28 de março de 2009

INDIGNAR-ME É O MEU SIGNO DIÁRIO


A dado passo do livro de José Cardoso Pires, Alexandra Alpha indigna-se e explode: “Isto não é um país, é um sítio mal frequentado.”
Leu no “Correio da Manhã” que o Sr. António Vitorino,” não há festa nem festança onde não apareça a dona Constança”, um entre milhares de políticos ou ex-políticos, deputados ou ex-deputados, recebe 5 mil euros para assistir a uma assembleia geral da “Brisa” e isto desde 12 de Setembro de 2007 para um mandato de quatro anos.
No “Público” leu que a responsável pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal, Cândida Almeida, defende a criação do crime de enriquecimento ilícito porque "se um político ganha 5 mil euros por mês e ao fim de um ano tem dois milhões ou três, teria que ser ele a explicar como é que ganhou este dinheiro”
O “Diário de Notícias” dava conta que o número de desempregados inscritos nos centros de emprego disparou 17,7% no mês de Fevereiro, em relação ao mesmo mês de 2008, tratando-se do maior aumento desde Dezembro de 2003. Também informava, que a fome leva a Caritas a criar refeitórios sociais. No corpo da notícia realçava-se que a vergonha e frustração perante a perda de emprego, andar vazio a caminhar nos dias vazios, leva alguns homens a adoptarem comportamentos agressivos para com as mulheres e filhos ou a refugiarem-se no álcool. Há o desespero de saber que não voltarão a arranjar trabalho. Outros saem de casa por não aguentar a situação que provoca a falta de pagamento a creches, lares ou jardins de infância. Gente de classe média. que, depois de terem levado uma vida acima das sus possibilidades, nunca sonhou terem de dirigir-se à Caritas, ao Banco Alimentar Contra a Fome em busaca de auxílio.
Numa velha crónica no “Jornal de Notícias” Manuel António Pina deixou escrito que “hoje, os pobres são, se possível, ainda mais pobres do que antes de 1974 e os ricos, mais ricos. Foi aí que o 25 de Abril ficou por fazer.”
Pelo seu lado uma notícia do “Público” dizia-nos que os portugueses investem 1,68 euros por semana no “Euromilhões”, acima de toda a Europa. Osociólogo Manuel Vilaverde Cabral explica: “Os portugueses apostam mais porque são os mais infelizes, os mais pobres e os mais ignorantes”.
A Assembleia da República gastou mais de 4 milhões de euros em renovações: os deputados passama usufruir de um computador individual, também foi adoptada uma iluminação “anti-sono” o que, provavelmente, prejudicará a sesta dos deputados pós-almoço
Sem dar cavaco aos utentes, a REFER, depois de em Agosto de 2008 ter fechado a Linha do Tua, fechou agora as linhas do Corgo e do Tâmaga. O governo alega razões de segurança, mas, claro, ninguém acredita.
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O título do “post" é tirado de um poema de Fernando Assis Pacheco

1 comentário:

teresa disse...

Estudos internacionais (sociologia, ciência política) levados a cabo nas três últimas décadas - e basta estarmos mimimamente atentos à actualidade internacional para o confirmarmos - têm comprovado que em países onde o cidadão comum deixa de acreditar em quem o governa, o índice de abstenção aumenta significativamente podendo, num futuro próximo, levar ao total alheamento com todos os riscos inerentes. Há países mais a norte (constatação após ter ouvido depoimentos esclarecidos de cidadãos dessas latitudes) onde nem passa pela cabeça dos contribuintes atitudes como a fuga ao fisco e tal não sucede unicamente porque a máquina montada o não permite: a verba reverte de forma inequívoca para benefício público e qualquer um confere ao estado toda a legitimidade de que este tem vindo até à data a ser merecedor. Por cá, parte significativa dos gastos parece continuar a destinar-se a obras de vigésima quinta necessidade para inglês ver.
Mas mais uma vez surge a questão "do ovo e da galinha": os portugueses alheiam-se da vida cívica porque não foram sensibilizados para tal ou deixaram de sentir a sua importância atendendo ao descrédito a que se chegou?
A título pessoal - a não ser que chegue uma daquelas doenças de complicado nome alemão ou afins - constitui defesa constante o direito à indignação. Por isso é grato verificar-se que, apesar de o número ser restrito, não existe isolamento total nesta matéria.
Já há largos meses o "Expresso" noticiava o recurso ao banco alimentar por parte de cidadãos com habilitações académicas acima da média.