zurbarán é um dos grandes esquecidos da pintura espanhola em portugal.
nao sendo basco de nacimento, dizem que herdou dos seu nome basco a tristeza, as sombras, a obcessão por figuras torturadas e crucificadas.
talvez fosse por isso... ou pela necessidade de sobrevivência que, abrigando-se entre monges, os tenha pintado, a eles e ao mundo deles, como eles gostavam de ser pintados e ver pintado.
não sei.
não estava lá e nunca falei com ele.
existem ambas as teorias e ambas com argumentos válidos.
excepto as dos que dizem que a sua arte é menos grandiosa porque a vendeu para sobreviver, pintando a esmo monges e santos, com uma fábrica de pintura como suporte.
não fizeram rigorosamente o mesmo os celebrados pintores de espanha (e dos outros países todos...) ?
mas se me atrai o ar de sofrimento, dor e fé das suas figuras, o que mais me atrai em zurbarán são os tecidos, por estranho e menor que possa parecer.
pintou-os como ninguém.
cada dobra, cada sombra, cada pormenor, são de um assombro de beleza.
olhando cada um dos seus quadros parece-nos estar a olhar para um tecido real numa cara de sofrimento ou devoção irreal.
há um contraste imenso entre aquelas texturas e a expressão dos que as vestem.
visitando o prado e olhando para as multidões em volta das endeusadas uninimidades da pintura espanhola e europeia, espanta-me o vazio em volta das obras de zurbarán.
ainda bem que as posso ver descansado.
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