16 de outubro de 2010

Uma viagem, um espelho, uma mulher

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Reincidência pessoal – entre outras - a cidade sobre a qual se afirma – com ou sem propriedade - ter sido nomeada a partir do grande Ulisses. Sentada na parede que detém as águas do Tejo, pés pendentes sobre o rio, agrada a explicação fundada no herói grego por se revestir a mesma de perene nobreza. Cidade por vezes subestimada, sem que se lhe consiga exterminar a eterna beleza… Visitam o pensamento fragmentos de Sophia:«Digo:"Lisboa"(…)
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência
Digo o nome da cidade
- Digo para ver».
…Mas a cidade de aparência frágil e, ao mesmo tempo, robusta, ganha formas de eterna menina marcada pela força indelével do tempo… Sobre ela, terá Eugénio de Andrade traçado o retrato de «(…) rapariga/descalça e leve/ um vento súbito e claro/nos cabelos,/ algumas rugas finas/ a espreitar-lhe os olhos, (...)»…
Em outonais dias de sol, a confirmação de que será Lisboa uma mulher. A superfície do rio é espelho onde permanentemente se contempla em femininas vaidades para, a cada momento, se poder embelezar. Pensamentos entre conversas e silêncios partilhados acreditando que os dias são, em grande parte, construções criadas pela determinação de cada um de nós.

4 comentários:

Gastão de Brito e Silva disse...

Podemos hoje comparar Lisboa a uma "top model"....com os dentes podres...

Anónimo disse...

Sis e Prattie,

Que saudades, amiga!
Mil beijos,

A do costume (logo escrevo-te)

(as couves continuam viçosas, ou não tens visto?)

teresa disse...

Imagem curiosa, a deixada por Gastão B. e Silva... Falta à cidade ser habitada (para além de diversas negligências que nos entristecem).

teresa disse...

Um abraço para Moçambique, querida amiga não anónima:)