A noite está amena e envolve-me. Estugo o passo pois é meia noite "Hora do crime e da paixão, lá vem um homem com a faca na mão". Mas nem táxi, nem manteiga, nem pão e fico ali a pensar distraidamente, até que pára mesmo em frente de mim o ente mais desejado da noite. Entro e percebo logo que é um taxista dos complicados. Demora a perceber o percurso que quero fazer e a meio começa a receber chamadas com indicações de serviços. Ele é marinheiros para um navio, árabes para o aeroporto, é tanto serviço que se engana na minha rua. Não faz mal, desço o quarteirão, o homem da faca continua entretido a comer pão com manteiga, e eu chego a casa descansadamente. Azar não tinha comprado pão e a manteiga tinha acabado. Raios partam o papão.
a lengalenga que me contavam em miúda versava assim: É meia noite, hora do crime e da paixão, lá vem um homem com a faca na mão, para por manteiga no pão.
E este era o papão da família.
Também me lembro dessas palavras, mas éramos os manos mais velhos a dizê-las e a rir, bem como outros versos igualmente inconsequentes como: "a Terra é uma esfera quadrada/que gira parada/ à volta do sol"(ou ainda aquela em que "Brasil" rima com "bilhete-postil".(e foi o teu post que me trouxe esta lembrança tão "poética")
ResponderEliminarÉ a razão por que tantos de nós transportamos pela vida os diversos papões da infância, que ele gostaria de saber qual é. A alguns não lhes deu a volta e, já sabe, que zarpará sem o conseguir.
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