28 de fevereiro de 2009
Adivinhar perto do mar...
Uma fotografia com vinte anos de idade.
Um local já aqui referido por diversas vezes.
Pista: bom peixe e bom marisco.
Qual o nome desta terra de gente laboriosa? (não me refiro à indústria, pois seria demasiado óbvio)
Acertou o Fernando, é a cidade de Matosinhos.
Diligenciai no adivinhar
Que terra e que carros são?
Agostinho Paiva disse...
Poderá ser a Avenida de Abril, na Figueira da Foz nos anos 50 do século passado.
Adivinhai
Anónimo disse...
este postal é da igreja de stª Maria.As instalações do museu regional são no antigo convento da Conceição.
Bejense
... e porque já estava a entrar em défice "postativo"
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão."
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.
Sophia de Mello Breyner Andresen
(Livro sexto)
De regresso ao outro lado do espelho: um quizz
E lá vão sendo cumpridas as doces obrigações. Ainda bem que há limites temporais, pois são como que uma chamada à realidade.
A fotografia pretende demonstrar que, mesmo em tempos de maior pressão, há que construir pequenos momentos zen, passeando pelos campos com amigas simples, uma delas correndo o risco de dar à luz no meio do (quase) nada o que, felizmente, não sucedeu durante a manhã do dia de ontem.
Deixando agora as divagações – muito a gosto pessoal – segue um quizz para postadores, family & friends (extensivo a quem o considere pertinente), caso estejam com paciência e tempo, etc.:
- aqui não há manhãs de neve, mas a brancura é visível;
- apesar destes momentos de que se não abre mão, o substituto de almoço acaba por ser apressado, à mesa do café, não dispensando alguns “fingers of conversation” ("dedos de conversa" em Inglês Técnico);
- espero encontrar este domingo o “mensageiro dos deuses”, convertido em distribuidor de queijadas;
- desejo com sinceridade que a doçaria regional agrade e chegue em tempo;
- já esventrei uns jaquinzinhos para o almoço que, dourados e estaladiços, serão acompanhados de um cremoso arroz de feijão salpicado de coentros a apanhar na horta em momento oportuno;
- o néctar aliado será um tinto de região demarcada e de boa colheita, desafiando convenções (de sugestões para peixe, etc.);
Penso não ter deixado nada de importante por registar nestes apontamentos e, caso o meu trabalho (o tal menos importante e já concluído) encontre eco por parte de entidades muito sérias aproveitarei, dentro de alguns dias, para tirar outras fotos em parte incerta do país a fim de aqui as colocar como adivinhas.:)
27 de fevereiro de 2009
NA ROTA DE VELHOS ANÚNCIOS
Quantos discos terá comprado na “Dardo” da Avª da Liberdade?
Um lembra-se de certeza: “Around The World” pelo Nat “King” Cole, um 78 rpm da “Capitol, canção tema do filme “A Volta ao Mundo em 80 Dias". no dia 28 de Janeiro de 1958 e sabe a data porque, conforme conta em baixo, viu o filme, com o pai, no Tivoli e apeteceu-lhes comprar o disco. Foi só atravessar a avenida.
Esta “Dardo” ficava ao lado do “Café Lisboa” ,na esquina que dá para o Parque Mayer.
A discoteca situava-se na cave, em cima era a ampla loja de electrodomésticos.
Anúncio retirado do suplemento “Literatura & Arte de “A Capital” de 24 de Abril de 1968
SÍTIOS POR ONDE ELE ANDOU
Ele esteve, com o pai, na tarde a seguir à ante-estreia.
Tinha, então, 13 anos, um a mais da idade que a censura exigia para que o filme pudesse ser visto.
Já tinha lido o romance do Júlio Verne e terá siso a primeira vez que viu um filme extraído de um livro que lera. Dirá que gostara do livro ,mas gostou muito mais do filme, não se deve fugir à verdade…
Antes da exibição do filme, passou um documentário português de João Mendes, com música de Shegundo Galarza ( naquele tempo, quando não havia documentários passavam Desenhos Animados ) e. sempre, um Jornal de Actualidades que, como todos os que naquele tempo se realizavam, tinham em vista a propaganda das maravilhas do trabalho e obra do Estado Novo.
No programa pode ler-se:
“Não há memória de outro filme tão premiado como “A Volta ao Mundo Em 80 Dias”. Para além dos Óscars da Academia o filme fora premiado noutros certames e citavam-se críticos e jornais:
“Um assombro espectacular…O Sr. Todd foi além do que se esperava”, “New York Times,
“Um êxito esmagador… O filme com mais “estrelas” da história do Cinema”, “New York Daily News, “Uma autêntica proeza” – “Life”, “A melhor película do ano”, “Associated Press”, Uma fantasia deliciosa… alegre e magbificente”, “Women’s Home Companion”
Reviu o filme há uns 4/5 anos atrás e concluiu que o que maravilhara nos seus 13 anos apresentava-se, agora, como um enorme pastelão, chato e comprido. Acontece, ou é a vida como diria o engenheiro.Claro que os muitos actores que se passeiam pelo filme, alguns mesmo em pequeníssimos papeis, salvam a honra do convento. Recorda-se de o pai , na altura, dizer a um amigo que quem o surpreendera mesmo teria siso “Cantinflas”, um actor conhecido por protagonizar péssimas comédias mexicanas, de ultima gaveta, filmes que passavam no “Odeon”, para jubilo dominical de “magalas e sopeiras”, mas que em “A Volta o Mundo em 80 Dias” o convencera como actor.
Quem disse...
De que é a frase:
“That's when you know you've found somebody special. When you can just shut the fuck up for a minute and comfortably enjoy the silence.”
26 de fevereiro de 2009
AS MEMÓRIAS SÃO FEITAS DISTO
Le Chant Du Monde LD – M- 8132
Old Man River – Le Canadien Errant - Oh, No, John – Kevin Barry - Didn’t My Lord Deliver Daniel - Les Bateliers De La Volga – Joe Hill – Loch Lomond – There’s A Man Going Round Taking Names – John Brown’s Body – No More – Les Quatre Generaux – My Curly Headed
Baby
É talvez o disco que recorda como sendo o mais antigo da discoteca do pai, excepção feita aos 78 rpm que se espatifaram todos.
Num tempo em que não se cultiva a memória, apetece este desfiar de memórias: Nazim Hikmet, Paul Robeson, Brecht também para aqui chamado :“Há homens que lutam umas horas e são bons. Há homens que lutam um ano e são melhores. Há homens que lutam muitos anos e são ainda melhores. Mas há os que lutam, toda uma vida: esses são os imprescindíveis".
Memórias atrás de memórias, Rolling Stones ou “piedras rodantes" para voltar aos “Aguaviva” – “uma montanha, uma pedra, um declive, um salto, o vazio… o nada.!"
Perda da memória, de memórias: é isso que lhe aflige os dias. Por isso não desperdiça as prquenas possibilidades que lhe vão aparecendo…
E mais esta.
Paulo disse...
Antigo Quartel da EPAM, na Alameda das Linhas de Torres.
A foto é tirada da Quinta das Conchas.
ainda nazim hikmet ou como a memória é feita de muitas coisas
falou o gin sobre a lembrança dos aguaviva e de não nos deixarem cantar robeson.
no nos dejan cantar, robeson,
mi canario con alas de águila,
mi hermano con dientes de perla.
no nos dejan gritar nuestras canciones.
tienen miedo, robeson,
tienen miedo del alba, miedo de ver,
miedo de oir, miedo de tocar.
tienen miedo de amar,
miedo de amar como ferhat, apasionadamente...
(seguramente, también vosotros, hermanos negros,
habéis de tener un ferhart.
¿cómo le llamas robesón?)
le tienen miedo al grano y a la tierra,
al agua que corre,
al recuerdo.
la mano de un amigo que no pide
ni descuento, ni comisión, ni plazo;
como un pájaro tibio
nunca les estreché la mano.
...le tienen miedo a la esperanza,
robeson, miedo a la esperanza.
tienen miedo, canario mío, con alas de águila,
tienen miedo de nuestros cantos, robeson...
lembrei-me, no fundo da memória, da grande canção que o enorme paul robeson fez do poema 'this litle girl at your door'
this little girl is at your door,
at every door, at every door.
and i am she you cannot see,
i am at your door, at every door.
i am at your door, at every door.
and for this child will never be
that love and laughter you have known.
at hiroshima do you see
my flesh was seared to bone,
my flesh was seared to bone.
my hair was blue aflame,
hot were my poor eyes, hot my hands.
now just a trace of ash remains
where I had played on smiling sands.
stranger, what can you do for me,
this little ash, this little girl?
this human child like paper burned
dry ash the cooling wind shall swirl,
dry ash the cooling wind shall swirl
this little maid unseared by strife.
oh stranger please do this for me.
your name for mankind's peace and life,
and peace and life for all like me,
and peace and life for all like me.
e depois a capa do eduardo guerra carneiro que me fez lembrar o livro perdido no buraco negro da arrecadação de lisboa que foi atacada pelas infiltrações aquosas e me destruiu boa parte da biblioteca.
é bom ter memória e é bom que no-la avivem.
MAIS UMA VEZ, ISTO ANDA TUDO LIGADO
Por crianças e gatos, a Teresa lembrou-se de Agostinho da Silva, por Agostinho da Silva Luís Bonifácio lembrou-se de Eduardo Guerra Carneiro. E acrescentou: também faz falta. Pensa o mesmo. E por mais de uma vez, já aqui falou dele. Era fácil gostar de Eduardo Guerra Carneiro – como pessoa, como jornalista, como poeta, como cronista.
Por um começo de ano, Eduardo Guerra Carneiro cansou-se. Um salto da janela para a rua à procura, ninguém sabe onde, de um outro mundo.
Agora lembrou-se que o Eduardo escreveu um poema sobre Agostinho da Silva, sobre o seu gato. Moravam no mesmo prédio, ali ao Príncipe Real, na Travessa do Abarracamento de Peniche, um nome catita.
“Chama-se Luís o gato do Terceiro
e é companheiro de um mestre filósofo.
Em madrugadas altas há por vezes sobressalto,
Quando o bichano acorda mal disposto.
O professor, sábio também
em jogos de paciência, acalma
o animal e já o mima. Trata-se,
vendo bem, de outra ciência,
tão difícil de conseguir como
um estudo de Pessoa. Chama-se Agostinho
da Silva, o do terceiro, e tem um gato
com quem, à vontade, discreteia.
Luís, discípulo, ronrona baixinho.
Tudo vai bem, assim, no sete desta rua.”
Chama-se “Gato” o poema, e foi retirado de “Contra a Corrente, uma edição “& Etc”, com capa de Carlos Ferreiro.
Dias voadores
Pensar que daqui a nada já fazamos, isto se, entretanto, não nos esquecermos desse nada que se fosse mesmo nada, nem sequer pensavamos que daqui a nada o fariamos.
Mas o tempo corre e os dias voam. E os dias que voam não voltam. Mas se chegam a voltar vêm amargurados e tristes de revolta por terem sido desaproveitados.
Muita vida desperdiçada no esperar do tempo certo que nunca sabemos bem qual é e que, por isso, se torna totalmente irreconhecível.
Colados a um sofá! Imersos num vagabundear constante entre o que não fizemos e gostariamos de ter feito, entre o que duvidamos ser capazes de fazer e o que nos faz recear mais o sucesso do que o insucesso.
O dias que voam são tristes e algumas vezes sombrios em demasia.
A não ser...
A não ser que aprendamos a voar com eles...
... e um até breve!
A T. nem deve imaginar o que tem sido para mim a descoberta deste mundo novo visto do outro lado do espelho. É que até há uns mesitos atrás havia um sítio visitado frequentemente e há tempo considerável, mas na qualidade de comentadora "mui enfurecida" por motivos coorporativos (admito-o, a imprensa não permite algumas indignações, pois já há muito que não vejo por lá algumas coisitas que envio publicadas ou, pior ainda, já as vi publicadas com cortes cirúrgicos) e com nick, mas só porque calhou (o nick, é claro).
Pelo aspecto lúdico e sério, como já referi em tempos, acabo por postar furiosamente sabendo que, a quantidade é, por vezes, inimiga da qualidade. Acontece que estou em deadline e, desta vez, vou acabar por esperar ansiosamente por gritar a alta voz (nunca é assim tão alta) o lema de Obama adaptado à nossa realidade nacional: "Yes, weekend!" não desaparecendo por uns dias sem deixar votos de : "comentem, postem,etc." esperando que estejam menos pressionados de momento do que esta escriba.
"See you soon":)
Crianças, gatos e Calvin...lembrando Agostinho da Silva
Evoco-o quase sempre, sem hora, sem data. Vejo-o a caminhar por Belém, junto ao rio, com o sol no olhar; na tv, fascina-me o desprendimento. Como é bom viver deste modo simples, sábio e, como a nuvem, passar... passar, mas deixando memórias perenes - rumo, bússola, caminho sempre apontado-, definição pessoal já que as palavras nunca são completas.
- Às vezes, quando vou visitar amigos que têm crianças, levo bolos ou brinquedos; como é normal, eles atiram-se logo às prendas. Mas vem a mãe e diz assim: “Já agradeceu?” Pronto, aí o poético é imediatamente destruído. Muitas vezes não deixamos as crianças serem o que são…
- Pois…é verdade… estrangulamos toda a autenticidade…
- Às vezes, ouvia contar uma história sobre umas índias na Bolívia, acho que era na Bolívia, que não gostavam do feitio da cabeça com que lhes nasciam os filhos. Então, punham-lhes umas talas, para eles terem a cabeça “apresentável” em sociedade, e só quando a cabeça se aproximava do formato de um cubo, então é que as mães bolivianas ficavam satisfeitas.
Hoje, as pessoas dizem: oh!, felizmente acabaram essas brutalidades, acabou essa porcaria toda! Mas na verdade não acabou, porque, hoje, quando uma pessoa faz um curso e consegue alcançar o doutoramento, em geral sai de lá com a cabeça cúbica.
LM- Ainda tem gatos?
- Sim.
LM- Como se chamam os bichos?
- Assim que algum deles está pronto para passear, basta eu dizer-lhes: terraço. E eles já sabem, vão logo a correr à minha frente para o terraço, é só abrir a porta.
LM- Mas como é que se chamam?
- Não têm nome, nunca me disseram… mas acho que era indecente dar-lhes um nome, de certeza que eles também não aceitavam. Mas se eu pronunciar as palavras “gato” e “gatinha”, eles percebem logo…
LM- Que jornais lê normalmente?
- Leio o Calvin no Público. Aliás, é sempre a primeira leitura que faço é a do Calvin e do tigre do Calvin. Acho que, no jornal, a coisa que vale mais é aquilo que está ali; só depois é que vou ver as notícias.
Luís Machado, A Última Conversa - Agostinho da Silva (1995)
O homem
a lengalenga que me contavam em miúda versava assim: É meia noite, hora do crime e da paixão, lá vem um homem com a faca na mão, para por manteiga no pão.
E este era o papão da família.
25 de fevereiro de 2009
Corria o ano de 1979...
Um casamento elegante
Entre a Dona Expedite e o Senhor Galileu. (Parece um romance do Armando Ferreira).
Padrinhos : o senhor capitão Fernando Silva Pais e a sua mulher Armanda (Viria a ser director da PIDE e ambos pais de Annie de que já falámos no Dias) além do casal Bordado.
A lua de mel em Palma de Maiorca era o must da época.
Modas e Bordados, 3 de Junho de 1953
As penas já não servem para escrever...
Penas chinesas
Meter uma lagosta viva em água a ferver e cozinhá-la ali é uma velha prática culinária no mundo ocidental. Parece que se a lagosta já for morta para o banho, o sabor final será diferente, para pior. Há também quem diga que a rubicunda cor vermelha com que o crustáceo sai da panela se deve justamente à altíssima temperatura da água. Não sei, falo por ouvir dizer, sou incapaz de estrelar convenientemente um ovo. Um dia vi num documentário como alimentam os frangos, como os matam e destroçam, e pouco me faltou para vomitar. E outro dia, que não se me apagou da memória, li numa revista um artigo sobre a utilidade dos coelhos nas fábricas de cosméticos, ficando a saber que as provas sobre qualquer possível irritação causada pelos ingredientes dos champús se fazem por aplicação directa nos olhos desses animais, segundo o estilo do negregado Dr. Morte, que injectava petróleo no coração das suas vítimas. Agora, uma curta notícia aparecida nos jornais informa-me de que, na China, as penas de aves destinadas a recheio de almofadas de dormir são arrancadas assim mesmo, ao vivo, depois limpas, desinfectadas e exportadas para delícia das sociedades civilizadas que sabem o que é bom e está na moda. Não comento, não vale a pena, estas penas bastam.
José Saramago
(ainda lembro a minha avó há muitos anos, pela cozinha, atrás de uma lagosta que se escapuliu da panela com água em ebulição. A avó nunca foi versada em artes culinárias e há técnicas ditas "indolores", diz-se)
Descendo degraus até ao rio...
Fonte: 1000 imagens.com
Autoria: Sérgio Rodrigo
EM LISBOA COM CESÁRIO VERDE
Nesta cidade, onde agora me sinto
mais estrangeiro do que os gatos persas;
nesta Lisboa, onde mansos e lisos
os dias passam a ver as gaivotas,
e a cor dos jacarandás floridos
se mistura à do Tejo, em flor também,
só o Cesário vem ao meu encontro,
me faz companhia, quando de rua
em rua procuro um rumor distante
de passos ou de aves, nem eu sei já bem.
Só ele ajusta a luz feliz dos seus
versos aos olhos ardidos que são
os meus agora; só ele traz a sombra
dum verão muito antigo, com corvetas
lentas ainda no rio, e a música,
o sumo do sol a escorrer da boca,
ó minha infância, meu jardim fechado,
ó meu poeta, talvez fosse contigo
que aprendi a pesar sílaba a sílaba
cada palavra, essas que tu levaste
quase sempre, como poucos mais,
à suprema perfeição da língua.
Eugénio de Andrade ( 1986 )
Sempre Miss Portugal
Estas eram as Miss de 1926 que iam embarcar a Vigo para o concurso final. O navio era o Niagara. Nomeadamente Miss Portugal, Miss Luxemburgo, Miss Itália e Miss França. Em qual delas apostam?
A candidata portuguesa chamava-se D. Margarida Bastos Ferreira.
Para jovens de todas as idades ...(opinião pessoal e subjectiva)
Muito se tem divulgado por aqui e sob diversas formas, fragmentos literários que mais têm marcado alguns dos postadores. Fazendo hoje um mea culpa,comecei por trazer ao de cima a parte de criança (não confundível com infantil), brincando com "sérios tratados" sobre o significado dos gestos (no sentido literal) ou como aliviar o stress.
Descobri Savater há 10 anos, quando uma amiga de longa data - que por vezes aqui vem- me ofereceu o livro no dia do meu aniversário. Desde então, tenho lido num ápice todos os títulos que consigo encontrar da autoria deste basco saudoso da sua terra e destemido nas posições anti-terrotistas que sempre tem vindo a ostentar em público através do movimento "Basta Ya".
A recente biografia, Mira por Donde, encontrei-a casualmente há dois anos, numa livraria de Santiago de Compostela. Penso que ainda não se encontra traduzida. Foi uma interessante leitura de férias. Copiando a iniciativa do Público de há alguns anos atrás, classificaria a obra apresentada no post como um dos poemas da minha vida.
AVISO ANTIPEDAGÓGICO
Este livro não é um manual de ética para alunos do ensino médio/superior. Não contém informação sobre os autores mais destacados e os movimentos mais importantes da teoria moral ao longo da história. O meu intuito aqui não foi pôr o imperativo categórico ao alcance de todos os públicos…
Não se trata tão-pouco de um prontuário de respostas moralizantes para os problemas quotidianos com que podemos tropeçar no jornal ou na rua, do aborto à objecção de consciência, passando pelo preservativo. Não creio que a ética sirva para resolver seja que discussão for, ainda que a sua tarefa seja colaborar em abri-las todas…
Deverá falar-se de ética no ensino secundário? Parece-me à partida nefasto que exista uma disciplina assim designada apresentando-se como alternativa à hora de ensino da religião. A pobre ética não veio ao mundo para escorar ou substituir catecismos… pelo menos não o deveria fazer nestes dias do século XX. Mas não tenho de maneira nenhuma a certeza de que devem evitar-se algumas primeiras considerações gerais sobre o sentido da liberdade, nem que bastem, a tal respeito, umas quantas considerações deontológicas incrustadas em cada uma das restantes disciplinas. A reflexão moral não é apenas um tema especializado, sobretudo para aqueles que desejem frequentar cursos superiores de filosofia, mas parte essencial de qualquer educador digno desse nome.
Este livro é só um livro, não mais do que isso. Pessoal e subjectivo, como a relação entre pai e filho, a mais comum entre todas. Foi pensado e escrito para os adolescentes que possam lê-lo: provavelmente ensinará muito poucas coisas aos seus professores. O seu objectivo não é fabricar cidadãos bem pensantes (nem muito menos que não pensem), mas estimular o desenvolvimento de livres pensadores.
Madrid, 26 de Janeiro de 1991.
Adivinhai!
A ver se conseguem:)
Anónimo disse...
Rua do Zaire
...onde há um restaurante indiano muito bom
O TEMPO EM CAVALGADA
Daqui por quarenta dias será a Páscoa, com quem ele irá na “Easter Parade” Mr, Charles Waters?, também um tal Abril, Maio maduro Maio, de repente surge Junho, os Santos Populares, o Ginásio do Alto Pina já colocou, na porta da sede, convite para as inscrições de marchantes., cantiga da rua cheira a fruta madura. porque é Verão, craveiros em águas furtadas, as sardinheiras da avó materna no quintal da Vila Gadanho, recorda-as muitas vezes, de todas as cores, a avó tratava das sardinheiras com os mesmos cuidados com que Nero Wolf tratava as suas orquídeas, tempo de aligeirar as roupas, camisolas e camisolões para o armário, o Verão marcará o esplendor, Ruy Belo a dizer que esta é que é a estação, que bem lhe fica o Verão, menina, quand vient la fin de l´eté sur la palge, as uvas de Setembro, a visibilidade dos afectos, Fernando Assis Pacheco a dizer que certos amores só poderia tê-los no tempo das vindimas, o Outono já na encruzilhada, cheira a castanhas assadas se faz frio, Eugénio de Andrade pássaro de melancolia ou um aroma a terra molhada e de repente as palavras da tal crónica do António Lobo Antunes: e é Natal outra vez (está sempre a ser Natal, que coisa a velocidade com que os Natais se sucedem)
os homens inventaram o tempo e acabaram por se perder nele, ser Proust mesmo que a brincar, tempo perdido, tempo ganho, perder imenso tempo a perder tempo, saber então que só assim se tem tempo para as nostalgias…
24 de fevereiro de 2009
Dias
Sensação de Déjà Vu ou não digam que não tenho vindo a avisar...
António Lopes disse que os três agentes policiais elaboraram um auto no qual afirmam terem apreendido os livros por terem imagens pornográficas expostas publicamente.
O quadro do pintor oitocentista - tido como fundador do realismo em pintura - expõe as coxas e o sexo de uma mulher, sendo, por isso, a sua obra mais conhecida. Pintado em 1866, está exposto no Museu D’Orsay em Paris.
(notícia retirada do jornal Público de ontem)
Obs: informação recolhida do blog do Paulo Guinote, este com divulgação das "provas do crime".
Manhã (submersa) de Carnaval- Parte II
Gente que vem de Lisboa
Gente que vem pelo mar
Laço de fita amarela
Na ponta da vela
no meio do mar
Ei nós, que viemos
De outras terras, de outro mar
Temos pólvora, chumbo e bala
Nós queremos é guerrear
Quem me ensinou a nadar
Quem me ensinou a nadar
Foi, foi marinheiro
Foi os peixinhos do mar
Ei nós, que viemos
De outras terras, de outro mar
Temos pólvora, chumbo e bala
Nós queremos é guerrear
Milton Nascimento
Composição: Lulu Santos e Nelson Motta
Manhã de Carnaval parte I: onde decorre?
Certo, Z! Os 3 moinhos (aqui só 2 estão visíveis) encontram-se na estrada que liga Arneiro dos Marinheiros a Fontanelas.
Impressão Digital
Os meus olhos são uns olhos,
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem lutos e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.
António Gedeão, Movimento Perpétuo (1956)
Quem consegue descobrir onde se encontram?
SÍTIOS POR ONDE ELE ANDOU
Pela T. soube do 1º aniversário do “Mercado de Bem-Fica” (no final deste post colocou uma brincadeira aniversariante, salut!) e isso trouxe-lhe à memoria que, quando por aqui falou da “Parreirinha do Chile”, prometera à J. que falaria de outras catedrais lisboetas de bifanas, a nadarem naquela molhanga, não se sabe de quanto tempo, bifanas mais a coser que a fritar, cenas eventualmente chocantes para estômagos sensíveis.. A ideia era o “Beira-Gare, pelas bifanas, mas também por um petisco da casa, prazer seu, gostosura de tantos dias que já correram.
Reuniu a equipa costumeira e lá se foi de armas e bagagens para o “Beira-Gare”, mas
ia-lhe dando uma coisinha má. Quando se pediram as sandes de isca com cebola, o empregado acenou lentamente com a cabeça, disse à turba que já não faziam. Perdeu clientela, disse, e continuou a explicar que mesmo bifanas só a malta velha, os novos já acham as bifanas um horror e voltaram-se para coisas que não fazem mal.
Agora ele diz para quem não saiba: no “Beira-Gare”uma sandes de isca com cebola era um “must” do colesterol. Isca frita com cebola bem refogada, ou esturgida, como dizem os minhotos. De as lágrimas começarem a correr, de prazer, cara abaixo. Dizia o Dudu, que quando se desse a primeira trinca numa daquelas sandes de isca deveria ouvir-se o “Hallelujah “do “Messias” de Haendel, sim uma imensa aleluia, júbilo por gostos únicos, talvez prazeres que matam, mas não andamos cá para outra coisa e o inferno é já ali.
Mas acabaram. Ficou assim meio sem graça a olhar para os compinchas, a sentirem-se órfãos perdidos, todos a concluírem, em silêncio, que o mundo como o conheceram e amaram está a desaparecer Decididamente estão a matar tudo o que de bom esta cidade tinha. Privam-nos destas coisinhas, causam-nos desassossegos, põem-nos tristes. Vão todos morrer com saúde. Tempo para lembrar o Bertrand Russel quando confessou que a última vez que tinha feito exercício físico foi para acompanhar o funeral de uma amigo seu que tinha morrido a fazer “jogging”, ou aquele provérbio irlandês: “life is a bitch… and then you die.”
Claro que atacámos umas bifanas, os fininhos costumeiros, mas nada daquilo soube ao que deveria saber. O fim das iscas com cebola, no “Beira-Gare”, estavam atravessadas na garganta.
Para sempre?
23 de fevereiro de 2009
Blyton, Rowling ou a literatura juvenil através das gerações
Não devemos subestimar o fenómeno Harry Potter. Trata-se, sem dúvida, de um acontecimento editorial sem precedentes: 7 milhões de exemplares vendidos mundialmente num só dia, aquando da sua publicação em língua inglesa na passada Primavera. Centenas de milhar de exemplares foram ainda vendidos em França logo após tradução e lançamento nas livrarias. E, do outro lado da Mancha, uma autora cujas receitas excedem largamente as da monarca britânica!
Não se trata aqui em exclusivo do factor comercial e estaríamos errados se restringíssemos o fenómeno à consequência de uma pesada e eficaz máquina publicitária. Estes factores não esgotam a explicação de uma adesão extraordinária às aventuras de um adolescente no mundo da feitiçaria se pensarmos que 7 em 10 jovens entre os 11 e os 14 anos leram, pelo menos, um livro de Harry Potter.
Cada volume tem, no mínimo, 450 páginas e a última publicação 700, o que significa, em termos de volume, o dobro de um romance de Zola! Os professores de Francês desdobram-se em testemunhos: Harry Potter cativa os jovens mais renitentes, aqueles que se recusam a abrir seja que livro for. E, uma vez iniciada a leitura, o livro não é largado… fenómeno raro quando sabemos que, em cada 10 obras requisitadas por jovens em bibliotecas e centros de documentação mais de 7 não são lidas até ao final.
Eis o que nos deveria conduzir a uma séria reflexão a fim de serem revistos os clichés com que habitualmente funcionamos pois – com toda a franqueza – entre Bibi Fricotin ou mesmo o Clube dos 5, lidos por jovens de 12 anos há 40 ou 50 anos- e o Harry Potter – que hoje lêem- o número de leitores aumentou consideravelmente! A senhora Rowling não será certamente Homero; a magia de que fala não terá o alcance universal da Demanda do Santo Graal; as feiticeiras de Poudlard não conseguirão rivalizar com as de Shakespeare nem as aventuras do jovem Harry possuirão a profundidade psicológica das do aluno Toerless… Será ainda opinião unânime encontrarem-se bem escritas as aventuras de Potter, conduzindo a uma séria reflexão sobre a paternidade, os ritos iniciáticos de entrada na adolescência, o nascimento do sentimento amor.
São textos que associam o imaginário ao real, permitindo aos leitores o acesso ao simbólico, função essencial ou ainda condição de acesso à verdadeira cultura.
Apoiemo-nos neste fenómeno como denúncia e recusa da mediocridade, da vulgaridade e do disparate das “rádios jovens” ou das emissões televisivas promiscuamente oferecidas com o exclusivo intuito da conquista de audiências infanto-juvenis. O público –e os jovens em particular – não é refractário à inteligência. Hoje, mais do que nunca, é nela que devemos apostar.
Philippe Merieu, “Pottermania” in La Vie, 20 de Outubro de 2005
(tradução livre para este post)
Gabriela Jones
A pedido da teresa e para as seguidoras desta BD que aparecia na revista Modas e Bordados.
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Carnaval 1927
Em 1927 o Carnaval em Lisboa era très chic! Chás dançantes organizados pelas senhoras da primeira sociedade! E o menino Henrique vestido de almirante, a menina Maria Alexandra Côrte Real de Valete de Copas, a menina Maria Luísa Lopes de cavaleiro de cota de armas do século XVI e o menino Manuel Guimarães de " cow-boy". Outras épocas outros trajes carnavalescos e outros rituais de festa.
Aniversário
Parabéns ao Mercado de Benfica que faz um ano.
ABS estás intimado a fazer um textinho sobre a tua "Terra". E mais benfiquistas ou amantes da zona que queiram colaborar, são bem-vindos.
Ilustração: Painel de azulejos que existiu num palácio de uma quinta em Benfica, que figurou numa exposição realizada no Palácio Galveias, representando um mercado in AML
COMEÇOS DE LIVROS
Começo de "Febre No Estádio" de Nick Hornby:
"Apaixonei-me pelo futebol tal como viria, mais tarde, a apaixonar-me pelas mulheres: de súbito, inexplicavelmente, sem o menor sentido crítico, sem pensar na dor ou perturbação que me viria a provocar."
Por enquanto...
Ainda sobrevive. Mas parece ter o destino traçado.
Fica no Campo Grande e a sua destruição programada será mais um atentdo ao património da cidade de Lisboa!
22 de fevereiro de 2009
E a vida é bela
Que rua é?
Então acho que só pode ser a rua Afonso Lopes Vieira...
Não me lembro de outra onde haja um canto com estes prédios.
Bela rua!
Enquanto a minha amiga M cansada de me ver a fotografar prossegue o seu caminho, eu persevero e clique.
Que rua é?
Rua Silva Carvalho, onde já não passam electricos.
Adivinhai ou perecei!
Que rua é? E há mais para comentar.
ISto não se pergunta a quem é apaixonado pelos Alfarrábios.
È a Rua José Lins do Rego, onde está a Histórica-Ultramarina
Ruhrfix
Maravilhosa batedeira. Não sei como vivo sem ela. Para fazer manteiga então...
Nos anos 50 era assim...
Deixe-me ensinar-lhe a desfatigar
Belo verbo, mesmo relativizado ao delicado pé. Engraçada esta analogia professor de dedo espetado e pés inchados e sofredores. Mas era assim o reclame dos Saltratos Rodel, que aparecia na Revista Modas e Bordados de 4 de Abril de 1951.
Note-se que fui ao Priberam e ignoram o verbo desfatigar...que desgraça.
a propósito das ideias e de as defender, um dos meus poetas de eleição
descobri-o por acaso no meio de uma citação de outro poeta.
e fui-lhe no encalço.
li-o mais em inglês e francês que em português (há um excelente livro editado pela caminho, 'os românticos').
como acontece com muita gente (acho eu), tenho alguns poemas, frases, partes de textos de livros, que me acompanham pela vida.
este 'on living' é uma espécie 'guia para um homem sério' que me acompanha mentalmente.
sabem que não sou de poesias, mas também sabem que gosto de me contradizer.
como lembrança tardia da recente (o mês passado) devolução da cidadania turca a nazim hikmet (que lhe tinha sido tirada em 1951), e poucos meses antes de se fazerem 40 anos da sua morte, aqui vou posto um poema que, para mim, é muito mais que um poema:
ON LIVING
I
living is no laughing matter:
you must live with great seriousness
like a squirrel, for example-
i mean without looking for something beyond and above living,
I mean living must be your whole occupation.
living is no laughing matter:
you must take it seriously,
so much so and to such a degree
that, for example, your hands tied behind your back,
your back to the wall,
or else in a laboratory
in your white coat and safety glasses,
you can die for people-
even for people whose faces you've never seen,
even though you know living
is the most real, the most beautiful thing.
i mean, you must take living so seriously
that even at seventy, for example, you'll plant olive trees-
and not for your children, either,
but because although you fear death you don't believe it,
because living, i mean, weighs heavier.
II
let's say you're seriously ill, need surgery -
which is to say we might not get
from the white table.
even though it's impossible not to feel sad
about going a little too soon,
we'll still laugh at the jokes being told,
we'll look out the window to see it's raining,
or still wait anxiously
for the latest newscast ...
let's say we're at the front-
for something worth fighting for, say.
there, in the first offensive, on that very day,
we might fall on our face, dead.
we'll know this with a curious anger,
but we'll still worry ourselves to death
about the outcome of the war, which could last years.
let's say we're in prison
and close to fifty,
and we have eighteen more years, say,
before the iron doors will open.
we'll still live with the outside,
with its people and animals, struggle and wind-
I mean with the outside beyond the walls.
i mean, however and wherever we are,
we must live as if we will never die.
III
this earth will grow cold,
a star among stars
and one of the smallest,
a gilded mote on blue velvet-
i mean this, our great earth.
this earth will grow cold one day,
not like a block of ice
or a dead cloud even
but like an empty walnut it will roll along
in pitch-black space ...
you must grieve for this right now
-you have to feel this sorrow now-
for the world must be loved this much
if you're going to say ``i lived'' ...
tradução de randy blasing e mutlu konuk
And the Oscar goes to…
Este ano pareceu-me que pouco se falou sobre a cerimónia, quando a Lulu comentou que era já este domingo fiquei surpresa. Pensei será da crise… ou então fui eu que andei concentrada noutros assuntos…?
Desta vez o anfitrião de serviço não será um apresentador de talk-shows, ou humorista, mas sim o homem eleito pela People como o mais sexy do mundo: Hugh Jackman.
Da lista de nomeados tenho duas apostas, duas mulheres, Jolie e Cruz pelos seus desempenhos em Changeling e Vicky Cristina Barcelona respectivamente.
Este último vi-o ontem, gostei. Como alguém comentou Allen seduzido pela (ou a seduzir a) Europa, com a fascinante Barcelona como pano de fundo.