No outro dia encontrei num café uma amiga que já não via há alguns anos. Engraçado que decidi sair do meu lugar para lhe dizer olá. Não é normal de mim, sabia perfeitamente que me esperava a simpatia sem qualquer importância ou idade, a saudade e o entusiasmo inventados no momento e mal fingidos (geralmente, as pessoas nem fingem bem) e a conversa que temos treinada das várias pessoas que encontramos depois de x ou y tempo de não-contacto. Não sei porque me entreguei a esta troca inútil de conversa e método e esses temas de reserva que perguntamos sem interesse. De facto, pouco me altera saber da vida de maior parte das pessoas com quem me encontro na rua. Quase nem me interessa se está tudo bem, não entendo bem porque é que pergunto. Mas prometi a mim mesmo que nunca mais voltaria a sair do meu lugar, alterar e aumentar a minha trajectória primeiramente planeada para falar com pessoas de quem não sinto saudades. Prometi que não me ia interessar mais pela vida das pessoas, a não ser que a vida das pessoas me interesse. As pessoas do passado, vou deixá-las lá ficar. Na sua altura de voltarem ao meu plano do presente que tão dedicadamente organizo sem sucesso, eu arrepender-me-ei de as ter fechado com tanta convicção na caixa do passado e aí vou saber que é hora de as puxar cá para fora.
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