4 de fevereiro de 2007

Referendo

Eh pá... E não é que eu acho que não vou votar no referendo!!!...
Se o aborto é uma questão fracturante na sociedade portuguesa (estou feliz porque é a primeira vez que uso a expressão “questão fracturante na sociedade portuguesa), imaginem o que não fará a mim que só sou um e fracalhote... Ainda para mais, há algum tempo que ando com umas dores na coluna e nos joelhos que não há meio de passarem. Sinto-me... fracturado!
Como tal terei de colocar a coisa numa questão pessoal... Aliás, é isso que me é pedido, caso contrário, até nem era preciso referendo.
Ok, pessoalmente... nunca aceitaria que a mulher que viva comigo fizesse aborto, a não ser nas excepções já contempladas pela lei. Por mais dificuldades e transtornos que mais um filho viesse a provocar no meu lar, mais dificuldades e transtrono seriam provocados se o aborto se realizasse. Além do que, julgo eu, uma das possíveis consequências de uma quecazinhazita sem protecções, é precisamente... estou em crer..., embora me possam faltar conhecimentos científicos para o afirmar peremptoriamente, o nascimento de uma criança...
Ok, pessoalmente... e no meu caso... eu votaria não...
Agora pessoalmente na vida dos outros... talvez sim, talvez não, não sei...
Às vezes sim... noutras vezes não...
Pegando na peça dos Gatos Fedorentos... a facilidade do “vamos ao cinema, está esgotado, não faz mal, vou abortar...” choca-me e faz com que a lei para uns fosse justa em termos humanos e sociais e para outros fosse altamente desresponsabilizadora do comportamento em sociedade: “Eu sei que não temos aqui preservativos mas não faz mal. Vamos lá dar a queca que se ficares grávida depois faz-se um aborto e mata-se o chavalo”.
Por outro lado, noutras situações, sim... claro que sim...

Talvez fosse útil começar esta história por outras perguntas:
“E a educação sexual nas escolas? E o planeamento familiar não deveria ser ensinado nas escolas, a partir de uma certa idade?
A esperança de vida das pessoas aumentou. Logo, todos temos de trabalhar mais uns anos até chegar a hora da reforma. Até estou de acordo...
Mas, aquilo a que eu tinha acesso com 13 ou 14 anos não se compara nem de perto nem de longe ao que os meus filhos hoje podem aceder... O sexo descobre-se cada vez mais cedo...
Lembro-me do escândalo que foi a exibição na RTP do filme “Pato com Laranja” enquanto actualmente vemos o que vemos nas televisões.
Será que as escolas não deveriam ter outro tipo de disciplinas que pudessem reflectir outros conteúdos mais adequados à sociedade actual? Não deveria haver programas socialmente educadores de um indivíduo? A escola não tem de substituir os pais mas tem de os ajudar.

Como me sinto “fracturado” por isto tudo. Acho que vou acabar por não ir votar. Quer votasse sim quer votasse não iria sair contrariado. Pela minha parte vou procurar sempre mostrar aos meus filhos os valores que defendo e mostrar-lhes os espinhos de todos os caminhos. E espero torná-los pessoas pouco superficiais e atentas. E confiar neles para os deixar decidir em consciência o que fazer da sua vida.

Trabalho, desde 1993, no Bairro Alto. Preferencialmente, de noite. Sextas, sábados... a faixa etária dos frequentadores destes espaços é cada vez mais baixa a cada ano que passa. E as cenas que vejo, chocam-me!...

Uma última coisa: algumas defensoras do sim dizem... na barriga da mulher manda a mulher...
Irrita-me isto... irrita-me e pronto.

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