26 de fevereiro de 2009
MAIS UMA VEZ, ISTO ANDA TUDO LIGADO
Por crianças e gatos, a Teresa lembrou-se de Agostinho da Silva, por Agostinho da Silva Luís Bonifácio lembrou-se de Eduardo Guerra Carneiro. E acrescentou: também faz falta. Pensa o mesmo. E por mais de uma vez, já aqui falou dele. Era fácil gostar de Eduardo Guerra Carneiro – como pessoa, como jornalista, como poeta, como cronista.
Por um começo de ano, Eduardo Guerra Carneiro cansou-se. Um salto da janela para a rua à procura, ninguém sabe onde, de um outro mundo.
Agora lembrou-se que o Eduardo escreveu um poema sobre Agostinho da Silva, sobre o seu gato. Moravam no mesmo prédio, ali ao Príncipe Real, na Travessa do Abarracamento de Peniche, um nome catita.
“Chama-se Luís o gato do Terceiro
e é companheiro de um mestre filósofo.
Em madrugadas altas há por vezes sobressalto,
Quando o bichano acorda mal disposto.
O professor, sábio também
em jogos de paciência, acalma
o animal e já o mima. Trata-se,
vendo bem, de outra ciência,
tão difícil de conseguir como
um estudo de Pessoa. Chama-se Agostinho
da Silva, o do terceiro, e tem um gato
com quem, à vontade, discreteia.
Luís, discípulo, ronrona baixinho.
Tudo vai bem, assim, no sete desta rua.”
Chama-se “Gato” o poema, e foi retirado de “Contra a Corrente, uma edição “& Etc”, com capa de Carlos Ferreiro.
... e este poema só poderia ter partido de um vizinho - no sentido nobre do termo - de alguém tão admiravelmente simples e marcante:)
ResponderEliminar