o meu começo laboral foi no bairro alto.
durante esse periodo fui ao cinema em quantidades que jamais voltei e experimentar.
tinha duas formas de ir ao cinema:
ou através dos então chamados 'bilhetes de imprensa' que eu obtia no diário de lisboa (e esporadicamente no diário popular), onde o trabalho me levava todos os dias;
ou fazia o circuito dos 'piolhos'.
como entre as 3 e as 6 da tarde não tinha que trabalhar, o tempo era muitas vezes aproveitado por uma matiné.
os cinemas 'económicos' da zona eram o chiado terrace e o ideal, aka loreto.
o loreto era mesmo só descer a rua da rosa (onde trabalhava) e em 5 minutos estava sentado na sala.
ainda hoje não consegui acabar de ver o 'objectivo: burma' que um dia tive que deixar a meio (afinal 2 filmes sempre demoram um bocado) porque estava na hora de regressar ao trabalho.
o loreto jamais teve esse nome.
começou com o nome de salão ideal nos idos de 1904.
se o salão lisboa foi o primeiro edifício projectado para cinema, o salão ideal foi a primeira sala concebida para projectar imagens.
foi dos primeiros locais a ter pessoas atrás do ecrán a emitir sons de acordo com o desenrolar do filme.
este é um cinema com um percurso complicado:
depois de salão ideal, passou a cinema ideal, depois a cine camões, até ao actual cine paraíso.
quanto à programação, começou nas primeiras estreias de cinema feito em portugal (chegou a ser propriedade dos donos da produtora empresa cinematográfica ideal), passou pela reprise (no sentido literal do termo, a exibição de filmes que saiam das salas de estreia), foi descendo para o formato 'piolho' com 2 filmes por sessão (ainda com o nome de cinema ideal), passou, já com o nome de cine camões, para o cinema indiano e depois, com o actual nome de cinema paraíso, teve um curto periodo com a programação assegurada pela cooperativa cinema novo (do fantas) até se tornar um dos cinemas porno de lisboa.
3 comentários:
Caro Carlos, estou à procura de testemunhos de jornalistas (e não só) que tenham frequentado este cinema. Motivo? Vai ser reabilitado, com um novo projecto e a Casa da Imprensa quer publicar uma brochura que conte a história do espaço. Agradecia muito se tivesse disponibilidade para me falar sobre as suas idas ao cinema. O meu email: carmoramos@gmail.com. Cpts, Maria do Carmo Piçarra
claro que sim, cara maria do carmo
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