ontem, no auditório da biblioteca de barcelos, a associação zoom (o cineclube cá da terra) passou o último filme de frederico serra e tiago guedes, feito a partir dum texto do irmão deste, rodrigo guedes de carvalho.
entre os dedos é simultaneamente um grande filme de actores (a excelente isabel abreu num desempenho notável, o agora famosíssimo filipe duarte; e ainda luís filipe rocha (!), fernanda lapa, gonçalo waddington, eunice munoz, lavina moreira, paula sá nogueira) e uma simples história sobre os desentendimentos humanos quando a crise aperta numa agonia financeira que parece não ter fim.
é a vida e as relações pessoais a fugir entre os dedos: o passado colonial que atormenta, a doença terminal que corroi, a falta de trabalho e dinheiro que destroi.
é um filme negro.
como negros são os dias.
um filme da falta de comunicação entre as pessoas quando o dinheiro não chega e que nos leva a fazer o que não pensávamos que faríamos.
é um filme rodado nos arredores de lisboa (brandoa, loures, calçada de carriche...), nos transportes, nas limpezas de casas, nos prédios inumanos. longe dos postais e da cidade de luz e sol. nestas vidas tudo são sombras.
não é um filme fácil de ver.
mas acorda-nos.
e isso é bom
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