12 de agosto de 2012
Profissões esquecidas
"Mas o leitor sabe em que se ocupavam as cristaleiras, qual o seu mester, o seu ganha-pão? Sabe o que elas representavam no dia-a-dia da cidade, no alívio e boa disposição das famílias, na conservação da saúde pública? Ah! não sabe não! Percebemo-lo perfeitamente. O lindo nome por que eram qualificadas nada lhe diz, e se teimosamente se puser a cogitar na sua significação, ao considerar a sua musicalidade, a sua composição de jeito poético, será enganosamente levado, sem querer e sem chegar a qualquer resultado, por caminhos bem diversos daqueles que calcetados pela vil materialidade, o conduziriam prosaicamente e de metro no bolso, a alcançar a verdadeira acepção do formoso vocábulo. Cristaleiras—vamos dizê-lo sem mais aquelas — eram as mulheres que tinham por modo de vida dar os clistéis aos enfermos, ou, como hoje dizemos, dar os clisteres. Aí tem. Eram, por outras palavras, as mulherinhas que deitavam as ajudas, as mezinheiras que ainda se arrastaram até ao século passado, mas com o ofício ampliado e sem serem oficialmente reconhecidas. Que as outras, as de outros séculos, eram-no. Tinham até regimento aprovado pela Câmara, como qualquer outro ofício"
Assim explicam Pastor de Macedo e Gustavo Matos Sequeira no seu saboroso livro "Anossa Lisboa" o ofício de Cristaleiras. Não conhecia esta obra e ando sorridente a lê-la. Comprada ontem na Anchieta à Telma e ao Paulo,
E não resisto a mostrar-vos a capa do mesmo, autoria de Valença. O desenho da cristaleira esse é de Rocha Vieira.
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2 comentários:
Ah "novidades antigas" é lindo :)
obrigada por dar a conhecer este livro, pode ser que um dia o encontre, pelo menos estou alertada!
Notável. As coisas que ainda faltam descobrir...
Cumpts.
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