Eram três da tarde e tinha acabado de chegar a casa, cansado depois de (meio)dia de trabalho. Bem, não estaria assim tão cansado... pelo menos, não mais que em qualquer outra tarde, de qualquer outro dia destas últimas semanas de Verão. Na verdade, estava só um bocadinho cansado... mas, acreditem, como estava muito calor - mesmo muito calor – e não tinha nada que fazer, decidi-me a praticar um pouco de um dos meus desportos favoritos: o mappling. Descalcei os sapatos, sentei-me, recostei-me, acomodei-me e pus os olhos a descansar enquanto pensava em nada. Desonfio até – sim, desconfio- que me deixei dormir… Mas se deixei, foi só por um bocadinho.
Nisto, sou sobressaltado pelo telemóvel, insistente.
- Está?… É o Dr. Gasel?
- Blghhh…
- Boa tarde! Sou a Jornalista X, do Público.
- Aaahhh!!
- Sabe que o Fidel Castro está gravemente doente e cessou as funções de Presidente?
-Ogghhh??
- Segundo as agências tem graves hemorragias intestinais e foi operado… Gostaria que comentasse isto na sua qualidade de especialista?
- Oooops!!
- O que é que pensa que pode ter causado este problema?
- Hããã…
Lá tive que acordar de vez e articular duas ou três ideias sobre o tema, enquanto tentava perceber o porquê do telefonema. Mas, antes de o perceber, já tinha ouvido "Boa tarde e muito obrigado" e fiquei novamente sozinho, sentado, a matutar sobre se devia ter respondido – ou não – e sobre o que teria dito de uma maneira menos correcta – e disse!
Passado um pouco, percebi o porquê de me ligarem: apenas um número de telefone e um nome que ficaram registados a propósito de um outro assunto.
Aos poucos, voltei ao mappling, ao limbo, enquando sorria... Sempre pensei que esta coisa de comentários técnicos em jornais fosse coisa de alguma responsabilidade!
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