21 de agosto de 2009

Como seria bom que fosse ficção ou a importância de um sorriso

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Assim como há palavras que, ainda que muitas, não dizem nada, também há sorrisos que, só por si, dizem tudo. Chegam para nos entendermos.
Tive necessidade de procurar uma mesa vaga num café com muito movimento. Era sábado e, por isso, mais difícil a tarefa se tornava, uma vez que, aos fins-de-semana, há sempre muito mais pessoas, mormente gente nova e funcionários, a tomarem ali refeições rápidas.
Depois de esperar um pouco, consegui a desejada mesa e, enquanto esperava pelas pessoas com quem havia combinado uma curta entrevista, abri o jornal que levava, dispondo-me a ler. Não tardou, porém, que uma jovem senhora, de tabuleiro na mão, me perguntasse, sorrindo delicadamente, se podia partilhar a mesa, no que não vi inconveniente algum. Como duas desconhecidas, mas correctas e compreensivas, trocámos licenças para uma comer a sua ligeira refeição e a outra ler o seu jornal. Tudo bem… Minutos volvidos, a minha companheira dispunha-se a agradecer, enquanto fazia o gesto de se levantar, mas foi quase impedida de o fazer por um cavalheiro que, bruscamente, se apoderou da cadeira, sentando-se e aconselhando (ordenando, talvez seja a palavra apropriada…) uma senhora de mais idade a sentar-se também. Sem licenças nem meias licenças. Sem palavras nem um gesto de cortesia…
De longe, a delicada e jovem senhora que me fizera companhia por escassos minutos olhou e apercebeu-se de tudo, limitando-se a sorrir para mim. Pela minha parte, devolvi-lhe o sorriso e assim nos entendemos. Dissemos tudo…
Logo de seguida, o brusco cavalheiro levantou-se, para ir, com uma terceira pessoa, talvez a mulher, dada a idade que aparentava, buscar o que desejavam para comer. Bom!... Com três, e mais eu – que me achava com algum direito -, estávamos de lotação esgotada… Pus-me, então, a olhar em volta, mas não foi preciso, porque, vagando uma mesa mesmo ali ao lado, os meus estranhos «inquilinos» levantaram-se sem mostras de terem dado pela minha existência (eu nasci em dias pequenos…), abandonando-me. Sem um olhar que dissesse alguma coisa, sem um sorriso que falasse!
Que peninha!... Mas, se os leitores julgam que tudo acabou enganam-se, como eu também me enganei! É que na mesa que ficara vaga permanecia ainda um grande tabuleiro com louça servida e guardanapos amarrotados, porque a funcionária que, de carrinho em mão, corre, veloz, preparando tudo para que os novos passantes tenham bom acolhimento, ainda ali não tinha chegado, razão pela qual o despachadíssimo cavalheiro transferiu o dito tabuleiro para a mesa onde me tinham deixado sozinha… Só porque havia espaço e ele tinha os seus direitos… Sem deveres de qualquer espécie!
Isto não é ficção…Não imaginei nem uma vírgula… Infelizmente isto foi uma realidade!
Um sorriso que fosse teria dispensado, vamos lá, teria suavizado a falta de palavras delicadas… Faz tanta falta saber sorrir…
Teresa Martins, Ecos de Amizade

6 comentários:

Luísa disse...

Devia haver um curso do género "aprenda a sorrir em três tempos". Entre outros, o curso poderia ter os seguintes módulos: o que é um sorriso?; a importância de um sorriso; sorrisos para todas as ocasiões; o sorriso faz bem à saúde física e mental; e, como é óbvio, um módulo (extenso e intesivo!!!) dedicado às boas maneiras e à boa educação.

Sorrisos cibernéticos para todos. :)

teresa disse...

Obrigada, Luísa.
Há tempos uma amiga referindo-se a um qualquer país que tinha visitado, dizia-me: não sei se é 'postiço' ou sincero, mas agradou-me que toda a gente em diferentes estabelecimentos me recebesse com um sorriso. E eu concordo, pois nem é inteligente tratar cada cidadão como se fosse 'o inimigo público número um', mesmo quando não se usou na juventude um aparelho para endireitar os dentes:D

Retribuições do sorriso cibernético:)))

Luísa disse...

Não sei que país visitou a sua amiga, mas aqui pela Suíça é prática recorrente (atenção! não é a 100%, porque nada é perfeito).
E eu acho que quem sorri o faz com sinceridade. No início até pode ser um pouco forçado para a pessoa, mas depois começa a contagiar-se e torna-se natural. O funcionáro sorri, o cliente retribui, o funcionário sente-se agradado logo da próxima já sorri com mais vontade. Aplicando-se o mesmo ao cliente.
Pelo menos é o que eu acho...

T disse...

O engraçado em Portugal é que os empregados brasileiros sorriem sempre.E são mais prestáveis.

Luísa disse...

E não dá logo vontade de lhes sorrir? Acho que o tal cuyrso deve incluir observação/trabalho de campo. :D

teresa disse...

Luísa,
Refiro-me aqui à quase vizinha França, país muito visitado pela minha amiga que é professora de Francês:)

Os brasileiros são por natureza e de uma maneira geral alegres e sem 'manias', apesar de tentar por norma evitar as generalizações, parece-me ser traço 'quase' comum.