
Hoje veio à biblioteca escolar falar com os meus alunos. Fiquei espantada por ter entendido que, em cerca de três dias, muitos destes adolescentes tinham lido pelo menos um dos seus livros (alguns conseguiram superar o número). Sabendo que em muitos locais as coisas são por vezes preocupantes em termos de disciplina e de gosto pelo saber, fiquei orgulhosa com as questões levantadas e bem impressionada por ter conhecido um escritor simples, de diálogo fácil e que começou a publicar quase aos 50 anos de idade. A escrita surge casual, após alguns episódios do quotidiano: uma flor que nasceu - sabe-se lá como - num beiral de um telhado em Sintra, um flamingo que em latitudes distantes «invadiu» um hotel por ter uma asa partida... e enquanto permanecemos na biblioteca, único espaço novo (com menos de um ano de vida) de uma escola degradada pelo desgaste do tempo e pela fragilidade das instalações, esquecemos realidades menos coloridas. O convívio quase diário com jovens como estes acaba também por nos rejuvenescer. Penso que o escritor o terá igualmente sentido pelas questões interessantes e espontâneas que lhe foram colocadas. A sua escrita desenrola-se essencialmente entre Portugal e Moçambique, país onde nasceu e para onde tem de se deslocar com frequência. A excepção vai para O Cântico dos Melros, cuja acção decorre num local imaginário de nome «Hibernolândia». Já encomendei o título O Caroço de Manga dado a acção decorrer na vila de Sintra e praias do concelho, o que despertou a curiosidade pessoal.
Sem comentários:
Enviar um comentário