1 de maio de 2009
SÍTIOS POR ONDE ELE ANDOU
Teria 12 anos, o avô levou-o, pela primeira vez, à Feira do Livro. Meia dúzia de pavilhões, no Rossio, em redor das taças de água. Aquelas imagens que ficam para toda a vida. Já não lembra o que almoçou ontem, mas algumas coisas lá de trás, surgem tão facilmente, tão nítidas…
Já andava a ler Emílio Salgari, algum Walter Scott, o avô ter-lhe-á dito que era tempo de começar outras aventuras. Está aí a capa do livro, na velha edição da Romano Torres, dirigida por Gentil Martins, “A Cabana do Pai Tomás”, de Harriet Beecher Stone, as outras aventuras que o avô queria que ele começasse a ler.
A Feira do Livro abriu hoje. Dizem que com novo visual, novos horários, terá que ir ver como é, mas não hoje que é o Dia Mundial do Punho Erguido e ele tem outros destinos a cumprir.
Mas ao passear hoje pelos blogues, foi até ao “A Revolta das Palavras” (http://revolta daspalavras.blogspot.com/ , de que é visita habitual, pena que José António Barreiros, dados os afazeres profissionais, não seja mais assíduo. Mas gostou muito de ler o texto de hoje, tanto que não resiste, com a devida vénia, a fazer a sua transcrição::
“Hoje a Feira do Livro abre popularmente após o almoço e oficialmente à noite. Sendo 1º de Maio há um travo simbólico nesta dicotomia entre o oficial nocturno e o popular diurno. Gostaria de ir lá, ver os livros, reencontrar os que, ano após ano, continuam sem quem os queira, os que foram perdendo a graça, os que caíram em graça e a quem tudo se perdoa. Depois há escritores sentados a escreverem autógrafos, os passeantes que aproveitam o ensejo do desconto do livro do dia. Hoje, vivendo entre livros, poderia levantar os taipais da minha feira, expondo domesticamente a minha livraria. Entre o folhear displicente talvez encontrasse motivo para uma tarde. O dia escoa-se. Soube que havia Feira do Livro. Tínhamos chegado a Maio.”
Bom, agora vai ali a baixo à Alameda, mandar duas punhadas ao ar, parar na barraquinha dos queijos e vinhos alentejanos, beber uns tintinhos, mordiscar umas azeitonas, uma tirinha de queijo e presunto, por ele e por todos os que com ele andaram e, por motivos de força maior, já não podem andar. Assim um pouco como no “Imenso Adeus" do Raymond Chandler…
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2 comentários:
A "Cabana do Pai Tomás" também foi um dos livros que me marcou.
A Feira foi inaugurada oficialmente dia 30 de Abril.
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