4 de setembro de 2009

ejaculação precoce

declaração de interesses:
1.
acho que o jornal da manuela moura guedes nao cumpria nenhuma das regras da deontologia jornalistica (as da estética não serão para aqui chamadas) e acho que o jornalismo fica mais rico com algo que não seja exactamente 'aquilo'.
2.
jamais votei no ps (nacional ou localmente) e não conto inaugurar esse departamento nos próximos anos


o assunto da tvi podia inserir-se, globalmente, naquilo a que poderíamos chamar, por uma questão de simplificação de imagem, ejaculação precoce (espero agora não receber nenhum mail a dizer que não estou a respeitar os que padecem desse mal..).

é óbvio que a decisão de suspender o programa só é gravosa para o ps e o seu secretário geral.
seria absolutamente estulto (e não me parece que aquilo de que os podemos e devemos acusar seja exactamente disso...) fazer pressões para 'calar a voz incómoda' na véspera das eleições quando o efeito seria o de boomerang amplificado.
o maior beneficiado é claramente o psd e a sua presidente, mas não acho, obviamente, que esta e aquele tenham alguma coisa a ver com o assunto.
as acusações de 'atentado à liberdade de informação', de 'asfixia' do país, caso beslusconiano, panela de pressão e outros dislates são, à falta de outro adjectivo que pudesse ofender os portadores de uma qualquer deficiência, uma espécie de ejaculação precoce.
aquilo sai-lhes assim sem controlo. é uma pena.
é uma pena isso, como foi uma pena o carnaval entusiasta aquando da tentativa de compra da media capital pela portugal telecom.

os políticos portugueses acham mesmo (ou querem que nós achemos) que os tempos de decisão das empresas são os deles. têm uma capacidade de abstracção da realidade que os rodeiam (eu sei que era mais fácil chamar-lhes autistas, mas desculpem lá) imensa e um umbigo do tamanho do mundo.
se a portugal telecom tivesse comprado a media capital, não estariam agora a condenar o enorme crime lesa democracia consubstanciado numa empresa sediada em madrid decidir sobre os critérios jornalísticos em portugal e disso ser uma enorme ingerência nos assuntos internos do nosso país.
afinal o canal de mais audiência em portugal estar na mão dum grupo português não seria assim tão mau.
e sempre seria possível fazer uma manifestação em frente da administração da pt.
é óbvio para qualquer pessoa que a unidade de um serviço noticioso é uma vantagem, tal como é consensual que a qualidade do jornalismo de manuela moura guedes é imensamente relativo.
não é isso que está em causa. o que está em causa é saber se as empresas podem ou não decidir os seus critérios editoriais sem consultar primeiro os partidos e se, tal como com os governos, ou o presidente da republica, aquelas têm inibições nos períodos pré-eleitorais.

uma final questão legal, que me parece ser a única digna de registo:
tanto quanto sei, de acordo com as leis que regulam os meios de comunicação, a decisão da administração da tvi é ilegal porque deveria 'apenas' comunicar a sua decisão á direcção de informação e só esta poderia então aceitar e fazer cumprir, ou não aceitar e fazer qualquer outra coisa como demitir-se.
parece-me, portanto, uma decisão ilegal à luz da legislação portuguesa,
mas isso parece ser a coisa menos importante agora.

3 comentários:

gin-tonic disse...

Tem, por agora, a ideia de que não vale a pena gastar muita cera com o defunto.
Com a saída de Moniz, a posição de Moura Guedes na TVI ficou fragilizada. Mais cedo ou mais tarde apontar-lhe –iam a porta dos fundos... O que a pequena fez foi dar um passo em frente, para criar granel... e ficar bem (?) na fotografia...
Quando declara ao “Público” que se a afastassem do ecran, isso só poderia ser um acto de gente muita estúpida, a pequena pôs-se a jeito.
À frente das empresas, aqui, em Espanha, onde quer seja, estão hoje uns jovens de fato e gravata azul, aparvalhados, q.b. incompetentes, que nunca se enganam e raramente têm dúvidas e que, de modo algum, podem permitir que um qualquer funcionário lhes chame estúpidos. Por ventura nem sequer pensaram nos estilhaços que a bomba que deflagraram provocou, vai provocar, sabe-se lá...
Gostaria, também, de acreditar que nenhum cérebro, do PS ou do PSD, tenha encomendado a decisão. Sim, apenas gostaria…
Eleitoralmente, a quem é que a decisão mais prejuízos causa?
Não se preocupa. São almas gémeas, diferem em pequenissimos pormenores não visiveis à vista desarmada, capazes disto e algo mais. Trinta e poucos anos já deram para ver – a quem quer ver… –que pouco adianta estar um ou outro no poder..
Como há dias dizia essa virgem empresarial que dá pelo nome de Ferraz da Costa: isto é um pís onde se rouba à descarada, o Sr. Berrado – ele incluído – diz o mesmo. O Jorge de Sena dizia há uns anos – outros tempos, outras circunstâncias – que isto é um país de sacanas e que todos estão satisfeitos de se saberem sacanas...

carlos disse...

eu até acho que administração da prisa sabia os males que ia provocar.
uma recente lei do zapatero não lhes foi favorável e a guerra abriu-se.
mas acho que as empresas têm direito a fazer as suas guerras sem se preocuparem com os danos colaterais.

antes deste caso, era mais ou menos consensual que apenas o facto de ser mulher do patrão sustinha a manuela moura guedes no lugar, já que ninguém achava que a antiga deputada do cds tivesse estatura jornalística para o cargo.
com a saída do moniz, este começa logo por deixar recados sobre a injustiça que seria o afastamento da sua esposa, no que ela complementou com aquele 'empurrem-me lá para fazer de vítima'.
qualquer empregado que diga do seu patrão que ele seria muito estúpido se o despedisse, arrisca-se a um processo disciplinar .
se eu dissesse isso do meu patrão, seguramente amanhã não estaria a trabalhar.

Anónimo disse...

Ferraz ?