21 de março de 2006

Ama, pá... raio do chato!...

Ama como a estrada começa

Eu… pergunto:
Para onde vais, estrada?
Para onde me levas no desafio do amor?
O que escondes em cada curva?
Sucumbirei na conquista dos montes que percorres?
Não me deixarei inebriar pela vertigem das descidas?
O teu asfalto liso e recém-colocado adormecerá os meus sentidos?
Ficarei menos desperto se me iludir com a facilidade de deslocação?
E os buracos, estrada? Tens buracos?
E este “carro” que conduzo passará incólume por eles?
Achas que enjoarei com o balanço e pararei na berma da estrada para maldizer da minha vida?
E, estrada… voltarei para trás desistente?
Que velocidade devo adoptar? Depressa? Devagar?
Acabas onde, estrada?
Diz-me já, porra… Estou ansioso por saber se vou ser feliz, ou não no teu caminho…

Estrada… responde-me:

És um chato do caraças… E se amasses e esperasses tranquilamente pelas respostas?
Não és capaz de viver sem risco? Sem autocontrolo?
Não és capaz de te entregar a um amor?
Porque tens sempre de começar logo a pensar como vai tudo acabar?
Porque não vives cada momento feliz que te proporcionarei?
Porque não procuras ver a lição de cada momento infeliz que te trarei?
Eu apenas te digo que começo aqui… Para onde te levo não te digo…
Não te prometo nada… Apenas que te levo…
Se queres chegar ao fim… é contigo…
Tenho subidas, curvas, buracos, pisos de veludo, polícia atrás das moitas, tenho salteadores, lençóis de água, bonitas paisagens. Tenho pontes sobre os rios, sobre os vales… Tenho passagens estreitas, auto-estradas e, desculpa, a portagem da ordem… Mas ainda tenho mais coisas… só que não me lembro e, também, há surpresas que não posso desvendar…
Se queres chegar ao fim de mim… é contigo…
Mas aviso-te! Percorre-me com vontade de viver plenamente a tua vida. Acredita em ti! Acredita no que podes representar para os outros! Acredita que o sofrimento que te doer servirá para sentires mais intensamente as vitórias que te sorrirem… Caso contrário… nem vale a pena começar…

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