheço
nenhum anjo ao meu pé,
nenhum diabo ri,
de um em um, sendo todos e nenhum,
serpeamos no rodamoinho-vertigem,
na bocarra escancarada do nada.
(a minha, enorme; as alheias,
inermes), fortificado
por um sem fim de meneios, muxôxos,
ares de negação, de emoção todo
heróico - talhado no formão
do "sou mais eu" - e, portanto,
triste como um pau de escanteio
num campo de vento e vacas: só.
Decido: não racho. No deserto finito
(mas onde esse fim?) escondo uvas.
Que importa se as inventei?
Esta minha cara de Deus
foi Deus quem deu.
E o jeito de Deus
quem deu fui eu.
Adiante me estendo,
com dedos sujos as como,
e me apresso a formar
ante exércitos que desconheço
(desejos, maçãs, pupilas,
ódios cursivos como águas frias,
olhos azuis, ossos, mãos
e a piedade longe acenando do cais do parto):
quando nasci, mãe de auroras
(o clarão sonoro do mundo que me deste!,
clarins de luz me ensurdeciam!),
nossos gritos moqueavam adeuses,
e a vereda íngreme do mundo
era torso de cobra desdobrado
em quintais de feras: desanima mundi.
Então só. Decido: não vergo.
E morro aturdido: não reconheço
nenhum anjo ao meu pé,
nenhum diabo ri,
de um em um, sendo todos e nenhum,
serpeamos no rodamoinho-vertigem,
na bocarra escancarada do nada.
21 de agosto de 2003
Saudades
Dos ausentes e dos presentes.
Do passado e do futuro.
O anteontem foi um dia tão bom.
Mas acredito que o depois de amanhã vai ser .
Saudades dum fim de semana. Aquele.
Estou. Não, sou. Saudosa.
O presente já está a passar...ai que saudades do agora.
Deste bocadinho de tempo.
Suspiro.
Do passado e do futuro.
O anteontem foi um dia tão bom.
Mas acredito que o depois de amanhã vai ser .
Saudades dum fim de semana. Aquele.
Estou. Não, sou. Saudosa.
O presente já está a passar...ai que saudades do agora.
Deste bocadinho de tempo.
Suspiro.
20 de agosto de 2003
Orlando e o Marco Paulo
Para apreciares a beleza deste homem, envio-te o site dele.
http://www.zonamusica.pt/nacional/marco_paulo/marcopaulo.htm
Aqui não o consigo linkar!!!Grrrrrrr
Para veres o que sofrem os portugueses.
http://www.zonamusica.pt/nacional/marco_paulo/marcopaulo.htm
Aqui não o consigo linkar!!!Grrrrrrr
Para veres o que sofrem os portugueses.
Eu bebo sim, estou vivendo; tem gente que não bebe e está morrendo!
A polícia e a faculdade tomam-me mais tempo do que quero. Mas sobrevivo. Quisera eu estar de férias, tomando picolé e lagarteando nas praias. Outro é meu destino: perambular nas madrugadas de sete graus; lavar as merdas do cachorro segurando um esguicho de ferro geladíssimo; entediar-me à morte nos debates sobre a reforma curricular das Letras.
Comprei o Alexandra Alpha, que está polidamente aguardando a vez, porque, antes dele, há dois livros sobre o Murilo Mendes, um sobre dísticos elegíacos, um outro sobre o Padre Vieira, mais um tanto a respeito do Latim, e uns textos em francês sobre as instituições políticas romanas que não sei como hei-de fazer para decifrar (meu francês não dá nem pra comprar baguette em camelô – supondo que se vendam baguettes em camelôs). Isso tudo é o curricular. Afora o curricular, tenho que terminar o Philip Roth, que se estende. Mas lá está ele, que veio junto com o Almeida Garrett e com a História do Cerco de Lisboa.
Gastei meu tempo comprando um telefone celular da TIM, que por ser nova está disposta a atender aos miseráveis como eu. E olhando a gente no metrô: há tanta gente louca nesta cidade infeliz. Me incluo, porque de são, só tenho a fachada. E lendo jornal: nossos juniores perderam a final do futebol para a Argentina no Pan-Americano, mas foi roubado; o Romário morreu, e o Fluminense paga ao cadáver dele; meu Palmeiras lidera a segunda divisão, em vez de rabear a primeira; morreu o nosso embaixador que comandava a missão de paz da ONU em Bagdá; mais franceses morrem assados; há lugares onde não chove há meses, aí pelo interior; e todos os meus amigos estão juntando dinheiro para ver a apresentação dos Coldplay (eu talvez vá; gosto, mas não tanto assim de ir ver).
Saudações ao Joaquim, e um obrigadinho e um beijo à Manela. Meu caro Ricardo, adoraria entornar uns copos em companhia do Boavisteiro; e Gasel, li a Arundhati Roy, que de fato é uma belíssima mulher, e fez um livro bonito. Se me pedissem recomendação para um livro de uma mulher indiana, indicaria o Karma Cola, da Gita Mehta, onde ela avacalha com toda a onda mística que envolve seu país. É de rolar de rir.
Qualquer hora, eu volto.
Comprei o Alexandra Alpha, que está polidamente aguardando a vez, porque, antes dele, há dois livros sobre o Murilo Mendes, um sobre dísticos elegíacos, um outro sobre o Padre Vieira, mais um tanto a respeito do Latim, e uns textos em francês sobre as instituições políticas romanas que não sei como hei-de fazer para decifrar (meu francês não dá nem pra comprar baguette em camelô – supondo que se vendam baguettes em camelôs). Isso tudo é o curricular. Afora o curricular, tenho que terminar o Philip Roth, que se estende. Mas lá está ele, que veio junto com o Almeida Garrett e com a História do Cerco de Lisboa.
Gastei meu tempo comprando um telefone celular da TIM, que por ser nova está disposta a atender aos miseráveis como eu. E olhando a gente no metrô: há tanta gente louca nesta cidade infeliz. Me incluo, porque de são, só tenho a fachada. E lendo jornal: nossos juniores perderam a final do futebol para a Argentina no Pan-Americano, mas foi roubado; o Romário morreu, e o Fluminense paga ao cadáver dele; meu Palmeiras lidera a segunda divisão, em vez de rabear a primeira; morreu o nosso embaixador que comandava a missão de paz da ONU em Bagdá; mais franceses morrem assados; há lugares onde não chove há meses, aí pelo interior; e todos os meus amigos estão juntando dinheiro para ver a apresentação dos Coldplay (eu talvez vá; gosto, mas não tanto assim de ir ver).
Saudações ao Joaquim, e um obrigadinho e um beijo à Manela. Meu caro Ricardo, adoraria entornar uns copos em companhia do Boavisteiro; e Gasel, li a Arundhati Roy, que de fato é uma belíssima mulher, e fez um livro bonito. Se me pedissem recomendação para um livro de uma mulher indiana, indicaria o Karma Cola, da Gita Mehta, onde ela avacalha com toda a onda mística que envolve seu país. É de rolar de rir.
Qualquer hora, eu volto.
19 de agosto de 2003
Intervalo em honra de S. Mateus
Pois é, não é fácil ver passar (voar?) os dias sem ver os vossos por aqui. Venho agora ler-vos e dar duas de letra.
Coisas estranhas acontecem a uma moça em férias. Estava eu muito descansadinha (mentira, estava podre e farta de lá estar, malditas moscas) em Viseu quando numa ida a um hipermercado vejo um cartaz espampanante (com a respectiva foto do artista em pose enternecida) que anuncia: Sessão de autógrafos com Marco Paulo no dia tal e tal... e alguns metros depois: Marco Paulo, hoje, na feira de S. Mateus. Puxo o braço do meu pai e logo ficou assente que não deixaríamos passar em claro o acontecimento. Jantamos, encasacamo-nos e disparamos para a feira (dois euros a entrada, barato tendo em conta o recinto melhorado e a alegria geral). Chegamos no final do tal concerto (já eu estava a lamber o meu gelado de máquina, daqueles que estão ao pé das praias, com sabor a sal, morango, Matosinhos, cansaço, baunilha e infância) mesmo a tempo de ouvir o discurso inflamado do Marquito e ouvir as pessoas entoarem exitos como: maravilhoso coração, nem às paredes confesso e aquela da Nossa-Senhora-nos-dê-a-mão-cuide-do-meu-coração-da-minha-vida-aaaaaaaaaai! Por mais idiota que pareça, e sei que parece, fiquei comovida. Era muita gente a partilhar a mesma experiência. Palermices. Por essa algura surpreendeu-me a atitude do meu pai, que não querendo ser confundido com a plebe, resolveu optar pela fuga em frente, isto é: desatou a berrar, desafinar, zurrar, gargalhar para quem o quisesse ouvir. A minha madrasta mantinha-se sorridente com a situação a abanar-se devagarinho com os braços cruzados.
Talvez embalada pela televisão e pelas histórias que se contam, estava à espera de um festival de microfone voador. Não podia estar mais errada, não só o microfone não saíu da mão direita, como o mais encantador dos tiques nem sequer estava nos braços. Era o pé. Marco Paulo abanava a pernita de uma maneira que eu nunca tinha visto. Enfim. Estava contente.
Esta maravilha não podia acabar assim, fomos a um duelo matraquilheiro. Ficam desde já avisados que este ano estou em forma, tendo derrotado o meu pai por... bem, a dada altura deixei de contar. E agora sim, PARA ACABAR, fomos comprar pão com chouriço, daquele que tem MESMO chouriço, e que cheira divinalmente, e que é enorme, e que eu adoro, e que vim a comer até casa..
Dizia-se que no dia seguinte era a Fafá de Belém mas... não quis abusar.
Assino-me com saudades,
Cláudia, a rainha dos matraquilhos
Coisas estranhas acontecem a uma moça em férias. Estava eu muito descansadinha (mentira, estava podre e farta de lá estar, malditas moscas) em Viseu quando numa ida a um hipermercado vejo um cartaz espampanante (com a respectiva foto do artista em pose enternecida) que anuncia: Sessão de autógrafos com Marco Paulo no dia tal e tal... e alguns metros depois: Marco Paulo, hoje, na feira de S. Mateus. Puxo o braço do meu pai e logo ficou assente que não deixaríamos passar em claro o acontecimento. Jantamos, encasacamo-nos e disparamos para a feira (dois euros a entrada, barato tendo em conta o recinto melhorado e a alegria geral). Chegamos no final do tal concerto (já eu estava a lamber o meu gelado de máquina, daqueles que estão ao pé das praias, com sabor a sal, morango, Matosinhos, cansaço, baunilha e infância) mesmo a tempo de ouvir o discurso inflamado do Marquito e ouvir as pessoas entoarem exitos como: maravilhoso coração, nem às paredes confesso e aquela da Nossa-Senhora-nos-dê-a-mão-cuide-do-meu-coração-da-minha-vida-aaaaaaaaaai! Por mais idiota que pareça, e sei que parece, fiquei comovida. Era muita gente a partilhar a mesma experiência. Palermices. Por essa algura surpreendeu-me a atitude do meu pai, que não querendo ser confundido com a plebe, resolveu optar pela fuga em frente, isto é: desatou a berrar, desafinar, zurrar, gargalhar para quem o quisesse ouvir. A minha madrasta mantinha-se sorridente com a situação a abanar-se devagarinho com os braços cruzados.
Talvez embalada pela televisão e pelas histórias que se contam, estava à espera de um festival de microfone voador. Não podia estar mais errada, não só o microfone não saíu da mão direita, como o mais encantador dos tiques nem sequer estava nos braços. Era o pé. Marco Paulo abanava a pernita de uma maneira que eu nunca tinha visto. Enfim. Estava contente.
Esta maravilha não podia acabar assim, fomos a um duelo matraquilheiro. Ficam desde já avisados que este ano estou em forma, tendo derrotado o meu pai por... bem, a dada altura deixei de contar. E agora sim, PARA ACABAR, fomos comprar pão com chouriço, daquele que tem MESMO chouriço, e que cheira divinalmente, e que é enorme, e que eu adoro, e que vim a comer até casa..
Dizia-se que no dia seguinte era a Fafá de Belém mas... não quis abusar.
Assino-me com saudades,
Cláudia, a rainha dos matraquilhos
continuo de ferias
Estive em transito entre Espanha e Italia...
ja fiz as malas.
Arrivedeci e Buona Sera
ja fiz as malas.
Arrivedeci e Buona Sera
Confesso que ando feliz
Há dias assim. Mais brilhantes do que outros.
Em que há sempre um bocadinho mais de felicidade acrescida.
Em que se cumprem pequenas metas, como por exemplo não adormecer ao telefone:)
Apesar dos dias não voarem lá muito depressa.
O que pode ser um problema.
Mas....está um vento bom lá fora.
E eu tenho que ir trabalhar........
Em que há sempre um bocadinho mais de felicidade acrescida.
Em que se cumprem pequenas metas, como por exemplo não adormecer ao telefone:)
Apesar dos dias não voarem lá muito depressa.
O que pode ser um problema.
Mas....está um vento bom lá fora.
E eu tenho que ir trabalhar........
18 de agosto de 2003
Ideias para dias quentes de verão (2)
Naquele sítio em Espanha, onde passei sete dias de férias, logo ali ao lado do quarto onde dormia havia um cibercafé que infelizmente (ou felizmente) ainda não tinha a net instalada. Mas já tinham o anúncio...
Hoje (num daqueles dias) fui cedo, antes das nove da manhã, beber a minha bica. Tinham um bom café, quase bica, e até uma colheres quase de café, não aqueles colherões que costumam pôr em Espanha e que entornam metade do precioso líquido ao mexer. Era geralmente um dos primeiros clientes. Acordo cedo, saio de mansinho e vou beber a bica, ler um livro, fazer qualquer coisa só minha... gosto!
Hoje (num daqueles dias) sentei-me, esperei uns minutos e com calma apareceu o empregado que me deu os bons dias. Fez qualquer coisa que tinha a fazer e, passados outros minutos perguntou-me o que queria. Nos primeiros dias estranhei... nós temos aquela ansiedade de chegar à “pastelaria”, atracar no balcão e querermos ser logo atendidos, pedir um queque e um Sumol de supetão e, num abrir e fechar de olhos eles aparecerem logo ali. Em pouco tempo habituei-me e gosto! Sentar-me, esperar, olhar e observar o sítio, sentir o ambiente. Depois de mais alguns minutos comecei a beber o café, que era um bom café.
E é sempre assim... logo depois apareceu um castelhano que pediu qualquer coisa para desajunar. O empregado disse “muy biem”, continuou a arrumar qualquer coisa, devagar... mudou-se para o outro lado do balcão e olhou para um monte de CDs... escolheu um... pegou nele e colocou no leitor: era Jazz e uma música calma e serena invadiu o café... voltou atrás e baixou um pouquinho o volume. Só então foi despachar o pedido do castelhano que aguardava seráfico.
Foi um momento quase perfeito!
PP: O café tem uma barra luminosa, tipo reclame, onde entre anúncios de “pan” com qualquer coisa e “helados” vários mostra alguns ditos. Um deles: “He cometido el peor de los pecados que un hombre puede cometer. No he sido feliz.” JL Borges .
PPP: Gostei de ver o Benfica... jogou bem! Não ganhou mas jogou bem.. e o FêQuêPê como terá ficado?
Hoje (num daqueles dias) fui cedo, antes das nove da manhã, beber a minha bica. Tinham um bom café, quase bica, e até uma colheres quase de café, não aqueles colherões que costumam pôr em Espanha e que entornam metade do precioso líquido ao mexer. Era geralmente um dos primeiros clientes. Acordo cedo, saio de mansinho e vou beber a bica, ler um livro, fazer qualquer coisa só minha... gosto!
Hoje (num daqueles dias) sentei-me, esperei uns minutos e com calma apareceu o empregado que me deu os bons dias. Fez qualquer coisa que tinha a fazer e, passados outros minutos perguntou-me o que queria. Nos primeiros dias estranhei... nós temos aquela ansiedade de chegar à “pastelaria”, atracar no balcão e querermos ser logo atendidos, pedir um queque e um Sumol de supetão e, num abrir e fechar de olhos eles aparecerem logo ali. Em pouco tempo habituei-me e gosto! Sentar-me, esperar, olhar e observar o sítio, sentir o ambiente. Depois de mais alguns minutos comecei a beber o café, que era um bom café.
E é sempre assim... logo depois apareceu um castelhano que pediu qualquer coisa para desajunar. O empregado disse “muy biem”, continuou a arrumar qualquer coisa, devagar... mudou-se para o outro lado do balcão e olhou para um monte de CDs... escolheu um... pegou nele e colocou no leitor: era Jazz e uma música calma e serena invadiu o café... voltou atrás e baixou um pouquinho o volume. Só então foi despachar o pedido do castelhano que aguardava seráfico.
Foi um momento quase perfeito!
PP: O café tem uma barra luminosa, tipo reclame, onde entre anúncios de “pan” com qualquer coisa e “helados” vários mostra alguns ditos. Um deles: “He cometido el peor de los pecados que un hombre puede cometer. No he sido feliz.” JL Borges .
PPP: Gostei de ver o Benfica... jogou bem! Não ganhou mas jogou bem.. e o FêQuêPê como terá ficado?
Adormecer ao telefone e outras desventuras
Bem! Sabiam que Lisboa tem mais igrejas que eu sei lá???E que está invadida por hordas de turcos louros e de sandalettes e meias grossas?
Ou seja ando a fazer de dama de companhia da minha amiga Karin. Fiquei a saber muitas coisas que não sabia. Afinal quase nenhum túmulo do Panteão tem recheio, ou seja cadáver. Coisa estranhissima.
Acendemos velinhas na Igreja de Santo António. Foi quase um jackpot de luz.
Felizmente ontem trabalhei , evitando assim as horriveis escadas da Torre de Belém.
E hoje se Deus quiser, talvez ele queira, terei água quente.
Também vou tentar, JUROOOOOOOOOOO; não adormecer mais ao telefone.
Enfim..ao trabalho!!!!
Ou seja ando a fazer de dama de companhia da minha amiga Karin. Fiquei a saber muitas coisas que não sabia. Afinal quase nenhum túmulo do Panteão tem recheio, ou seja cadáver. Coisa estranhissima.
Acendemos velinhas na Igreja de Santo António. Foi quase um jackpot de luz.
Felizmente ontem trabalhei , evitando assim as horriveis escadas da Torre de Belém.
E hoje se Deus quiser, talvez ele queira, terei água quente.
Também vou tentar, JUROOOOOOOOOOO; não adormecer mais ao telefone.
Enfim..ao trabalho!!!!
17 de agosto de 2003
Ideias para dias quentes de verão (1)
Primeiro que tudo as boas vindas aos novos "blogadores", Manela, Ricardo, Andreia e Claudia... espero não me ter escapado ninguém! Levei meia hora a por a escrita em dia..mas perdi-me!
Estive de férias: tomei banho, preguicei, tomei banho, bebi cerveja e cidras, tomei banho, comecei a jogar golf, tomei banho... Li o Peixoto. Rendo-me!
Como já tinha achado no outro livro, escreve e descreve muito bem. Neste acho que não me escapou nada, acho que percebi (quase) tudo. "Vi" os meus medos, os meus amores, um pouco da minha vida. Gostei muito de ler "Uma Casa na Escuridão"... vou reler o "Nenhum Olhar" para ver o que me escapou... vou comprar o "Morreste-me".
Como tenho pouco jeito, coloco aqui as palavras de Antonio Muñoz Molina que estão lá na dobra da capa: "O fantástico é contado com a naturalidade do quotidiano. Essa ambiguidade é também reflectida numa escrita que desliza de um registo a outro sem que nos demos muita conta. Da narraçãoo do quase realismo social ao rapto visionário, da voz da à consciência, do relato minucioso do trabalho no campo à tirada quase bíblica sobre os infortúnios do ser humano numa terra eternamente ingrata."
PP: é alentejano, e está tudo dito. Tem aquela infinita sabedoria da calma e da angústia, da alegria e da tristeza, do tempo (que faz) e do tempo (que passa). Aproveito e lembro "O Deus das Pequenas Coisas" de Arundhati Roy, uma bonita escritora indiana.
Estive de férias: tomei banho, preguicei, tomei banho, bebi cerveja e cidras, tomei banho, comecei a jogar golf, tomei banho... Li o Peixoto. Rendo-me!
Como já tinha achado no outro livro, escreve e descreve muito bem. Neste acho que não me escapou nada, acho que percebi (quase) tudo. "Vi" os meus medos, os meus amores, um pouco da minha vida. Gostei muito de ler "Uma Casa na Escuridão"... vou reler o "Nenhum Olhar" para ver o que me escapou... vou comprar o "Morreste-me".
Como tenho pouco jeito, coloco aqui as palavras de Antonio Muñoz Molina que estão lá na dobra da capa: "O fantástico é contado com a naturalidade do quotidiano. Essa ambiguidade é também reflectida numa escrita que desliza de um registo a outro sem que nos demos muita conta. Da narraçãoo do quase realismo social ao rapto visionário, da voz da à consciência, do relato minucioso do trabalho no campo à tirada quase bíblica sobre os infortúnios do ser humano numa terra eternamente ingrata."
PP: é alentejano, e está tudo dito. Tem aquela infinita sabedoria da calma e da angústia, da alegria e da tristeza, do tempo (que faz) e do tempo (que passa). Aproveito e lembro "O Deus das Pequenas Coisas" de Arundhati Roy, uma bonita escritora indiana.
Estou de volta...
Estive a banhos, algures em Espanha. Tive beeeeem :) Só que o calor lá também era quase insuportável...
PP: Devo desculpas: o meu último post está “cheio” de erros (e outros que já estão arquivados também têm). Não há desculpa de facto! Para mim os erros no texto são como nódoas de café numa camisa branca, não ficam bem! Atenuantes: o cansaço pré-férias; os óculos de “ver ao pé” que insisto em não usar: o “coiso” parece-me a “coisa”; o dicionário do Word que misteriosamente desapareceu e que, por pura preguiça, ainda não reinstalei e não tenho qualquer outro: assim não me aparecem aqueles tracinhos vermelhos; por fim, vejo e revejo no Word, topo alguns erro e corrijo. Passo para o blogger e faço preview e topo mais alguns e corrijo. Tudo ok... publico, vou ver e aparecem logo ali mais uns tantos, parece até que estão a vermelho! Não percebo... sei que se pode corrigir mas ainda não sei bem. Não quero fazer asneira, há dias “postei” o mesmo post três vezes.
PPP: Outras desculpas. No outro sábado queria-me despedir, dizer até breve. Liguei o computador e nada. Dizia-me que não encontrava o Boot... pensei que tivesse ido de férias. Voltei e tudo na mesma. Depois de uns telefonemas e uns CDs desconfio que está gripado, vírado... ai, ai! Disseram-me que apareceu por aí um vírus mesmo mau!
nota: PP quer dizer pós-post (ou pós-postum.. ou ainda pós-postorum). Isto acho que inventei eu!
PP: Devo desculpas: o meu último post está “cheio” de erros (e outros que já estão arquivados também têm). Não há desculpa de facto! Para mim os erros no texto são como nódoas de café numa camisa branca, não ficam bem! Atenuantes: o cansaço pré-férias; os óculos de “ver ao pé” que insisto em não usar: o “coiso” parece-me a “coisa”; o dicionário do Word que misteriosamente desapareceu e que, por pura preguiça, ainda não reinstalei e não tenho qualquer outro: assim não me aparecem aqueles tracinhos vermelhos; por fim, vejo e revejo no Word, topo alguns erro e corrijo. Passo para o blogger e faço preview e topo mais alguns e corrijo. Tudo ok... publico, vou ver e aparecem logo ali mais uns tantos, parece até que estão a vermelho! Não percebo... sei que se pode corrigir mas ainda não sei bem. Não quero fazer asneira, há dias “postei” o mesmo post três vezes.
PPP: Outras desculpas. No outro sábado queria-me despedir, dizer até breve. Liguei o computador e nada. Dizia-me que não encontrava o Boot... pensei que tivesse ido de férias. Voltei e tudo na mesma. Depois de uns telefonemas e uns CDs desconfio que está gripado, vírado... ai, ai! Disseram-me que apareceu por aí um vírus mesmo mau!
nota: PP quer dizer pós-post (ou pós-postum.. ou ainda pós-postorum). Isto acho que inventei eu!
14 de agosto de 2003
AdeusAtéAoMeuRegresso
Cá vou eu para os arraias ("dois pares de sapatos levantando pó"). Volto em duas ou três semanas, mas prometo vir cá regularmente, mais que não seja, para vos ler.
Soube bem este dia mais fresco, as saudades que eu tinha de dormir com um cobertor pelo pescoço. Sinto falta do bem que sabe o leite com chocolate quente e dos abraços acasacados. Quando chegar o Inverno prometo sentir falta do calor, de andar de sandálias com os braços ao léu e maldizer a água fria na hora de lavar a louça.
Bons postanços,
aceno e assino-me
Cláudia
Soube bem este dia mais fresco, as saudades que eu tinha de dormir com um cobertor pelo pescoço. Sinto falta do bem que sabe o leite com chocolate quente e dos abraços acasacados. Quando chegar o Inverno prometo sentir falta do calor, de andar de sandálias com os braços ao léu e maldizer a água fria na hora de lavar a louça.
Bons postanços,
aceno e assino-me
Cláudia
o governo devia intervir, também acho
Ora, Ora.. hoje acordou muito critica a minha amiga do peito, companheira de resistência a noites difíceis (e outras mais fáceis J ).
São os efeitos das noites saiantes em véspera de dia trabalhantes - a mim deu-me para acordar um bocado do contra e já exercitei bastante.
Aqui não vou abrir excepção: T., Também acho que o governo devia intervir, mas nada disso das noites de quarta-feira estarem carvoeirescas. Neste caso era o poder local, (a propósito, fiquei com curiosidade de aprofundar as expectativas políticas do Ricardo, meu “camarada (pah)” blogger ). Eu explico, ontem descobri outra razão de peso para ..... a) desenvolvendo, ficar embuchada ao jantar por não poder beber o vinho que o cabritinho (de leite, dizia na ementa! – até me senti mal) e eu mereciamos – valeu-me a T. que, poupada, não deixou que se desperdiçasse - e desconsolada pelo whiskinho que não bebi e que me sabe pela vida, com o café e a conversa de quem tá na mesma onda: (*)pôr a escrita em dia e/ou olhar à volta e afiar a tesoura, ou na falta de anónimos interessantes rebusca-se nos conhecidos de tesoura em punho na mesma; b) simplificando, não beber alcool (simplificando também: enquanto se come não se conversa, mas deve-se reservar algum tempo, sentado à mesa, depois do jantar para (*) – válido também e principalmente para uso doméstico):
Dizia eu – a razão de peso, além da palhinha do balão da PSP :
- Como é que um tipo com mais de 0,50 de alcolémia no sangue consegue tirar o automóvel de alguns dos parques de estacionamento (pagos a peso de ouro, ainda por cima, da capital? Estou longe de me considerar uma má condutora – são mais anos de vida a conduzir que sem e, às tantas, manobras e essas porras maquinais já se fazem automáticamente – e, mesmo assim, no parque que (mal)escolhi ontem, e já não era a primeira vez – burra!, não há brecagem que consiga resolver as curvas à primeira. E como cada piso tem uns escassos 4 (ou são 5?, ou 6?) lugares,o mergulho dificilmente fica aquem do 4º ou 5º -(menos) piso. (Uma falta de ar!!!....). E estou convencida que grande parte dos “grafitis” nas paredes, à altura dos para-choques são da autoria de condutores perfeitamente sóbrios, mas menos destros. Se o algodão não engana, os “grafitis” não deixam margem para dúvidas.
A noite teve um toque de decadência, é certo.
Mas espaireci, tive um reencontro que me deixou quentinha-por-dentro, estava fresco, não apanhei nenhuma auto-stop (mas vi-mo-los, eles “andem” aí), etc. Até a tarot tive direito!
Nos lemos por aí.
Manela
P.S. p/ T.: a) viste os a) e b)’s? Comecei a ler a minty... b) então o leque... refresca ou não? Não te ofereço um porque no primeiro dia deixava-lo no primeiro sítio onde o pousasses.
P.S. p/Orlando: obrigada pelas boas vindas.Educadissimo, como sempre. Já lhe conhecia a prosa de tempos anteriores à modernissima blogosfera: às vezes, e desde há uns anos já, a T. enviava-me uns “textos” seus.Você (ele é brasileiro, não é betice) escreve lindamente e com muito sentimento e sensibilidade, parabéns. Post, post! E inveje-nos as noites de Verão.
São os efeitos das noites saiantes em véspera de dia trabalhantes - a mim deu-me para acordar um bocado do contra e já exercitei bastante.
Aqui não vou abrir excepção: T., Também acho que o governo devia intervir, mas nada disso das noites de quarta-feira estarem carvoeirescas. Neste caso era o poder local, (a propósito, fiquei com curiosidade de aprofundar as expectativas políticas do Ricardo, meu “camarada (pah)” blogger ). Eu explico, ontem descobri outra razão de peso para ..... a) desenvolvendo, ficar embuchada ao jantar por não poder beber o vinho que o cabritinho (de leite, dizia na ementa! – até me senti mal) e eu mereciamos – valeu-me a T. que, poupada, não deixou que se desperdiçasse - e desconsolada pelo whiskinho que não bebi e que me sabe pela vida, com o café e a conversa de quem tá na mesma onda: (*)pôr a escrita em dia e/ou olhar à volta e afiar a tesoura, ou na falta de anónimos interessantes rebusca-se nos conhecidos de tesoura em punho na mesma; b) simplificando, não beber alcool (simplificando também: enquanto se come não se conversa, mas deve-se reservar algum tempo, sentado à mesa, depois do jantar para (*) – válido também e principalmente para uso doméstico):
Dizia eu – a razão de peso, além da palhinha do balão da PSP :
- Como é que um tipo com mais de 0,50 de alcolémia no sangue consegue tirar o automóvel de alguns dos parques de estacionamento (pagos a peso de ouro, ainda por cima, da capital? Estou longe de me considerar uma má condutora – são mais anos de vida a conduzir que sem e, às tantas, manobras e essas porras maquinais já se fazem automáticamente – e, mesmo assim, no parque que (mal)escolhi ontem, e já não era a primeira vez – burra!, não há brecagem que consiga resolver as curvas à primeira. E como cada piso tem uns escassos 4 (ou são 5?, ou 6?) lugares,o mergulho dificilmente fica aquem do 4º ou 5º -(menos) piso. (Uma falta de ar!!!....). E estou convencida que grande parte dos “grafitis” nas paredes, à altura dos para-choques são da autoria de condutores perfeitamente sóbrios, mas menos destros. Se o algodão não engana, os “grafitis” não deixam margem para dúvidas.
A noite teve um toque de decadência, é certo.
Mas espaireci, tive um reencontro que me deixou quentinha-por-dentro, estava fresco, não apanhei nenhuma auto-stop (mas vi-mo-los, eles “andem” aí), etc. Até a tarot tive direito!
Nos lemos por aí.
Manela
P.S. p/ T.: a) viste os a) e b)’s? Comecei a ler a minty... b) então o leque... refresca ou não? Não te ofereço um porque no primeiro dia deixava-lo no primeiro sítio onde o pousasses.
P.S. p/Orlando: obrigada pelas boas vindas.Educadissimo, como sempre. Já lhe conhecia a prosa de tempos anteriores à modernissima blogosfera: às vezes, e desde há uns anos já, a T. enviava-me uns “textos” seus.Você (ele é brasileiro, não é betice) escreve lindamente e com muito sentimento e sensibilidade, parabéns. Post, post! E inveje-nos as noites de Verão.
13 de agosto de 2003
Assuntos proibidos: comida sexo e preguiça.Ah..e dias a voar:)
Vou tentar seguir a norma do "get a life" do A.O.S. :)
Acho engraçada uma coisa. As pessoas que comentam os postanços que a gente aqui debita usam de uma forma geral os mesmos argumentos. Senão vejamos: ou somos deprimidas, ou temos falta de sexo, ou mimadas ou não temos vida própria....Quer isto dizer que por escrevermos aqui o que nos apetece, devemos ter um problema qualquer..risos.
O que me dá vontade de propôr é:) Postem também! Desanquem-nos:) Uma pancadaria saudável é sempre divertida. Nós desancaremos também. Bem....que fresquinho que está!
Acho que se está preparar um belo fim de semana:)
Estou feliz , sabiam?
Acho engraçada uma coisa. As pessoas que comentam os postanços que a gente aqui debita usam de uma forma geral os mesmos argumentos. Senão vejamos: ou somos deprimidas, ou temos falta de sexo, ou mimadas ou não temos vida própria....Quer isto dizer que por escrevermos aqui o que nos apetece, devemos ter um problema qualquer..risos.
O que me dá vontade de propôr é:) Postem também! Desanquem-nos:) Uma pancadaria saudável é sempre divertida. Nós desancaremos também. Bem....que fresquinho que está!
Acho que se está preparar um belo fim de semana:)
Estou feliz , sabiam?
12 de agosto de 2003
Sinal de Vida
Voltam as aulas, e com isso meu tempo torna-se mais escasso. Portanto, minhas boas vindas à Andréia (se foi você quem manifestou entusiasmo pela cerveja num comentário, sim, seremos amigos para toda a vida!), ao Ricardo (Reis?) e à Manela; meus parabéns redobrados à Lau, que depois das chinelas de prata há-de fazer jus aos tamancos d’ouro; e finalizo dizendo que, vendo pela TV os franceses morrendo literalmente de calor (dizem que já foram uns 50) e os ingleses gozando de um verão que dura mais que um final de semana, não me abisma em nada o frio que anda fazendo aqui em São Paulo – nesta madrugada esteve perto de zero (especialmente ruim para os que, como eu, têm de atravessar a cidade num ônibus depois da meia noite – e esta merda de cidade, à falta de outras grandezas, tem pelo menos a do tamanho físico: são quase duas horas de viagem desde a USP até a minha casa...).
Ontem ouvi elogios.
Rendo-me às evidências. O elogio que ontem ouvi (e que não vou reproduzir por motivos óbvios) valeu pelas tricas todas dos últimos dias. Não me entendam mal, não quer dizer que concorde com os tais elogios (ai, que sou tão maricas), mas eles são, mesmo assim, reconfortantes. Não sou insensível e nunca fui segura, e se durante grande parte da minha vida isto foi uma praga, ultimamente tem sido uma bênção (é isto o maniqueísmo?). Talvez por isso me apeteça agradecer a quem me vai mimando, mesmo que às vezes tenham que ir inventado motivos, desculpas e coisas que tais. O afecto é uma coisa bonita, pena é que esteja tão fora de moda.
Muito Agradecida,
Lau
Pronto, quem quiser tem aqui a sua oportunidade soberana para nos atirar com as tais sandálias de prata à cabeça. Pouco me importa.
..pelo menos durante uns três ou quatro dias.
Ah.. mas já aviso que retaliaremos com a ex-santinha-da-ladeira-coitadinha com caixão, fiéis, mausoléu, mercurocromo, ladeira e o mais que vier.
Muito Agradecida,
Lau
Pronto, quem quiser tem aqui a sua oportunidade soberana para nos atirar com as tais sandálias de prata à cabeça. Pouco me importa.
..pelo menos durante uns três ou quatro dias.
Ah.. mas já aviso que retaliaremos com a ex-santinha-da-ladeira-coitadinha com caixão, fiéis, mausoléu, mercurocromo, ladeira e o mais que vier.
11 de agosto de 2003
TODA A VERDADE (isto é uma opinião)
Muito bem: os portugueses andam sempre a dizer mal, dizem que no estrangeiro é que é, sentem-se na cauda da Europa, que Portugal é muito mau, etc.. Será isto masoquismo, auto-crítica, gosto pela comiseração? Nada disso: para masoquismo não têm os portugueses gosto por sofrer (se o tivessem seriam mais trabalhadores); de auto-crítica não parece ser o caso pois quem se critica a si mesmo também resolve sozinho e pela própria cabeça os seus problemas (o que não parece ser típico do país); gosto pela comiseração de si mesmo: sim alguma, mas isto não explica tudo.
O que essa cantilena da infelicidade pátria é é isto: espírito passivo de observação. Os portugueses reconhecem a verdade, toda a verdade mas nada fazem para a mudar.
Mais boa educação nas ruas e nas estradas, mais paciência em toda a parte, mais respeito pela privacidade dos outros, menos bisbilhotice, mais tolerância, mais criatividade, mais pensar pela própria cabeça: é isto que falta e é o reconhecimento das consequências dessas faltas que nos leva acertadamente a dizer que lá fora é que é bom.
Que se possa entornar uma feijoada sobre os pés sem que todo o Colombo saiba, que se possa trocar de gabinete sem ter todos os colegas a especular as razões da mudança, que se possa sair com uma palavra torta sem ter o patrão a saber nessa tarde, que se possa mudar de casa sem ter toda a gente a interessar-se pelo novo vizinho. Isto na vida privada.
Que se pense e se decida sem usar o argumento de que lá fora é assim e já se faz assim há muito; que não se espere pelas soluções europeias; que não se leiam os editoriais dos jornais estrangeiros para formular uma opinião sobre o próprio país; que não se vá copiar o teatro às capitais europeias e apresentá-lo aqui a quem o desconhece; que não se vá plagiar grupos musicais pouco conhecidos, comediantes britânicos antigos, escritores contemporâneos não traduzidos e apresentar o produto da cópia como magnífica novidade. Isto na vida pública.
Ricardo
O que essa cantilena da infelicidade pátria é é isto: espírito passivo de observação. Os portugueses reconhecem a verdade, toda a verdade mas nada fazem para a mudar.
Mais boa educação nas ruas e nas estradas, mais paciência em toda a parte, mais respeito pela privacidade dos outros, menos bisbilhotice, mais tolerância, mais criatividade, mais pensar pela própria cabeça: é isto que falta e é o reconhecimento das consequências dessas faltas que nos leva acertadamente a dizer que lá fora é que é bom.
Que se possa entornar uma feijoada sobre os pés sem que todo o Colombo saiba, que se possa trocar de gabinete sem ter todos os colegas a especular as razões da mudança, que se possa sair com uma palavra torta sem ter o patrão a saber nessa tarde, que se possa mudar de casa sem ter toda a gente a interessar-se pelo novo vizinho. Isto na vida privada.
Que se pense e se decida sem usar o argumento de que lá fora é assim e já se faz assim há muito; que não se espere pelas soluções europeias; que não se leiam os editoriais dos jornais estrangeiros para formular uma opinião sobre o próprio país; que não se vá copiar o teatro às capitais europeias e apresentá-lo aqui a quem o desconhece; que não se vá plagiar grupos musicais pouco conhecidos, comediantes britânicos antigos, escritores contemporâneos não traduzidos e apresentar o produto da cópia como magnífica novidade. Isto na vida pública.
Ricardo
Conversas de esplanada
Ontem estava eu a esplanadar com duas amigas.
E a grande vantagem desta actividade , é ouvir as conversas dos outros.
Estava um grupo sentado que discutia com o empregado. A questão era: queriam água gaseificada natural, E exigiam que o desgraçado lhes soubesse responder se era verdadeiramente natural ou não. A minha amiga do lado lembrou logo: à falta de gás, temos o gás metano.
O grupo continuava a desenvolver as suas teorias. Gente novíssima. E depois diziam alto e a bom som. "Por isso é que nunca conseguimos estar mais de uma semana em Portugal! Este país não tem condições. Não se aguenta ficar aqui!!!
Exigimos saber se é natural ou não!!"
Claro, Portugal não tem Água das Pedras:))) É um bom motivo, como outro qualquer para se mudar de país.
Mas, como eu adoro viver neste cantinho meio asneirento mas único, e nem sequer aprecio muito água com gás seja ele natural ou não, quedei-me a pensar.
E pensei. Adoro estar à beira Tejo, no fresquinho, a ver as pessoas a passarem.
A imaginar o que serão na realidade.
Quando estou fora de Portugal nem que seja uma semana, emociono-me sempre que sobrevoo Lisboa e o avião vai baixando devagarinho.
E fico feliz.
Só as luzinhas me aquecem a alma.
Ou seja, tenho que me informar melhor sobre estas questões do gás e das águas. Deve ser desinformação minha considerar esse facto irrelevante no afecto desmedido que tenho pela minha terra.
Fado, futebol e touros dispenso...
Também dispensaria esta vaga de incêndios que está a destruír o país. E tão evitável esta situação.....Essas coisas, sim incomodam-me. A incompetência. A falta de prevenção e de coordenação. As mortes desnecessárias.
Mas.....disso muito se tem falado.
Voltemos às conversas de esplanada.
Fiquei com a dúvida..a água das pedras já vem assim a borbulhar da nascente?
Apanham-na à garrafa? E o gás da cerveja? e o da Cocacola? Questões muito complicadas para este cérebro cansado.
Mas acho que sonhei com uma nascente de cerveja fresquinha cheia de espuma, com uma plantação de tremoceiros ao lado:)))
E a grande vantagem desta actividade , é ouvir as conversas dos outros.
Estava um grupo sentado que discutia com o empregado. A questão era: queriam água gaseificada natural, E exigiam que o desgraçado lhes soubesse responder se era verdadeiramente natural ou não. A minha amiga do lado lembrou logo: à falta de gás, temos o gás metano.
O grupo continuava a desenvolver as suas teorias. Gente novíssima. E depois diziam alto e a bom som. "Por isso é que nunca conseguimos estar mais de uma semana em Portugal! Este país não tem condições. Não se aguenta ficar aqui!!!
Exigimos saber se é natural ou não!!"
Claro, Portugal não tem Água das Pedras:))) É um bom motivo, como outro qualquer para se mudar de país.
Mas, como eu adoro viver neste cantinho meio asneirento mas único, e nem sequer aprecio muito água com gás seja ele natural ou não, quedei-me a pensar.
E pensei. Adoro estar à beira Tejo, no fresquinho, a ver as pessoas a passarem.
A imaginar o que serão na realidade.
Quando estou fora de Portugal nem que seja uma semana, emociono-me sempre que sobrevoo Lisboa e o avião vai baixando devagarinho.
E fico feliz.
Só as luzinhas me aquecem a alma.
Ou seja, tenho que me informar melhor sobre estas questões do gás e das águas. Deve ser desinformação minha considerar esse facto irrelevante no afecto desmedido que tenho pela minha terra.
Fado, futebol e touros dispenso...
Também dispensaria esta vaga de incêndios que está a destruír o país. E tão evitável esta situação.....Essas coisas, sim incomodam-me. A incompetência. A falta de prevenção e de coordenação. As mortes desnecessárias.
Mas.....disso muito se tem falado.
Voltemos às conversas de esplanada.
Fiquei com a dúvida..a água das pedras já vem assim a borbulhar da nascente?
Apanham-na à garrafa? E o gás da cerveja? e o da Cocacola? Questões muito complicadas para este cérebro cansado.
Mas acho que sonhei com uma nascente de cerveja fresquinha cheia de espuma, com uma plantação de tremoceiros ao lado:)))
trocas e baldrocas
Ou sou eu que estou a ficar como a minha avó, ou são os blogs que estão a ficar parecidos com as novelas. Troco tudo o que é personagem.
10 de agosto de 2003
Estava aqui a pensar que....
O calor vai aparecer de novo, dizem os senhores donos do Estado do Tempo.
Habituada que estou a acreditar neles, tal como acreditava no Sousa Veloso a falar de agricultura e no Lopes Ribeiro a mandar tocar piano o outro..(Como era mesmo a frase?) vou preparar-me para outra semana de aquecimento central ligado.
Pelo menos será um pouco mais curta..
Anda pacheco? não, essa era a Herminia.
Da música lembro-me.....Ah já sei....Diz Boa noite aos senhores..e o senhor dizia "BÔ Nôte" e começava a tocar. E assim vi a Greta Garbo. o Murnau, o Griffith. E muitos outros.
Às vezes tiro o som à TV e vejo só. É tão repousante. Sobretudo o telejornal.
E agora apetece uma esplanada em Belém e peixinho. Dirá o A....já cá faltava!
Acusada que fui de pertencer ao" funcionarismo "público , vou tentar remoer essa dor a ver os turistas a serem maltratados sem se aperceberem.
Com sorte vou ser maltratada também...O Tanas!!!!
Estou já com dores de cabeça a pensar que vou ter que fazer roteiros turisticos durante 10 dias.
E as escadas da Torre de Belém fazem-me claustrofobia aguda. Odeio.
Bem agora vou ter que ir. O horário reclama-me.
vou picar o ponto.
Habituada que estou a acreditar neles, tal como acreditava no Sousa Veloso a falar de agricultura e no Lopes Ribeiro a mandar tocar piano o outro..(Como era mesmo a frase?) vou preparar-me para outra semana de aquecimento central ligado.
Pelo menos será um pouco mais curta..
Anda pacheco? não, essa era a Herminia.
Da música lembro-me.....Ah já sei....Diz Boa noite aos senhores..e o senhor dizia "BÔ Nôte" e começava a tocar. E assim vi a Greta Garbo. o Murnau, o Griffith. E muitos outros.
Às vezes tiro o som à TV e vejo só. É tão repousante. Sobretudo o telejornal.
E agora apetece uma esplanada em Belém e peixinho. Dirá o A....já cá faltava!
Acusada que fui de pertencer ao" funcionarismo "público , vou tentar remoer essa dor a ver os turistas a serem maltratados sem se aperceberem.
Com sorte vou ser maltratada também...O Tanas!!!!
Estou já com dores de cabeça a pensar que vou ter que fazer roteiros turisticos durante 10 dias.
E as escadas da Torre de Belém fazem-me claustrofobia aguda. Odeio.
Bem agora vou ter que ir. O horário reclama-me.
vou picar o ponto.
Maria Nabiça. tudo vê tudo cobiça
É cedo eu sei.
Mas hoje acordei assim a pensar que era tarde.
Acho mal.
E depois vim aqui.
O fim de semana tem sido um mar de preguiça.
Não fiz rigorosamente nada de útil. Sonhei muito. E agora o sonho foi que era segunda feira e estava atrasada para o trabalho.
Não era.
Estou a pensar no prémio sandálias de prata.
Serão de salto?
Boavisteiro espero que já te tenhas conseguido organizar , para entrar aqui e postar.
Deixei-te as indicações num destes comments.
Em duas semanas tivemos umas 900 visitas. Ena..ena....
Nada que chegue ao pipi porém..
Vénia Mestre:)
E vou continuar a assumir a minha preguiça:)
Mas hoje acordei assim a pensar que era tarde.
Acho mal.
E depois vim aqui.
O fim de semana tem sido um mar de preguiça.
Não fiz rigorosamente nada de útil. Sonhei muito. E agora o sonho foi que era segunda feira e estava atrasada para o trabalho.
Não era.
Estou a pensar no prémio sandálias de prata.
Serão de salto?
Boavisteiro espero que já te tenhas conseguido organizar , para entrar aqui e postar.
Deixei-te as indicações num destes comments.
Em duas semanas tivemos umas 900 visitas. Ena..ena....
Nada que chegue ao pipi porém..
Vénia Mestre:)
E vou continuar a assumir a minha preguiça:)
9 de agosto de 2003
L-Files
Há fenómenos intrigantes.
1) Como é possível a existencia dos Polo Norte? Quais as razões, quem compra, quem ouve (?), quem gosta? E dos Scorpions, o que há para gostar acerca dos Scorpions?
2) Como é possível o Secretário ter jogado no Real de Madrid? (e eu até sou portista...)
3) Paulo, Miguel e Catarina Portas são mesmo irmãos?! (o que aconteceria se a (a)irmandade fosse ainda maior?)
São os L(au)-Files, há mais, mas são quatro da manhã isto já me dá água pela barba.. salvo seja..
1) Como é possível a existencia dos Polo Norte? Quais as razões, quem compra, quem ouve (?), quem gosta? E dos Scorpions, o que há para gostar acerca dos Scorpions?
2) Como é possível o Secretário ter jogado no Real de Madrid? (e eu até sou portista...)
3) Paulo, Miguel e Catarina Portas são mesmo irmãos?! (o que aconteceria se a (a)irmandade fosse ainda maior?)
São os L(au)-Files, há mais, mas são quatro da manhã isto já me dá água pela barba.. salvo seja..
dia esvoaçante
Ou porque me desconcentrei, ou porque me distraí, ou porque falhei algum dos rituais quotidianos, algo muito estranho sucedeu: o dia foi bom.
Escrevi uma carta. Acordei cedo e fui a uma papelaria onde encontrei folhas bonitas, e envelopes também. Há muito tempo que não escrevia assim, tinta sincera sobre papel verdadeiro, palavras tão minhas que receio desmerecerem os olhos e o tempo e as mãos onde serão acolhidas.
Comprei bolachas e gelado, que não derreteu no caminho para casa.
À tarde o céu trovejou-se de cinzentos, e houve chuva, breve, cálida, sonolenta chuva. Beijei umas quantas gotas em mim choradas. Choveu e tenho um sorriso que o prova.
Perdi uma hora com o final da etapa da volta a Portugal, e ganhou o sujeitinho por quem estava a torcer.
Houve ainda tempo para folhear o espólio da sortida matinal à biblioteca: Léah, de José Rodrigues Miguéis, Bela do Senhor, de Albert Cohen - recomendações da muito estimada anfitriã -, e ainda O Assassínio do Perdedor, de Camilo José Cela - em ofensa directa aos gostos da nossa Teresinha. E tempo para a Ella.
À noite, visitas familiares com crias pequenas. Inesperadamente, dei por mim brincando com as crianças. Pior: gostando. Fugi de imediato. Estou habituado a ter pavor de bebés, fobia intensa de crianças, e há que preservar os valores adquiridos.
E quando me preparava para imprimir em definitivo estas linhas, encontrei na caixinha um email sorridente e recebi um telefonema tão bonito e com gatos do outro lado.
Um dia assim, belo? Onde foi que eu errei?
Escrevi uma carta. Acordei cedo e fui a uma papelaria onde encontrei folhas bonitas, e envelopes também. Há muito tempo que não escrevia assim, tinta sincera sobre papel verdadeiro, palavras tão minhas que receio desmerecerem os olhos e o tempo e as mãos onde serão acolhidas.
Comprei bolachas e gelado, que não derreteu no caminho para casa.
À tarde o céu trovejou-se de cinzentos, e houve chuva, breve, cálida, sonolenta chuva. Beijei umas quantas gotas em mim choradas. Choveu e tenho um sorriso que o prova.
Perdi uma hora com o final da etapa da volta a Portugal, e ganhou o sujeitinho por quem estava a torcer.
Houve ainda tempo para folhear o espólio da sortida matinal à biblioteca: Léah, de José Rodrigues Miguéis, Bela do Senhor, de Albert Cohen - recomendações da muito estimada anfitriã -, e ainda O Assassínio do Perdedor, de Camilo José Cela - em ofensa directa aos gostos da nossa Teresinha. E tempo para a Ella.
À noite, visitas familiares com crias pequenas. Inesperadamente, dei por mim brincando com as crianças. Pior: gostando. Fugi de imediato. Estou habituado a ter pavor de bebés, fobia intensa de crianças, e há que preservar os valores adquiridos.
E quando me preparava para imprimir em definitivo estas linhas, encontrei na caixinha um email sorridente e recebi um telefonema tão bonito e com gatos do outro lado.
Um dia assim, belo? Onde foi que eu errei?
só duas coisas
Tenho duas coisas a dizer:
1) Escritor "nacional é bom" é (entre outros) o José Cardoso Pires. A Balada da Praia dos Cães tem das melhores personagens que já apanhei. A Mena é de longe a mais sensual das mulheres literárias (e "cruza as pernas em proa"). Bem, ela e a Milady dos Três Mosqueteiros, que me fez passar grande parte da puberdade a desejar ter uma flor-de-lis tatuada no ombro. Fria, inteligente, calculista e linda. Um portento. Ai ai..
2) A falta de dinheiro irrita ainda mais que o excesso de calor. Exijo um alquimista que vire calor em notas de euro. Desde o Paulo Coelho que a palavra alquimista me custa a sair, mas eu resisto. A palavra prevalecerá! :j
1) Escritor "nacional é bom" é (entre outros) o José Cardoso Pires. A Balada da Praia dos Cães tem das melhores personagens que já apanhei. A Mena é de longe a mais sensual das mulheres literárias (e "cruza as pernas em proa"). Bem, ela e a Milady dos Três Mosqueteiros, que me fez passar grande parte da puberdade a desejar ter uma flor-de-lis tatuada no ombro. Fria, inteligente, calculista e linda. Um portento. Ai ai..
2) A falta de dinheiro irrita ainda mais que o excesso de calor. Exijo um alquimista que vire calor em notas de euro. Desde o Paulo Coelho que a palavra alquimista me custa a sair, mas eu resisto. A palavra prevalecerá! :j
Sexta feira
Tinha ali uma coisa já alinhavada sobre férias mas recebi uma “ameaça” velada. Acho apenas que é inveja de quem já as gastou todas :)
Então vamos lá inventar qualquer coisa.
Termos e gíria: Há de facto coisa únicas num país pequeno como a Portugal, Orlando, mas afinal parecidas com as vossas. Aqui no Algarve têm umas giras. Estar almareado, ou seja tonto, enjoado. Tem sonoridade e sentido, até já eu digo! Vou dar banho, que quer dizer vou tomar banho. Ainda me faz impressão ouvir isto! Dar banho dá-se ao cão, ao filho pequenino, a qualquer coisa… não a nós próprios! Dormir a folga, que é dormir uma sesta… acho estranho! Alí para a serra chamam chemela à almofada. Pouco depois de aqui chegar um velhote pedia-me a chemela e eu olhava feito parvo para ele…
Agora umas da minha terra: quem sabe o que quer dizer caço? Esta pode ser fácil, mas e esta: Destó?.. dou prémio!
A Lau… leva muito a sério (ou apenas parece) os pseudo-comentaristas. Eu cá não não chateio, até gosto (faceta maso!) e já me mandaram lavar a boca com Sonazol, fechar a cloaca e acusaram-me de ser um berloque de esquerda! Ao que isto chegou… :) Ora, bebe uma bejeca, manda uma boa cachimbada e desempata uma… estes calores hão-de passar!
Fogos e incêndios: Duas coisas. Uma pró Tavares Amanuense que já lhe disse. Não é por enjaular 10, 20 ou mesmo 100 incendiários que deixa de haver fogos. Eles devem ir dentro, mas para o ano temos o mesmo assim que o termómetro passar dos trinta e cinco. Um fogo começa muito fácil: conheço um tipo que acende cigarros na praia só com os óculos…
A outra, "emprenhamos" muito pelos ouvidos, neste caso atravéz da TV. O costume agora é um amigo qualquer de um qualquer jornalista ir dizer umas coisas (geralmente opiniões meramente pessoais) que são tidas como verdades absolutas. Um chefe de bombeiros diz que acha que o fogo pode ter sido posto, e o fogo é posto! Alguém diz que isto parece uma catástrofe e entra-se em histeria colectiva… (não é o caso este ano, parece-me)
Finalmente uma história sobre o SPC que aqui é Serviço de Protecção Civil (uma coisa tentacular, com uma coordenação nacional, direcções distritais e serviços munícipais... coitada da T :) .Há 3 ou quatro anos foi anunciado um temporal para uma noite em Lisboa. Foi uma azáfama incrível.. o país parou para ver os preparativos, o PM estava lá, as televisões também, tudo a postos! Chegou a noite e temporal nada… No outro dia chegou pele tardinha, mas mais abaixo, varreu o Alentejo de uma ponta a outra, destruiu aldeias, matou mais de 30 pessoas. À meia noite o S(Nacional)PC ainda não sabia bem o que se passava!
Vou fazer as malas… :))
Então vamos lá inventar qualquer coisa.
Termos e gíria: Há de facto coisa únicas num país pequeno como a Portugal, Orlando, mas afinal parecidas com as vossas. Aqui no Algarve têm umas giras. Estar almareado, ou seja tonto, enjoado. Tem sonoridade e sentido, até já eu digo! Vou dar banho, que quer dizer vou tomar banho. Ainda me faz impressão ouvir isto! Dar banho dá-se ao cão, ao filho pequenino, a qualquer coisa… não a nós próprios! Dormir a folga, que é dormir uma sesta… acho estranho! Alí para a serra chamam chemela à almofada. Pouco depois de aqui chegar um velhote pedia-me a chemela e eu olhava feito parvo para ele…
Agora umas da minha terra: quem sabe o que quer dizer caço? Esta pode ser fácil, mas e esta: Destó?.. dou prémio!
A Lau… leva muito a sério (ou apenas parece) os pseudo-comentaristas. Eu cá não não chateio, até gosto (faceta maso!) e já me mandaram lavar a boca com Sonazol, fechar a cloaca e acusaram-me de ser um berloque de esquerda! Ao que isto chegou… :) Ora, bebe uma bejeca, manda uma boa cachimbada e desempata uma… estes calores hão-de passar!
Fogos e incêndios: Duas coisas. Uma pró Tavares Amanuense que já lhe disse. Não é por enjaular 10, 20 ou mesmo 100 incendiários que deixa de haver fogos. Eles devem ir dentro, mas para o ano temos o mesmo assim que o termómetro passar dos trinta e cinco. Um fogo começa muito fácil: conheço um tipo que acende cigarros na praia só com os óculos…
A outra, "emprenhamos" muito pelos ouvidos, neste caso atravéz da TV. O costume agora é um amigo qualquer de um qualquer jornalista ir dizer umas coisas (geralmente opiniões meramente pessoais) que são tidas como verdades absolutas. Um chefe de bombeiros diz que acha que o fogo pode ter sido posto, e o fogo é posto! Alguém diz que isto parece uma catástrofe e entra-se em histeria colectiva… (não é o caso este ano, parece-me)
Finalmente uma história sobre o SPC que aqui é Serviço de Protecção Civil (uma coisa tentacular, com uma coordenação nacional, direcções distritais e serviços munícipais... coitada da T :) .Há 3 ou quatro anos foi anunciado um temporal para uma noite em Lisboa. Foi uma azáfama incrível.. o país parou para ver os preparativos, o PM estava lá, as televisões também, tudo a postos! Chegou a noite e temporal nada… No outro dia chegou pele tardinha, mas mais abaixo, varreu o Alentejo de uma ponta a outra, destruiu aldeias, matou mais de 30 pessoas. À meia noite o S(Nacional)PC ainda não sabia bem o que se passava!
Vou fazer as malas… :))
8 de agosto de 2003
Cachaça, Gírias e Mortes
Teresinha de Jesus, muito grato pelas cervejas virtuais. Hei-de entornar uma em tua intenção. Se fosse cachaça, derrubava um tantinho no chão. Pro santo, como se diz, ou pra santa: Santa Teresa dos Descervejados. Mas a cachaça dá um calor danado. Misturada com vermute (os finos) ou com licor de alcachofras (os bárbaros), a cachaça rende um belo rabo-de-galo. Curitda por seis meses dentro de um coco, fica deliciosa. Misturada com sumo de limão ou de abacaxi, rende a caipirinha. E pura rende porres tremendos, geralmente tristíssimos: o encachaçado é mestre em lamuriar-se, e chamar a qualquer poste elétrico de amigão.
Paulo Coelho é mestre no que o Lobato chamava de "livro pau": lê-lo é como levar uma paulada na cabeça, adormece-se instantaneamente. Prozac em letrinhas.
Gasel, se você quer exemplos de rebuscamento daqueles que nem o João de Barros seria capaz, precisa ler os despachos dos delegados de polícia daqui. O diabo é que eles vêm a mim e dizem: Orlandão, você que é professor, veja aí se está tudo certinho. E toco eu a ler tijolos verbais do quilate de "indigitado", "como sói acontecer", "via de regra", "outrossim", "eis que" (fumaças bíblicas), "o ora requerente", "consubstanciado", "propedeuta", "o nobre causídico", "dar azo", "supedâneo" e outras tais. Isso quando não vêm de dura lex...
Pois borregar, então, é balir? Aqui o meu dicionário Houaiss traz a conjugação, mas, esquisitamente, não dá a acepção. Certamente porque é eletrônico e pirata. E SPC, aqui, é o temidíssimo Serviço de Proteção ao Crédito: entrar na lista negra dele é ficar impedido de comprar qualquer coisa no crediário; é ter o chamado "nome sujo". E dar à sola é certamente o mesmo que dar às de Vila Diogo (eu tenho o poeminha em algum canto), o que chamamos de se mandar, picar a mula ou simplesmente vazar, isto é, fugir? Já vês que o idioma é quase o mesmo... :)
E Ni, você não é a primeira que elogia o Peixoto. Preciso dar um jeito de o ler, sei lá como.
A respeito de mortos, morreu aqui o Roberto Marinho. É como se, na Inglaterra, morresse o Rupert Murdoch; ou como se fôssemos americanos dos anos 40 e morresse o Randolph Hearst; ou como se fôssemos italianos e morresse o Berlusconi (supondo que Berlusconi não fosse chefe de estado). Era o fundador e o dono da Globo. Tinha 98 anos e ainda mandava. Agora, claro, vai dar um jeito de se meter na gestão do undiscovered country de que falava o Hamlet.
Paulo Coelho é mestre no que o Lobato chamava de "livro pau": lê-lo é como levar uma paulada na cabeça, adormece-se instantaneamente. Prozac em letrinhas.
Gasel, se você quer exemplos de rebuscamento daqueles que nem o João de Barros seria capaz, precisa ler os despachos dos delegados de polícia daqui. O diabo é que eles vêm a mim e dizem: Orlandão, você que é professor, veja aí se está tudo certinho. E toco eu a ler tijolos verbais do quilate de "indigitado", "como sói acontecer", "via de regra", "outrossim", "eis que" (fumaças bíblicas), "o ora requerente", "consubstanciado", "propedeuta", "o nobre causídico", "dar azo", "supedâneo" e outras tais. Isso quando não vêm de dura lex...
Pois borregar, então, é balir? Aqui o meu dicionário Houaiss traz a conjugação, mas, esquisitamente, não dá a acepção. Certamente porque é eletrônico e pirata. E SPC, aqui, é o temidíssimo Serviço de Proteção ao Crédito: entrar na lista negra dele é ficar impedido de comprar qualquer coisa no crediário; é ter o chamado "nome sujo". E dar à sola é certamente o mesmo que dar às de Vila Diogo (eu tenho o poeminha em algum canto), o que chamamos de se mandar, picar a mula ou simplesmente vazar, isto é, fugir? Já vês que o idioma é quase o mesmo... :)
E Ni, você não é a primeira que elogia o Peixoto. Preciso dar um jeito de o ler, sei lá como.
A respeito de mortos, morreu aqui o Roberto Marinho. É como se, na Inglaterra, morresse o Rupert Murdoch; ou como se fôssemos americanos dos anos 40 e morresse o Randolph Hearst; ou como se fôssemos italianos e morresse o Berlusconi (supondo que Berlusconi não fosse chefe de estado). Era o fundador e o dono da Globo. Tinha 98 anos e ainda mandava. Agora, claro, vai dar um jeito de se meter na gestão do undiscovered country de que falava o Hamlet.
Ele há dias assim.
A piscina mata , sabiam?
Banhos e banhos e mais banhos.
Sol e sombra sombra e sol. Crianças a saltarem e a correrem e a berrarem.
Imperiais fresquinhas.
Um Magnum de amêndoa.
Nunca vi tanta gente na praia como hoje. Pareciam circos amestrados de formiguinhas.
Nem tanto calor.
Mas, soube bem. Refrescou a alma.
Sentir frio, que prazer.
Depois há boas conversas que fecham bem os dias em que estamos cansados. Obrigada S:)
E como estou a deslizar para o lado de lá vou dormir.
Muito boas vindas à camarada Niiim Maria:)
Um abraço de solidariedade à Lau e vamos mesmo criar a PIa!!!
Paulo!!!´Faz favor de parar de falar de férias!!! Grrrrrrrrrrrrrr
Orlando! As cervejas que bebi hoje foram todas em tua honra!
Et voilá:)
Vou dormir mas é. Se tivesse insónias lia o Paulo coelho..como não tenho , ligo só o ventilador:)
Banhos e banhos e mais banhos.
Sol e sombra sombra e sol. Crianças a saltarem e a correrem e a berrarem.
Imperiais fresquinhas.
Um Magnum de amêndoa.
Nunca vi tanta gente na praia como hoje. Pareciam circos amestrados de formiguinhas.
Nem tanto calor.
Mas, soube bem. Refrescou a alma.
Sentir frio, que prazer.
Depois há boas conversas que fecham bem os dias em que estamos cansados. Obrigada S:)
E como estou a deslizar para o lado de lá vou dormir.
Muito boas vindas à camarada Niiim Maria:)
Um abraço de solidariedade à Lau e vamos mesmo criar a PIa!!!
Paulo!!!´Faz favor de parar de falar de férias!!! Grrrrrrrrrrrrrr
Orlando! As cervejas que bebi hoje foram todas em tua honra!
Et voilá:)
Vou dormir mas é. Se tivesse insónias lia o Paulo coelho..como não tenho , ligo só o ventilador:)
Se me acha farsante da intelectualidade mande sms para 6666...
Sim, por causa de um comentário numa outra entrada que me acusava de ser uma farsante da intelectualidade. Devo dizer que mais do que os pseudo-intelectuais, o que mais me chateia, são os alarmes de pseudo-intelectuais. Andam por aí, de nariz no ar à cata dos devaneios mais palermas para logo gritarem: o pseudo-intelectual vai nu (e nem disfarça, talvez por causa do calor).
O facto é que me irrita isto dos carimbos. Penso que nem é passar por (pseudo)-intelectual, até porque, para quem se importa com o nome técnico de cada pintelho, resta sempre uma dúvida: Será ou não? Eu não me importo (sério, agora já não) com esse tipo de juízos. Já passei a minha fase rebelde de empata-fodas e cada vez vejo menos clara a fronteira entre um verdadeiro pseudo intelectual e uma pessoa normal, seja lá o que for. Limito-me a gostar, ou não, em primeiro lugar das pessoas e depois do que elas fazem.Se calhar estou mesmo a transformar-me numa pseudo-bicha. Por isso é que estou a ter dificuldade a ver-me ao espelho. E então?!
Ah, e como diz o outro, quem não tem cão caça com gato. Quem não pode ser intelecutual, compra óculos. Vou já a correr por os meus, mas com este calor
fica tudo embaciado. Ai vida, o meu reino por um ar condicionado.
..e para acabar: Se souberem o endereço ou telefone dos pseudos-intelectuais anónimos não deixem de ajudar esta pobre alma que paira no limbo de quem não é tão esperta como se acha. Obrigada.
O facto é que me irrita isto dos carimbos. Penso que nem é passar por (pseudo)-intelectual, até porque, para quem se importa com o nome técnico de cada pintelho, resta sempre uma dúvida: Será ou não? Eu não me importo (sério, agora já não) com esse tipo de juízos. Já passei a minha fase rebelde de empata-fodas e cada vez vejo menos clara a fronteira entre um verdadeiro pseudo intelectual e uma pessoa normal, seja lá o que for. Limito-me a gostar, ou não, em primeiro lugar das pessoas e depois do que elas fazem.Se calhar estou mesmo a transformar-me numa pseudo-bicha. Por isso é que estou a ter dificuldade a ver-me ao espelho. E então?!
Ah, e como diz o outro, quem não tem cão caça com gato. Quem não pode ser intelecutual, compra óculos. Vou já a correr por os meus, mas com este calor
fica tudo embaciado. Ai vida, o meu reino por um ar condicionado.
..e para acabar: Se souberem o endereço ou telefone dos pseudos-intelectuais anónimos não deixem de ajudar esta pobre alma que paira no limbo de quem não é tão esperta como se acha. Obrigada.
7 de agosto de 2003
Quinta feira
Estou com o stress pré-ferias! Amanhã é o último diade trabalho mas nunca mais chega…
Admito a minha ignorância, Orlando. Fui ver ao dicionário e é “brotoeja” que quer dizer (e passo a citar) moléstia cutânea proveniente da efevercência do sangue e que consiste em uma erupção de borbulhas sanguíneas, que causa grande comichão ou prurido. (Grande Dicionário de Língua Portuguêsa) Um bocado rebuscado, não? Até cheira a “brasileiro” :)… descobri também que comprei há 3 anos um dicionário datado de 1991. É o que dá comprar no Círculo dos Leitores. Quando vir o vendedor dou-lhe com um tomo na cabeça.
Ao procurar a brotoeja encontrei “borregar” = gritar como o borrego. Aqui em Portugal borregar, em calão, tem o sentido de se baldar, fugir a um compromisso à última hora. Mas se juntarmos este sentido fica: o tipo acagaçou-se e borregou (berrou como um borrego e deu à sola)! Fica mais colorido… Aliás, nós devemos gostar de muito de gado caprino, também temos o “chibar”: o tipo acagaçou-se e chibou logo tudo!
Agora mais a sério. Hoje (ou ontem…) ouvi 2 notícias no rádio enquanto voava na auto-estrada.
Primeira: O Big Boss da Judiciária, Adelino Salvado que é um senhor balofo que às vezes diz umas coisas atabalhoadas na TV, fez um anúncio solene. “ Está em curso a maior operação de sempre para deter os incendiários.” Imagino a coisa… a maior operação de sempre! Devem andar inspectores disfarçados de árvores aí pelas matas. Ainda se queimam! Aposto que daqui a um ano dá em quase zero.
Será que não veêm que a culpa não é só de uns tantos incendiários, loucos, pirómanos, sei lá… A culpa é de todos nós, que vivemos bem nesta incúria generalizada: dos governos que mudam Direcções como quem arrota e sem qualquer estratégia, dos SNS que não coordenam e dos SPC que não preveêm nem protegem (sorry T), dos guardas florestais que não vigiam nem detectam a tempo, dos bombeiros que mal equipados não sabem apagar fogos nem garantir rescaldos, dos proprietários que não limpam e fazem queimadas à paposseco e de todos nós, que atiramos beatas pela janela e olhamos pesarosos para a televisão.
O País ardeu, ou está a arder! Na minha terra o parque natural de S. Mamede ardeu quase todo, em terras que eu conheço e ninguém ouve falar (Carreiras, Arez, S. Julião) arderam casas e morreram pessoas. Eu não me ponho de fora, faço parte da escumalha… fico aqui a assistir, a beber um copo e a pensar nas férias. Não sei o que podia fazer, mas é certo que não faço nada!
Estou cada vez mais certo, somos um pais de merda!
Segunda: “ Dois jovens de NY sentaram-se à porta do metro com um cartaz que dizia falem conosco!” Um senhor com voz de padre (era a RFM) dissertou sobre o tema e acabou a dizer que ..” todos nós pensamos que a nossa vida é demasiado preciosa para ser partilhada com alguém!” Dá que pensar. Neste caso tenho a consciência (quase) tranquila: falo com qualquer pessoa e partilho a minha vida.
Escritores: Admito que em relação à Clara será uma coisa mais tipo freudiano. Era eu alunito de primeiro ano e ela assistente de histologia com uma áura muito especial… coisas de homens!
O Peixoto… li o “Nenhum Olhar” e gostei muito da maneira de escrever, de descrever mas escapou-me qualquer coisa naquele enredo de seres estranhos, siamêses e gigantes mudos! Falha minha de certeza.. tenho que reler… Li agora a “A Autêntica” de Saul Bellow, um velhote canadiano prémio Nobel em 56. Tem agora oitenta e tal e ainda escreve. Muito bom!
PP – desculpem a extensão da coisa. E sei que a propósito dos fogos sou injusto para muita gente. Já agora uma pergunta: podemos ser processados pelo que postamos aqui?
Admito a minha ignorância, Orlando. Fui ver ao dicionário e é “brotoeja” que quer dizer (e passo a citar) moléstia cutânea proveniente da efevercência do sangue e que consiste em uma erupção de borbulhas sanguíneas, que causa grande comichão ou prurido. (Grande Dicionário de Língua Portuguêsa) Um bocado rebuscado, não? Até cheira a “brasileiro” :)… descobri também que comprei há 3 anos um dicionário datado de 1991. É o que dá comprar no Círculo dos Leitores. Quando vir o vendedor dou-lhe com um tomo na cabeça.
Ao procurar a brotoeja encontrei “borregar” = gritar como o borrego. Aqui em Portugal borregar, em calão, tem o sentido de se baldar, fugir a um compromisso à última hora. Mas se juntarmos este sentido fica: o tipo acagaçou-se e borregou (berrou como um borrego e deu à sola)! Fica mais colorido… Aliás, nós devemos gostar de muito de gado caprino, também temos o “chibar”: o tipo acagaçou-se e chibou logo tudo!
Agora mais a sério. Hoje (ou ontem…) ouvi 2 notícias no rádio enquanto voava na auto-estrada.
Primeira: O Big Boss da Judiciária, Adelino Salvado que é um senhor balofo que às vezes diz umas coisas atabalhoadas na TV, fez um anúncio solene. “ Está em curso a maior operação de sempre para deter os incendiários.” Imagino a coisa… a maior operação de sempre! Devem andar inspectores disfarçados de árvores aí pelas matas. Ainda se queimam! Aposto que daqui a um ano dá em quase zero.
Será que não veêm que a culpa não é só de uns tantos incendiários, loucos, pirómanos, sei lá… A culpa é de todos nós, que vivemos bem nesta incúria generalizada: dos governos que mudam Direcções como quem arrota e sem qualquer estratégia, dos SNS que não coordenam e dos SPC que não preveêm nem protegem (sorry T), dos guardas florestais que não vigiam nem detectam a tempo, dos bombeiros que mal equipados não sabem apagar fogos nem garantir rescaldos, dos proprietários que não limpam e fazem queimadas à paposseco e de todos nós, que atiramos beatas pela janela e olhamos pesarosos para a televisão.
O País ardeu, ou está a arder! Na minha terra o parque natural de S. Mamede ardeu quase todo, em terras que eu conheço e ninguém ouve falar (Carreiras, Arez, S. Julião) arderam casas e morreram pessoas. Eu não me ponho de fora, faço parte da escumalha… fico aqui a assistir, a beber um copo e a pensar nas férias. Não sei o que podia fazer, mas é certo que não faço nada!
Estou cada vez mais certo, somos um pais de merda!
Segunda: “ Dois jovens de NY sentaram-se à porta do metro com um cartaz que dizia falem conosco!” Um senhor com voz de padre (era a RFM) dissertou sobre o tema e acabou a dizer que ..” todos nós pensamos que a nossa vida é demasiado preciosa para ser partilhada com alguém!” Dá que pensar. Neste caso tenho a consciência (quase) tranquila: falo com qualquer pessoa e partilho a minha vida.
Escritores: Admito que em relação à Clara será uma coisa mais tipo freudiano. Era eu alunito de primeiro ano e ela assistente de histologia com uma áura muito especial… coisas de homens!
O Peixoto… li o “Nenhum Olhar” e gostei muito da maneira de escrever, de descrever mas escapou-me qualquer coisa naquele enredo de seres estranhos, siamêses e gigantes mudos! Falha minha de certeza.. tenho que reler… Li agora a “A Autêntica” de Saul Bellow, um velhote canadiano prémio Nobel em 56. Tem agora oitenta e tal e ainda escreve. Muito bom!
PP – desculpem a extensão da coisa. E sei que a propósito dos fogos sou injusto para muita gente. Já agora uma pergunta: podemos ser processados pelo que postamos aqui?
uau... isto é emocionante, ser convidada para um blog... mil agradecimentos pela lisonja, Teresinha. Em relação a novos escritores, Orlando... nem todos são uns chatos... não ando muito a par, confesso, mas... José Luís Peixoto... o "Nenhum Olhar" e o posterior "Uma Casa na Escuridão" - o romance, não a poesia (visto este ter sido lançado juntamente com um livro de poesia) - são livros que li e me fizeram sentir que no meio do deserto da produção literária e de qualidade de gente nova (pelo menos aqui... neste nicho do mundo que é Portugal) sempre há quem nos surpreenda e maravilhe literariamente e tenha menos de 50 anos... Beijinhos e abraços,
niiim
niiim
Escritores, errores e calores
Teresa Santa, no Herberto Hélder eu já tinha ouvido falar; acho até que um jornal daqui publicou algumas coisas dele, se não me engano poemas. Mas faz tempo, e não há livros dele lançados aqui. Achei por acaso A Sopa dos Ricos, do Santos Fernando, justamente num sebo (alfarrabista aqui também se diz, mas muito raramente). E já se vão dez anos desde que saíram dois do Miguel Esteves Cardoso, O Amor é Fodido e Minhas Aventuras na República Portuguesa, que é muito engraçado.
Bem quisera percorrer alfarrábios em Lisboa, mas com o real assim raquítico como está, o negócio é ir adiando os planos. Um dia irei, é certo; tenho a alternativa de tentar uma bolsa em Coimbra e fazer pós graduação com a Rocha Pereira, em, digamos, 2006 -- se ambos, eu e ela, estivermos vivos, claro. A perspectiva da bolsa, já me disseram, é sombria, mas não de todo impossível. Veremos.
Gasel, pois é justamente esse negócio de "urbano depressivo" e, principalmente, "urbano porra-louca", que também anda dominando tudo na literatura daqui. Ou as pessoas vivem num mundinho middlebrow ao qual falta de todo a cor local (escrevem-se histórias que se poderiam passar tanto em São Paulo quanto em Londres ou Hong-Kong, e talvez até se passem mesmo, já que não há como saber), ou vivem eternamente os "loucos anos" de uma juventude sem fim, de bar em bar, sempre com o coração partido. Nunca os escritores e as personagens saem de si mesmos, nunca se reflete sobre qualquer realidade externa aos seus umbigos. Uma que outra boa tirada, e só. Por isso é tão difícil recomendar os novos... são todos uns chatos. Noutro dia mesmo li uma entrevista do Paulo Coelho e outra do Marcelo Mirisola, na revista Cult, e ambos são lamentáveis.
Hoje vi no jornal sobre a onda de calor que assola a Europa. Previam-se quase quarenta graus para Londres, temperatura a que nunca se chegou aqui em São Paulo (uma vez bateu nos trinta e nove). Lisboa deve estar, se não a arder, pelo menos a escaldar. Cerveja ajuda a refrescar, quanto mais gelada melhor; eu, aqui, fico mais bêbado quanto mais o calor aumenta... no auge do verão, jamais me encontram sóbrio. :)
Bem quisera percorrer alfarrábios em Lisboa, mas com o real assim raquítico como está, o negócio é ir adiando os planos. Um dia irei, é certo; tenho a alternativa de tentar uma bolsa em Coimbra e fazer pós graduação com a Rocha Pereira, em, digamos, 2006 -- se ambos, eu e ela, estivermos vivos, claro. A perspectiva da bolsa, já me disseram, é sombria, mas não de todo impossível. Veremos.
Gasel, pois é justamente esse negócio de "urbano depressivo" e, principalmente, "urbano porra-louca", que também anda dominando tudo na literatura daqui. Ou as pessoas vivem num mundinho middlebrow ao qual falta de todo a cor local (escrevem-se histórias que se poderiam passar tanto em São Paulo quanto em Londres ou Hong-Kong, e talvez até se passem mesmo, já que não há como saber), ou vivem eternamente os "loucos anos" de uma juventude sem fim, de bar em bar, sempre com o coração partido. Nunca os escritores e as personagens saem de si mesmos, nunca se reflete sobre qualquer realidade externa aos seus umbigos. Uma que outra boa tirada, e só. Por isso é tão difícil recomendar os novos... são todos uns chatos. Noutro dia mesmo li uma entrevista do Paulo Coelho e outra do Marcelo Mirisola, na revista Cult, e ambos são lamentáveis.
Hoje vi no jornal sobre a onda de calor que assola a Europa. Previam-se quase quarenta graus para Londres, temperatura a que nunca se chegou aqui em São Paulo (uma vez bateu nos trinta e nove). Lisboa deve estar, se não a arder, pelo menos a escaldar. Cerveja ajuda a refrescar, quanto mais gelada melhor; eu, aqui, fico mais bêbado quanto mais o calor aumenta... no auge do verão, jamais me encontram sóbrio. :)
6 de agosto de 2003
Quarta feira
Pronto confesso, estou viciado…Sou um blogger!
Passo os dias a pensar nisto, no que vou escrever, como escrevere por aí … Mal durmo, não trabalho, a comida não passa da boca. Nem a barba faço. Ando a ficar abandalhado… Reparo que já olham para mim desconfiados do meu olhar olheirento a escrevinhar papelitos pelos cantos.
…
Acreditaram? Naaa… :))) durmo bem, trabalho com afinco e como com gosto. Só não faço a barba apenas porque tenho barba. Bem… e já tenho um caderninho onde vou apontando ideias que me passam pela cabeça, num repente, como raios. E confesso, estou mesmo viciado!
Passemos a algumas respostas.
De facto o calor não passa T, hoje nem os pássaros voavam. Por aquí, nalgumas manhãs a coisa parece prometer, há nuvens soltas, nota-se um fresquinho a correr no ar mas vem a tarde, a noite e a coisa volta ao mesmo. Derrete-se lentamente, morre-se com o calor!
Escritores portuguêses contemporâneos, Orlando… (atenção, eu não sou um dos grandes leitores de que por aí se fala). Ultimamente acho que anda tudo no estilo a que se pode chamar “urbano-depressivo”. Os heróis estão todos bem na vida, têm altos jipes e quintas no Alentejo, empregos muito interessantes e mais stressantes. Também amam muito, odeiam mais, têm três amantes, separam-se, batem-se, reencontram-se, beijam-se e, claro, deprimem-se até à quase loucura. E dizem todos montes (mesmo montes) de palavrões… Posso falar de dois: um que li, outro que não. Li “ A arma do juíz” da Clara Pinto Correia (que agora nada na mó de baixo por causa de uns plágios…) e, embora no tal estilo, gostei…É uma sequela de um outro romance que me falta ler. O que não li “Equador” de Miguel Sousa Tavares, um romance histórico de que tenho ouvido falar muito. Vou ler nas férias. É o primeiro romance do tipo, que é advogado, foi jornalista e agora é comentador de tudo um pouco na TV. Extraordinária tamanha versatilidade!
Finalmente a Lucília Sonasol…. Que dizer? Confesso que fiquei intrigado com o liquído proposto (será a minha falta de imaginação?). Resolvi tentar mas como não tinha Sonasol, optei por Fairy. Aquele da ponte, dos mil pratos… se lava mil pratos tenho detergente para lavar a boca pra toda a vida, pensei! Mas não aconteceu nada de especial.. apenas fiquei com os dentes mais amarelos. Não aconselho!
PP – a minha filha, que tem 12 anos e devora livros, começou a ler o Baudolino. Às vezes assusta-me!
Passo os dias a pensar nisto, no que vou escrever, como escrevere por aí … Mal durmo, não trabalho, a comida não passa da boca. Nem a barba faço. Ando a ficar abandalhado… Reparo que já olham para mim desconfiados do meu olhar olheirento a escrevinhar papelitos pelos cantos.
…
Acreditaram? Naaa… :))) durmo bem, trabalho com afinco e como com gosto. Só não faço a barba apenas porque tenho barba. Bem… e já tenho um caderninho onde vou apontando ideias que me passam pela cabeça, num repente, como raios. E confesso, estou mesmo viciado!
Passemos a algumas respostas.
De facto o calor não passa T, hoje nem os pássaros voavam. Por aquí, nalgumas manhãs a coisa parece prometer, há nuvens soltas, nota-se um fresquinho a correr no ar mas vem a tarde, a noite e a coisa volta ao mesmo. Derrete-se lentamente, morre-se com o calor!
Escritores portuguêses contemporâneos, Orlando… (atenção, eu não sou um dos grandes leitores de que por aí se fala). Ultimamente acho que anda tudo no estilo a que se pode chamar “urbano-depressivo”. Os heróis estão todos bem na vida, têm altos jipes e quintas no Alentejo, empregos muito interessantes e mais stressantes. Também amam muito, odeiam mais, têm três amantes, separam-se, batem-se, reencontram-se, beijam-se e, claro, deprimem-se até à quase loucura. E dizem todos montes (mesmo montes) de palavrões… Posso falar de dois: um que li, outro que não. Li “ A arma do juíz” da Clara Pinto Correia (que agora nada na mó de baixo por causa de uns plágios…) e, embora no tal estilo, gostei…É uma sequela de um outro romance que me falta ler. O que não li “Equador” de Miguel Sousa Tavares, um romance histórico de que tenho ouvido falar muito. Vou ler nas férias. É o primeiro romance do tipo, que é advogado, foi jornalista e agora é comentador de tudo um pouco na TV. Extraordinária tamanha versatilidade!
Finalmente a Lucília Sonasol…. Que dizer? Confesso que fiquei intrigado com o liquído proposto (será a minha falta de imaginação?). Resolvi tentar mas como não tinha Sonasol, optei por Fairy. Aquele da ponte, dos mil pratos… se lava mil pratos tenho detergente para lavar a boca pra toda a vida, pensei! Mas não aconteceu nada de especial.. apenas fiquei com os dentes mais amarelos. Não aconselho!
PP – a minha filha, que tem 12 anos e devora livros, começou a ler o Baudolino. Às vezes assusta-me!
eu não quero falar mais neste calor pestilento, mas...
Nunca mais passa isto. Está decidido ,vou comprar ar condicionado.
Ou então ir viver para dentro de um tanque.Arranjo uns adornos vegetais e pinto-me de verde.
Acho que vou ser um sapo muito mais feliz. Rã é que não, ainda fico perneta.
Pois é Orlando, também li isso tudo ou quase tudo. O Stevenson devo confessar que ainda gosto de reler. assim como o Mark Twain.
Gibis....o que eu gostava e gosto de Gibis.
Nós chamamos quadradinhos. Ou banda desenhada, mas ísso é já a influência reabilitadora da escola franco-belga. Agora o meu fraquinho são os policiais. E recomendo-te a espantosa Minette Walters! Espero que ninguém ria, o nome da senhora é mesmo assim. :P
Estava a pensar na cena da moto do Paulo....
Acho que há um género de automobilistas portugueses que adora atropelar animais, assustar velhinhos peões e dar umas passas nos motas.
Serão esses seres ressaibiados? Mal amados? Com um patrão feroz? Com uma mulher que prefere o padeiro?
(sempre adorei a expressão de ser filho do padeiro).
Mas que há ferocidade na estrada há. Assusta. No teu caso Paulo, o Expresso amorteceria o impacto pelo menos. Alguma serventia prática teria. Mas o facto é que cada vez mais tenho medo de andar de carro. Nem falo de moto!!!!:)
Vinagrette enteada:) Faz bem estarmos deprimidas de vez em quando e muito melhor ainda sermos um bocadinho pró-intelectual.
Aos comentadores desconhecidos..Crisma escreva...adorariamos conhecer mais práticas católicas. Prometo que lhe publico o poste:) à Isilda(?) se ler com atenção, vê que o Paulo até apreciou o pipi.
Mas de turras e discordâncias se faz um blogue. né?
Logo bloguemos :)
Ou então ir viver para dentro de um tanque.Arranjo uns adornos vegetais e pinto-me de verde.
Acho que vou ser um sapo muito mais feliz. Rã é que não, ainda fico perneta.
Pois é Orlando, também li isso tudo ou quase tudo. O Stevenson devo confessar que ainda gosto de reler. assim como o Mark Twain.
Gibis....o que eu gostava e gosto de Gibis.
Nós chamamos quadradinhos. Ou banda desenhada, mas ísso é já a influência reabilitadora da escola franco-belga. Agora o meu fraquinho são os policiais. E recomendo-te a espantosa Minette Walters! Espero que ninguém ria, o nome da senhora é mesmo assim. :P
Estava a pensar na cena da moto do Paulo....
Acho que há um género de automobilistas portugueses que adora atropelar animais, assustar velhinhos peões e dar umas passas nos motas.
Serão esses seres ressaibiados? Mal amados? Com um patrão feroz? Com uma mulher que prefere o padeiro?
(sempre adorei a expressão de ser filho do padeiro).
Mas que há ferocidade na estrada há. Assusta. No teu caso Paulo, o Expresso amorteceria o impacto pelo menos. Alguma serventia prática teria. Mas o facto é que cada vez mais tenho medo de andar de carro. Nem falo de moto!!!!:)
Vinagrette enteada:) Faz bem estarmos deprimidas de vez em quando e muito melhor ainda sermos um bocadinho pró-intelectual.
Aos comentadores desconhecidos..Crisma escreva...adorariamos conhecer mais práticas católicas. Prometo que lhe publico o poste:) à Isilda(?) se ler com atenção, vê que o Paulo até apreciou o pipi.
Mas de turras e discordâncias se faz um blogue. né?
Logo bloguemos :)
Livros, gibis, palavras enfim
Teresa, nunca li Enid Blyton, que nem sei quem é. Eu, em menino, lia coisas que hoje soarão talvez conservadoras: Andersen, Lewis Carroll, Esopo, os irmãos Grimm, Collodi, o Tesouro da Juventude, coisas assim. E lia também Stevenson, que, pensando bem, não é lá tão infantil.
Lia também, como você, muitos gibis. Adorava-os. Peanuts (que aqui se chamava Minduim), Pogo, a Mafalda, O Mago de Id, Dick Tracy, Tereré, Brucutu, muito Asterix, Príncipe Valente, X-9, Flash Gordon, Little Nemo, a turma do MAD (Al Jaffee, Don Martin, Sergio Aragonés), Terry e os Piratas, Tintin, Iznogud, Hagar o Horrível, Pafúncio e Marocas; e coisas que só havia aqui: a Mônica, o Fradim. Agora releio e vi que botei os nomes brasileiros de muitas personagens; talvez as conheças com outros nomes. Gibi, aliás, é como se chama popularmente aqui a revista de histórias em quadrinhos, ou banda desenhada - é que gibi é gíria antiga, que quer dizer "moleque preto" ou "negrinho", e justamente um negrinho, um gibi, era o símbolo da primeira revista que circulou com quadrinhos, no Rio dos anos trinta. Ler um Gibi comendo um "pé de moleque" (doce de amendoins torrados e caramelados) era o que havia de bom.
Continuando, Teresa do Coração Grande: há novos escritores no Brasil, muitos até. Mas a maioria anda tão crua, e é na verdade tão ruim, e deixa tanto a desejar, que só tenho coragem de recomendar três: Patrícia Mello, Acqua Toffana; Milton Hatoum, Dois Irmãos; e Luiz Ruffato, Eles Eram Muitos Cavalos.
Mas mais interessante que ler esses é ler os não tão novos, os velhos, e os francamente vetustos. É imprescindível que se leia Raduan Nassar, Lavoura Arcaica e Um Copo de Cólera; o que se puder pilhar da poesia de Hilda Hilst (a prosa é impenetrável); Dalton Trevisan e suas Novelas Nada Exemplares, ou os 111 Ais; tudo o que houver do Millôr Fernandes, do Rubem Braga e do Paulo Mendes Campos; a poesia do Murilo Mendes; Laços de Família, da Clarice Lispector (os romances são uns atoleiros; evite-os); O Coronel e o Lobisomem, do José Cândido de Carvalho; As Mentiras que os Homens Contam, do Luís Fernando Veríssimo; Angústia, do Graciliano Ramos... e paro por aqui, antes que me acusem de estar a soldo do Paes de Andrade para lhes empurrar literatura brasileira goela abaixo. Garanto que do bom Paes nunca recebi um vintém, nem mesmo um adeusinho (esse, confesso, pilhava com gosto).
Agora aproveita, Teresa, e faz aí um lobby pelos contemporâneos de Portugal. Porque aqui, já sabes, só chegam Saramago e Lobo Antunes (e não se pode botar seus livros lado a lado, que se mordem), alguma Agustina... e mais nada. Minto: há a Inês Pedrosa, de quem lançaram agorinha mesmo um livro chamado Fazes-me Falta, que ainda não li, porque espero teu veredito.
Lia também, como você, muitos gibis. Adorava-os. Peanuts (que aqui se chamava Minduim), Pogo, a Mafalda, O Mago de Id, Dick Tracy, Tereré, Brucutu, muito Asterix, Príncipe Valente, X-9, Flash Gordon, Little Nemo, a turma do MAD (Al Jaffee, Don Martin, Sergio Aragonés), Terry e os Piratas, Tintin, Iznogud, Hagar o Horrível, Pafúncio e Marocas; e coisas que só havia aqui: a Mônica, o Fradim. Agora releio e vi que botei os nomes brasileiros de muitas personagens; talvez as conheças com outros nomes. Gibi, aliás, é como se chama popularmente aqui a revista de histórias em quadrinhos, ou banda desenhada - é que gibi é gíria antiga, que quer dizer "moleque preto" ou "negrinho", e justamente um negrinho, um gibi, era o símbolo da primeira revista que circulou com quadrinhos, no Rio dos anos trinta. Ler um Gibi comendo um "pé de moleque" (doce de amendoins torrados e caramelados) era o que havia de bom.
Continuando, Teresa do Coração Grande: há novos escritores no Brasil, muitos até. Mas a maioria anda tão crua, e é na verdade tão ruim, e deixa tanto a desejar, que só tenho coragem de recomendar três: Patrícia Mello, Acqua Toffana; Milton Hatoum, Dois Irmãos; e Luiz Ruffato, Eles Eram Muitos Cavalos.
Mas mais interessante que ler esses é ler os não tão novos, os velhos, e os francamente vetustos. É imprescindível que se leia Raduan Nassar, Lavoura Arcaica e Um Copo de Cólera; o que se puder pilhar da poesia de Hilda Hilst (a prosa é impenetrável); Dalton Trevisan e suas Novelas Nada Exemplares, ou os 111 Ais; tudo o que houver do Millôr Fernandes, do Rubem Braga e do Paulo Mendes Campos; a poesia do Murilo Mendes; Laços de Família, da Clarice Lispector (os romances são uns atoleiros; evite-os); O Coronel e o Lobisomem, do José Cândido de Carvalho; As Mentiras que os Homens Contam, do Luís Fernando Veríssimo; Angústia, do Graciliano Ramos... e paro por aqui, antes que me acusem de estar a soldo do Paes de Andrade para lhes empurrar literatura brasileira goela abaixo. Garanto que do bom Paes nunca recebi um vintém, nem mesmo um adeusinho (esse, confesso, pilhava com gosto).
Agora aproveita, Teresa, e faz aí um lobby pelos contemporâneos de Portugal. Porque aqui, já sabes, só chegam Saramago e Lobo Antunes (e não se pode botar seus livros lado a lado, que se mordem), alguma Agustina... e mais nada. Minto: há a Inês Pedrosa, de quem lançaram agorinha mesmo um livro chamado Fazes-me Falta, que ainda não li, porque espero teu veredito.
Terça Feira
Ops.. afinal já é quarta! Mas sai mesmo com atrazo :)
Hoje fui levar a minha mota ( sim, sou um motard…) à oficina para uma peritagem. Um dia destes, um dos que já voou, ia eu em marcha moderada num cruzamento de duas faixas (foi assim que ficou dito em auto) e eis que um civilizado automobilista, andando à direita, começou a piscar para a esquerda. Na altura foi tudo muito rápido mas aqui posso descrever devagarinho. Quando ele piscou ia eu ao lado da traseira dele, pensei: “ora,… está-me a ver e vai esperar que eu passe para virar!” Mas ele ia guinado mais e já em pleno cruzamento, lado a lado, pensei mais: “ … o gajo vai mesmo virar, vai-me pregar uma cacetada!” Tentei acelerar e nessa altura senti um baque, um estremeção e quase nem consegui pensar: “estou tramado!” Não sei como, não faço mesmo a mínima ideia, acho que até fechei os olhos por segundos, mas andando aos papéis, guina prá aqui, guina prá lá, lá me aguentei e parei incólume e aparvalhado alguns metros mais à frente. “Safei-me”
O do carro pirou-se, não parou, nem viu se eu tinha caído! Fiquei lixado… não fiquei ferido, os danos na mota nem são nada de especial, mas fiquei mesmo lixado!
Ò sacana, se estás a ler isto fica a saber: estás tramado comigo!… E isto é uma ameaça!
Sorte a minha que vinha outro carro atrás, parou e de rajada disse: “tem aqui a matrícula… sou sua testemunha… agente Silva da PSP do aeroporto! eh eh :))
Depois comecei o cálvário, ir á esquadra para apresentar queixa, voltar lá (e pagar) para ter o auto, companhia de seguros para participar e hoje oficina para a peritagem… sempre me vai enchendo os dias!
Á bocado lembrei-me… quem são estes peritos? Donde vêm, que sabem, como decidem? Sei lá… e também pouco importa, acho! Desde que paguem :)
.. e está na hora de dormir. Até amanhã
Post-Post: Foi no outro sábado, às nove da noite, ia comprar o Expresso. Eu bem digo que se não o compro logo pela manhãzinha o dia não pode ser bom…
Outro Post-Post: a propósito de uma dica de ontem foi finalmente espreitar o meu pipi. Entre muita coisa tem umas boas, aquela do Paulo Querido está a matar :) Mas, ou é mal do meu PC ou ele já não “posta” desde há um mês. Só tem desculpa se está de férias, senão foi sol de pouca dura, tipo (desculpem o termo) tesão do mijo… coisa de putos!
E para poesia erótica sempre há melhor
Hoje fui levar a minha mota ( sim, sou um motard…) à oficina para uma peritagem. Um dia destes, um dos que já voou, ia eu em marcha moderada num cruzamento de duas faixas (foi assim que ficou dito em auto) e eis que um civilizado automobilista, andando à direita, começou a piscar para a esquerda. Na altura foi tudo muito rápido mas aqui posso descrever devagarinho. Quando ele piscou ia eu ao lado da traseira dele, pensei: “ora,… está-me a ver e vai esperar que eu passe para virar!” Mas ele ia guinado mais e já em pleno cruzamento, lado a lado, pensei mais: “ … o gajo vai mesmo virar, vai-me pregar uma cacetada!” Tentei acelerar e nessa altura senti um baque, um estremeção e quase nem consegui pensar: “estou tramado!” Não sei como, não faço mesmo a mínima ideia, acho que até fechei os olhos por segundos, mas andando aos papéis, guina prá aqui, guina prá lá, lá me aguentei e parei incólume e aparvalhado alguns metros mais à frente. “Safei-me”
O do carro pirou-se, não parou, nem viu se eu tinha caído! Fiquei lixado… não fiquei ferido, os danos na mota nem são nada de especial, mas fiquei mesmo lixado!
Ò sacana, se estás a ler isto fica a saber: estás tramado comigo!… E isto é uma ameaça!
Sorte a minha que vinha outro carro atrás, parou e de rajada disse: “tem aqui a matrícula… sou sua testemunha… agente Silva da PSP do aeroporto! eh eh :))
Depois comecei o cálvário, ir á esquadra para apresentar queixa, voltar lá (e pagar) para ter o auto, companhia de seguros para participar e hoje oficina para a peritagem… sempre me vai enchendo os dias!
Á bocado lembrei-me… quem são estes peritos? Donde vêm, que sabem, como decidem? Sei lá… e também pouco importa, acho! Desde que paguem :)
.. e está na hora de dormir. Até amanhã
Post-Post: Foi no outro sábado, às nove da noite, ia comprar o Expresso. Eu bem digo que se não o compro logo pela manhãzinha o dia não pode ser bom…
Outro Post-Post: a propósito de uma dica de ontem foi finalmente espreitar o meu pipi. Entre muita coisa tem umas boas, aquela do Paulo Querido está a matar :) Mas, ou é mal do meu PC ou ele já não “posta” desde há um mês. Só tem desculpa se está de férias, senão foi sol de pouca dura, tipo (desculpem o termo) tesão do mijo… coisa de putos!
E para poesia erótica sempre há melhor
Dias Extensos
É curioso porque justamente um dos meus maiores medos era acordar e dar comigo com quarenta anos. E o que é pior, anos iguais, repletos de dias iguais. Como se toda a minha vida tivesse sido um dia só, longo.
E X T E N S O
O meu corpo vai dando sinais estranhos. Agora mesmo estou tremendamente enjoada. Já devia saber que fumar cachimbo de uma forma violenta não traz bons resultados. É um enjoo, uma melancolia aromática, que se espalha.
Melancolia vírgula que se espalha ponto
E X T E N S O
O meu corpo vai dando sinais estranhos. Agora mesmo estou tremendamente enjoada. Já devia saber que fumar cachimbo de uma forma violenta não traz bons resultados. É um enjoo, uma melancolia aromática, que se espalha.
Melancolia vírgula que se espalha ponto
5 de agosto de 2003
A culpa é do Lula, não minha
Antes de mais, saúdo o Pedro, o Paulo (que é o mesmo Gasel, acertei?), a Lau e a Maria, e dou-lhes as minhas tímidas boas-vindas. A seguir, passo, envergonhado, a informar a todos que o governo Lula está para cometer um ato de profunda indelicadeza para com Portugal: nomear para a nossa embaixada em Lisboa o senhor Paes de Andrade. Olhem, já nem sei bem se a ofensa é para com Portugal, que terá de o aturar, ou se é para conosco, os brasileiros que passamos o carão de ver esse sujeito nos representar junto a uma nação amiga.
O senhor Paes de Andrade foi presidente da Câmara dos Deputados durante os infaustos anos do governo de José Sarney, nos oitenta. José Sarney que acumula o recorde de ser, a um tempo, mau presidente e mau romancista, apesar de membro da Academia Brasileira de Letras: seu livro Marimbondos de Fogo é realmente de tacar fogo e atirar longe. Enfim, cada país tem o Vaclav Havel que merece. Ora, o Sarney tomou posse porque o presidente eleito, Tancredo Neves, morreu antes de assumir seu cargo, e ele Sarney era o vice. Deu-se então que o país ficou sem vice presidente, e, a cada vez que Sarney se ausentasse, seria substituído pelo Presidente da Câmara: o digníssimo Paes de Andrade. Na primeira oportunidade, o indigitado deputado encheu o avião presidencial com a sua camarilha, digo, seus apaniguados, digo ainda, seus assessores, e foi-se na maior alegria a Mombaça, sua cidade natal. Que não está nos mapas genéricos do Brasil que se podem achar no estrangeiro, só nos nossos - e não a procuramos amiúde. De lá despachou. Mombaça, por uns dias, foi a capital do Brasil. E lá também se auto-homenageou: inaugurou escola, pracinha e coreto com seu nome, orgulho da raça mombacense.
Pois vejam: agora que soube que lhe tocará a (para ele fácil) tarefa de nos deslustrar, mandou que se imprimisse um livro (pago de seu bolso, a bem da verdade), quinhentos exemplares, o qual imortaliza sua sabatina no senado. O título do opúsculo: A Consagração de Paes de Andrade.
Amigos: riam a bom rir do palhaço que para aí vai. Nós, aquém mar, choraremos.
* * *
Agora, a seguir, deixem-me dizer que aqui no Brasil ainda se usa dizer "brotoejas" para borbulhas (que chamamos bolhas) na pele. Minha filha, branca branquíssima, sempre as tem no calor. Digo mais, o óbvio: que quem quer fugir do calor não deve vir para cá: estamos no auge do inverno, e lá fora o sol ruge em confortáveis 27 Celsius. Digo ainda que não sei quem são os quatro, cinco e sete fora do jogo de truco, e que eu, como muitos brasileiros da minha provecta idade, criei-me lendo o Monteiro Lobato, que não sei se circula por aí (devia circular), inventor do Sítio do Picapau Amarelo. Finalmente, naperon soa-me a nome de remédio desfazedor de catarro; prefiro chamar os naperons de paninhos mesmo, e continuar a usá-los, para desespero da minha mulher, para enxugar as mãos quando saio do banheiro, ignorando com alegria a toalha que lá está.
O senhor Paes de Andrade foi presidente da Câmara dos Deputados durante os infaustos anos do governo de José Sarney, nos oitenta. José Sarney que acumula o recorde de ser, a um tempo, mau presidente e mau romancista, apesar de membro da Academia Brasileira de Letras: seu livro Marimbondos de Fogo é realmente de tacar fogo e atirar longe. Enfim, cada país tem o Vaclav Havel que merece. Ora, o Sarney tomou posse porque o presidente eleito, Tancredo Neves, morreu antes de assumir seu cargo, e ele Sarney era o vice. Deu-se então que o país ficou sem vice presidente, e, a cada vez que Sarney se ausentasse, seria substituído pelo Presidente da Câmara: o digníssimo Paes de Andrade. Na primeira oportunidade, o indigitado deputado encheu o avião presidencial com a sua camarilha, digo, seus apaniguados, digo ainda, seus assessores, e foi-se na maior alegria a Mombaça, sua cidade natal. Que não está nos mapas genéricos do Brasil que se podem achar no estrangeiro, só nos nossos - e não a procuramos amiúde. De lá despachou. Mombaça, por uns dias, foi a capital do Brasil. E lá também se auto-homenageou: inaugurou escola, pracinha e coreto com seu nome, orgulho da raça mombacense.
Pois vejam: agora que soube que lhe tocará a (para ele fácil) tarefa de nos deslustrar, mandou que se imprimisse um livro (pago de seu bolso, a bem da verdade), quinhentos exemplares, o qual imortaliza sua sabatina no senado. O título do opúsculo: A Consagração de Paes de Andrade.
Amigos: riam a bom rir do palhaço que para aí vai. Nós, aquém mar, choraremos.
* * *
Agora, a seguir, deixem-me dizer que aqui no Brasil ainda se usa dizer "brotoejas" para borbulhas (que chamamos bolhas) na pele. Minha filha, branca branquíssima, sempre as tem no calor. Digo mais, o óbvio: que quem quer fugir do calor não deve vir para cá: estamos no auge do inverno, e lá fora o sol ruge em confortáveis 27 Celsius. Digo ainda que não sei quem são os quatro, cinco e sete fora do jogo de truco, e que eu, como muitos brasileiros da minha provecta idade, criei-me lendo o Monteiro Lobato, que não sei se circula por aí (devia circular), inventor do Sítio do Picapau Amarelo. Finalmente, naperon soa-me a nome de remédio desfazedor de catarro; prefiro chamar os naperons de paninhos mesmo, e continuar a usá-los, para desespero da minha mulher, para enxugar as mãos quando saio do banheiro, ignorando com alegria a toalha que lá está.
onde o autor confessa grão e mui vil pecado
Há coisas que não se abafam com paninhos quentes, sejam toalhas, guardanapos, lenços minhotos de analfabetos amores bordados, naperons de crochet, ou, por metonímia - ou será sinédoque? confundo-as sempre... - patinadoras romenas, há coisas, dizia eu antes desta breve digressão doméstico-têxtil, não adiáveis e não eufemizáveis, pelo que me vejo, no presente contexto bloguístico-comunitário, forçado a admitir uma gravosa falta, a anunciar no parágrafo seguinte, pois que este, o que presentemente ledes, prolongo-o agora oca e inutilmente por mais umas quantas palavras, por questões de forma, de suspense estilístico, de pretencioso virtuosismo adjectivador, talvez mesmo, permitam-me a honestidade, para ganhar tempo e coragem enquanto tomo uma golfada de ar.
Não gosto de Os Cinco. Oh magna igomínia!, oh sacrilégio!, oh o que eu fui dizer. Reconheço o crime e a hediondez do mesmo, sujeito-me à vossa punição. Que seja severa: animais da minha laia não têm perdão.
Não que tenha lido a colecção completa, longe disso. Dos originais, dos verdadeiros livros de Os Cinco, li dois, ao que julgo poder acrescentar dois exemplares de Os Sete e um de Os Quatro, clones elaborados por autores sem escrúpulos e duplamente vigaristas, pois que ao mesmo tempo que violavam a propriedade intelectual da Senhora Blyton abusavam da ingenuidade matemática das criancinhas. Um Quatro, dois Cincos e dois Setes, portanto, fraca mão de poker, dois pares e uma carta morta que não enganam ninguém, feliz a hora em que os descartei por um par de detectives e um trio de mosqueteiros, vitorioso full house literário da minha infância.
Não gosto de Os Cinco. Oh magna igomínia!, oh sacrilégio!, oh o que eu fui dizer. Reconheço o crime e a hediondez do mesmo, sujeito-me à vossa punição. Que seja severa: animais da minha laia não têm perdão.
Não que tenha lido a colecção completa, longe disso. Dos originais, dos verdadeiros livros de Os Cinco, li dois, ao que julgo poder acrescentar dois exemplares de Os Sete e um de Os Quatro, clones elaborados por autores sem escrúpulos e duplamente vigaristas, pois que ao mesmo tempo que violavam a propriedade intelectual da Senhora Blyton abusavam da ingenuidade matemática das criancinhas. Um Quatro, dois Cincos e dois Setes, portanto, fraca mão de poker, dois pares e uma carta morta que não enganam ninguém, feliz a hora em que os descartei por um par de detectives e um trio de mosqueteiros, vitorioso full house literário da minha infância.
4 de agosto de 2003
Ameaça
Repetem-se os dias em que, chegada a noite, nem escrever apetece. Arriscaria até a dizer que os dias não voam. Arrastam-se. Com alguma sorte e muito empenho posso agora assegurar que finalmente esses dias vão acabar, pelo menos para mim (desejem-me sorte), mas como sou um animal de hábitos sinto já falta da aranha aos pés da cama, do pó em cima dos objectos, das noites de insónias a ver tele-vendas e de tudo o mais que aprendi a amaldiçoar com familiaridade. Receio o espaço que estas pragas vão deixar, terei que escolher novos alvos para voltar a barafustar, já tenho alguns artilhados.
Felizmente para todos o meu poder bélico não passa de um punhado de pólvora seca. Ah, mas pólvora, mesmo que seca, sendo bem apontada aos olhos é capaz de provocar muitos rebentamentos.
Sim, é uma ameaça.
Felizmente para todos o meu poder bélico não passa de um punhado de pólvora seca. Ah, mas pólvora, mesmo que seca, sendo bem apontada aos olhos é capaz de provocar muitos rebentamentos.
Sim, é uma ameaça.
Segunda feira
....Pois claro que Lisboa está deserta, T... É que aqui a invasão já começou há algum tempo. Vêm de todos os lados, chegam, ocupam, instalam-se, desinstalam-se, mudam-se, trocam-se...sei lá!
Os de Lisboa notam-se logo, mais apressados até a ir para a praia, no olhar mantém aquele brilhozinho de stress de quem espera uma bicha a todo o momento e geralmente não largam o telemóvel, nem para o banho. "São os loucos de Lisboa, que nos fazem recordar..." como diz a canção!
E depois também gostam de vir ao hospital, embora a mim não me chateiem muito. Mas dizem-me que lá pela Pediatria é uma loucura, aparecem por tudo: o cócó está duro, ou então está mole demais, ou porque tem febre, ou ranho no nariz, ou cera nos ouvidos, ou ainda borbulhas no corpo! (na minha terra diziam que estava com uma bortoeja). A última moda é os pais aparecerem lá prás cinco da matina com o rebento adoentado. Acabados de sair da última festa laranja do clube T, a avó (nos mais out) ou a ama (nos verdadeiramente in) disse que o menino tinha febre, 37,8º para aí. E lá vem tudo para o hospital. O pai já enxaropado de olhar aparvalhado, a mãe esfuziante ainda com o ritmo no corpo, a ama (...ou a avó) desconfiadas e temerosas de tudo e o puto geralmente a dormir que nem um santo. Acaba por acabar (uma boa redundância!) tudo em nada e lá volta a procissão pró apartamento preparar a agitação do dia que se segue.
Enfim, que fazer? Eu até acho que o Algarve nem é assim tão bom.... até está aqui Espanha tão perto, tão barata, tão tudo, mas "eles" insistem... Há que aguentá-los!
Nos últimos anos tem aparecido nova gente. Há dez, doze anos eram raros, muito raros, mal se notavam. Mas agora não! Notam-se logo, mais espalhafatosos, barulhentos e o sotaque não engana. É o pessoal do Norte, carago! Porto e arredores... Além do mais olham para isto com um certo desdém como quem diz: "o cué, é isto o Algarbe?" E nota-se que lá bem no fundo se sentem numa gesta, como o Afonso Henriques, a conquistar a mourama! Bom...neste caso confesso: é uma embirração minha, pronto! Até são mais simpáticos, gosto daquela pronúncia (especialmente nas mulheres!) mas há qualquer coisa que me chateia... que se há-de fazer! O meu coração é vermelho, vermelhão, não sei se percebem.
Mas, e isto é muito importante, o pior, pior desta terra... são os Algarvios! mas essa história fica para outra vez. É que o meu coração além de vermelhão é pachorrento, do tipo alentejano...
...
Chega, por hoje... e não levem muito a sério este bairrismo, é só por falta de assunto! :)))
E tu vê lá T, lá para quinze de Agosto ficas só tu, mais uns cinco (a contar com o cão!) e os eternos pombos, que esses nunca largam as suas estátuas.
Os de Lisboa notam-se logo, mais apressados até a ir para a praia, no olhar mantém aquele brilhozinho de stress de quem espera uma bicha a todo o momento e geralmente não largam o telemóvel, nem para o banho. "São os loucos de Lisboa, que nos fazem recordar..." como diz a canção!
E depois também gostam de vir ao hospital, embora a mim não me chateiem muito. Mas dizem-me que lá pela Pediatria é uma loucura, aparecem por tudo: o cócó está duro, ou então está mole demais, ou porque tem febre, ou ranho no nariz, ou cera nos ouvidos, ou ainda borbulhas no corpo! (na minha terra diziam que estava com uma bortoeja). A última moda é os pais aparecerem lá prás cinco da matina com o rebento adoentado. Acabados de sair da última festa laranja do clube T, a avó (nos mais out) ou a ama (nos verdadeiramente in) disse que o menino tinha febre, 37,8º para aí. E lá vem tudo para o hospital. O pai já enxaropado de olhar aparvalhado, a mãe esfuziante ainda com o ritmo no corpo, a ama (...ou a avó) desconfiadas e temerosas de tudo e o puto geralmente a dormir que nem um santo. Acaba por acabar (uma boa redundância!) tudo em nada e lá volta a procissão pró apartamento preparar a agitação do dia que se segue.
Enfim, que fazer? Eu até acho que o Algarve nem é assim tão bom.... até está aqui Espanha tão perto, tão barata, tão tudo, mas "eles" insistem... Há que aguentá-los!
Nos últimos anos tem aparecido nova gente. Há dez, doze anos eram raros, muito raros, mal se notavam. Mas agora não! Notam-se logo, mais espalhafatosos, barulhentos e o sotaque não engana. É o pessoal do Norte, carago! Porto e arredores... Além do mais olham para isto com um certo desdém como quem diz: "o cué, é isto o Algarbe?" E nota-se que lá bem no fundo se sentem numa gesta, como o Afonso Henriques, a conquistar a mourama! Bom...neste caso confesso: é uma embirração minha, pronto! Até são mais simpáticos, gosto daquela pronúncia (especialmente nas mulheres!) mas há qualquer coisa que me chateia... que se há-de fazer! O meu coração é vermelho, vermelhão, não sei se percebem.
Mas, e isto é muito importante, o pior, pior desta terra... são os Algarvios! mas essa história fica para outra vez. É que o meu coração além de vermelhão é pachorrento, do tipo alentejano...
...
Chega, por hoje... e não levem muito a sério este bairrismo, é só por falta de assunto! :)))
E tu vê lá T, lá para quinze de Agosto ficas só tu, mais uns cinco (a contar com o cão!) e os eternos pombos, que esses nunca largam as suas estátuas.
Segunda Feira é para não perdermos o hábito
É cedinho e ainda fresco.
Lisboa está deserta como tudo.Já há poucos restaurantes abertos.
Ontem jantei nos vizinhos uma pasta maravilhosa , acompanhada por um Cartuxa que a igualava. Pronto A ,tens razão!!!Risos.
Estivemos a ver um documentário francês sobre a Marilyn, de uma beleza que nos deixou a todos arrepiados.
E depois descemos ao país real . Fogos e depoimentos e mau jornalismo.
A vantagem de termos uma família que é não formal, é que estamos juntos quando queremos e nunca estamos os mesmos. As casas podem ser diversificadas. As nossas conversas nunca variam muito....brincamos com a forma de ser de cada um:) Ou seja, prevejo daqui a uns anos num lar de velhinhos, todos juntos e a refilarmos uns com os outros.
Podia ser pior:)
Confesso que estou muito preguiçosa....
Lisboa está deserta como tudo.Já há poucos restaurantes abertos.
Ontem jantei nos vizinhos uma pasta maravilhosa , acompanhada por um Cartuxa que a igualava. Pronto A ,tens razão!!!Risos.
Estivemos a ver um documentário francês sobre a Marilyn, de uma beleza que nos deixou a todos arrepiados.
E depois descemos ao país real . Fogos e depoimentos e mau jornalismo.
A vantagem de termos uma família que é não formal, é que estamos juntos quando queremos e nunca estamos os mesmos. As casas podem ser diversificadas. As nossas conversas nunca variam muito....brincamos com a forma de ser de cada um:) Ou seja, prevejo daqui a uns anos num lar de velhinhos, todos juntos e a refilarmos uns com os outros.
Podia ser pior:)
Confesso que estou muito preguiçosa....
3 de agosto de 2003
We are the Famous Five, Julian, Dick and Anne, George and Timmy, the doooog!
De que me foste tu lembrar, tia, os livrinhos dos cinco.
Como eu os devorava. Passava o meu verão mergulhada nas aventuras da Zé e dos primos. E para todos os efeitos a Zé era eu.
Lembro-me de inventar aventuras para onde arrastava as minhas amigas durante as aborrecidas aulas de Moral.
Outro dia descobri numa mala na casa dos meus pais a colecção inteira dos meus livros dos Cinco. Como me regalei a desfolhar aquelas páginas amareladas e, como sempre, deliciei-me com a descrição dos lanches… aqueles lanches sempre me deram fome, mesmo depois de um amigo meu (recentemente) me ter arruinado o sonho, quando me contou que as ementas dos lanches dos cinco tinham sido “inventadas/acrescentadas” pela tradutora portuguesa, com a desculpa de que os pobres dos ingleses se alimentavam mal.
A minha geração foi alimentada de lanches falsos comprados numa quinta qualquer.
E a remoer estas falsidades, já só penso nos pratinhos de caracóis com mines quer vou comer na praia…
Como eu os devorava. Passava o meu verão mergulhada nas aventuras da Zé e dos primos. E para todos os efeitos a Zé era eu.
Lembro-me de inventar aventuras para onde arrastava as minhas amigas durante as aborrecidas aulas de Moral.
Outro dia descobri numa mala na casa dos meus pais a colecção inteira dos meus livros dos Cinco. Como me regalei a desfolhar aquelas páginas amareladas e, como sempre, deliciei-me com a descrição dos lanches… aqueles lanches sempre me deram fome, mesmo depois de um amigo meu (recentemente) me ter arruinado o sonho, quando me contou que as ementas dos lanches dos cinco tinham sido “inventadas/acrescentadas” pela tradutora portuguesa, com a desculpa de que os pobres dos ingleses se alimentavam mal.
A minha geração foi alimentada de lanches falsos comprados numa quinta qualquer.
E a remoer estas falsidades, já só penso nos pratinhos de caracóis com mines quer vou comer na praia…
Mintam!
Ultimamente ouço com mais frequência do que desejaria: "Estavas chata". Ora bem, isto não é novidade. Mas é preciso esfregarem isso na minha cara? Quando isto voltar a acontecer MINTAM, ou pelo menos, não digam nada. Pergunto-me se as pessoas integras até à medula, que dizem sempre o que pensam como-se-faz-no-big-brother-e-assim, estando com os amantes, mantêm a mesma atitude. "Não és tão bonita como a Nicole Kidman mas para quem é, bacalhau basta."
Isto aplica-se também à RTP, eis o que acabo de ouvir: "Os meios é um problema grave". Não há mesmo meios para aturar isto. Não é só o erro gramatical, é esta gíria telejornalística. Vamos a ver, já não bastavam a escalada da violência, o "alegadamente" e os palcos de guerra? Francamente. Pelo menos disfarçem, assim é ofensivo, até porque eu nem gosto de bacalhau.
Isto aplica-se também à RTP, eis o que acabo de ouvir: "Os meios é um problema grave". Não há mesmo meios para aturar isto. Não é só o erro gramatical, é esta gíria telejornalística. Vamos a ver, já não bastavam a escalada da violência, o "alegadamente" e os palcos de guerra? Francamente. Pelo menos disfarçem, assim é ofensivo, até porque eu nem gosto de bacalhau.
Um dois três, partida
...antes que a tê maíusculo ponto mude de ideias e proceda à revogação unilateral do convite, acolhedor e sorridente, que tão bem compõe a minha caixa de correio, até dá gosto de ver, tão detalhado, tão instrutivo, tão infalível, basta seguir os passos, um dois três, uma procissãozinha de letras azuis e mágicas e aqui estou eu, tanta gente, céus, não me tinham dito que havia tanta gente, e eu aqui em roupa interior e barba de um dois três dias, tantos os dias quantos os passos, um dois três como na picadora moullinex, como no concurso, como no macaquinho do chinês, terão de me desculpar a aritmética de jardim escola, fico nervoso nestas apresentações públicas,
- Ora essa, não há razão para tanto, não está a sair-se tão mal assim,
dirão os amáveis companheiros de dias alados, porventura disfarçando o enfado, porventura espreguiçando um bocejo, porventura trocando olhares de Quem é este, mas a resposta fica para outra altura, lá iremos, assim como assim já nem eu sei muito bem Quem é este.
E lá se foi a minha oportunidade de causar uma boa primeira impressão
- Ora essa, não há razão para tanto, não está a sair-se tão mal assim,
dirão os amáveis companheiros de dias alados, porventura disfarçando o enfado, porventura espreguiçando um bocejo, porventura trocando olhares de Quem é este, mas a resposta fica para outra altura, lá iremos, assim como assim já nem eu sei muito bem Quem é este.
E lá se foi a minha oportunidade de causar uma boa primeira impressão
Cá estou eu...
...E nesta tarde, em que o aquecedor de S. Pedro continua aceso (pelo menos cá pelo imenso Sul), vou-me estrear nos dias que voam. Ou melhor, é uma re-estreia pois descobri, ao registrar-me, que já estava registrado. Há semanas, (ou serão meses?... de facto os dias voam...) entrei numa coisa destas mas pareceu-me complicado e não passei do primeiro post, que até nem saiu como eu queria! Enfim... hoje parece-me simples e como a companhia parece boa acho que vou ficar por aqui.
E o que dizer deste dia, de trabalho, que afinal não voa...? Pouco, a não ser que é mesmo chato trabalhar ao Domingo! Estava-se mesmo bem era num bar, com uma cerveja gelada ao alcance da mão e uma praia em frente, de mar azul imenso e veleiros a chamarem por mim. Há um aqui perto, bem porreiro, mesmo na praia com um nome a calhar: "pézinhos na areia"... Mas estou aqui como que preso, a assistir a pequenos dramas do dia a dia. Há pouco morreu outra mulher, esta era ainda uma miúda de vinte e poucos anos. Não foi maltratada, nem tinha nenhuma doença má, apenas foi mais uma vida que se foi num qualquer estúpido acidente de viação. Na entrada do Hospital viam-se magotes de pessoas, pais, familiares, amigos cada um mostrando o sofrimento como sabia. Nunca me aconteceu... mas deve ser terrível: num momento esta cá, fala, ri, zanga-se, chora... e no outro já não está, acabou, desapareceu. Olha que as vezes parece que já nem se ouve o canto da cotovia!
...
Chega por hoje. Amanhã, ou depois, falarei de outros dias que já esvoçam por aí. E obrigado T :))) Espero que gostes destes Sumois e Bolas de Berlim.
E o que dizer deste dia, de trabalho, que afinal não voa...? Pouco, a não ser que é mesmo chato trabalhar ao Domingo! Estava-se mesmo bem era num bar, com uma cerveja gelada ao alcance da mão e uma praia em frente, de mar azul imenso e veleiros a chamarem por mim. Há um aqui perto, bem porreiro, mesmo na praia com um nome a calhar: "pézinhos na areia"... Mas estou aqui como que preso, a assistir a pequenos dramas do dia a dia. Há pouco morreu outra mulher, esta era ainda uma miúda de vinte e poucos anos. Não foi maltratada, nem tinha nenhuma doença má, apenas foi mais uma vida que se foi num qualquer estúpido acidente de viação. Na entrada do Hospital viam-se magotes de pessoas, pais, familiares, amigos cada um mostrando o sofrimento como sabia. Nunca me aconteceu... mas deve ser terrível: num momento esta cá, fala, ri, zanga-se, chora... e no outro já não está, acabou, desapareceu. Olha que as vezes parece que já nem se ouve o canto da cotovia!
...
Chega por hoje. Amanhã, ou depois, falarei de outros dias que já esvoçam por aí. E obrigado T :))) Espero que gostes destes Sumois e Bolas de Berlim.
E a Marie morreu...
As mulheres continuam a ser mortas e maltratadas pelos companheiros. E a Marie Trintignant morreu.
E como nada devolve uma vida, pouco há a acrescentar.
Só este haiku, do Bashô:
" Extingue-se o dia
mas não o canto
da cotovia".
Nota: Li num conhecido e reputado jornal português esta notícia há alguns dias. Falava do coma irreversivel e informava que a Marie era filha do famoso CANTOR francês Jean Louis Trintignant .
E como nada devolve uma vida, pouco há a acrescentar.
Só este haiku, do Bashô:
" Extingue-se o dia
mas não o canto
da cotovia".
Nota: Li num conhecido e reputado jornal português esta notícia há alguns dias. Falava do coma irreversivel e informava que a Marie era filha do famoso CANTOR francês Jean Louis Trintignant .
Por favor S Pedro, desliga o aquecedor.
Está visto que hoje vai ser outro dia de miséria.
Com este calor , como é que se pode ser construtivo?
Ontem fiquei a pensar nos livros de infância. Na Enid Blyton, na biblioteca dos rapazes e das raparigas, no Salgari, no Karl May e na Louise May Alcott. Dizem agora que esta terá escrito mais uns livrinhos , menos tipo "little women" , ou seja com mais substracto. Ah e estava a esquecer-me da Odette Saint Maurice e do seu obrigatório " Sou uma rapariga do Liceu".
Lembro-me do cuidado em que havia em distinguir do que era próprio para uma menina ler, ou não. Mas numa casa como a minha, com muito irmão masculino a preceder-me, foi difícil senão impossivel assegurar esse status quo. Assim veio o May e o Salgari e o Cavaleiro Andante , o Tarzan, o Mandrake e o meu preferido Rip Kirby.
Os jormais também eram lidos de forma sagrada.A República chegava sempre no dia seguinte , o meu pai era assinante, mas eu gostava do negrito do Diário de Lisboa e ainda me lembro de quando saiu o Expresso. Os jornais davam-me pica e eu era miúda. Esperava sempre pacientemente que o meu pai os lesse e depois era a minha vez.
Agora consulto as novidades na web , vejo eventualmente a Televisão. Não me carrego de jornais. Leio ainda o Expresso em casa de amigos e é tudo.
O senhor limpa chaminés veio cá a casa outro dia e perguntou" Dá-me um jornalinho, para o fogão não ficar sujo? " e eu respondi " Não tenho". O senhor achou isso muito mal.
No entanto continuo a ser devoradora de livros. Não há estantes que cheguem.
A Amazon e a Fnac na web dão regularmente conta do meu Visa:)
E tenho que ter a minha pilha de livros novos por ler. Demorei algum tempo para explicar à Vanda, dita cuja senhora de limpezas, que " Não, nesses livros não se toca nem se arruma!!!"
Fico irascivel se me pedem um livro emprestado que ainda não li. Aliás, digo logo que não. É assim uma cisma minha.
Não me importo de emprestar os últimos 5 Euros , de dar o último cigarro , o último gole de whisky.....Mas emprestar livros faz-me doer um bocadinho o coração.
Lá os vejo a ir com ar infeliz. Salvo ao ZM , sei que os entrega sempre religiosamente , à M e à B.
Ou seja , cada qual com as suas compulsões.
Por falar nisso, tenho umas biografia da Condessa de Ségur para ler....
Sempre imaginei que devia ser uma mulher maquiavélica. Tanto me fez chorar. Coitadinho do Cadichon.
Ò Jeremias desculpa mais uma vez....Sobre sexo, nada:))))
Com este calor , como é que se pode ser construtivo?
Ontem fiquei a pensar nos livros de infância. Na Enid Blyton, na biblioteca dos rapazes e das raparigas, no Salgari, no Karl May e na Louise May Alcott. Dizem agora que esta terá escrito mais uns livrinhos , menos tipo "little women" , ou seja com mais substracto. Ah e estava a esquecer-me da Odette Saint Maurice e do seu obrigatório " Sou uma rapariga do Liceu".
Lembro-me do cuidado em que havia em distinguir do que era próprio para uma menina ler, ou não. Mas numa casa como a minha, com muito irmão masculino a preceder-me, foi difícil senão impossivel assegurar esse status quo. Assim veio o May e o Salgari e o Cavaleiro Andante , o Tarzan, o Mandrake e o meu preferido Rip Kirby.
Os jormais também eram lidos de forma sagrada.A República chegava sempre no dia seguinte , o meu pai era assinante, mas eu gostava do negrito do Diário de Lisboa e ainda me lembro de quando saiu o Expresso. Os jornais davam-me pica e eu era miúda. Esperava sempre pacientemente que o meu pai os lesse e depois era a minha vez.
Agora consulto as novidades na web , vejo eventualmente a Televisão. Não me carrego de jornais. Leio ainda o Expresso em casa de amigos e é tudo.
O senhor limpa chaminés veio cá a casa outro dia e perguntou" Dá-me um jornalinho, para o fogão não ficar sujo? " e eu respondi " Não tenho". O senhor achou isso muito mal.
No entanto continuo a ser devoradora de livros. Não há estantes que cheguem.
A Amazon e a Fnac na web dão regularmente conta do meu Visa:)
E tenho que ter a minha pilha de livros novos por ler. Demorei algum tempo para explicar à Vanda, dita cuja senhora de limpezas, que " Não, nesses livros não se toca nem se arruma!!!"
Fico irascivel se me pedem um livro emprestado que ainda não li. Aliás, digo logo que não. É assim uma cisma minha.
Não me importo de emprestar os últimos 5 Euros , de dar o último cigarro , o último gole de whisky.....Mas emprestar livros faz-me doer um bocadinho o coração.
Lá os vejo a ir com ar infeliz. Salvo ao ZM , sei que os entrega sempre religiosamente , à M e à B.
Ou seja , cada qual com as suas compulsões.
Por falar nisso, tenho umas biografia da Condessa de Ségur para ler....
Sempre imaginei que devia ser uma mulher maquiavélica. Tanto me fez chorar. Coitadinho do Cadichon.
Ò Jeremias desculpa mais uma vez....Sobre sexo, nada:))))
ora... vamos lá começar com isto.
1 Bem, sinto-me uma aquisição de meio de época.
2 Espero ficar mais voraz à medida que o calor vá ficando mais coxo.
3 Há um badulaque que é mais badulaque que os outros. Naperon. É curioso, fui ver ao dicionário como se escrevia (se naperon, se napron) e qual o meu espanto quando vejo a revelação: "paninho de mesa". Não. Não era um pano, era um paninho. Mas continua. Naperon é também uma toalhinha. Ai maravilha... daquelas para pôr em cima da televisão, a aconchegar a recordação que prova que em fátima, rezamos por ela.
4 Obrigada pelo convite. :j
2 Espero ficar mais voraz à medida que o calor vá ficando mais coxo.
3 Há um badulaque que é mais badulaque que os outros. Naperon. É curioso, fui ver ao dicionário como se escrevia (se naperon, se napron) e qual o meu espanto quando vejo a revelação: "paninho de mesa". Não. Não era um pano, era um paninho. Mas continua. Naperon é também uma toalhinha. Ai maravilha... daquelas para pôr em cima da televisão, a aconchegar a recordação que prova que em fátima, rezamos por ela.
4 Obrigada pelo convite. :j
2 de agosto de 2003
De badulaques e puxa sacos
Isto parece ping pong , Orlando:)
Agora é a vez da pong.
Gostei da palavra badulaques e da expressão trem . Nós dizemos tralha , pechisbeques , etc. etc.
Puxa sacos também temos. Aqui chamamos graxista, ou seja aquele que dá graxa ao chefe, para ascender melhor, por exemplo.
Doutores também existem em abundância. Todos somos, por assim dizer.
Porque será que não estranho nada estas semelhanças todas?
Será que os portugueses já passaram pelo Brasil? Risos.
No fundo badulaques trens e doutores vem tudo dar ao mesmo..
Não é assim?
Acho que vou emigrar para o Brasil.
Aqui está demasiado calor. E o céu cinzento. Será dos incêndios florestais?
Como todos os verões a floresta está arder um pouco por todo o lado.
E sempre a impotência transborda e nada se resolve.
Lembro-me de ver arder o Chiado. Lisboa parecia uma cidade em guerra.
Um caos urbano.
Muito estranho o fenómeno do fogo. Atrai e destrói.
Faz falta a chuva. Que venha ela.
Agora é a vez da pong.
Gostei da palavra badulaques e da expressão trem . Nós dizemos tralha , pechisbeques , etc. etc.
Puxa sacos também temos. Aqui chamamos graxista, ou seja aquele que dá graxa ao chefe, para ascender melhor, por exemplo.
Doutores também existem em abundância. Todos somos, por assim dizer.
Porque será que não estranho nada estas semelhanças todas?
Será que os portugueses já passaram pelo Brasil? Risos.
No fundo badulaques trens e doutores vem tudo dar ao mesmo..
Não é assim?
Acho que vou emigrar para o Brasil.
Aqui está demasiado calor. E o céu cinzento. Será dos incêndios florestais?
Como todos os verões a floresta está arder um pouco por todo o lado.
E sempre a impotência transborda e nada se resolve.
Lembro-me de ver arder o Chiado. Lisboa parecia uma cidade em guerra.
Um caos urbano.
Muito estranho o fenómeno do fogo. Atrai e destrói.
Faz falta a chuva. Que venha ela.
Puxa Sacos
O "puxa-saco" nada mais é que o bajulador. Aquele camarada que faz e diz o que for preciso para lustrar o ego de um superior (seja na hierarquia social, seja na profissional). Trabalhei vinte anos na iniciativa privada, e vi todos os tipos de puxa-sacos imagináveis; agora, no serviço público, é que vim a ver o que significa realmente puxar o saco.
Na quinta feira foram os anos do nosso divisionário. Não hei-de negar-lhe poder: uma palavra desse homem basta para arruinar-nos a vida, ou pelo menos complicá-la bastante. É compreensível que seja temido. Pois bem: inventaram de organizar-lhe uma festinha. Um mês antes da data, já a gente corria atrás das contribuições, do bolo, das bebidas, dos balões, dos presentes e dos cartões. Os titulares revezavam-se nos salamaleques, competindo pela primazia de escolher restaurante mais a gosto do grande homem. Deram ordens para que não se marcassem audiências. Para que todos estivessem presentes, de barba feita e bem vestidos. Afobaram-se e afligiram-se. Por ser o grande homem de ascendência italiana, e muito ligado às coisas da península, forraram a sala com balões nas cores da bandeira da Itália (numa repartição pública brasileira). Cumprimentaram-no efusivamente; riram de tudo o que ele dizia; acataram com ar grave suas ponderações; ele, como dizia Mark Twain, aquecia-se ao sol de sua glória.
Eis que de repente aparece Fulana, toda sorrisos e alegria. Espantei-me: não estava de férias? Estava e está. As interrompeu para vir à festa do doutor...
Na quinta feira foram os anos do nosso divisionário. Não hei-de negar-lhe poder: uma palavra desse homem basta para arruinar-nos a vida, ou pelo menos complicá-la bastante. É compreensível que seja temido. Pois bem: inventaram de organizar-lhe uma festinha. Um mês antes da data, já a gente corria atrás das contribuições, do bolo, das bebidas, dos balões, dos presentes e dos cartões. Os titulares revezavam-se nos salamaleques, competindo pela primazia de escolher restaurante mais a gosto do grande homem. Deram ordens para que não se marcassem audiências. Para que todos estivessem presentes, de barba feita e bem vestidos. Afobaram-se e afligiram-se. Por ser o grande homem de ascendência italiana, e muito ligado às coisas da península, forraram a sala com balões nas cores da bandeira da Itália (numa repartição pública brasileira). Cumprimentaram-no efusivamente; riram de tudo o que ele dizia; acataram com ar grave suas ponderações; ele, como dizia Mark Twain, aquecia-se ao sol de sua glória.
Eis que de repente aparece Fulana, toda sorrisos e alegria. Espantei-me: não estava de férias? Estava e está. As interrompeu para vir à festa do doutor...
Badulaques e Trens
Badulaque é uma dessas palavras que a gente usa a torto e a direito, achando que é uma coisa e, quando vai ver, é aquilo e mais um monte. Aqui no sul do Brasil, a gente usa querendo significar ornamento barato ou miudeza inútil. Um daqueles duendezinhos que seguram cartazes que dizem “a felicidade é azul” é um bom exemplo de badulaque. Sinônimos de badulaque são tralha, tranqueira, bagulho, breguete ou bregueço, cacareco, quinquilharia, traste, treco. E trem.
O trem é ótimo. Em Minas Gerais, usa-se chamar “trem” a tudo aquilo cujo nome não nos acode no momento. “Caiu-me um trem no olho”, “Que trem é esse, menino?”, “Ele trouxe um trem lá de Belzonte que dá jeito na goteira”, etc. Uma vez, um taxista português, que já estava aqui havia muitos anos, me dizia: "Sabes o que é que eu estranhei demais cá nesta terra? É essa mania de vocês de botar apelidos às palavras". Tive que lhe dar razão.
O trem é ótimo. Em Minas Gerais, usa-se chamar “trem” a tudo aquilo cujo nome não nos acode no momento. “Caiu-me um trem no olho”, “Que trem é esse, menino?”, “Ele trouxe um trem lá de Belzonte que dá jeito na goteira”, etc. Uma vez, um taxista português, que já estava aqui havia muitos anos, me dizia: "Sabes o que é que eu estranhei demais cá nesta terra? É essa mania de vocês de botar apelidos às palavras". Tive que lhe dar razão.
calor que turva a vista
É um calor pesado, que faz doer a cabeça e nos faz ficar melados de suor.
Os gatos estão espapaçados no chão sem muito interesse pela vida.
Ontem estava na rua e senti uns borrifos quentes . Pensei que estava a ser pulverizada préviamente para ser engomada, tal era o calor.
Afinal era chuva.
Depois entrei na Portugália. Lá vai dizer o meu amigo A. que isto é um roteiro gastronómico. Estava tão fresco, tão bom, que apesar da comida ser a desgraça que sabemos fiquei.
Quando saimos, foi um choque térmico.
E depois está tudo tão cinzento. De manhã cheirou-me a fumo.
Será o meu DNA ou ADN a arder?
Orlando explica para mim..o que é badulaque?
Parece-me uma palavra interessante:)
Os gatos estão espapaçados no chão sem muito interesse pela vida.
Ontem estava na rua e senti uns borrifos quentes . Pensei que estava a ser pulverizada préviamente para ser engomada, tal era o calor.
Afinal era chuva.
Depois entrei na Portugália. Lá vai dizer o meu amigo A. que isto é um roteiro gastronómico. Estava tão fresco, tão bom, que apesar da comida ser a desgraça que sabemos fiquei.
Quando saimos, foi um choque térmico.
E depois está tudo tão cinzento. De manhã cheirou-me a fumo.
Será o meu DNA ou ADN a arder?
Orlando explica para mim..o que é badulaque?
Parece-me uma palavra interessante:)
1 de agosto de 2003
Ateu à toa
Há um tempinho atrás, li reportagem na Carta Capital a respeito de uma espécie de congresso de bruxaria do gênero wicca que aconteceu cá na Paulicéia. Muitos "eventos", "cursos", "palestras" e "workshops" ali tiveram lugar, e muito badulaque perfumado & bonitinho foi posto à venda, bem como muitos discos de músicas "relaxantes" e muitos livrinhos ensinando a fazer bruxedos pra pegar homem, ficar rico e espalhar a paz pelo mundo. Dentre os "cursos", um era diabolicamente interessante: o de ativação do DNA.
Deixando pra lá o fato de usarem a sigla inglesa do ácido desoxirribonucléico (no português arcaico dos meus tempos de escola, usava-se dizer ADN), eu confesso que fiquei surpreso: ativação do ADN? Que diabos quereria dizer isso? Seria afinal a cura da esterilidade? Porque é de se supor que quem não tem o ADN ativado simplesmente não é capaz de se reproduzir, certo? Não necessariamente.
Segundo a mulher que dava o curso, devidamente entrevistada, o caso é que nós, humanos como eu e (espero) você, tínhamos originalmente 14 fiozinhos desses de ADN, e não apenas 2, como agora. Deu-se que, com o passar dos anos, e por conta das nossas iniqüidades e desmandos, 12 desses fiozinhos sumiram. Talvez tenhamos, com isso, perdido as asas e as antenas, juntamente com a telepatia, o teletransporte, a terceira visão e as capacidades proféticas. Especulo.
A boa notícia que a mulher e seu curso de preços módicos trazem é a de que esses 12 fiozinhos sumidos ainda estão por aí, latentes, imanentes, no nosso espírito, no corpo astral, ou lá onde seja. E que, mediante as "técnicas" que ela ensina, é possível ativá-los (pelo que, entendo eu, passarão a tomar parte ativa na nossa reprodução, fazendo provavelmente com que geremos filhos mutantes).
Aparentemente, não consta do currículo do curso nenhuma explicação sobre se ele existia antes que coisas como o Projeto Genoma tornassem ADN (ou DNA) uma sigla corriqueira. É o tipo do detalhe que só aos caraças (como eu) interessa.
Deixando pra lá o fato de usarem a sigla inglesa do ácido desoxirribonucléico (no português arcaico dos meus tempos de escola, usava-se dizer ADN), eu confesso que fiquei surpreso: ativação do ADN? Que diabos quereria dizer isso? Seria afinal a cura da esterilidade? Porque é de se supor que quem não tem o ADN ativado simplesmente não é capaz de se reproduzir, certo? Não necessariamente.
Segundo a mulher que dava o curso, devidamente entrevistada, o caso é que nós, humanos como eu e (espero) você, tínhamos originalmente 14 fiozinhos desses de ADN, e não apenas 2, como agora. Deu-se que, com o passar dos anos, e por conta das nossas iniqüidades e desmandos, 12 desses fiozinhos sumiram. Talvez tenhamos, com isso, perdido as asas e as antenas, juntamente com a telepatia, o teletransporte, a terceira visão e as capacidades proféticas. Especulo.
A boa notícia que a mulher e seu curso de preços módicos trazem é a de que esses 12 fiozinhos sumidos ainda estão por aí, latentes, imanentes, no nosso espírito, no corpo astral, ou lá onde seja. E que, mediante as "técnicas" que ela ensina, é possível ativá-los (pelo que, entendo eu, passarão a tomar parte ativa na nossa reprodução, fazendo provavelmente com que geremos filhos mutantes).
Aparentemente, não consta do currículo do curso nenhuma explicação sobre se ele existia antes que coisas como o Projeto Genoma tornassem ADN (ou DNA) uma sigla corriqueira. É o tipo do detalhe que só aos caraças (como eu) interessa.