31 de março de 2006
que muitas bolsas de vida de aldeia floresçam nas cidades!!!
um daqueles muitos canteiros de flores e plantas que existem em frent aos prédios (pelo menos na zona onde moro).
como ia com o passo abrandado que quem tinha chegado ao seu ponto de destino (ou porque estou na expectativa de ver como estarão as flores do meu terraço de fajão), reparei melhor no amontoado de flores, plantas e ervas que estavam naquele muito descuidado canteiro.
tinha o costume: sardinheiras, camomilas, jarros, umas flores inidentificáveis e umas ervas que me pareceram familiares.
cheguei-me mais.
apalpei e cheirei.
tirei uma e mastiguei.
tirei mais outra e verifiquei.
confirmava-se:
era salsa saborosa
eram coentros deliciosos
era hortelã 'semeada', pronta para mujitos e outras misturas.
já sei onde me abastecer ao fim de semana!
... as coisas que descobrimos quando abrandamos o passo na rua...
complex
para além dum preâmbulo cheio de vacuidades a defender o efeito de valorização da cidadania e formação e bullshits do género, o citado despacho vem apenas complicar o que já não era fácil.
na semana onde o primeiro ministro do governo do secretário de estado 'simplificou' uma série de processos, incluindo o das matrículas escolares, o activo secretário de estado accionou o complicómetro.
se algum de vocês já se tentou recensear porque acha que as próximas eleições são importantes, de certeza que foi confrontado com a resposta: 'o recenseamento está fechado 3 meses antes da data de quaisquer eleições'.
o que significa pura e simplesmente que, se alguém fizer 18 anos 3 meses antes do acto eleitoral e decorrer nesse intervalo um periodo de matrículas.... está simplesmente fecundado.
mas quem manda a esta gente ter ideias?
Coisas muito boas da vida!
Muito bom sentir que existem laços e teias de afectos que se constroem e melhoram com o tempo.
Como se define felicidade?
Hoje consegui uma aproximação. Muito razoável,diria eu.
Ninguém me tira este sorriso palerma da cara .
30 de março de 2006
Os pássaros
a propósito de covers e recriações notáveis
reconheço-lhe aqui algumas semelhanças.
em tempos também andei viciado em versões 'melhores que os originais'. o que poderemos chamar apropriações enriquecedoras.
há trabalhos absloutamente deslumbrantes que entram directamente para a categoria dos heargams (o fabuloso 'for the stars' é um caso exemplar).
alguns compositores só mesmo em versão cover os consigo ouvir (birds, p.e.).
outros são tão fortes no seu original que nunca as versões conseguem descolar.
por muito que sempre me tenha dado bem em águas folksy, nunca achei muita piada aos 10,000 maniacs até ao seu derradeiro trabalho, o absolutamente obrigatório unpluged mtv.
aí reparei que a sua vocalista, além de muito bonita (to say the least),
tinha uma voz fabulosa.
com mais ou menos cuidado, passei a seguir a carreira da natalie merchant.
é o que se pode chamar uma especialista em covers melhorados (se é que isso posa ser uma categoria).
ontem, em mais um passeio de férias pela fnac, tropecei neste disco que andava há algum tempo á procura:
editado pela sua própria editora, a myth records, natalie merchant junta aqui uma série da clássicos da folk-rock (crazy man michael a fazer esquecer sandy denny), sally ann (dos horseflies), hinos protestantes com centenas de anos (weeping pilgrim), canções da luta dos mineiros do kentucky (witch side are you on?), canções antológicas da folk americana (down on peggy's farm, que também é conhecida como hard time in the country).
é seguramente o disco mais seguro da natalie merchant.
seguro na voz.
seguro na criteriosa escolha de canções (a que pomposamente chama 'a collection of traditional & contemporany folk music'
seguro nas pequenas e suficientemente explicativas notas que acompanham cada canção.
este disco é muito mais que um repositorio de canções folk.
este disco é um grande disco.
&%$! Quick Time 7! Help!
Argadecidomentos.
29 de março de 2006
Viva o Pipinho!!!
Para pôr na mala e levar para casa"
O Pipinho é o nosso Tiago.
Fez hoje anos e teve o cuidado de o esconder a todos nós!!!
Grande cabrão!!! Os carneiros são assim..telhudos e esperemos que tesudos, para bem da sua querida.
Parabéns Filipe!!!
Bebe um copo por nós, ou bebemos nós por ti, ò grande brasa!!!
(cito)!!!
Muitas felicidades porque tu sem dúvida és das pessoas que merece muitos mimos e ser muito gostado. E parabéns à querida por ter uma brasa em casa:)
Abeijos e braços!!
a janela para o mundo está embaciada
de acordo com organizadores, foram 3 milhões.
de acordo com o bom senso deverão ter sido cerca de dois milhões.
seja qual for o ponto de vista, foram muitos.
ontem, ao ver a reportagem da rtp sobre o assunto, ficamos com a impressão que não passou de um grupúsculo de 200 'vândalos' que deram duas palmadas no operador de câmara da rtp.
90% do tempo ocupado com a reportagem foi a falar do grupo de vândalos que deram duas palmadas no operador de cãmara e do que os crs (os choques franceses) fizeram para os encurralar.
do resto, nicles, nestum, nepia, nada.
o umbigo dos jornalistas continua do tamanho do mundo.
e a janela para o mundo continua embaciada.
A minha vizinha e eu
Ontem às seis da manhã acordei. Ouvi um barulho estranho. Pareceu-me a cadela da frente a querer entrar em casa e os donos não acordarem. Fechei a janela. Continuo a
ouvir o barulho. É a vizinha a gemer como uma desenfreada. Como não ouço móveis a caír anoto: é uma queca. Pronto está ali uns vinte minutos a gemer e já está.
às sete da manhã acordo: um encore. Desta vez nunca mais acabava. Até me apeteceu bater palmas. Depois foi um enorme duche precedido por um grande suspiro.
Estranhei duas coisas: não ouvir o marido, Geralmente ouço-o é a ele. E não ouvir a cama chiar. A cama deles chia muitissimo. Também estranhei o horário e a barulheira da queca, tenho em conta que tem crianças pequenas no quarto mesmo ao lado.
Vamos a uma suposição. Será que não era o marido e ela prevaricou? Se foi bato-lhe palmas de pé.
28 de março de 2006
les temps des cerises (ce n'est qu'un début)
várias vezes ao longo da história o foi.
de 18 de março até á semana sangrenta de maio de 1871.
de 22 de março em nanterre até ao maio de 68
das manifestações de março de 2006 contra o cpe que já anuncia greves gerais no ensino e no trabalho.
por vezes são pequenos incidentes que alteram a hitória.
na verdade, o primeiro incidente que deu origem ao 22 de março de 1968 (ocupação da universidade de naterre e começo 'oficial' do maio de 68), tinha-se passado um ano antes a propósito do regulamento que impedia os alunos de entrarem no edifício das alunas.
a partir daí a contestação nunca mais parou, criando a célebre palavra de ordem ' que dit aron c'est con', a propósito do 'deus' da cultura oficial francesa raymond aron cuja 'filosofia' era destilada por quase todos os professores.
poucos meses depois, e na sequência de um colóquio com willian reich, os estudantes ocupam o edifício das alunas.
nunca mais parou até maio do ano seguinte.
com muito mais e mais complexas reivindicações.
e os operários incluídos (depois da determinante inclusão da renault na luta)
hoje as manifestações anunciadas e a irredutibilidade do tradutor de pessoa para a lingua francesa travestido de primeiro ministro fazem prever tempos de muitas cerejas.
a ver vamos
A gargantilha roubada
Muitas horas mediavam já entre captura de Jorge e a inevitável ida para a 3ª Esquadra da PSP do Funchal, imenso, aliás, tendo em conta que entre o crime e a dita, só tinha passado o tempo que levava a dobrar a esquina e dar de caras com o cívico de serviço permanente ao Banco de Portugal. O azarado larápio, após efectuar um roubo por esticão, apoderando-se de uma gargantilha de ouro que reluzia no pescoço de uma turista, encetou uma fuga abruptamente travada pelo choque com agente de serviço à Instituição. Este, logicamente, viu logo que, a julgar pela velocidade, a correria não seria fruto do treino para a S. Silvestre; essa é uma prova de fundo. A seguir, já se imagina. A vítima acusou-o de roubo, ali no local e o Jorge lá foi dar com os costados na Esquadra.
Cumpridas as formalidades da detenção, antes de se iniciar a feitura dos autos respectivos, cumpriu-se o ritual da revista integral ao arguido. Desde a inevitável navalha, bem afiada (dizem sempre que é para cortar a fruta, depois de almoço, porque será!?), ao sacramental charrito e claro a sempre amiga “mixa”, que o Jorginho era multifacetado e não se dedicava só aos puxões, mas da gargantilha, nada. A senhora apresentava ainda as marcas do puxão no seu pescoço, branco ariano que seria imaculado, não fora os vergões encarniçados provocados no momento do ilícito.
- Onde está a “ourina” – perguntou-lhe o Tavares, recém promovido a subchefe e que fora colocado na Madeira em regime de deslocamento.
- E eu sei lá o que é isso; sei lá do que está a falar – ripostou o “gandim”.
- A “ourina”, sabes muito bem o que é. Cá, como lá no Continente, o significado é o mesmo, não te armes em anjinho e toca a falar.
- Não tenho nada comigo. Pode tornar a revistar-me. Já viu que não tenho nada. Não roubei nada, não sei porque estou aqui.
- Há várias testemunhas que te acusam, logo, não venhas para cá com cantigas. Confessa logo o que fizeste à gargantilha que roubaste antes que me salte a tampa, ouviste!? – O Tavares estava a começar a entrar em ebulição, mas o certo é que o tipo não tinha mesmo nada com ele. Teria ele lançado o produto do roubo para algum bueiro ao ver-se caçado pela polícia?
Entretanto, um dos turistas que acompanhavam a vítima, à custa de um alemão misturado com inglês e com muita mímica à mistura, lá desvendou como o meliante se desembaraçara do ouro. Quer dizer, não foi bem desembaraçar, foi mais esconder. O tipo tinha metido a jóia na boca e tinha-a engolido, nem mais! Agora, ali estava o traste, com ar de “engole espadas” e a gozar o pagode.
- Como é? Tens essa mera no bucho, não é?
- Venha cá ver se apalpa alguma coisa. Pode ser que chocalhe…
- Eu é que te chocalho seu cabrãozito… ainda estás a gozar!... – o Tavares estava prestes a entrar em órbita.
Entre uma série de berros e de o informar que iria fazer um raio-x no hospital e que lhe seria aberto o estômago e os intestinos caso o colar não saísse pela cloaca do larápio, eis que entra um oficial superior do comando, trajando civilmente, tido por ser mais duro com os seus subordinados que propriamente com os criminosos, tudo à custa da “boa imagem” e dos direitos dos arguidos que não poderiam ser expostos ao que ele chamava de “humilhações desnecessárias”. A imagem de defensores de todos os direitos, à luz da sua interpretação desses direitos, não admitia que se aumentassem os decibéis das questões feitas perante evidentes criminosos.
- Pronto, já vai haver merda, disse alguém entre dentes.
- Eh, Pá! Pois é, está tudo estragado.
- Então que se passa aqui? – a frase fora dura, mas curta e logo não deu sequer para se denotar a gaguez do oficial. Sim, porque o senhor, patinava a fala, em especial em situações que impunham mais celeridade no diálogo ou quando o clima era mais tenso.
- Meu Comandante, boa noite. Está ali aquele “melro” que roubou uns turistas que estão ali dentro. “Esticou” uma gargantilha em ouro que não aparece e ele nega-se a dizer onde está. Suspeitamos que a tenha engolido.
- E é assim que...que...que se resolvem as coisas? Queeem quer que pa...a..a..asse lá fora, pen...en...ensa que estã...ã...ão aqui a to...o...orturar al...al..guém! Quem oiça a grita...a...aria, que pensará? E estes se...e...enhores? Lá no país de...e...eles não estã...ão habituados a estas co...oisas. Acham que vão fa...a...alar bem dos métodos da po...o...olícia portuguesa pe...pe...perante esta vergonha? Que imagem quer o Sr. Su...su...subchefe que eles levem da Madeira? – escandalizado, o oficial lá continuou o seu discurso, longo e censurador, uma autêntica ode à boa prática de interrogatórios policiais, rematado com um mini tratado de abordagem a um ladrão. O Jorginho estava alheado com a chegada deste salvador. Com um bocado de sorte, o “Garganta Funda” ainda ia seguir o seu caminho em paz e mais tarde lá aliviaria o produto do roubo, algures no meio de um campo de bananeiras, mas se aquela “treta” ficasse dentro do bucho ou da tripa fétida, a coisa poderia ficar feia. O seu semblante era visivelmente de preocupação perante a possibilidade de ter de expor as suas entranhas à curiosidade alheia. Ninguém lhe garantia até que, caso tal sucedesse, que um dos assistentes do “evento” tivesse já sido vítima de uma das suas “diabruras”. O tipo estava preocupado e sob esse ponto de vista, tinha razão e quase dava dó, só de pensar. O “anjo salvador” aproximou-se então junto dele preparando-se para demonstrar como se lidava com este tipo de situações. Parou mesmo diante do malandro, que permanecia sentado, entrelaçando os dedos, visivelmente nervoso e alheado do episódio anterior. Jorginho permanecia de cabeça baixa.
- Entã...ã...ão rapaz, vamos lá con...on...onversar então – o benévolo oficial, mandou afastar os dois guardas que ladeavam o detido e colocou-lhe uma mão sobre o ombro – vá lá filho, conta lá o que se passou. Estes senhores gua...a..ardas não te ba...ba...bateram, pois não?...
O discurso estava fora da esfera de compreensão dos turistas que apreciavam a cena, sem entender bem o que se passava pela barreira linguística que nos poupava à vergonha e pela gagez acentuada, porque para os restantes, tirando uma ou outra palavra, já não era novidade. Apre, aquela era a versão mais lírica do “polícia bom” e do “polícia mau” que alguma vez eu apreciara. É que ela só é aplicada quando não se tem muita informação ou certezas acerca dos suspeitos, mas este, mais que suspeito era um arguido prestes a pedir que lhe fizessem uma lavagem ao estômago antes que empancasse a tripa. De repente, o mitra, apercebendo-se que a “guarda de honra” estava desguarnecida, endireitou o tronco e deparou-se com uma cara, bem à sua mercê e a pedir um afago nas faces. Aplicou um valente soco na cara do seu interlocutor que caiu para o lado desamparado enquanto os seus óculos descreviam uma parábola, desfazendo-se nas pedras da calçada da parada. Claro que o atrevido, foi logo dominado e evitou-se a sua fuga pela porta do Comando e após ser algemado, foi novamente sentado, sem que fosse molestado, após a agressão ao “maior” da casa, cumpriu-se a sua vontade de manter os direitos do arguido. Ferido, o oficial, escondendo o local da cara atingido por tamanha “pêra”, apontou para o ladrão e visivelmente afrontado lá disse a custo - Fo…ooo…oddda…asss.... pre.. pren… preen…prendam esse gajo - e foi-se embora, entre os risos abafados de todos os presentes (sem excepção, acho eu).
Por exemplo, um rouxinol.
bom dia !
- um descafeinado?
- não. um café e um nata.
- ah!, um abatanado!
- não. um café e um pastel de nata.
mas eu tenho cara de quem pede coisas com nomes de abatanados?????
Parabéns sobrinhito do Porto!
Às vezes temos sorte e reatamos o contacto. Outras vezes não.
Por isso quero dar parabéns ao André pelos 31 anos dele.
Que tenhas um dia de anos óptimo cheio de mimos da tua mais que tudo:)
Beijinhos e vou-te convidar para escreveres aqui connosco.
27 de março de 2006
acordai, homens que dormis
muito menos ao adormecer.
tal como o abs e o braga, cantei isto alguns anos (em tenor, no meu caso) e a rir interiormente do estilo literário.
de facto, era bem melhor a função que cumpria que a forma que utilizava, mas enfim... não era disto que queria falar.
eu acordo ao som da tsf e da música, dos anúncios e das notícias que eles escolhem.
desligo o rádio quando me levanto.
e não volto a escutar sons emitidos por rádios ou televisões antes de entrar no carro.
aí é que a coisa se torna mais complicada.
é que não tenho absolutamente nenhum critério para a música que oiço pela manhã (como podem já ter verificado nuns postes que costumava postar aqui sobre as minhas escutas).
a existir alguma regra, essa será ouvir o mesmo disco que ouvi na noite anterior.
a acreditar neste princípio, a música que ouvirei amanhã será graças a claudio monteverdi ter composto uns madrigais aqui há muitos anos, e a um grupo italiano os ter gravado num concerto na córsega.
afinal há coisas fáceis e simples de explicar.
A corda... a corda...
Mas se ouvisse música ao acordar poderia ser de qualquer tipo porque o castigo de ter de me levantar já seria suficientemente cruel.
El tpc
Só quando chego ao carro e ponho na Radar.
No trabalho oiço.
Mas existem musicas especificas para ocasioes. São tantas... as musicas e as ocasioes.
Que tpc mais fraco..vou levar negativa e vou ter que postar outra vez...
Acordai...
Tinha pinta se fosse, não era? E não é.
No meu caso é bem mais prosaico:
Ta ta ta-ta-tari-taaaa ta-ri!
O indicativo do noticiário da TSF das seis, seis e meia ou sete, consoante os dias...
Acordar
Quando entro no duche já o Godinho canta... Boa noite amigos, companheiros, camaradas... a vida é feita de pequenos nadas.
a vida não está fácil, dizem
é uma sensação irritante.
não sou dessas coisas. acho eu
tenho por hábito resolver um problema de cada vez que ele se me aparece.
e não me preocupar por antecipação.
respeito a regra do outro que dizia, e citando de memória, 'um problema só existe quando estão reunidas as condições objectivas para o resolver'.
no entanto, a semana passada tive uma espécie de sucessão sucessiva de péssimas coisas a sucederem-me sucessivamente.
teóricamente era uma semana excelente.
férias a tratar da casa de fajão.
não fora o péssimo tempo
não fora a vizinha a queixar-se á câmara que a casa estava alta
não fora as negociações com o arquitecto e o engenheiro da câmara e a dita vizinha querida e o seu adorado esposo, sobre a altura, o derrube, o voltar atrás, o negar o acordado, a decisão de não construir mais nada e deixar tudo como estava.
isto a juntar ao surrealista da vizinha em questão dizer que me adora, que sou como o irmão que ela não teve, que adorava os meus pais e outras delícias para disfarçar que o que quer mesmo é que lhe pague o projecto para alteração da casa dela.
como se não bastasse passei os dias a ver filmes a atirar para o depressivo a acompanhar o péssimo tempo que não me deixava fazer nada do que tinha decidido para ocupar os meus dias por lá.
no final da semana estava mais em baixo que uma perfuradora das minas da panasqueira.
filezmente a semana acabou com uma sexta feira longa e excelente.
é bom quando acaba assim.
faz-nos muito bem.
Acordares
Às vezes no táxi ouço rádio. Muito variável, mas salvo raras excepções não é música.
Devo confessar que de manhã não gosto muito de ouvir nada. Nem de ouvir música no trabalho. A não ser que não esteja a trabalhar e aí tudo bem.
Mas até gosto de música. Alguma.
propor um tema numa 2ª feira de manhã? quando ainda só consigo pensar que a semana mal começou & que nunca mais acaba!
bem... seja: "que música ouvem quando acordam?
nos dias em que me levanto por obrigação, gosto de ouvir música agressiva (tipo: Melvins, Clash, Einstürzende Neubauten, etc...) que me desperte rapidamente para o dia que se aproxima.
nos dias em que só me levanto para por música, fazer o pequeno almoço para 2 & voltar para a cama prefiro músicas que permitam que a conversa nasça enquanto se come o pequeno almoço.
26 de março de 2006
Frente ou verso?
Porque é que teria sido guardado?
Estou indecisa entre estas duas notícias.
E que jornal seria? 1928, mas do Porto. Penso eu.
Ou não?
Dias com horas roubadas
O dia passou a correr!!!
E não fiz nada de rentável. Deveria?
Abeijos e braços e boa semana.
Os vagares de março
Mas estou me perdendo. O verão e as águas, era disso que eu queria falar. Bem, este verão aqui no quadrante sul esteve forte, esteve rijo - de calor e de águas. Acabou oficialmente às três e meia da tarde do dia vinte, mas esqueceu-se de ir embora: continua aqui, quentando e aguando o cocoruto da gente, sem dó nem piedade. De quinta para cá, choveu todos os dias - chuvas fortes, águas de março a toda prova. E todos os dias a temperatura esteve acima dos 35 Celsius.
A gente fica preguiçoso. Eu fico. Arrasto-me até ao trabalho; vou às aulas maldizendo tudo; em casa, fumego sobre os lençóis até adormecer e acordar encharcado, como se tivesse tomado chuva. Toca o telefone e eu o olho, desesperançado; atendo quase ao último soar. Falam comigo, e primeiro as palavras têm de atravessar as nuvenzinhas de vapor que emito, antes que me alcancem; e depois, para que eu as entenda, têm de esperar um tanto mais. Sento-me à frente do computador, e tenho de atravessar, antes de começar a trabalhar, quinze segundos de perplexidade: quem sou eu?, que faço aqui?, que máquina é essa? Serenado o coração, começo. De má vontade.
Pode ser esse o segredo do fracasso tropical. Da tristeza tropical: Claude Lévi-Strauss foi um dos primeiros professores da Universidade de São Paulo. Não suportou o calor, fugiu, e escreveu um livro falando mal dele. Mas também pode ser que eu esteja ficando velho, e meus genes comecem a implorar pelo que ainda guardam: os frios do lago de Como, o fedor de Veneza, o vento do vale do Pó. Chi lo sà?
Enfim, hoje arrefeceu. Já me sinto mais senhor de mim; já me animam algumas vontades. Vim, portanto, a toda brida - que não é muita ainda - dizer à Teresinha que não, que não vos abandonei; abandonei-me, como vistes, foi a mim mesmo. Culpa da canícula, da cachorrinha. Mas o outono dará de vez o ar de sua graça - São Paulo é mui tolerável no outono, conquanto pare de chover - e eu, refrigerado, seguirei aparecendo.
E lendo o Fradique Mendes. Que livro excelente.
Beijos & abraços aos respectivos recipientes.
Dias Alegres
Dito isto, um apetite voraz apoderou-se da maior parte das pessoas que não descansaram enquanto não engomaram cuidadosamente a pele superfical dos seus corpos. Quando concluiram, via-se que estavam felizes. Pela minha parte, se lá me encontrasse também faria o mesmo. E também ficaria feliz.
Laura by Preminger
Há filmes a que não resisto.
Sempre que vejo um pedacinho do "Laura", agarro-me e consumo-o de novo. Hoje foi na RTP2.
Sim, gosto dos filmes ditos "noir". E daquele amor quase maldito, que nasce quase necrófilo por um rosto e por aquele quadro.
Quando ela reaparece, de impermeável que eu imaginei sempre amarelo sabe-se lá porquê, ambos se iluminam: o detective e a presumível vítima. Ou a assassina. Quem sabe?
A cena do interrogatório, quando o rosto de Laura fica todo branco e encadeado comove-me sempre. Ele quer saber a verdade. quer ter a certeza de que a pode amar.E ela deixa-o sem convicção alguma. Dá-lhe prazer essa incertitude.
Mas o filme é todo excelente. Desde o Vincent Price ao Clifton Webb, à música, aos decórs, ao maravilhoso encadeamento de cenas.
Li o livro, que é uma novela escrita pela Vera Caspary. É dos casos que o cinema ultrapassa o que foi escrito. Em parte pela extraordinária beleza da Gene Tierney. Ela nem tem que falar muito. Basta ser. É das mulheres mais lindas já filmadas. Ela diz tudo aquilo que não está dito, nem escrito. Ela é.
25 de março de 2006
Identificação do Autor
Mais um post em papel, em modo “identificação do autor” [auto-identificação].
A mesa identifica-me: seja em casa, numa cafetaria, restaurante sempre a mesma coisa: café e água ou chá e água entornada, jornais em monte, relógio e telemóvel à frente, mapa de Lisboa por baixo, mochila aberta ao lado. Política, crónicas, magazines, cultura: leio tudo. Envio de SMS sempre pelo meio da leitura. Dispersão diletante entrecortada pela ansiedade de fazer alguma coisa útil.
Lisboa, 14:01
24 de março de 2006
Sono e Lado Negro e Animal
É exigente: escuridão absoluta, absoluta mesmo. Ruídos moles mas nunca nada repetitivo. Trânsito e aviões: ok. Uma frincha da janela aberta; ou a janela aberta durante três minutos antes de me. Roupa de cama pesada: três cobertores do tipo albergue dos sem abrigo. Cama não larga ou com companhia, quente e macia.
Lado Negro
Os maus sentimentos genuínos: o ciúme, a fraqueza, a cobardia, a irresponsabilidade, a preguiça, o pessimismo e o optimismo patéticos.
As incoerências tolerantes com o assassínio. A tolerância para com a “não gravidade” da prostituição. A condescendência com os “coitadinhos”.
quem ou o que o acalma: N/A
Animal
Nunca tive. Sou.
Irritações e bichos
Irritações
O que me irrita provavelmente é o que irrita quase toda a gente e que já alguém referiu aqui: pessoas mal educadas, chicos espertos, tagarelas, as intolerâncias, vaidades, os maus tratos a animais e crianças, o George W. Bush, as ruas cagadas pelos cães...
Além disso, irrita-me que me empurrem, que se colem a mim nas filas, que me façam cócegas, que me toquem na cabeça, que me pressionem. Irritam-me pessoas que confundem o à com o há, que deêm erros ortográficos (a confusão típica do chegas-te/chegaste é um clássico). Irrita-me quando as pessoas dizem: "Tenho um amigo meu" ou as mulheres a dizer "Obrigado". Não gosto quando algumas pessoas me tratem por tu.
O que me acalma? Falar com a família, um gesto de carinho, o silêncio quando é preciso.
Bichos
Tive um cão quando era miúda que se chamava Willie, por causa do cão do Sport Billie (ou será Billy?). Era um bicho simpático que não podia estar preso ou usar coleira, porque ficava imóvel quando se sentia preso, só tremia. Corria atrás do carro, quando saíamos e ele não podia ir. Morreu de esgana, ou melhor, o meu pai teve que lhe dar uma injecção de 605 Forte quando ficou paralisado pela esgana. Ainda hoje lembro as lágrimas do meu pai, numa das poucas vezes que o vi chorar.
Agora temos um Lucas que está em casa dos meus pais. Uma vizinha deu-o à minha mãe há 12 anos quando eu vim para Lisboa, acho que foi uma espécie de substituição. Acho que os meus pais gostam tanto dele como das filhas. Está a ficar velhote, sem dentes e com os bigodes brancos, mas sempre meigo, inteligente e obediente. Conviveu ainda uns anos com um gato amarelo tigrado chamado Biju que morreu das mazelas da pancada com os outros gatos. Era um gato simpático porque dormia no nosso colo e nunca nos espetou as unhas.
Bichos e gente
Quando eu era pequenina, a minha mãe gostava que eu rezasse antes de adormecer, e ajudou-me a construír uma espécie de oração. Eu tinha sempre o problema de ser um ror de gente e animais. Mas fazia-me sentido desejar algo de bom às pessoas antes de adormecer e ia mudando a lista. Sempre nela estiveram incluídos os animais.
Desde bebé e até aos 18 anos tive cães. Ainda tenho saudades do meu Chico e da minha Arlette (em homenagem à candidata presidencial) que morreu ingloriamente de esgana. Chorei baba e ranho pela Arlette e foi a primeira vez que me deram um calmante e também um pastor alemão para compensar, o que o meu pai recusou. Tinha razão, claro.
De gatos só tinha a referência de lhes ter entregado a chupeta a mando da minha mãe e ter voltado a revolver o jardim à procura dela. Fiquei lixada deles serem tão rápidos a caçá-la. Chorei muito nessa noite e durante muitos dias ainda procurei por todo o lado a minha querida chupeta.
Quando vim estudar para Lisboa, estava numa escola onde havia muitos gatos. Eu achava-os lindos embora não percebesse o funcionamento. Uma vez a senhora da secretaria ofereceu-me um e eu fui toda contente com o Flash Gordon ( todo malhadinho)para casa.
Eu afeiçoei-me ao bicho. Não percebia porque se escondia tanto. A primeira vez que o ouvi ronronar pensei que estava de caganeira e toca de o meter no litter. Tadinho. . Ainda o passeei de trela na rua, mas ele colava-se ao chão e não avançava. Estava sempre a pendurar-se nas janelas e a cair à rua.
Uma das vezes que caíu desapareceu quatro dias. Corri o bairro todo e enganei-me e trouxe outro gato igual. Mas a minha mãe disse logo.."Não é o Flashinho!!!".
Passados os quatro dias, já o tinha chorado como Deus manda, o americano do 3º andar telefona e diz "Está o seu gato miando à nossa porta". Eu abri a porta e ele subiu num ápice. Porco, esfomeado e inteiro. A tresandar a gatas. Devasso!
Depois veio a Morcega. Toda pretinha e muito pequena. Foi encontrada na rua e eu achei que ia tratar dela e entregá-la a alguém de ois. Puro engano. Viveu comigo gloriosos quinze anos. Depois de ser operada, ainda conseguiu parir um gatinho (falhou um ovinho ao vet) e achava que eu era mãe dela.
Agora o Vicente, gato-cão, a Mona , gata muito maltratada e psicótica e com receio de tudo e todos, (só começou a ronronar aos 3 anos) e a pequenina América rainha deste esquadrão de três.
Fazem companhia, sentem sempre quando estou doente e triste, adoram que eu esteja quieta. (o que é raro).
Gostam do aquecedor, odeiam o aspirador.
Se eu gosto mais de gatos ou de cães? Gosto de todos acho eu, mas num apartamento só concebo ter gatos.
Eles adoram estar em casa. A casa é mais deles do que minha.
O Vicente está a ficar velhote, outro dia já reparei nisso. O tempo voa. E custa muito ver morrer um bicho nosso.
E é isto. Reparei que aqui misturo família e bichos. Todos nós os cinco adoramos bichos e todos temos em casa. Até os meus sobrinhos. Somos uma família abichanada. Completamente.
Alguém dizia que o nível civilizacional de um país se via pela forma de proteger os seus animais. Devemos estar nos últimos lugares. E espero que não comecem a abandonar e matar gatos e aves por causa da gripe aviária.
Saturday - Ian McEwan
[...]
Ah, love, let us be true
To one another! for the world, which seems
To lie before us like a land of dreams,
So various, so beautiful, so new,
Hath really neither joy, nor love, nor light,
Nor certitude, nor peace, nor help for pain;
And we are here as on a darkling plain
Swept with confused alarms of struggle and flight
Where ignorant armies clash by night.
Matthew Arnold – Dover Beach (1867)
Manhãs de sexta
Sorte, não é?
Depois vir a correr trabalhar, porque era dia de entrar cedo.
A correr para o táxi, sim hoje caguei para o ambiente e economia, vi uma cena maravilhosa: dois donos de cães a dizerem, "quem passa primeiro?" . E dois caniches exaltados foram pelo passeio e o canzarrão enorme com uma certa vontade de trincar os caniches foi pela estrada.
Pensei de mim para mim. Tudo na vida se devia resolver assim . É só determinar prioridades.
Hoje é dia do Josef amandar tema. Se faz favor, proceda em conformidade.
23 de março de 2006
VENEZA mereceu CASANOVA
Será que Casanova merecia este filme?
Casanova anda no cinema desde 1918. O filme mais famoso, antes do de Felini (1976), foi um com o ai jesus das meninas dos anos 20, Ivan Mozzhukhin, em 1927. Desta data para cá as fitas não pararam nem vão parar.
Fui hoje vê-lo e não o desrrecomendo. Ao fim e ao cabo é uma homenagem sentida e divertida à cidade e ao filósofo e amador profissional...
A minha opinião em http://www.kinoparadiso.blogspot.com
O meu lado negro
Tenho mau feitio.Quem não tem?
Adoro imaginar todas as criaturas arrogantes (chefes, vizinhas mal educadas,outros) no WC a esforçarem-se imenso para fazerem o nº2.
Tenho ciúmes do ar que respiram, das pedras que pisam, da Lua que ilumina as pessoas que mais amo. É horrível...Mas são preciosas!Intocáveis.
Detesto ser pressionada.Afinal sou Aquariana.Capiche?
Que me tratem como se eu viesse de outro planeta...Acho o ET simpático, mas juro que não é da minha familia.
Odeio que maltratem crianças,animais.Detesto cinismo, a mania das grandezas ,abusos de confiança, a falta de justiça e de verdade.Afinal sem a verdade és um perdedor.
Volto ao meu estado normal:
Quando vejo o sorriso do meu namorado;
E penso que o mundo pode ser bem melhor um dia.
Toumairritar!
Irrita-me que alguns se achem no direito de fazer juizos sobre mim só porque a minha opinião é diferente da deles.
Irrita-me a sobranceria e o desdém.
Irritam-me os meus dois filhos quando andam ao estalo...
Irrita-me a fuga à responsabilidade, o "lambe-botismo"...
Irrita-me a falta de profundidade do pensamento.
Irrita-me quem acha que é pimba aquilo de que não gosta e tece grandes elogios às suas escolhas pessoais.
Irrita-me quem ache que é sumidade suficiente para definir o bom e o mau.
Irritam-me os críticos profissionais.
Tudo isto faz despertar o meu lado negro, de ruinzolas...
desperta quando oiço entoar loas ao disco sobre o lado escuro da lua; quando vejo filmes de merda como os três 1ºs episódios da guerra da$ estrela$; quando me perguntam pq só me visto de preto; quando tentam fazer de mim parvo; quando alguém simula uma falta num jogo de basket & depois me diz que eu fiz mesmo falta (fico com vontade de, na jogada a seguir lhe dar mesmo, para ele aprender a diferença entre falta e simulação); quando alguém me diz que "tens de subscrever a tv-rabo para ver 56 canais de tv!", mesmo depois de eu lhe ter explicado que não tenho paciência para ver teelvisão; quando oiço adeptos dos 3 grandes clubes de futebol a queixarem-se que são "roubados" pelos árbitros; quando oiço tipos a queixarem-se por descontarem 40% para o IRS...
e quando me acusam de ser "radical" por dizer que não gosto de algo que deveria ser suposto eu gostar!
& quando tenho de levar com tipos estúpidos a armarem-se em chicos espertos!
& quando...
é melhor parar por aqui. começo a descobrir que esse meu lado consegue despertar do seu sono com, uma cada vez maior, facilidade.
o que me acalma: ouvir um cd, com o som bem alto; fotografar; jogar basket; os mimos da minha mulher; ir para a praia ouvir o mar; dormir; ler; etc...
Estado de espirito
ando sempre com o lado negro ligado. Faço a cabeça de certas pessoas explodir a intervalos regulares de tempo. Ou faço-lhes clisters com objectos quadrados.
normalmente, passo-me com as injustiças do mundo, o que implica que ando do lado negro grande parte do meu tempo. Não vale a pena enumerá-las...são muitas.
Para desligar: estar com namorada, amigos, cerveja ou qualquer outra bebida alcoolica, doom 2.
Clique.
Não consigo ver fazer mal a alguém, isso desperta o que eu tenho de pior. Nem ver maltratar um animal. Isso vira-me do avesso.E faz-me agir.
Duma forma menos hard: a esperteza saloia enerva-me e cansa-me a cabeça. A má lingua repetitiva também me chateia um bocado. Não vou falar do Paulo Coelho, nem das novelas, nem do Saramago, nem das pessoas prepotentes, incompetentes e salientes. Não aprecio mentiras e quem as pratica, nem admito ser manipulada. Isso aborrece-me verdadeiramente. Assim como gente pequenina de cabeça. Mas nesses casos, clique e adeus ,adeus ò vai-te embora.
Desperta-me o dark side o ver uma situação que não consigo resolver. E que gostaria de (As defesas profissionais nunca funcionam a 100%). É impossível não sermos tocados por situações com que nos confrontamos e que sabemos não terem solução, porque este é um pais de papelão, em que a solidariedade humana só por si não basta.
Geralmente toda a gente estranha quando se deparam com o meu lado furioso: estão habituados a ver-me bonacheirona. Depois evitam repetir a experiência.
Quem me acalma? Estar com os meus amigos, a minha sobrinhada, fazer figura de palhaça Circo Chen para a mais pequenita, estar simplesmente sozinha, andar à chuva por ruas planas, dar pontapés a um calhau, fazer festinhas à gataria e sobretudo fazer clique e desligar.
Escrever no blog também me faz bem.Eu gosto e gosto de vocês todos. Sobretudo dos que gosto mais !!!!!
O rosto da verdade
The dark side of me
A quantidade de vezes que já me imaginei a usar o sabre de luz do Darth Vader... Com requintes de malvadez! Um RPG ou uma descarga de napalm. risos
A vantagem é que não costuma durar muito tempo. Pode é ter efeitos permanentes!
Quem pode resgatar-me o sorriso? A minha sobrinha M.
Alguns amigos. Ou nada de especial, só a vontade de rir novamente.
Hoje é dia de...
okapa!
Depois, não se queixem...
E o tema é: "O nosso lado negro"
(quem ou o que o desperta, como se manifesta, quem ou o que o acalma...)
O sono
Gsoto de dormir mas se não dormir não ando rabugento. Frequentemente acontece (motivos profissionais) não me deitar e nem por isso o corpo se ressente (se o faz eu ignoro).
Devo ter os sonhos mais idiotas de que há memória. Que já procurei em livros que falam de sonhos e nunca encontrei nada que explicasse os meus.
Não gosto de dormir para lado nenhum em especial e, por isso, levo muito tempo a adormecer. Zapping infinito aos canais da tv cabo é um óptimo remédio para a insónia.
Quando era pequenote, dormia sempre de costas para a porta porque, pensava eu, se viessem ladrões eu não os via e assim não tinha medo.
Não adormeço nos transportes públicos porque tenho medo de ressonar e ficar toda a gente a olhar para mim...
Só adormeço quando quero e nunca adormeci em frente à televisão, nem a ler um livro...
Se é para dormir é para dormir... se não é para dormir não é para dormir...
Dormir muito ou pouco é-me indiferente.
No Inverno durmo tapado até ao pescoço... no Verão... também...
22 de março de 2006
Como durmo
Durmo voltada sobre o lado direito, com a mão direita sob a cabeça e em posição fetal. Normalmente, acordo assim, não me mexo um milímetro durante a noite. Quando tenho pesadelos, sei que estou de barriga para o ar. Fico um bocado a apreciar o drama, a assistir às desgraças e quando acho que já é suficiente, mudo de posição e sei que o pesadelo acaba. Poder acabar com os pesadelos é sensação é muito boa.
Adoro começar a noite no sofá e durmo em todo o lado: na cama, no sofá, no chão, no metro, no autocarro, nos carros, no trabalho... Só não consigo dormir de pé como a minha mãe.
Também gosto de ler na cama e acordar ao outro dia com o livro dobrado a magoar-me as costas ou todo babado, mas agora não posso fazer isso porque a luz incomoda.
De vez em quando, vêm as insónias. Ver o tempo passar, sentir o cansaço e não sentir o sono irrita-me muito, principalmente quando tenho que me levantar cedo. Durante as insónias costumo sentir-me muito infeliz, desgraçada, tenho os meus piores pensamentos e as mais tristes ideias. Mas se conseguir dormir 15 minutos, acordo a sentir-me bem melhor e mais feliz.
Insónia
Carlos de Oliveira
eu tenho imensas insónias
O sono
Dizem que quanto mais velhos somos, menos dormimos. No meu caso é ao contrário. Em criança odiava dormir. e agora é um gosto ver-me. Ou um desgosto.
E quanto a mim, ninguém ainda ilustrou suficientemente a delícia que é fazer uma sesta, num dia de calor, uma ligeirinha baba a escorrer da boca, um gato esticado ao nosso lado, um sentir vagamente ao fundo que existe mundo além de nós, apesar da nossa breve ausência. Ai é tão bom dormir.
Já tive um namorado que era especialista do sono. Acordava com ele a ouvir embevecidamente o meu ressonar. E a fazer diagnósticos estranhíssimos sobre o assunto. Queria ligar-me a uns eléctrodos se bem percebi. Que raio de fetiches têm os médicos. Ops. Sorry.
Eu não dispenso duas coisas para dormir: uma mantinha ou édredon e uma janela aberta.E tenho efectivamente problemas de sono. Acordo e adormeço quando quero. E sempre horrorosamente bem disposta. Adormeço sozinha, em grupo, em qualquer companhia.
Não desgosto de dormir sozinha. Assim posso remexer-me à vontade. às vezes tenho pesadelos. É quando o Vicente aterra na minha barriga , ou outro gato me mordisca os pés. Não gosto de dormir agarrada, só de adormecer assim. Outras vezes não.
Gosto de lençóis 100% de algodão. Odeio sintécticos.
Ouvir os barulhos na rua enquanto adormeço faz-me sorrir. às vezes sonho que é sábado e posso dormir à vontade. E depois descubro que são nove horas e já devia estar no trabalho!
ontem foi o Dia Mundial do Sono! não faço a mais pequena ideia qual o tipo de festejos associados a este dia mas eu decidi-me por conviver com ele durante o dia inteiro. assim, passei o dia com sono & só me deitei a dormir no dia 22 de março!
já agora, um pequeno serviço púbico, sofrem de insónias? um teste para o saberem.
O sono
No inverno, de pijama
No verão, nu
Onde:
Na cama
No sofá
No chão
No carro a conduzir
Insónias nao e pesadelos quando tenho calor. Sonho que me farto. A verdade é que tenho duas vidas, uma acordada e outra quando sonho. :)
Tema do Dia!
O Sono!!! Como dormimos, onde dormimos com quem dormimos (ops), se temos insónias, se temos pesadelos, se tomamos drunfos, se temos falta de sono ,se etc..fica ao critério do freguês.
Amar Como a Estrada Começa
Amor europeu.
21 de março de 2006
Se eu pudesse iluminar por dentro as palavras de todos os dias
para te dizer, com a simplicidade do bater do coração,
que afinal ao pé de ti apenas sinto as mãos mais frias
e esta ternura dos olhos que se dão.
Nem asas, nem estrelas, nem flores sem chão
- mas o desejo de ser a noite que me guia
se baixinho ao bafo da tua respiração
contar-te todas as minhas covardias.
Ao pé de ti não me apetece ser herói
mas abrir-te mais o abismo que me dói
nos cardos deste sol de morte viva.
Ser como sou e ver-te como és:
dois bichos de suor com sombra aos pés.
Complicações de luas e saliva.
José Gomes Ferreira
Ama como a estrada começa
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.
Robert Frost
Ama, pá... raio do chato!...
Eu… pergunto:
Para onde vais, estrada?
Para onde me levas no desafio do amor?
O que escondes em cada curva?
Sucumbirei na conquista dos montes que percorres?
Não me deixarei inebriar pela vertigem das descidas?
O teu asfalto liso e recém-colocado adormecerá os meus sentidos?
Ficarei menos desperto se me iludir com a facilidade de deslocação?
E os buracos, estrada? Tens buracos?
E este “carro” que conduzo passará incólume por eles?
Achas que enjoarei com o balanço e pararei na berma da estrada para maldizer da minha vida?
E, estrada… voltarei para trás desistente?
Que velocidade devo adoptar? Depressa? Devagar?
Acabas onde, estrada?
Diz-me já, porra… Estou ansioso por saber se vou ser feliz, ou não no teu caminho…
Estrada… responde-me:
És um chato do caraças… E se amasses e esperasses tranquilamente pelas respostas?
Não és capaz de viver sem risco? Sem autocontrolo?
Não és capaz de te entregar a um amor?
Porque tens sempre de começar logo a pensar como vai tudo acabar?
Porque não vives cada momento feliz que te proporcionarei?
Porque não procuras ver a lição de cada momento infeliz que te trarei?
Eu apenas te digo que começo aqui… Para onde te levo não te digo…
Não te prometo nada… Apenas que te levo…
Se queres chegar ao fim… é contigo…
Tenho subidas, curvas, buracos, pisos de veludo, polícia atrás das moitas, tenho salteadores, lençóis de água, bonitas paisagens. Tenho pontes sobre os rios, sobre os vales… Tenho passagens estreitas, auto-estradas e, desculpa, a portagem da ordem… Mas ainda tenho mais coisas… só que não me lembro e, também, há surpresas que não posso desvendar…
Se queres chegar ao fim de mim… é contigo…
Mas aviso-te! Percorre-me com vontade de viver plenamente a tua vida. Acredita em ti! Acredita no que podes representar para os outros! Acredita que o sofrimento que te doer servirá para sentires mais intensamente as vitórias que te sorrirem… Caso contrário… nem vale a pena começar…
Ama como a estrada começa
Amo porque gosto de viver!
Amo, porque gosto de viver!
Ama como a estrada começa
Amar é...
Amar não é uma estrada...é mais um caminho serpenteando entre vales rochosos, por vezes atravessando desertos, para logo a seguir numa curva apertada chegar a um oásis de emoções...Não tem asfalto, protecções laterais, sinais de proibição, obrigação e informação...nem sequer tem passeios, passadeiras, paragens obrigatórias... Cada um segue o seu próprio regulamento, ditando as suas coimas e contra ordenações graves...Amar é um percurso a dois...e é bom. Obrigado L. pelos trilhos que temos partilhado juntos. :)
Amar??? Estrada????
Chegou o dia em que já não sou capaz. Todas as estradas foram percorridas (ou assim me parecem), do entusiasmo, ansiedade, nervosismo e expectativa já nada sobra.
Talvez por isso se acabaram as viagens. Sim, que amar não é mais do que uma viagem que desejamos interminável.
"Ama como a estrada começa"
A estrada começa sem precedentes.
Devíamos começar assim as relações, sem ideias pré-concebidas.
Amar sem a carga das histórias passadas, de “peito aberto”; não transportar para uma nova relação as questões do passado.
Será que conseguimos?
Depois, bom depois há os amores incondicionais. Aqueles que não morrem, não atenuam, perduram!
samba de uma nota só..risos
Eu vou tentar. Não sou grande especialista no tema de comentar poemas. Por isso não quero ouvir desculpas daquelas tipo " eu não sei escrever suficientemente bem", "eu não tenho imaginação", "não é preciso escrever no blog, porque há muitas pessoas a fazê-lo e muito bem" ou a mais clássica"tenho que ir dormir, tenho que ir comer, tenho que ir namorar,tenho que dar uma queca e mais conjugações imediatas do verbo ter de urgentes." Por isso se alguém me utilizar estes argumentos vai ser lapidado...
Bem vamos a comentar. Amar é fácil e custa pouco dinheiro, diz uma canção qualquer. Eu acho exactamente o contrário. Isso porque sou uma gastadeira com as pessoas a quem amo. é tão bom mimar e oferecer prazer.
Como se começa a amar? É isso que a frase me sugere. Pode ser de maneira nãoo planeada. Recordo o meu mais recente amor, a minha tubaroazinha. A primeira vez que a vi, saía a Joana da sala de partos. Vimos a bebézita e começámos todos a chorar: A mãe, o pai a avó e a tia avó (eu). Choro convulsivo que era de uma alegria feroz. É o começo de uma estrada de amor.
Com muita gente tenho caminhos, becos, vias de sentido único. Pessoas de quem deixei de gostar, por razões várias. Outras a quem continuo a adorar apesar da distância. Outros a quem nunca mais verei, como os meus pais e avó, mas paradoxalmente desses sei que a estrada nunca acabará.
Mas amar como a estrada começa. As estradas começam de tantas diferentes formas. A melhor será sem dúvida rasgar partilhas, afectos, carinhos muitos e muita tranquilidade. Não sou adepta de auto-estradas amorosas. Acredito que enquanto estiver viva amarei como amo, apesar de não ter carta de condução e perceber muito pouco de estradas. Recomeça-se...
E tenho dito .
Poema de um verso só!
por Mário Cesariny
Os caminhos da nossa vida trazem-nos até um ponto onde o que somos condiciona a nossa maneira de sentir todas as coisas em redor. As obras de arte que apreciamos são mais, ou menos, importantes para nós de acordo com os sentimentos que despertam no nosso íntimo, fazendo com que gostemos mais "dos pretos ou dos amarelos", fazendo com que cada um de nós tenha a sua própria interpretação daquilo que vê. E penso que isto se aplica a um livro, a um poema, a um filme, a um quadro, a uma música...
O que eu propunha (embora duvidando muito da receptividade da proposta...) é que cada um de vós que leia o verso que aqui deixei em cima, diga como o interpretou. Simples!...
20 de março de 2006
Sobre receitas e famílias
Era uma vez uma família de boas cozinheiras. Passavam umas às outras os livros de receitas bastante usados e com pequenos recortes lá dentro. Era uma espécie de um ritual feminino. Os homens na cozinha não entravam. Azar deles. que se entretivessem como podiam.
Eu herdei alguns destes livrinhos e anotações.
E de vez em quando gosto de os ler. Cozinhados tão elaborados que eu nunca sonharei em executá-los. Outros abreviados e simples, como este escrita pela minha avó Nené.
E para o Josef se desatar nos bolos, vou tirar uma receitinha ao João da Mata, edição de 1888.
Ele lá no túmulo, torcerá por ti.
Senão a a simplicidade e pragmatismo dos biscoitinhos da minha bisavó.
E não esquecer "bater bem até abrir olho". Com a vantagem da sua excelência
Post Surrealizo
Sim mas eu comprei amendoins tostados com mel das lojas Lidl
And just like the guy whose feet are too big for his bed
Às vezes também sinto isso quando tenho três cobertores por cima
Nothin' seems to fit
E também gosto muito de ovos da páscoa com recheio de massapão
Those raindrops are fallin' on my head, they keep fallin'
So I just did me some talkin' to the sun
E aproveitei e comi um ovinho com recheio de noz e massapão
And I said I didn't like the way he got things done
Sleepin' on the job (sempre e sonhar acordado ainda mamas)
Falei com a minha amiga Veronica que me disse que a Ferrero Rocher é italiana
Those raindrops are fallin' on my head, they keep fallin'
But there's one thing I know
É que não compreendo bem o porquê e o como do fascínio pela Nutella
The blues they send to meet me won't defeat me
Especialmente quando se tem seis de uma vez
It won't be long till happiness steps up to greet me
Yeah baby (gosto muito daqueles filmes com aquele actor a fazer as personagens todas)
Raindrops keep fallin' on my head
Também gosto de comédia britânica
But that doesn't mean my eyes will soon be turnin' red
Acho que os alemães gostam da publicidade ao Kinder surpresa
Cryin's not for me
'Cause I'm never gonna stop the rain by complainin'
Cuadrado Moka Dulcesol também é bom
Because I'm free
E as minhas Levis 507 estão outra vez sujas de chocolate
Nothin's worryin' me
Mas tenho de ir à lavandaria
[trumpet]
It won't be long till happiness steps up to greet me
Espera e verás, trouxa
Raindrops keep fallin' on my head
But that doesn't mean my eyes will soon be turnin' red
Cryin's not for me
As lentes de contacto da Johnson & Johnson são a única coisa cujo preço desce
'Cause I'm never gonna stop the rain by complainin'
Because I'm free
Lamento o passing away do Lennon
Nothin's worryin' me
"It was written by Hal David and Burt Bacharach and has been covered numerous times."
http://en.wikipedia.org/wiki/Raindrops_Keep_Fallin%27_On_My_Head
19 de março de 2006
Dedicado a quem sabe.
Ok!!!E eles , os senhores, acham pouco. Pespeguemo-lhes com estes deliciosos pitéus.
Felizmente eu não gosto de hamburguer!
Nem de salada de dedos!
Nem de ir ao japonês!
Eu avisei que era nojento
"Premier Prix
Chez Poulitzer de Saint Louis. On y sert cette succulente volaille qui devrait faire son chemin, bec et ongles, vers les sommets de la gloire gastronomique. Si l´oeuf crie "Maman" quand vous le versez sur la viande, vous êtes dans un bon soir."
Dias de domingo
O Vicente está a tentar hipnotizar-me. Pensa ele, que lhe vou comprar a correr mais latas de Gourmet, se me fixar mais de dez minutos seguidos sem parar.
Estás muito enganado ò Vicente.
E agora acho que vou ler um bocadinho.
Está tudo a dormir?
Abeijos e braços.
OS TRAPEZISTAS DE LIVERPOOL
Ainda ando a remoer a coragem de dois adeptos ingleses que vi entoando cânticos de exaltação ao seu Liverpool F.C. Nada de admirar, não fosse a particularidade de naquela noite estar um vento gelado, daquele que até bloqueia o cérebro e os tipos estarem vestidos com os calções e camisolas do clube e com umas bandeiras de pano fino. À falta de peixe frito com batatas fritas, os “beefs” lá aderiram à bela bifana e ao consagrado coirato e ali estavam eles, junto da rulote das respectivas, com uma litrada de cerveja com que alimentavam as entranhas e adormeciam a clarividência. No meio da populaça que espreitava, enregelada, para o televisor onde se via o jogo que decorria ali ao lado, no Estádio da Luz, estes teriam passado desapercebidos, já que trajando da mesma cor dos locais, loucos daqueles, em trajes quase menores, temos cá qb, agora passar o jogo todo, entre adeptos adversários, vangloriando os feitos do seu clube (não se calaram, mesmo quando o Benfica, quase no final da partida, desferiu o golpe de misericórdia nos visitantes). Talvez a velha aliança Luso-britânica tenha contribuído para os dois “supporters” serem tolerados entre a mole de lampiões que além do frio a que resistiam, viam os efeitos deste serem aumentados pela visão dos dois britânicos, ali em pêlo, sem que nada os fizesse vacilar. Há dias de sorte, digo eu. Mas, mesmo perdendo, lá foram eles confraternizar com todo o “fair-play” com outros adeptos, portugueses e ingleses.
O amor clubista presta-se a estas coisas e a natureza humana é propícia a vencer desafios, a alcançar metas, a atingir fins, competir e testar limites, sejam eles de grande importância e significado ou então coisas mais fúteis, como um mero jogo de “tetris” desses que temos nos telemóveis. Eu ando para bater o recorde da minha filha, há semanas e sinto-me muito próximo de o conseguir; sendo uma banalidade, serve de exemplo para demonstrar esse tal carácter de competitividade.
Findo o Benfica Liverpool, não demorou muito a que se esvaziasse a área envolvente na zona do Estádio da Luz. O tempo estava bom para comemorar noutros locais que não a rua. Vendo que as coisas estavam calmas no Metro, o comandante do policiamento mandou levantar a operação montada para a vigilância e acompanhamento no mesmo e tratei de recolher a minha rapaziada. O ponto de reunião era junto a uma das rulotes em frente ao Colombo, agora em tempo de levantar arraiais mas onde ainda se despachavam as últimas buchas e “bujecas”. Éramos sete e após saciarmos os estômagos com a famosa “fast-food” à portuguesa (deixem que os tipos da Mc.Donald’s se apoderem da ideia e ainda verão um dia uma versão yankee do belo coirato franshisada pelo globo), café bebido para assentar as gorduraças e toca a entrar para a carruagem do metropolitano, rumo aos Restauradores. A carruagem ia composta. Poucos eram os que vinham do Estádio. A grande maioria era os habituais utentes daquela hora, funcionários do centro comercial ou clientes que regressavam a casa, nada de gente eufórica, vinda do Estádio, daqueles que destabilizam sempre o ambiente, quer tenham ganho ou perdido. Connosco entraram cinco ingleses, todos na casa dos 35/40 anos que destoavam no meio dos passageiros não pelo seu aspecto de “bárbaros do norte”, mas sim porque entoavam cânticos, bem desafinados diga-se, glorificando o seu clube. Raios, os tipos tinham perdido mas mesmo assim, faziam um chinfrim do caraças. Bem, enquanto fosse só barulho, bastava ir de olho nos seus movimentos e no resto dos descendentes de Viriato que com ar tolerante lhes iam aturando as lengalengas. Somos mesmo um povo tolerante e hospitaleiro, pensei, enquanto os observava. Uma troca de olhares entre nós foi o suficiente para que se mantivessem todos alerta, não fosse algum lusitano mais nacionalista, armar-se em papoila saltitante, transformar-se em heroi e começar a desancar na bifalhada.
A certa altura da viagem, por entre cânticos que alternavam entre as glórias clubistas e explícitos achincalhamentos à Lusa Pátria e seus nacionais, dois dos britânicos dispuseram-se a efectuar algumas habilidades de tipo circense pendurando-se nas pegas de apoio do tecto, fazendo demonstrações de força braçal e baloiçando-se à laia de trapezistas de feira. Os “Mens” começavam a entrar na provocação mais que explícita; começavam a provocar um certo mal-estar e rapidamente se abriu um espaço em seu redor. Quem estava por perto decidiu sair dali para evitar problemas. Os destemidos ingleses, vendo os efeitos da sua acção, continuaram na sua conduta, cada vez mais espalhafatosa e aproveitaram para afastar mais alguns passageiros. A receita era óptima. Por aquele andar, à escala da carruagem, dentro de minutos teríamos um enclave britânico tipo Gibraltar, ali mesmo, dentro do comboio. A populaça já não estava a gostar muito da brincadeira e as coisas não estavam piores porque a língua dos Ilhéus era desconhecida para a maioria, além de estar misturada com valentes cargas etílicas que dificultavam a compreensão para quem percebia o inglês.
Eu observava esta cena muito próximo da fronteira do espaço conquistado pelos irrequietos senhores, tentando manter a calma enquanto jogava uma partida de “tetris” no meu telemóvel. Estava confiante que em breve os tipos se cansariam ou então sairiam no Marquês de Pombal e aí seguiríamos o grupo, para “espiar” os seus passos, não fossem fazer das deles. Ali dentro, era mais complicado intervir sem que houvesse danos colaterais e era melhor evitar confrontos entre a populaça, tanto mais que, à civil, é mais complicado actuar nestas situações. Eis quando, estando eu nestas cogitações, um dos “artistas” balança-se com mais força, bate com os pés no tecto da carruagem e no movimento descendente quase me atinge com as botifarras que trazia calçadas. Decidi que tinha de acabar com aquilo. Já estava a passar das marcas e a tolerância termina quando se entra nos limites do achincalhamento e da provocação. Dirigi-me ao “trapezista”, exibi-lhe a carteira policial e dirigi-me a ele num inglês de escola:
- Police. Enough. We will put an end to this, already.
O tipo, manteve-se pendurado nos apoios do tecto, olhou-me com desprezo total, “arreganhou” a dentuça e deve ter pensado lá para ele, o que seria que aquele peso- pluma ali em frente queria fazer com ele.
- Stop now – tornei.
- Fuck of… – o animal, além de mal-educado, era atrevido e logo encolheu as pernas para me pontapear.
Felizmente a minha reacção foi mais expedita, já que o tipo, além de já estar cansado, tinha os movimentos adormecidos pelos litros de cerveja que guardava no estômago. Segurei-lhe um dos braços e precipitei-me sobre ele, caindo ambos no chão da carruagem. Na tentativa de amparar a queda, a minha mão, em vez de assentar no chão, assentou-lhe na cara e logo por azar, era aquela em que tinha a carteira profissional, ficando-lhe marcado o distintivo da corporação na testa à laia de troféu de batalha. Os que o acompanhavam, ao ver a cena, acorreram em seu auxílio e não vinham certamente com vontade de me convidar para uma cerveja no Cais do Sodré. Mas rapidamente se viram dominados, um por um pelo resto dos polícias que iam discretamente embrulhados com os passageiros. Olhei
Acalmadas as coisas, encetado diálogo entre o mais “sensato” dos do grupo, após uns incontáveis “apologizes” das quais só acredito na sua sinceridade pelo medo de ir em cana, não pelo respeito pela autoridade, lá saíram eles, nos restauradores e mandados para o exterior do Metro, para apanharem um pouco de ar fresco e reflectir. O mais atrevido deles, à saída da carruagem ainda continuou a insistir que queria “conversar” comigo, “man to man”, lá fora na “street” e não parava de dizer que um dia ainda me iria lembrar dele. A velhota que atrás referi, ainda o atiçou mais. À nossa saída gritou toda esganiçada um vitorioso e estridente – Viva o Benfica!...
Ah! Já me esquecia; não é que o sacana do inglês me fez perder o jogo quando faltavam menos de 100 pontos para bater o recorde da garota!...
18 de março de 2006
Histórias de Pantagruel...
Gosto muito desta edição do "Pantagruel", coordenada pelo Jorge Reis e com desenhos do Pomar. Uma vez um conhecido meu viu o livro na minha sala e perguntou com ar irónico "Não guardas os livros de receitas na cozinha?" Eu ri por dentro e disse "Penso que estás a pensar noutra versão do Pantagruel" e não adiantei mais nada, porque me apeteceu gozar o pratinho:)
E a propósito do Pantagruel amigo das donas de casa e Berha Rosa- Limpo, uma vez fui a casa que pertenceu ao filho da autora (Jorge Brum do Campo e também co-autor da obra). Era um pequenino apartamento em Alvalade, com um quintal lindo e uma cozinha miníma cheia de janelas. A casa era o sonho duma pessoa que viva só.
E termina assim o Pantagruel, aquele que deve estar na sala, " E se quiserdes ser bons pantagruelistas, isto é viver em paz , alegria e saúde, comendo e bebendo com prazer, desconfiai daqueles que espreitam por baixo do bioco"
Bom sábado. E vou-me ao arrozinho de frango que cheira divinalmente.
Lavagens de .... alma
Começando pelo CORPO - a exigência é grande, e saio normalmente com as pernas a tremer.
É bom de qq forma sentir o corpo, sentir que ele (o monstro) afinal está ali, tem vida, tem estrutura e forma e que se queixa desmesuradamente ao ser repuxado das formas mais diversas. Não estou certo de estar na aula correcta - parece-me mais contorcionismo que outra coisa :-) No dia seguinte, e no seguinte, ele continua a queixar-se TODO !
Da Mente - A melhor definição que encontro é uma lavagem de alma. Saimos a cheirar a amaciador; ervas frescas, a flores. E pelo menos com uma tonelada a menos de preocupações, tensões, compressões, lesões, angústias, medos, e afins.
Estou a gostar.
Três velhas
Estavam três velhas nisto
Quando apareceu Jesus Cristo
Que vindo da sua cruz
Bateu à porta fazendo truz truz
Estavam três velhas naquilo
Quando apareceu o Danilo
Que vindo da lavandaria
Trazia cuecas prá velha Maria
Estavam três velhas naqueloutro
Quando apareceu um outro
Que ninguém sabe como se chama
E perguntou pela sua dama
Estavam três velhas sei lá onde
Quando apareceu um conde
Trazia nos bolsos um papel
E pela mão o filho Manel
Estavam duas velhas no mesmo local
Porque uma delas se sentiu mal
E foi a pé para o hospital
De onde saíu já bem normal
Estava uma só velha no tal sítio
Que trabalhava a bateria de lítio
Tinha saudades das outras duas
E procurava por elas nas ruas
Estava o nisto e o naquilo
À conversa com o mesmo local
O naqueloutro disse cheio de estilo
Que tudo aquilo era banal
Estavam três velhas em lugar algum
Quando se viu chegar apenas um
Eram para vir para aí uns três
Só que dois não apanharam vez
17 de março de 2006
Bacalhau à Ti Maria- Zé
Falamos sempre com afecto deste restaurante. Somos sempre mimados. Recordam as nossas preferências. A comida é sempre deliciosa. O serviço de uma simpatia que não é desta época.
Obrigada senhores e senhoras do Escondinho do Charquinho!!!
"Metade da nossa vida
Vivemo-la atrás de um balcão
Negociamos com a cabeça
Servimos com o coração!
A cozinha é o atelier
As cobaias os clientes
Queremos que os que entrem tristes
Saiam sorridentes
É um restaurante familiar
Levamos o bem servir a peito
Será sempre bem respeitado
Quem entrar com respeito
Vinte e cinco anos passados
Recordados com carinho
Todos vós e nós
Fizemos este Escondidinho "
Delfim Dias, Benfica, 2005
Era uma vez o Escondinho do Charquinho...
Este Natal editaram um livro a falar sobre eles.
Nada como ler a introdução...
E conhecer o prato favorito da gente...
16 de março de 2006
Santidade
Homens choradores mudem de rua se faz favor. Vão chorar para cascos de rolha.Não quero interrupções.
Amanhã vamos almoçar ao Escondinho!!! (desses restaurantes não existem registos em Coimbra, ouviste joseph manuel?)
Espero que o nosso Kino tenha resolvido os comentários.
E o Gasel vai passar a ter um cartaz, Wanted dead or alive or sem partes pudendas:)
Estou boazinha.
Durmam bem bebés!
Marramos de vez em quando uma com a outra, desde pequenas, mas não concebo a vida sem a minha irmã.
Parabéns e que tenhas um dia feliz!
Encontrei
"A um poeta medíocre que lhe mandou
um folheto de versos, Torturas da Vida,
pedindo a sua opinião
No dia dois de Novembro
vi-o numa leitaria:
achei-lhe cara de membro...
de membro da Academia
Se você procura assunto
para um futuro trabalho
não puxe pelo bestunto
nem torture mais a vida:
vá torturar o caralho!"
Ora aí está uma sugestão boa de se seguir.
15 de março de 2006
AO PANTUFA, AMIGO E COMPANHEIRO FIEL DOS BONS E MAUS DIAS QUE VOARAM
Trouxe-o Pedro para a mãe, era ele ainda bébé, um outro bébé. Deixou-nos muitas saudades, a todos, um vazio que só quem perdeu bichos é capaz de compreender. Deixou-nos ainda alguns arranhões, a mim uma cicatriz de 5 centímetros na palma da minha mão direita e imensas saudades. Como todos aqueles que amamos, viverá enquento vivermos. Até um dia destes, Pantufa.
Temos muitas saudades do nosso Gasel!!!
Quem vir este sujeitinho por algum lado, é favor entregá-lo ao Dias que Voam.
Temos saudadinhas dele! Faz-nos falta!!!
Dão-se alvíssaras a quem o localizar e proceder à sua devolução.
Pode ser avistado na zona de Faro.
Favor entregar em bom estado!!!!
Um homem não chora
Fui espreitar à janela. Estava na rua a chorar. Tinha até um aspecto normal mas completamento entontecido pelo álcool.
E enquanto soluçava, queixava-se que "ela" não lhe abria a porta de casa. E depois continuava a bramir.
A senhora da casa em frente pediu-lhe o favor de chorar mais baixo, porque os miúdos dela estavam a dormir. Isto teve o efeito perverso de o fazer chorar mais ainda. Porque a cruel "ela" que o mantinha na rua, não queria ter filhos. Foi Carmo e Trindade, chorava tipo dilúvio.
Cada pessoa que passava na rua tentava consolar o homem. Mas ele estava inconsolável.
Isto aconteceu entre as cinco e as sete da manhã. Eu acabei por adormecer e acordar outra vez sempre com o mesmo choro. Depois ferrei no sono e acordei às nove. Já não se ouvia nada.
Quando saí de casa, também já não o vi, mas as pessoas ainda comentavam o episódio.
É muito estranho ouvir um homem a chorar como um bebé.
( No caso o leitinho devia ter 40º, mas enfim....)
A tua rua
À procura de árvores de quinhentos metros de altura
Escondidas atrás de azeitonas
Da cor dos olhos azuis dos deuses...
Segui o traço negro das nuvens invisíveis
E atravessei uma ponte de lanças e pregos
Enquanto uma velha de capuz preto me prendia no cinto
Quantidade inaudível de camiões carregados de areia...
Transpirei mais de três mil gotas de suor
Que guardei em sacos sem fundo...
Encontrei um lápis de cor nenhuma
E pintei as minhas letras nas cerejas...
E decorei a tua rua
Com tantos ás, tantos émes, tantos ós e tantos érres
Que o teu acordar
Vai ser ao som de pássaros com mãos de veludo...
Virtudes
«(...)quando nos hospedámos na primeira estalagem, soubemos da divertida infidelidade da mulher de um pobre homem; vou contar também essa história.
Caído na indigência, o pobre homem apenas vivia do magro salário do seu trabalho diário; a mulher era também pobre, mas conhecida por se entregar à mais tremenda libertinagem. Um dia, quando o marido partira muito cedo para ir ao trabalho, um amante audacioso logo entrou furtivamente na casa; e, enquanto o amante e a mulher se entregavam tranquilamente aos seus combates amorosos, o marido, que tudo ignorava e nem sequer suspeitava de coisa nenhuma, voltou imprevistamente e, vendo a porta fechada, pôs-se a bater e até a assobiar, felicitando-se pela prudência e castidade da mulher.
Mas a astuta, muito prática nessas feias manobras, prodigalizou ao amante alguns beijos rápidos e ardentes, e escondeu-o num tonel meio enterrado a um canto; depois, abrindo a porta, recebeu o marido com estas palavras azedas:
- É então assim que tu voltas sem um óbolo, para andares por aí de braços cruzados em vez de ganhares, com o teu dia de trabalho, o preciso para viver e comer alguma coisa? E eu, infeliz de mim, que dia e noite canso os dedos a fiar a lã, a fim de ter ao menos uma lâmpada acesa para iluminar a nossa triste casa! Como Define, a minha vizinha, é mais feliz! Logo de manhã se farta de alimentos e de vinho, e se diverte com os amantes!
- Que dizes tu? - volveu o marido, recebido desta maneira. - Embora o mestre da oficina, ocupado a seguir um processo, tenha mandado interromper o trabalho, no entanto eu soube providenciar para a refeição de hoje. Vês esse tonel vazio, que ocupa inutilmente tanto espaço e que só serve para nos embaraçar? Vendi-o por cinco dinheiros a um particular, que não tarda aí para o pagar e levá-lo. Vamos! Por que não te preparas a dar-me uma ajuda para o desenterrar dali e entregá-lo ao comprador?
Apoderando-se da ideia, a mulher astuciosa retorquiu, com um riso de troça:
- Na verdade tenho um homem hábil, um esperto negociador, que vai entregar por um preço menor uma coisa que eu já vendi por sete dinheiros, eu que sou apenas uma mulher e mal saio de casa!
Alegre ao ouvir o preço, o marido perguntou:
- E quem to comprou tão caro?
Ao que ela respondeu, fingindo baixar a voz:
- Imbecil! O comprador está dentro do tonel, a verificar o seu estado!
Entrando no jogo daquela astúcia feminina, o amante levantou-se e disse alegremente:
- Boa mulher, será preciso dizer-lhe isto? O seu tonel está demasiado velho, e rachado em vinte sítios. E tu, quem quer que sejas, bom homem - continuou ele, voltando-se ironicamente para o marido - por que não trazes uma luz a fim de que eu possa ver, raspando a porcaria interior, se o tonel afinal me serve? Não penses que o meu dinheiro é mal ganho, para vir perdê-lo aqui!
Sm demora, e sempre sem a menor suspeita, aquele marido impagável apressou-se a acender a lanterna, dizendo:
- Irmão, tire-se daí e deixe-me trabalhar, para poder entregar-lhe o tonel bem limpo.
Com estas palavras, tirou a veste, pegou na lanterna e, encolhido dentro do tonel, pôs-se a raspar a velha borra.
Entretanto o amante, o bonito rapaz, curvado sobre a bela cujo ventre se apoiava ao tonel, acabava tranquilamente o que a chegada do marido interrompera; e a adúltera, com a cabeça debruçada para dentro do tonel, troçava do pobre marido, apontando com um dedo um ponto para raspar, e depois outro. Até que, concluído o trabalho dos dois lados, o pobre homem, tendo recebido os sete dinheiros, foi ainda obrigado a levar às costas o tonel, a casa do amante da mulher.»