19 de janeiro de 2009

Estar vivo

"Como vª Excia sabe, os anos não teem conseguido fazer-me velho, isto é alquebrado, arrastando os pés e olhos apagados, o que eu continuo a ser é antigo e simplesmente (?) antigo. Se eu estivesse já caduco, não me tornaria o paladino da amnistia(...)"

A ler este excerto duma carta enviada pelo meu bisavô e que me foi facultada pelo caro Luís Bonifácio, acho que ele define tão bem algumas tormentas minhas. Quando tenho desses ataques de me sentir velha, deveria sentir-me é antiga. 81 anos passaram e o conceito mantém-se. O que nos faz viver bem é a evidência da nossa utilidade. O resto é irrelevante até que se torne definitivo.
Falando em definitivo, recordo a morte de Tereza Coelho, que conheci durante 1º ano da LLM, a sua beleza, doçura e inteligência de então. Faria em Março 50 anos. Outra nativa de 1959, nascida em Quelimane. Outra pessoa que se vai e faz falta.

1 comentário:

gin-tonic disse...

Quer acreditar que estas cartas irão ter mais abordagens porque são um tesouro.
Num curto espaço de tempo o jornalismo cultural perde dois valores insubstituivesi. Ontem a Teresa Dias Coelho, há dias o José Manuel Rodrigues da Silva. Insubstituiveis porque os que para aí andam, raras excepções têm que ser referidas,nem sequer leram os livros quanto mais falar de livros.
Ao Rodrigues da Silva há-de voltar. Aguarda apenas a lucidez para poder falar da sua morte.