7 de agosto de 2003

Quinta feira

Estou com o stress pré-ferias! Amanhã é o último diade trabalho mas nunca mais chega…

Admito a minha ignorância, Orlando. Fui ver ao dicionário e é “brotoeja” que quer dizer (e passo a citar) moléstia cutânea proveniente da efevercência do sangue e que consiste em uma erupção de borbulhas sanguíneas, que causa grande comichão ou prurido. (Grande Dicionário de Língua Portuguêsa) Um bocado rebuscado, não? Até cheira a “brasileiro” :)… descobri também que comprei há 3 anos um dicionário datado de 1991. É o que dá comprar no Círculo dos Leitores. Quando vir o vendedor dou-lhe com um tomo na cabeça.
Ao procurar a brotoeja encontrei “borregar” = gritar como o borrego. Aqui em Portugal borregar, em calão, tem o sentido de se baldar, fugir a um compromisso à última hora. Mas se juntarmos este sentido fica: o tipo acagaçou-se e borregou (berrou como um borrego e deu à sola)! Fica mais colorido… Aliás, nós devemos gostar de muito de gado caprino, também temos o “chibar”: o tipo acagaçou-se e chibou logo tudo!

Agora mais a sério. Hoje (ou ontem…) ouvi 2 notícias no rádio enquanto voava na auto-estrada.

Primeira: O Big Boss da Judiciária, Adelino Salvado que é um senhor balofo que às vezes diz umas coisas atabalhoadas na TV, fez um anúncio solene. “ Está em curso a maior operação de sempre para deter os incendiários.” Imagino a coisa… a maior operação de sempre! Devem andar inspectores disfarçados de árvores aí pelas matas. Ainda se queimam! Aposto que daqui a um ano dá em quase zero.
Será que não veêm que a culpa não é só de uns tantos incendiários, loucos, pirómanos, sei lá… A culpa é de todos nós, que vivemos bem nesta incúria generalizada: dos governos que mudam Direcções como quem arrota e sem qualquer estratégia, dos SNS que não coordenam e dos SPC que não preveêm nem protegem (sorry T), dos guardas florestais que não vigiam nem detectam a tempo, dos bombeiros que mal equipados não sabem apagar fogos nem garantir rescaldos, dos proprietários que não limpam e fazem queimadas à paposseco e de todos nós, que atiramos beatas pela janela e olhamos pesarosos para a televisão.
O País ardeu, ou está a arder! Na minha terra o parque natural de S. Mamede ardeu quase todo, em terras que eu conheço e ninguém ouve falar (Carreiras, Arez, S. Julião) arderam casas e morreram pessoas. Eu não me ponho de fora, faço parte da escumalha… fico aqui a assistir, a beber um copo e a pensar nas férias. Não sei o que podia fazer, mas é certo que não faço nada!

Estou cada vez mais certo, somos um pais de merda!

Segunda: “ Dois jovens de NY sentaram-se à porta do metro com um cartaz que dizia falem conosco!” Um senhor com voz de padre (era a RFM) dissertou sobre o tema e acabou a dizer que ..” todos nós pensamos que a nossa vida é demasiado preciosa para ser partilhada com alguém!” Dá que pensar. Neste caso tenho a consciência (quase) tranquila: falo com qualquer pessoa e partilho a minha vida.

Escritores: Admito que em relação à Clara será uma coisa mais tipo freudiano. Era eu alunito de primeiro ano e ela assistente de histologia com uma áura muito especial… coisas de homens!
O Peixoto… li o “Nenhum Olhar” e gostei muito da maneira de escrever, de descrever mas escapou-me qualquer coisa naquele enredo de seres estranhos, siamêses e gigantes mudos! Falha minha de certeza.. tenho que reler… Li agora a “A Autêntica” de Saul Bellow, um velhote canadiano prémio Nobel em 56. Tem agora oitenta e tal e ainda escreve. Muito bom!

PP – desculpem a extensão da coisa. E sei que a propósito dos fogos sou injusto para muita gente. Já agora uma pergunta: podemos ser processados pelo que postamos aqui?

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