14 de outubro de 2013
«Primária» ou um merecido prémio
Escola de 1.º ciclo, não muito longe de Lisboa. De seu nome, o de um arquiteto que deixou património (não um pardieiro impessoal, com nome de EB1). Um grupo de crianças do 4.º ano, antiga 4.ª classe, a poucos dias do final do ano. Aproximam-se os exames, até lá, a preparação rigorosa, as contas com números decimais, alguns sonhos vividos durante o recreio, nos baloiços, em jogos de ritmo e palmas, em acrobacias. «O meu defeito é ser resmungona»; «gostaria de ser ensaiador da marcha de Alcântara» - respostas lidas perante professor e colegas. Os dias passam, chega a classificação final (com a possibilidade de melhoria na 2.ª fase das provas nacionais para quem não passou). Sabem-se os resultados, quase todos concluem um ciclo de ensino. À vez, o professor anuncia a classificação final. Batem palmas, após sucessos divulgados. Um pequenito não conseguiu acompanhar os restantes, dizem-lhe os colegas «também merece palmas», um outro, de palavra eloquente, fica para aulas de reforço, a fim de repetir os exames de Português e de Matemática: uma lágrima teimosa, a correr, a força (que muitos adultos não conseguem), presente nas palavras súbitas «professor, mesmo assim, foi um prazer ter trabalhado consigo». Na sala de cinema, o público solta, em coro, uma exclamação de surpresa. Termina o documentário com uma dança na festa de final de ano, coreografia a anteceder o esperado (e merecido, atendendo ao que de espontâneo se desenrola aos nossos olhos e ouvidos) afastamento de contas, escrita, leitura: música de ritmos e percussão, malas coloridas que , em movimentos sincronizados, compõem o momento festivo. «Primária», filme de Hugo Pedro, estudante do curso de cinema, foi – esclarece o realizador – filmado sem preparação prévia, a captar instantâneos. Haverá, na curta, alguma mensagem implícita no que diz respeito aos exames? O autor explica que não, a ideia surgiu por se lembrar, com agrado, dos tempos de menino. O filme? Prémio do público e do júri, nesta 4.ª edição do "Córtex", festival de curtas-metragens que ontem terminou em Sintra, no Centro Cultural Olga Cadaval.
Imagem: blogue da Escola Básica n.º 1 Raul Lino, “plantar aos sábados de manhã na escola”
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