19 de janeiro de 2009
o bodo de s. sebastião em fajão
de acordo com a tradição generalizada em muitas aldeias portuguesas, o bodo de são sebastião nasceu com a promessa de alimentar os pobres das freguesias, se o santo, especialista em afugentar pandemias e outras maleitas generalizadas, acabasse com uma peste que andava a ceifar a vida dos camponeses em vez de ceifar o trigo.
a promessa consistia em dar, no dia consagrado ao santo, alimento a todos os que dele necessitassem.
a lenda alimentada por muitos anos de fé e temor aos deuses, afirmava que o pão benzido nesse dia jamais endurecia ou se estragava.
esse alimento distribuido no dia do santo era fundamentalmente pão de trigo, coisa que na maioria das casas, só entrava nessa altura, já que o único que comiam era a broa de milho.
obviamente que o pão de trigo nunca endurecia porque as bocas ávidas de tal iguaria (os da cidade é que gostavam de broa...) não deixavam nunca que tal acontecesse.
hoje o bodo, para além da distribuição do 'sagrado' e bento pão de trigo, é uma refeição generosa com muita gente a viajar de propósito para a almoçarada.
como os tempos modernos não se compadecem com dia dias de santos que calham a meio da semana, o bodo em fajão foi no domingo.
este é o passadiço (que liga a 'cruz da rua' à 'espanha'.. e à minha casa), com uma parte do bodo que teve que se abrigar da chuva...
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1 comentário:
Esta tradição ancestral parece-me ter pontos de contacto com rituais generalizados a outros espaços: os impérios do Espírito Santo nos Açores, bem como alguns festejos em aldeias da Galiza onde se oferece um lauto cozido aos participantes em determinadas datas.
A explicação poderá realmente residir na tentativa de repelir maleitas, mas suspeito (sem fundamento e influenciada por Moisés Espírito Santo) que tenha explicação em ritos ainda mais ancestrais de origem celta.
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