28 de julho de 2009

Dos Dias que Voam à Espuma dos Dias - II

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Dando continuidade ao post de ontem faço, em primeiro lugar, um mea culpa por não ter referido dois nomes da casa: a erre e a lulu. E depois desta correcção, irei cingir-me aos postadores com quem tenho convivido por aqui com a promessa de, com tempo, mergulhar na pré-história deste espaço acolhedor (aqui a T. tem as suas responsabilidades de óptima anfitriã). Repito que não fiz hiperligações podendo, quem assim o entender, espreitar os posts por mim referidos indo, para tal, ao rectângulo superior esquerdo (tks, T.) e teclar o título de cada um deles. E agora, seguem as mensagens personalizadas, dado sermos todos 'parabenizáveis':

J. – ainda não foi desta que partilhámos os caracóis (isso seria só para vocês, eu ficaria por um pratinho de tremoços) e, sobretudo as conversas. Gostei muito do teu post Beautiful morning pelos cervos que remeteram para as Cantigas de Amigo (uma paixão, toda a literatura medieval) galego-portuguesas e o fantástico (talvez o melhor autor) Pêro Meogo, o único a cantar o cervo do monte com a sua simbologia específica;
Tareca – dos teus posts, saliento o Perdoem-me o desabafo, por nele dares conta, de modo simples, de uma realidade incómoda que deve ser denunciada (humanização, precisa-se, tomaria eu a liberdade de acrescentar...);
Miss Vee – o teu William Carlos Williams doméstico valeu pela leveza e pelo gosto partilhado pela poesia deste autor – é que apesar de gostar de levar a vida de modo despreocupado, não sou tanto assim (tentando disfarçar diariamente)… o que me faz apreciar posts levezinhos;
Gin-Tonic – o post Ouvem-se Tambores ao Longe marcou-me pela beleza do texto e alguma identificação, dado o meu pai fazer parte das minhas lembranças diárias (felizmente de modo saudável) e nada mais bonito para se dizer de um pai do que ele é o nosso ‘ouvinte mais inteligente’ pois, ainda não há muito, partilhava com o meu as longas conversas de sexta-feira à tarde, tempo tão feliz em que nenhum de nós olhava para o relógio e tudo se discutia: actualidade, política, religião (o meu pai não professava nenhuma e tinha opiniões marcantes) e, sobretudo, cidadania (esta não falada mas, sobretudo,vivida por ele);
Carlos – o teu post que mais me terá marcado foi o intitulado Ainda Nazim Hikmet ou como a memória é feita de muitas coisas, devido a uma colagem pessoal por vivências profissionais ainda 'fresquinhas', tendo descoberto que muitas vezes ainda hoje as pessoas têm medo de firmar posições públicas (o que estranho, pois não me incluo no grupo), tendo-me tocado em particular as canções e poemas para que remetes, com destaque para o tema dos Aguaviva que considerei tão actual (por sentir, em momentos fulcrais, a solidariedade como um conceito pouco vivido/partilhado);
T – como gostei do teu De mãos dadas em que referes uma vivência de infância com o teu pai em pleno Estado Novo, talvez também por ter de imediato pensado no meu que não era de sentimentalismos visíveis, tendo talvez por isso mesmo sido alguém que me legou até hoje uma força enorme (que leva a receber postalinhos dos amigos do tipo’és diferente, mas até gostamos de ti’).
E com tudo isto, acabo também por vos demonstrar que, apesar de gostar do aspecto lúdico do “Dias” acabam por ser os posts que falam um pouco de nós, sem artifícios, os mais marcantes.
Quanto àquele que mais me terá agradado escrever , terá sido o Uma canta, a outra não, por me evocar uma das pessoas que mais terá contribuído na minha formação: a avó A. , sempre por perto (mesmo quando os pais eram trabalhólicos ou viajantes), exemplo de dedicação e coragem tendo, felizmente, estado na minha companhia durante muitos e bons anos.
E como isto está a ficar demasiado sério, irei postar algo lúdico para descomprimir:)

7 comentários:

J. disse...

para mim é sempre como um conto de fadas... valeu a pena apanha-los naquela manhã... no outono havera mais! :)

obrigada teresa
beijinho

carlos disse...

o nazim hikmet é uma referência estrutural.

há uns dias falava aqui sobre a fita que escrevi (sob ameaça de anulação de afiliação) para a joana.
começava a fita glosando o hikmet:
'viver é um assunto sério'
para ensinar é um assunto sério

quanto aos aguaviva reconheço neles mais um tempo determinado e menos a intemporalidade.
mas não menos importantes por isso

quanto ao resto, é como nas agulhas ferroviárias...
:)

teresa disse...

Beijinho, J. Por cá só os vejo 'relativamente' à solta na Tapada de Mafra:)

Quanto a ensinar ser assunto sério, como escreveu o Carlos, eu acrescentaria 'seriíssimo'. E em relação a textos datados, por vezes também penso assim até alguns acontecimentos sócio-profissionais (nunca dantes imaginados) começarem a irromper que nem cogumelos ( quem sabe se venenosos).

gin-tonic disse...

Fica sempre assim, sem pontinha de graça, sem saber o que há-de dizer. Apenas que ficou muito feliz por a Teresa ter gostado do texto. São estas as coisas que o emocionam até aos limites da ternura e o deixam sem palavras… sem graça…
Obrigado e um abraço

teresa disse...

Nao é para agradecer mesmo, gin-tonic. E acrescento, isto para todos os posts que referi, que nao andei à procura no meio de uma infinidade de textos, pois tinha todos estes posts na memória por - cada um a seu modo - terem 'falado' comigo :)
Um abraço

Tareca disse...

ahh, aqui a Tareca gostava participar mais, mas esta em idade de compromissos laborais-rampa, em prol duma carreira que se espera bem sucedida.. bem como duma vida familiar num periodo brutalmente denso (mas porque e que todas as coisas mais comprometedoras e cansativas e incisivas e maravilhosas e marcantes se cruzam todas numa etapa da vida?!?). Bom, mas posso postar com toda a firmeza e compromisso, que nao ha esquina por onde passe, onde nao procure o potencial de partilha atraves da lente, para com os amigos do Dias.. um beijo Teresa e obrigada. E a todos tambem, que isto é em conjunto que se tem feito :)

teresa disse...

Olá, Tareca:
Só posso dizer que gostei muito de ler o teu comentário e o facto de teres agora todos os desafios acumulados - miudagem e exigências profissionais - será vantajoso, pois aprendi que quando há muito a exigir de nós ao mesmo tempo, acabamos mesmo por dar conta (e acredito no teu caso que muito bem) do recado. Isso não impede que todos nós (quem sou eu para falar em nome de todos, mas sei que é assim neste particular...)gostemos muito de te ver por cá.
Beijinho e muitos, muitos sucessos :)