3 de novembro de 2009
Biblioteca com paisagem ao fundo
Pó
Nas estantes os livros ficam
(até se dispersarem ou desfazerem)
enquanto tudo
passa. O pó acumula-se
e depois de limpo
torna a acumular-se
no cimo das lombadas.
Quando a cidade está suja
(obras, carros, poeiras)
o pó é mais negro e por vezes
espesso. Os livros ficam,
valem mais que tudo,
mas apesar do amor
(amor das coisas mudas
que sussurram)
e do cuidado doméstico
fica sempre, em baixo,
do lado oposto à lombada,
uma pequena marca negra
do pó nas páginas.
A marca faz parte dos livros.
Estão marcados. Nós também.
Pedro Mexia, Duplo Império
Onde se localizava esta peculiar biblioteca municipal?
A biblioteca localizava-se no Miradouro de Santa Luzia e acertou a T.
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5 comentários:
Prattie,
Ai as adivinhas e eu, eu e as adivinhas...
Será uma Bioblioteca que terei frequentado nas férias durante a infância e adolescência?
Era raro ir para a varanda... Ficava mais pelas salas ou requisitava cinco por um mês... Daí que estou na dúvida.
Quanto ao poema, muito bem escolhido:
[Os livros] estão marcados. Nós também" (Um pouquinho de pó não faz mal a ninguém...)
Bengé-é-é-ela :-) :-)
A estouvada do costume
Anónima pouco anónima:
Não me parece que seja a biblioteca que frequentaste no passado, se é que estamos a falar na mesma que também frequentei, esta será mais antiga.
Também gostei do poema e espero que a próxima selecção teatral seja mais favorável (para ser politicamente correcta, coisa que não costumo ser):)
(e o último pensamento teve a ver com a adaptação do tema brasileiro à versão 'benguelesa')
Miradouro de Santa Luzia.
Certo, T e, se reparares, já na época estava necessitado de uma boa pintura:)
Ah, ah, ah...
Estiveste bem amiga.
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