20 de agosto de 2003

Eu bebo sim, estou vivendo; tem gente que não bebe e está morrendo!

A polícia e a faculdade tomam-me mais tempo do que quero. Mas sobrevivo. Quisera eu estar de férias, tomando picolé e lagarteando nas praias. Outro é meu destino: perambular nas madrugadas de sete graus; lavar as merdas do cachorro segurando um esguicho de ferro geladíssimo; entediar-me à morte nos debates sobre a reforma curricular das Letras.

Comprei o Alexandra Alpha, que está polidamente aguardando a vez, porque, antes dele, há dois livros sobre o Murilo Mendes, um sobre dísticos elegíacos, um outro sobre o Padre Vieira, mais um tanto a respeito do Latim, e uns textos em francês sobre as instituições políticas romanas que não sei como hei-de fazer para decifrar (meu francês não dá nem pra comprar baguette em camelô – supondo que se vendam baguettes em camelôs). Isso tudo é o curricular. Afora o curricular, tenho que terminar o Philip Roth, que se estende. Mas lá está ele, que veio junto com o Almeida Garrett e com a História do Cerco de Lisboa.

Gastei meu tempo comprando um telefone celular da TIM, que por ser nova está disposta a atender aos miseráveis como eu. E olhando a gente no metrô: há tanta gente louca nesta cidade infeliz. Me incluo, porque de são, só tenho a fachada. E lendo jornal: nossos juniores perderam a final do futebol para a Argentina no Pan-Americano, mas foi roubado; o Romário morreu, e o Fluminense paga ao cadáver dele; meu Palmeiras lidera a segunda divisão, em vez de rabear a primeira; morreu o nosso embaixador que comandava a missão de paz da ONU em Bagdá; mais franceses morrem assados; há lugares onde não chove há meses, aí pelo interior; e todos os meus amigos estão juntando dinheiro para ver a apresentação dos Coldplay (eu talvez vá; gosto, mas não tanto assim de ir ver).

Saudações ao Joaquim, e um obrigadinho e um beijo à Manela. Meu caro Ricardo, adoraria entornar uns copos em companhia do Boavisteiro; e Gasel, li a Arundhati Roy, que de fato é uma belíssima mulher, e fez um livro bonito. Se me pedissem recomendação para um livro de uma mulher indiana, indicaria o Karma Cola, da Gita Mehta, onde ela avacalha com toda a onda mística que envolve seu país. É de rolar de rir.

Qualquer hora, eu volto.

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