4 de maio de 2004

Northfork

O Northfork é um filme sobre anjos. O filme podia ser muitíssimo melhorado. Em termos simples, a história é muito boa mas está muito mal contada. A fotografia e as imagens são boas, quanto às representações não se poderia exigir muito mais dos actores porque não lhes sobra muito para representar dada a opção por colocar a ênfase no cenário interior e, sobretudo, exterior. É um filme muito pitoresco (no sentido próprio da palavra, pictórico).

O mistério é mantido sempre por muito tempo. De facto, é mantido até ao fim o que acaba por tornar o filme ambíguo. Mas não é uma ambiguidade ambivalente: é pura e simplesmente a ambiguidade que fica de uma história que se fosse mais bem definida, ainda que perdesse um pouco do seu mistério, acabaria por se tornar mais interessante.

A montagem poderia ser muito melhor. Há cenas que deveriam ter sido evitadas e há aspectos do filme que poderiam ter sido mais desenvolvidos. Desses aspectos, a maior falha é o não desenvolvimento ou não revelação da personagem do padre. Quais eram afinal os seus propósitos? Agia por bem ou por mal? E qual a ligação dele com as outras personagens.

Os simbolismos deste filme não têm um objectivo simbólico (projectarem-nos do filme para uma realidade verdadeira e nossa) mas sim darem as únicas pistas para a compreensão do enredo. De facto, este é quase um enredo policial devido ao seu mistério, com a diferença de que as pistas aparecem sob a forma de símbolos e não sob a forma de pequenos factos.

É interessante e nem parece americano e não sei se vos aconselho.

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