30 de setembro de 2003

Noites de serviço

É chato ficar em casa à espera que as desgraças aconteçam na cidade.Sobretudo quando se tem os pés magoados dos sapatos novos e ter andado demais com eles.Mas são tão bonitos!
Espero não ensandecer e virar motard um dia destes..risos..Desculpa lá Gasel mas sou uma motofóbica assumida.
Melhor dizendo, pelo-me de medo desses bichos ruidosos.
Gostei da analogia do Figuinho:)) Ele pode ser bronco e futebolista mas giro é, ó sobrinha:)
Um amigo meu chama ao que eu escrevo aqui um ocasionário. Achei bonito e cito-o.
Sou de escrita de ocasiões de facto.
É chato também ter que estar atenta à maquina de secar roupa. Odeio aquele barulho.
Tenho um lindo tmn novo..e maravilha consegui salvar o meu número.O cartão escapou à função desinfectante da retrete.
Outras coisas. Estou a estudar os "apagões", culpa do meu trabalho.
Mas já me ri bastante com as histórias do apagão de NY. Quem me dera ter lá estado:) Deve ter envolvido muito apalpão. No mínimo.
Zoe tens razão em relação ao Outono.É a estação que me faz pensar mais. E gosto de andar pela rua a fazer restolhar as folhas secas e a pensar em coisa nenhuma.
Beijos:)
Joãozinha escreve...estou morta por ler os teus posts!!!




Volto com o Outono.

Tenho andado pouco inspirado e um pouco preguiçoso. Passada a frustração de setembro, retorno às aulas com novas preocupações na cabeça, a sentir-me que pertenço a outro lado.
Mas é finalmente Outono, espero poder compensar a ausência neste blog. É a estação que mais me faz escrever e pensar em tudo porquanto passo na rua. É a estação do deambulismo, para os passeios ocasionais com percursos ao acaso e para apreciar os pés quentes. Os pés não ficam quentes nas outras estações como ficam no Outono... E ao chegar da estação lembro-me de coisas que já estavam desabituadas a ver os meus olhos: lembrei-me hoje (reparei) que as folhas caiem das árvores ao chão, castanhas e secas. É tudo cor de melancolia e à melancolia associo conforto, o sol é mais acolhedor e o barulho é mais silencioso no Outono.

O que eu sou – Um motard teso(3)

Às vezes perguntam-me “mas o que é que agora te deu para seres um motoqueiro?”
Até agora ainda não sabia bem. Em miúdo não tinha tido uma paixão por aí além pelas motas, logo, cá bem no fundo, pensava que podia ser mesmo só maluquice minha... e dava respostas que me saiam meio ocas. “Gosto da sensação de velocidade, do inclinado das curvas, do assobio do vento nos ouvidos”, “Gosto da sensação de liberdade, de pegar na mota, dar uma volta sem rumo definido, parar onde me apetecer...” mas isso sabia-me a pouco, não havia de ser só isso!
Também podia dizer que gostava da facilidade de andar na cidade, passar rápido, fintar o trânsito, estacionar logo ali... mas até que Faro não é mau para o trânsito, pelo que esta razão também era meio oca. Podia ainda ser o gostar de concentrações, o ir ao encontro da natureza, blá, blá... mas já não tenho idade, nem corpo, para concentrações, de modo que passeatas só com pensão marcada.
Agora descobri... e já sei o que vou responder quando me perguntarem “mas o que é que agora te deu para seres um motoqueiro?”. Porque me dá tesão!
E é verdade, andar de mota dá-me tesão... não sei o que é, se é do quentinho da mota, do ronronar do motor, dos pequenos sustos que se vão apanhando... ou apenas da posição que favorece uma boa massagem prostática, mas que me dá, dá!
Acho que deve ser melhor que qualquer Viagra. Dá-se uma boa volta de mota antes do jantar e à noite fazem-se maravilhas... E digo mais, embora ainda não tenha a certeza: com as mulheres também funciona! Mais tarde vos darei notícias...

Nota: e aproveito para também responder quando me fizerem a tal pergunta “Motoqueira é a prima... eu sou um MOOOOOTARD!”

Dias de Grrrrrrrrrr

estava eu a sair de casa muito lampeira a correr para um táxi quando pensei....Porra hoje é dia de reunião com uma data de chatos importantes. Olhei para os meus pés e vi os meus queridos Nike fluorescentes!
Os meus colegas amavelmente costumam chamar-lhes os meus ténis tipo Cova da Moura.
Voltei atrás, pus sapatinho. roupinha de ver a Deus e senti-me muito infeliz.
Como custa às vezes ser funcionária pública!!!
Chuva...yes..saiu este calor maligno:)
Ed tens que pôr as tuas formigas a postar:)
E Joãozinha, queres postar connosco também?
De resto, tudo bem.
O meu signo aconselha-me a valorizar aspectos espirituais na minha vida:))
Vou tentar!!!
Beijos

Nesta noite em que pingava um pouco.

Eu já estava preparado para ir dormir, quando me chamaram do hospital.
O homem que fez tratamento endoscópico esta tarde voltou a sangrar.
Tem umas lindas varizes esofágicas, fruto de uma cirrose hepática bem regada a vinho e aguardente.
E lá marchei eu para o hospital. Vim de mota e, só a meio do caminho, reparei que pingava um pouco.
Decidi colocar um balão de Sengstaken-Blakmore. Garanto-vos que não é coisa bonita de se ver.
E foi bastante dificil de colocar.
Ele, por vingança, mordeu-me o dedo indicador esquerdo.
Por agora está tudo feito.
Se se salva, só amanhã saberemos.

29 de setembro de 2003

Hoje, fui eu ... outra vez !

No voo de cada dia, apanho as asas cartão e vou por aí procurando os ventos de norte. Pela noite me infiltro, com o escuro me confundo, mutante, morcego, vampiro, provoco o enjoo, que me tolda a visão e o estômago. Esta mania de andar de cabeça pendurada, não me parece saudável. Não consigo de qualquer forma evitá-lo. Hoje, fui eu ... outra vez !

baboseiras

Estava eu a dar ao chinelo com uma amiga minha, quando um fiarresga vem em canchas chatear-nos a cabeça.
Era um pátonho, e mal abriu as béculas só disse asneiras.
E lá fui eu ao sóto comprar traquitangas.
Um lafrau alambozava-se a um canto com um prato de pilongas
O labosarão não ofereceu nada, antes pelo contrário virou-se para nós e disse
Calhava-te.

Bem, isto não foi senão um exercício de falar fozcoense. Foi bom relembrar palavras e expressões que já não ouvia desde a minha infância

Para tradução das baboseiras acima escritas por favor ir aqui


Bem onde andam os senhores camaradas bloguistas???

Estou quase a pedir ajuda a um árbitro e ao raio de uns fiscais de linha para passar multas aos bloguistas ausentes!! Espero que se fale assim em futebolês porque eu do futebol só retenho a visão de um jogador mais bonito que me impressione a retina.
Ou mostram-se cartões?
Para mim era pancadaria e pronto:)
Açoitados!!!!Espancados! Vilipendiados! Algemados!
Bem..isto é só fogo de vista..risos.
Estou boazinha.
Quer-se dizer! Para variar:)
Beijos , durmam bem e tenham uma boa noite.
E porra tenham remorsos de não escreverem, seus crápulas como diria o capitão Haddock!!!

Dias em que os telemoveis resolvem mergulhar

Pois é, na pressa de ir à casa de banho e mandar uma sms, ouvi um baque.
E onde estava o telemóvel? Mergulhado num líquido azul da retrete. Desinfectado ficou, mas morreu. Felizmente foi antes de eu usar a dita cuja!!!!!
Salve-se o cartão..e salvou-se:)
Mas apesar de tudo Joãozinha, o futuro é belo!!! risos
Logo vou ter um rendez vous com a TMN a saber o que faço:)
De resto...já cheira a Espanha no serviço....
Embora esteja tudo branco e stressado e infeliz....Estou a destoar:)
Já escreveram os amigos madrilenos . Vamos ter boas cenas lá:)
É só bombar, como dizem os putos..risos

Triplo Duh!

O fds nem correu mal!
Sábado estive no trabalho mas pouco trabalhei. A única coisa interessante foi um miudito de 3 anos que parecia ter engolido um cavalinho de plástico, e se queixava de qualquer coisa pouco perceptível. Lá se fez a endoscopia mas quanto ao cavalito nem vê-lo... acho que afinal não o engoliu. Mas consegui arrumar o cacifo, àrdua tarefa.
Domingo, às 10 a.m. retomei as aulas de golfe. Nada de especial pois ainda sofro no drive (nome golfistico para campo de treinos). O meu maior feito é bater cinco bolas boas em dez tentaivas. Às 12.00 estava na Rocha da Pena e a galinha de cabidela estava de mais. Comemos, bebemos, falámos... às 15.30 p.m. iniciámos a gloriosa marcha e uma hora e meia depois estavamos no alto da rocha e cada um soltou o seu grito especial.
À noitinha deixei-me dormir no sofá enquanto tentava ver o Benfica. Ainda consegui espreitar o blog...
Hoje já aqui estou para mais um conjunto de feiras a que chamamos semana... duuuuuh!

PP: Já agora sobre futebol: O FêQuêPê continua impune, e vão três!

PPP: Há quem se admire sobre os meus interesses, ou hobies... São eles: Motas, voltas e motards; Náutica, barcos e vela (ainda não tenho o barquito); golfe, bolas e tacadas... e ainda pinto soldadinhos de chumbo (época napoleónica)... e leio alguns livros... Eu apenas digo que gosto de diversificar!

28 de setembro de 2003

Duplo Duh

A escrever à pressa para sair nem reparei que escrevi em chinês.
Também ninguém notou.
Um belissimo risotto de funghi, no Leonardo. Recomendo.
E agora descansar:)
Amanhã trabalho. E amanhã o futuro só pode ser belo.

DUH!!!! citando a filha do gasel.

Que fim de semana de preguiça:)
Mas li umas coisitas. Entre pregar na parede as tralhas que trouxe do México, o arrumar as prendas e outras coisas mais íntimas.
li. E completei o Weekend do Peter Cameron e comecei a ler com um sorriso evidente o "E quem vai passear o cão?". Estes dois escritores tem algo em comum, ambos serem gay. Por isso a amazon seja tão simpáticaque inclua no meu perfil de consumidora, o rayon gay e lesbico..risos...
Adorei o Weekend. Simples, curto, incisivo sobre a descontruçãode uma relação . Sobre a nossa inata capacidade de fazer crer aos outros naquilo que eles querem acreditar e quando nos apetece faze-lo. Muito bom.. Muito amargo e ceptico.. placidas realidades encobrindo a verdade. O Stephen McCauley, autor do segundo livro é diferente. Completamente caustico e divertido. Agrada-me a sensibilidade destes escritores. Aquilo que à partida poderia ser dissemelhante às relações entre homens e mulheres, afinal não o é
De resto, comeÃçar a trabalhar amanhã. Só uma semana e depois que venha Madrid.
Apetece-me dizer DUHHHHHH.....

E agora vou jantar que já me esperam:)



27 de setembro de 2003

Uma tarde fresca de Outono

Enquanto não trabalho no meu emprego, vim aqui dar uma volta.

Aos poucos vou percorrendo blogs, e blogs, e blogs.... de link em link, de salto em salto, descubro coisas giras e sofro algumas desilusões.
Hoje descobri, abruptamente, que um blog que de vez em quando espreitava afinal é de uma pessoa muito conhecida. Descobri também alguém que exclama duh!, como faz a minha filha seis ou sete vezes por dia. Desiludi-me porque finalmente fui espreitar as famosas mentiras e descobri que foram retiradas! Comecei também a frequentar o consultório da minha colega, a Drª Titas, emérita consultante de almas, espíritos e afins.

E por cá? Persistem as ausências... mas são compensadas pela T que voltou revigorada do México, à força de muita tequilla, e que, além de resolver os meus mistérios, ainda desbrava com bravura o terreno àrduo da poesia.

Como a tarde continua mansa, lembrei-me de vos contar duas pequenas histórias.

A primeira ouvi-a ontem na aula de patrão local, contada como verídica. Um senhor muito rico e algo conhecido de Lisboa comprou, levado na moda de há cinco ou seis anos, um barco todo xpto. Tinha umas fracas luzes de coisas do mar e uma cartita de marinheiro. Ao comprar o barco, comprou logo um espaço na marina de Vilamoura e num belo dia decide levar a família para o barquito, com a intenção de vir até aqui ao Algarve, ocupar o dito lugar. Já que cá vinha, aproveitava e registava o barco.
Antes de sair perguntou a alguém no cais:
- Como se vai para o Algarve, para Vilamoura?
- Fácil.... sai da barra, no Búgio vira à esquerda, passa quatro faróis, vira outra vez à esquerda, e passado um bocado está logo a ver o Vilamoura Marinotel...
O quarto farol era o do cabo de S. Vicente.
E o artista atira-se à aventurosa jornada. Primeiro tudo bem, mas a meio da viagem cai nevoeiro e entre o levanta, não levanta, lá vai andando. Quando finalmente levantou a nebelina, constatou meio incrédulo que não havia farol e, muito pior, já nem terra havia à vista. Só mar!
O télélé não tinha rede, o rádio VHS era como se fosse chinês... a safa foi que o tal barco xpto tinha um telefone satélite e ele lá conseguiu chegar à fala com a capitania de Portimão:
- Então quais são as suas coordenadas?
- Como...?
- Pronto, deixe lá.... Quantas horas navegou e a que velocidade?
- Horas... ahhhh, não sei! Velocidade?.... bastante!
- Pois....
- ....
- Vamos mandar um avião. Fique quieto e não mexa em nada!
O avião passado umas horas lá detectou o artista. Mais uma horita e, entre choros, palmas, risos e valha-nos deus, lá ia rebocado a caminho de Portimão.
Chegado lá o barco ficou arrestado (não estava registado), o artista foi abundantemente multado (a carta não lhe dava para aquele barco) e pagou uma pequena fortuna pelo heróico salvamento (não tinha seguro). O barco está agora no tal lugar da marina de Vilamoura mas tem outro dono que o comprou ao chamado "preço da uva mijona".

Como ficou comprida e já é tarde, a outra fica para amanhã!

Poema Sexual de Ordenação Territorial

Entrecortar-me
De palavras tão desconhecidas
Vazio e adoração

Serás um dia qualquer coisa
Húmida e penetrante
E aqui mesmo me encontro e ainda não mas será e
no fundo do mar
A abrir-se destroços envolventes algas entrelaçantes
Só peixes que se calam e que flutuam
Os dedos voam a água espessa a memória
O cabelo boia nostálgico
O estranhar. o viver.
Incenso e Mirra trouxeram os magos.
T.
(escrito num papel indiano velhinho, nos anos 80
o cabeçalho segue em baixo))


Presente escrito dado a uma dormideira convicta (eu)

escrevente escrevendo....
e ela dormindo...
ou pelo menos dormente...
adormecendo...
é aqui que a palavra escrita é claramente vencida pela falada...
letra de forma nunca acordou ninguém...
e estivera eu a teu lado...
poderia suavemente chamar-te pelo nome e trazer-te de novo à conversa...
e se fosse a suavidade serenamente dominada pelo desejo...
poderia agregar ao susurro da palavra o toque ligeiro dos lábios na orelha...
um quase beijo...
e assim ficariam dispensadas as palavras...
e tudo seria emoção... e sensação.
ponto

26 de setembro de 2003

Estórias da minha infância (3) – Uma casa com três sabores

A casa da minha avó tinha 3 sabores.
A casa da minha avó ficava na parte velha da cidade, lá no alto junto à fábrica da Rolha, na rua da Cooperativa.
Ia à casa da minha avó, pequeno, com a minha mãe. Ia só para uma pequena visita ou então para estar um bocado da tarde, ou ainda para ver o meu avô, nessa altura já muito doente, pregado na cama.
Ia à casa da minha avó, pequeno, com os meus pais almoçar aos domingos e lembro-me dos três sabores, ou de três cheiros, de três coisas que lá comia.
Uma delas era o Ovomaltine. O Ovomaltine foi um dos primeiros pó-de-chocolate para misturar no leite. Tinha umas lata azuis e brancas com desenhos de atletas a vermelho e dava, de brinde, uns bonequinhos. E o melhor, tinha um sabor a… ovomaltine, único, maravilhoso, talvez mistura de ovo com chocolate ?… Gostava tanto que, quando ninguém via, enfiava-me na dispensa e comia às colheradas.
Este era um sabor de sempre que lá ia. Os outros dois eram só pelo Outono e vinham associados ao frio, à chuva e ao quase Natal.
Em primeiro as papas de milho. Faziam-se na altura dos Santos (1 de Novembro) e comiam-se já descansadas e duras, tipo sobremesa, com mel a escorrer por cima… uma delícia!
A outra eram as pratadas de romãs, com os baguinhos descascados um a um, misturados com açucar louro que fazia uma molhenga melada de chorar por mais… Ai! Ainda me cresce água na boca!
Um dia o meu avô morreu e a minha avó ficou ainda mais velha, decidiu-se vender a casa.
Vendeu-se a casa, despareceram os cheiros, os sabores… nunca mais lá fui, nunca mais passei na rua da Cooperativa.


PP: uma parte do meu mistério já foi resolvido graças à T ;) Mas ainda resta: quando foi? como foi? e mais difícil, porquê nós?

PPP: Neste fds estou de banco no sábado e vou a um sítio único no Algarve, a
Rocha da Pena, comer uma galinha de cabidela com uns amigos.

PPPP: Vagabundeio à toa por diversos blogs. A tal senhora ainda continua à
procura de marido, um tal alexandre tenta-se equilibrar no arame e o meu pipi… bem, começo a achar que só aguenta aquilo para manter acesa a imensa mole de fans! Atenção: passámos as 2.000 visitas. Um feito histórico!

Noites boas de calor.

Este blog anda muito agitado com as opções sexuais de cada um:)
E o futebol!!!Risos
E ninguém fala destes dois dias maravilhosos de praia que passaram.
Mais coisa..os dias da semana....Para o Gasel....Está tudo nas ciberdúvidas.
Tema
Nomes dos dias da semana: origem
Pergunta/Resposta
Não é uma pergunta de português, mas sobre o idioma.
"Navegando" na internet não consegui descobrir porque a língua portuguesa não associa os dias da semana com planetas. É uma curiosidade que tenho há anos. Se tiver alguma dica de onde procurar... agradeceria muitíssimo. Obrigada.

Lucila Morais da Silveira

De facto, caprichosa ou curiosamente a nossa língua vai buscá-los quase todos ao calendário católico: domingo quer dizer o dia do Senhor (Dominus, em latim), primeiro dia festivo (ou feria) da Igreja; de 2.ª a 6.ª temos sempre feira (de feria), e o sábado é de origem hebraica, dia de descanso dos Judeus.
Cf. Origem dos nomes dos dias da semana
Pergunta/Resposta
Pedimos nos digam, se possível, a origem dos nomes dos dias da semana.
Por que, de segunda-feira a sexta-feira, existe este "feira"?
Há algum motivo especial para que "sábado" e "domingo" chamem-se assim?
Muito obrigadas.
Tati e Bebel
estudantes de Direito
São Paulo
Brasil

O feira, de segunda a sexta, quer dizer, na origem, dia de festa e vem do latim «feria-». Domingo, do latim «dominicu-», quer dizer «(dia) do Senhor», portanto está em vez de uma «primeira» feira! Quanto a sábado (que seria a «sétima»!) vem do latim «sabbatu-», proveniente, por seu turno, do hebraico «shabbath», 'descanso semanal'.
O português é a única língua românica que usa a numeração ordinal para os dias da semana de segunda a sexta. As outras vão buscar esses nomes ao Sol, à Lua e aos restantes planetas

Espero que estejas esclarecido:) e eu morta de sono vou dormir :)

Coração vermelho (3) – Águias de fogo (anos 70)

Destes já me lembro bem. Foram os tais que conheci com sete ou oitos anos, que me fizeram do Benfica, que me povoaram os sonhos. Cresci com eles na imaginação. Mais, apareciam nas intermináveis colecções de cromos do futebol e os do Benfica eram os mais difíceis, os que nunca saiam. Os nomes são muitos e bem conhecidos: o Zé Henriques (depois o Bento), o Humberto Coelho, o Adolfo, o Alves (luvas pretas), o Simões, o Néne e o Jordão (que depois se transformou em lagarto, já na altura acontecia!). E ainda os restos do Eusébio!
Eram os tempos dos domingos da bola (sim, na altura os jogos eram todos ao domingo, religiosamente às três da tarde) e dos relatos na rádio (sim, não havia jogos na televisão) com aqueles relatadores-heróis que criaram um dicionário próprio e gritavam o tal gooOOOOOoooooooooooooolO mágico. Ao pé deles os actuais relatadores e comentadores de TV são pouco mais que múmias mudas…
Eram os tempos dos domingos de passeio no jardim (sim, não se sabia o que eram Centros Comerciais), homens de transistor colado ao ouvido (claro que não havia auriculares) e mulheres de croché colado às mãos. Pensando bem foi nessa altura que vi a primeira coisa que se assemelhava a um “walkman”. Era do miudo mais rico e fino de Portalegre, M. Fino também de apelido. Todos os domingos aparecia lá pelo largo de cima com “aquilo” nos ouvidos, preso nos relatos. Era o mais doente e fanático, sabia todos os nomes, todos os jogos, todos os golos, tudo! É dele a famosa frase: “Este ano emprestamos o título ao Sporting”.
Sim, nessa altura não era esta marmelada de hoje. Era matemático, três títulos para o Benfica, um para o Sporting (e zero para o Porto)!

PP: A constipação está a passar. Continuo nas aulas de patrão local. O fds aproxima-se a alta velocidade. Continua tudo ausente. Tenho saudades dos dias quentes de Verão que já voaram. Ninguém responde ao meu mistério. Uma certeza tenho: a ideia das feiras foi depois da separação do galaico-português pois em galego temos Luns, Martes, Mercores, Xoues e Venres.

PPP: Por dúvidas sobre o post de ontem, quanto à minha ideia sobre a visibilidade dos homossexuais, passo a explicar melhor. Não quero que se tenha que espalhar aos sete ventos, só queria que se pudesse falar das opções da cada um, normal e circunstancialmente, sem aquela obrigatoriedade hipócrita do socialmente correcto que leva a omitir/esconder factos que de todos são conhecidos. Um exemplo: ler a nota biográfica da Ana Zanatti no seu livro “Os sinais do medo”, que parece claramente auto-biográfico, onde o manto diáfano dessa omissão está claramente presente.

PPPP: Estou curioso com a Joãozinha…

25 de setembro de 2003

Crónicas da Inês (3)

9 Agosto 03

“Pasmo com o olhar entre a comiseração e o horror que me lançam quando informo que a minha filha vai para a escola pública. – E não tens medo? – Medo de quê? – pergunto-lhes. Então desfiam-me um rol de grupos sociais desfavorecidos.”
Isto a propósito dos amigos de esquerda bem pensante e melhor falante que colocam os filhos nas boas escolas de freiras e outras que tal. É claro que colocam, pois foi lá que eles devem ter andado e, lá bem no fundo, são uns maricas convencidos que o mundo (capitalista e globalizado, claro!) está cheio de perigos e armadilhas. Há que proteger as criancinhas para que um dia possam pensar e falar como eles. Nunca bateram com a porta, ela estava sempre aberta. Nunca devem ter fumado charros, aquilo era caldo Knorr.
Eu já um dia aqui disse, e volto a confessar, que pendo mais para a direita. Cada vez mais. E os meus filhos andam na escola pública, junto com os tais grupos sociais desfavorecidos, os pretos, os ciganos, os drogados, os deficientes (…estes não eram do meu tempo) e o que mais for. E andam bem!
Também acho, já a propósito de outro tema, que é preciso ter a coragem da visibilidade para atingir o direito à invisibilidade. Isto sobre os homossexuais, os seu direitos e deveres. Digo mais, devia ser obrigatório… Nos EUA, nos anos 80 quando um juíz, um mayor, alguém visível era homossexual não assumido (ou meio assumido só para os “in”), as associações pró-homo mandavam-lhe uma carta: “Tens x dias para assumir públicamente ou nós denunciamos”. Era o que se devia fazer por cá. Só assim se adquire o direito à igualdade.

20 Setembro 03

Continua fixada no Brasil. Será que já conhece o Orlando? Será que o Orlando já tem o pc arranjado?… Esta crónica não me estimulou mesmo nada. Só quando falou de encontrar sempre alguém da tribo dela é que me fez lembrar os Tribalistas.

"Eu não sou de ninguém
Eu sou de todo o mundo
E todo o mundo me quer bem
Eu não sou de ninguém
Eu sou de todo o mundo
E todo o mundo é meu também."

PP: Hoje estive mesmo para partir a loja. Mas falei com um colega meu e vou esperar 2 ou 3 dias. Isto porque uma daquelas comissões hospitalares, composta por gente que anda por lá a arrastar os tomates (ou qualquer outra parte baixa), emitiu umas normas sobre desinfecção de endoscópios. Só que são irreais e inexequíveis… só que não discutiram nada connosco… só que nós desinfectamos endoscópios há mais de 10 anos e 30.000 exames… e nunca tivemos problemas… e fartei-me de merdices! Agora tenho uma lista mirabolante de coisas que são imprescidíveis para obedecer às doutas normas, e até lá proponho que se encerre a Unidade, por grave risco de infecção! E eles que decidam e que se aguentem…

PPP: Ainda a propósito do jogo de Domingo (aiiii…). Os bimbos continuam obcecados naquela coisa da conquista e esmagamento dos mouros, como se viu pelos panos alegremente desfraldados. Além de continuarem fixados num facto com quase 1000 anos, o que não abona muito a favor da imaginação, esquecem-se que afinal aquilo é mais um elogio e não uma espécie de insulto. Os famosos Mouros da época formavam uma civilização avançada e culta, uma sociedade urbana e comercial, e dominavam a matemática, a astronomia, a medicina e outras ciências. Os conquistadores vindos do norte eram analfabetos, ignorantes e rurais: o mais que sabiam era contar até cinco (e mal!) e recitar de cor alguns versículos da bíblia. Embora muita coisa tenha mudado em 1000 anos, na altura não terá sido grande coisa para as boas gentes do Sul seram conquistadas pelos bárbaros do Norte.


24 de setembro de 2003

Você Decide

Lisboa 17:35

- Boa tarde.

- (rosto inexpressivo, parado)

- Boa tarde.

- (subtil aceno, inexpressivo, quase parado)

- Boa tarde.

- Diga.

- Se faz favor, há algum bar por aqui?

- Um bar para quê?

- Para comer, beber café, ...

- Não há nenhum bar neste edifício.

Você decide:

1ª: - Você já pensou em agarrar em si mais a sua simpatia e irem juntos para o caralho?

2ª: - Claro que não há bar nenhum neste edifício, se houvesse lá estaria você a emborcar cerveja que nem um cavalo e seria decerto uma pessoa mais animada.

3ª: - Pelos vistos também não há casa-de-banho nenhuma neste edifício, é que a merda ficou toda aqui concentrada na portaria.

Ricardo

Bom dia!!!

Só para dizer bom dia. Apeteceu-me, pronto! Ando bem disposto, coisa cada vez menos rara...

Au revoir
Só para me desculpar. Stop.

Tive que me ausentar e não consegui avisar. Só nos próximos dias vou retomar isto (agora em Lisboa).

Logo eu que tinha tanto orgulho em passar por gajadonuorte.

...continua

23 de setembro de 2003

O que eu sou – Um motard numa concentração

O meu baptismo de fogo como motard foi a concentração Faro 2003 do MCF. Fabuloso, uma estreia em grande...
Dou por mim a pensar como pude viver doze anos em Faro e só ter por lá passado uma vez de raspão. Era eu?
Fui-me inscrever na quinta feira e ao chegar entre centenas de veteranos só pensava: “não cair, não cair...”. Sobrevivi.
Dei umas voltas com o pessoal do motoclube e senti o ambiente. Gostei.
Trabalhei no posto médico e tratei queimaduras de escape em miúdas penduras de pernas bonitas. Gostei mais.
No sábado vi os La Frontera, Gary Moore e Da Wiesel, e atafulhei-me de cerveja. Esteve do melhor.
No domingo fui no desfile e ia morrendo assado!

Mas o que me “tocou” foi ver milhares (ou centenas) de pessoas (eu era uma delas) de aspecto estranho, desgrenhados e olheirentos, a dizer muitos palavrões, a beber desalmadamente, a meter umas brocas, como verdadeiros marginais. Mas não são, no domingo à noite arrumam a mota e tiram o colete, na segunda tomam banho, fazem a barba e penteiam-se, vestem um fato. E vão para a escola dar aulas, para o banco negociar acções ou para a padaria fazer pão...
Somos (quase) todos pessoas normais! Ou citando Rilke: “Nada do que é humano me é estranho.”

PP: Estou constipado. Troquei o carro. Começo a ficar preocupado: continua tudo desaparecido. Hoje estranhei não ver carros na rua. O hospital está deserto! Que se passa?

22 de setembro de 2003

Estou de luto!

O fim de semana até nem correu mal.
Fui a Óbidos, uma das jóias de Portugal, por motivos profissionais. Só o facto de lá ter estado já justificava um bom fim de semana.
Entre algumas coisa médicas de somenos importância assisti a duas palestras de que gostei muito.

Uma delas foi de um professor de Lisboa que falou sobre medicina preventiva e medicina preditiva. Foi brilhante! Exprimiu com clareza o conceito que é a capacidade de imaginar, de prever e de predizer que nos dá a condição humana, que faz de nós algo mais que macacos espertos. E se temos essa capacidade, temos a obrigaçãoo de a usar e não nos limitarmos a meras reacções ao aparente imprevisível. Retive ainda dois pequenos extractos que aqui vos deixo:"As convições são coisas de políticos e homens da religião. A ciência é a arte da dúvida." E a citação de dois presidentes americanos:
"Os custos da educação são insignificantes comparados com os custos da ignorância" Thomas Jeffreson 1743-1826 versus "Porque é que havemos de subsidiar a curiosidade intelectual?" Ronald Regan 1911-?

A outra foi uma bonita divagação sobre Óbidos, as Caldas, e um pouco de história e histórias de há 500 anos contadas ao sabor de fotografias a condizer. Foi a autoria de um colega meu, com fama de meio-louco, que de facto me surpreendeu! Não deixo de continuar a achar curioso como nesta minha classe se junta o pior e o melhor que conheço.

E o fim de semana continuou bem. Comi bem, muito bem, bebi ainda melhor e nem tive azia! Hoje um almocei, ao pé de Torres Novas, com um amigo da há muitos anos e discorremos sobre os Amigos de Alex.

Quando vinha para baixo, para evitar adormecer na auto-estrada, pus-me a pensar nas possí­veis razões para a ausência de alguns bloguistas. Acho que descobri!
Este blog está "infestado" de professores, professores angustiados... não daquela angústia de há semanas, mas sim desta angústia do começo do ano lectivo e do ressurgimento das hordas de alunos imparáveis! Nem tempo para se lamber têm, quanto mais vir aqui postar!
Afinal não há nada como vida de médico... podemos ter, aparentemente, horários maiores que 22 horas, mas trabalho trabalhado são 15 horas semanais, no máximo! O resto é gasto a vagabundear na net ou a beber bicas e a filosofar no bar. Ou simplemente a descobrir o caminho mais longo para voltar ao mesmo sítio, nos infindáveis labirintos hospitalares.

Finalmente o luto.
O Benfica perdeu! O Benfica perdeu e o Porto ganhou.
Não os felicito porque nunca lhos daria...
Não os felicito porque não o merecem.
Cometemos dois erros infantis e imperdoáveis e perdemos.
De resto gostei de ver o Benfica jogar. A atitude da equipa foi excelente, jogamos melhor que eles e delineamos os melhores ataques. E mais, as decisões do árbito foram sistematicamente favoráveis ao Porto, o puto foi injustamente expulso por duas faltas inexistentes e o Manniche não foi expulso por agressão clara (o habitual!).
Perdemos desde há dez anos nas Antas, mas esta foi a vez que perdemos melhor. Não é a velha história da vitória moral, mas há vitórias que não sabem muito bem e esta foi uma delas (como se viu pelas palavras do parvo do Mourinho). E há derrotas que podem fazer crescer uma equipa e acredito que esta foi uma dessas.
Isto não é dizer mal do Porto (isso deixo para mais tarde...), são apenas factos!
Vou estar de luto a semana inteira.

PP: descobri uma senhora que procura marido! Quer entre os 27 e 50 anos e sem bigode... Como eu tenho bigode e até já sou casado, deixo-vos aqui a dica. Nunca se sabe! Parece que é loura e também não tem bigode...


19 de setembro de 2003

Estórias da minha infância (2) – A Augusta Ratana

Li uma vez numa crónica (se calhar da Inês) que nesses tempos existiam os pobres oficiais, que eram como que da casa (das burguesas), de quem se tomava conta (quase por obrigação).
É verdade… uma das coisa de que me lembro mais pequeno era da “pobrezinha oficial” da nossa casa, a Augusta Ratana. Augusta, claro, era o seu nome próprio e Ratana devia vir do seu aspecto: era baixa, muito baixinha, meio curvada, sempre de preto vestida, lenço apertado na cabeça à moda antiga, de onde saltavam uns olhos salientes, um nariz afilado e uma boca de dentes desalinhados. Todo o vulto sugeria uma ratazana…
Tinha dia fixo, sei lá… às quartas-feiras. E aparecia lá pela hora de almoço com um saco de palhinha enorme, cheio de outros sacos, estes de plástico, por sua vez cheios de coisas que eu imaginava inimagináveis. Aparecia e dizia “ Senhora… não tem qualquer coisinha aqui para a Augusta Ratana?”. E havia sempre qualquer coisa. Dinheiro não, que parecia mal e era coisa que corrompia e podia ser para a bebida… dava-se comida (restos…), roupa (velha…) e qualquer outro traste ao qual se achava já pouco préstimo. Como já tinha confiança com a minha mãe, que conhecia de criança, ela própria sugeria coisas que lhe pareciam boas para levar!
Eu, confesso, tinha um medo terrível dela, daquele cesto enorme cheio de mistérios lá dentro. Ela queria dar-me beijos e eu fugia, se insistia eu chorava. Afinal sempre deve existir um pequeno trauma… se calhar diziam-me “ Se não comes a sopa vem a Augusta Ratana e leva-te no cesto!”.
Com o mudar dos tempos, com o vinte e cinco de Abril os pobres retiraram-se, ou melhor, deixou de haver pobres. Oficialmente! E era também um bocado reaccionário dar esmolas aos pobres.
De modo que a Augusta Ratana deixou de aparecer e eu nunca mais a vi. Sei que voltou mais tarde, muito mais tarde, já eu não estava lá e estudava em Lisboa. Um dia o cão louco dos meus pais, um Fox-Terrier chamado Tarik, atirou-se à pobre Augusta e ia-a matando… e aí é que nunca mais lá apareceu!

PP: Comecei a tirar a carta de Patrão Local. Está a começar o fim-de-semana: amanhã vou às Caldas, desta vez não de mota mas a uma reunião profissional. Olá T… cuidado com a Isabel (o furacão!!) e papa uma lagarta por mim!

PPP: Lembrei-me de uma coisa. Sempre fui coleccionado mistérios, os meus mistérios! Muitos fui resolvendo ao longo da vida mas outros ainda persistem. Um exemplo: descobri bastante cedo o que é que acontecia à luz do frigorífico quando se fechava a porta. Outro exemplo: porque é que os dias da semana se chamam assim em Portugal? Porque não seguimos a mesma raiz de todos os outros europeus? Quando aconteceu? Foi por uso popular ou por decreto real? E finalmente, porquê nós?

18 de setembro de 2003

fim de semana prolongado

Vou passar o fim de semana em paisagens transmontanas, enquanto o computador vai uns tempos para o hospital.
Até para a semana

Coração vermelho (2) – Águias de fogo (anos 60)

As primeiras águias de fogo voaram quando eu nasci. Ainda hoje às vezes penso que esse ano foi marcante, pois foi desde essa altura que o esplendor da águia tem vindo a diminuir. Nunca mais tivemos uma equipa como aquela, nunca mais fomos campeões europeus, nunca mais maravilhamos o mundo… Terei alguma culpa na coisa?
Os nomes toda a gente conhece: Eusébio, Coluna, Zé Pereira, Zá Augusto, Torres e muitos outros que injustamente aqui esqueço. Já nunca os vi nem ouvi jogar, só anos mais tarde os revi naqueles filmes, a preto e branco, que nos mostravam um futebol de outro planeta em que o Eusébio corria, corria com a bola e dava uns chutos incríveis, os defesas não defendiam nem marcavam ninguém e uns senhores de boinas campestres (…seriam guarda-redes?) encaixavam frangos monumentais.
Dizem-me, e sei que foi, uma equipa extraordinária.
Não haverá outra assim.
Ganharam tudo o que se podia ganhar.
Até eramos melhores que o Real Madrid…
São as nossas verdadeiras glórias, as jóias da família!

PP: Hoje ao chegar ao Hospital tive uma surpresa. A CMF teve o desplante de licenciar um parque de estacionamento num descampado em frente ao Hospital, onde fica o Cemitério Judeu. Montaram um barraquinha, puseram umas cancelas e umas máquinas de bilhetinhos. Não fizeram mais nada, lá continua o piso irregular de terra batida, não há arranjos nenhuns nem existe ordenamento de estacionamento. Onde antes se parava o carro de borla (ou por cerca de trinta cêntimos ao “arrumador”) agora paga-se mais de cinquenta cêntimos à hora… eu acho que isto é mais que um roubo!

17 de setembro de 2003

Crónicas da Inês (2)

– 26 Julho 03

“Acresce que o discurso da desgraça não resiste á prova da história.” Concordo inteiramente e exagero. Desde que existe história, e até pré-história, a coisa tem vindo sempre para melhor. Sempre!
Tirando umas guerritas, uns períodos negros de grandes fomes e epidemias, meramente episódicos, de uma forma geral uma geração vive sempre melhor do que a antecede, uma centúria é sempre mil vezes melhor que a centúria prévia. Porque é que agora há-de ser diferente?
Sei que fizemos e continuamos a fazer muita merda, mas penso que isto é como uma revolução: não se faz sem mortos… a merda e os mortos fazem parte da revolução à procura de um mundo melhor. E vejo isto, a (r)evolução, como um combóio que vai devagar, por um carril imenso, no automático, sempre em frente sem parar. É impossível travá-lo. Não podemos querer travá-lo só porque não sabemos o que está lá á frente.

No fundo tudo isto tem a ver com a famosa globalização. Desde que o primeiro homo sapiens saiu do Quénia e se pôs a caminhar em direcção á europa que estamos a globalizar. Nós, míseros portuguêses, fomos nos século XV um dos aceleradores da globalização. Porque é que agora parece ser um bicho papão?

Confesso: durante anos abandalhei-me e fiquei como o burguês dos anos sessenta… li poucos livros (várias atenuantes e desculpas!). Estou em remissão. Resposta às peguntas finais: “Uma Casa na Escuridão”, "Sinais do Medo", “Equador” e “Pantaleão e as Visitadoras”. Exposições?… bem, não se pode ter tudo!

- 13 Setembro 03

"Para que serve um hino?"
Eis uma pergunta difícil, há qual hesito em reponder. Acho que serviria para exaltar a dedicação e fidelidade ao grupo, à tribo, à pátria, seria uma forma de estreitar os laços daqueles que o cantam em conjunto. Acho que foi uma ideia idealistico-romântica (do século XVIII/XIX) que veio substituir ao antigos cânticos e urros guerreiros.
Acho que esta noção de hino se perde lentamente, se torna um pouco anacrónica nos tempos que correm, especiamente em pequenos paises europeus e periféricos, em pleno processo de eurização. Dir-se-ia que será um consequência inevitável da globalização mas não tem que ser necessariamente assim: os americanos cantam o seu hino com fervor e mão no peito!
E a letra?… essa de facto é anacrónica! Deviamos cantar mais a pátria amada, como os brasileiros, que bradar marchas contra canhões. Mas mudar a letra de um hino acho demais, sinceramente… nesse caso faça-se um outro!
Uma ideia: que se abolisse simplesmente a letra e passariamos a ser como os espanhóis que apenas trauteiam um hino sem letra.

16 de setembro de 2003

O que eu sou (2) – Um motard

Há um ano, no Verão (é sempre no Verão) tirei a carta de mota e comprei uma Suzuki GS500 velha de doze anos. Era velha, muito velha e já um pouco enferrujada, e eu ainda muito pouco desenferrujado em cima dela, de modo que apanhei alguns sustos valentes tipo entrar desgovernado e em derrapagem numa rotunda...
Há tempos troquei-a por uma Aprilia Pegaso 650 nova e porreira. É uma chamada off-road, tipo trail adaptada à estrada. Tem uma posição de condução cómoda, é alta o que a torna impecável na cidade: vemos bem o trânsito por cima do “carredo” todo, e é bastante maleável o que permite furar a direito as filas. É pouco conhecida mas muito igual a ela é a Honda Transalp, que toda a gente conhece. Mas eu tenho a mania de ser diferente...
Um ano depois de começar sou motard, pertenço a um motoclube, tenho colete e panos (aqueles dizeres nas costas), dou voltas equipado e em bando, e vou pondo paninhos na frente do colete à medida que vou a concentrações (tipo artista de tuna universitária). Também lá pus o pano do S. Rafael que é o nosso padroeiro e até vou a Fátima no dia do Motociclista do próximo ano... sou mesmo um motard!
Agora vou-me iniciando nos sinais que fazemos uns aos outros na estrada, esses secretos tipo ritos maçónicos, e que por isso não vos posso aqui contar.
Live to ride… Ride to live! É um pouco exagerado mas soa e sente-se muito bem. Há que acelerar a vida!

PP: hoje não me enganei!

Semana de escritor.

Estou finalmente a viver as férias. Breves, poucas semanas no fim das férias de toda a gente. Estou a viver a semana de escritor: fechado no meu mundo, todos os dias publico o exercício que faço para não me esquecer do quanto é importante a quantidade para que se chegue à qualidade.
Passei um fim de semana fora, em festa.
Uma dose de realidade em cima, tudo o que não sou. E começa a semana de escritor...

15 de setembro de 2003

Uma grave falha

Já não sou o que era! Como sabem tive sérios problemas no computador de casa, de tal modo que o disco rígido foi à vida e com ele muitas memórias. Já tenho o tenho novamente em casa, com um disco novo, com um gravador de CDs, e com uma coisa esquisita que se chama "manta" e faz ligação ADSL através de uma placa RDIS... O problema é que essa manta não sincroniza com a linha telefónica e net nem vê-la! Assim vou escrevinhando umas coisas à noite, passo para uma disquete e aqui no serviço (quando devia estar a trabalhar) "posto-as". Hoje fui feliz ver a disquete e descobri que tinha copiado o ficheiro errado, enfim... Eu sei que estão ansiosos pelas continuações das minhas histórias mas vou ter que vos desiludir. Sry!! Amanhã redimo-me e mando dois de seguida...

Assim falo do que tenho feito: No fim-de-semana andei de mota por Elvas e arredores numa concentração muito especial. Hoje de manhã meti tubos no rabo de cerca de quinze pessoas. À tarde andei a correr a tratar de assuntos vários (e metade ficaram pendentes). Agorinha mesmo estive-me a preparar para trocar um Clio por um Novo Beetle descapotável. E agora estou aqui e daqui a pouco vou jantar!

E para finalizar: boas férias para a T; um pedido à Lau: traduz vai-me à venda!; outro à Maria: mais postais!; boas vindas à Tex; um conselho ao Boavisteiro: cuidado com a saúde; bom regresso ao Orlando; onde anda a Andreia e todos os outros que postam menos nestes dias mais frescos que também voam?

PP: O Porto ganhou e o Benfica empatou... estão a roubar de certeza!! Era para colocar ontem um link mas esqueci-me.

Hoje Estou Melga

Pois é, hoje estou melga.
Eu avisei: cuidado... olhem que fico melga...
Paciência. Agora aturem-me.
Acho giro, isto. 3 posts seguidos. É um record? Espero que sim. Adoro dar nas vistas.
Bem, agora vou aproveitar para desabafar uma coisa importantíssima.
Preparem-se.
Hoje tomei uma resolução. Decidi que não vou morrer.
Nunca.
Nem que me peçam de joelhos.
Isso de morrer é um disparate.
Para já, eu sou um achado para a Humanidade. Sim, mais importante que eu não há. Sou o evento mais marcante que houve, há e haverá. A partir desta altura, o tempo vai-se medir em a.P. (antes do Paulo) e d.P. (depois do Paulo).
(O Paulo sou eu, claro.)
Ora, não se devem desperdiçar os recursos preciosos. E eu sou mais precioso que qualquer tesouro.
Depois, isso de morrer está muito batido. Muito visto. É quase um cliché. Ora, eu adoro ser diferente. Nem que seja de uma maneira rasca, o que é preciso é ser diferente.
Além disso, aqui está-se bem. Se eu passasse mal, ou assim, até podia achar piada a morrer. Mas estou muito bem.
Por acaso, até estou. Tenho uma excelente cozinheira, uma TV que dá 4 canais (em geral, quando não avaria), um computador velho, mas que vai funcionando, e mais uns luxos assim.
Por isso, está decidido.
Escusam de tentar desconvencer-me, ok?

boavisteiro

Os Meus Programas Favoritos

Adoro televisão. Mesmo. Sou viciado naquilo.
Estou a gostar muito do Big Brother 4. É pena que elas se dispam pouco, eu adoro mulheres nuas, e isso. Parece que há 1 canal da tv cabo que mostra mais coisas, mas é preciso pagar. Que injustiça.
Estou a gostar muito dos Ídolos. É pena que elas se dispam pouco, eu adoro mulheres nuas, e isso.
Não gosto nada daquela senhora da RTP2 que faz entrevistas chatas, enormes, aos sábados ou lá quando é. Não tem mulheres nuas, e isso. O que é uma falta gravíssima.
Adoro os noticiários, especialmente agora, no Verão. De vez em quando, mostra mulheres nuas, e isso, especialmente na praia. Eu adoro.
Mas atenção, eu não gosto só de mulheres nuas.
Não, nada disso.
Também gosto de mulheres em topless.
E mulheres em fato de banho, daqueles justinhos, que não tapam quase nada.
E mulheres em lingerie.
Ah, e filmes de porrada, claro.

boavisteiro

A Solução

Tenho a solução perfeita para TODOS os problemas deste Mundo.
É fácill.
Mata-se 90% dos habitantes do planeta, mais ou menos. Deixa-se apenas aí uns 500.000. Acho que chega bem. Mas atenção, com armas que deixem as casas em pé, e e estradas, e isso. Tipo bomba de neutrões.
Já pensaram nas enormes vantagens?
1ª - Acaba-se o problema da habitação. Há casas para todos. Aliás, VÁRIAS casas para cada pessoa.
2ª - Ficamos todos mais à larga. Muito mais à larga. O que implica que se acaba a claustrofobia e coisas dessas. E andamos menos à porrada.
3ª - Acaba-se a fome. Podemos simplesmente cozinhar os mortos todos. Para quem não gostar, os stocks que sobram de comida mesmo devem chegar para muito tempo.
4ª - O ambiente fica melhor. Menos gente, menos carros, menos poluição. Eu sou um ecologista convicto, note-se.
5ª - Não sei qual é a 5ª vantagem, mas deve haver uma. Era só pensar nela, mas estou com preguiça.
Está decidido. Para a semana (agora não, vai dar a Andrómeda), faço um abaixo assinado para levar isto a ser aprovado na Assembleia da República.

P.S. Adoro a Andrómeda, e todas as séries que dá a horas estúpidas da madrugada. Sim, TODAS. Mas por que raio acabaram com aquela das 3 irmãs bruxas??? Que desgosto...

boavisteiro

14 de setembro de 2003

Estórias da Minha Infância (1) – Introdução

Penso que passei uma infância feliz! Digo penso porque às vezes a nossa memória prega-nos partidas... e essa recordação nebulosa, às vezes quase misteriosa de uma infância feliz não corresponde à verdade. Isto é pelo menos a tese de muitos livros, alguns filmes e centenas de psicólogos acreditam piamente que se um gajo aos cinquenta anos começa com uma fobia social banal (por exemplo entrar num elevador com muita gente), tudo terá a ver com um qualquer trauma obscuro e esquecido, de preferência de natureza sexual, nessa infância feliz... Eu não acredito nisto, é banha da cobra. Não é porque um acontecimento antecede outro que o primeiro é causa do segundo. Mesmo que essa conclusão pareça lógica é sempre uma inferência feita à posteriori e impossível de comprovar. Mas passemos à frente, voltemos ao tema...
Eu já revirei tudo e não me lembro de nenhuma experiência muito traumatizante, e como não tenho nenhuma fobia social muito evidente, acredito que a minha infância foi feliz.
Foi passada em Portalegre.
Decorreu no século passado.
Durou muitos, muitos anos...
Às vezes até parece que já foi uma outra vida minha, ou que relembro contos de outra pessoa, outra criança, estilo irmãos Grimm.
Aqui passarei a relatar extractos dessa infância, memórias que me ficaram de coisas, de momentos, de gentes que muitas já morreram. Será também uma forma de agradecimento aos meus pais que me transportaram nessa infância. Acho que nunca lhes disse, nunca lhes agradeci, mas tive os melhores pais do mundo, no melhor e no pior, como é claro! Mas transmitiram-me duas coisas que vou tentar conservar sempre comigo e dar aos meus filhos: amor e sabedoria.
Vamos lá às histórias da minha infância...

PP: Este era para ser "postado" na sexta-feira mas não tive tempo... vim agora aqui num instante, acabado de chegar de Elvas, ainda cheio de vibrações da mota!

A propósito de tudo e de nada

Não sei se existe Inferno ou existe Céu. Felizmente ainda não conheci essas metáforas.
Mas uma coisa sei. a fazer as malas para partir, hoje, lembrei-me pela segunda vez do meu pai.
E sei ainda outra coisa, pela segunda vez hoje deu-me um ataque violento de saudades dele.
Quando o perdi, tinha eu 20 anos. Era eu uma miúda abstinada e teimosa, convencida que a vida era para levar sem vacilar. E lembro-me que engoli a seco a morte dele, sem mostrar hesitações e tentei ser útil a quem mais precisava de mim, a minha mãe.
Hoje lembro-o como o homem que fez de mim quem sou. Que me mostrou o que era ser uma pessoa de bem. Que não me inculcou/ padronizou valores, ensinou-me a descobri-los. Deixou-me fazer tudo e acertar por mim. Com ele sempre por perto. Foi com ele que bebi a primeira cerveja e fumei o primeiro cigarro em público. Nunca gostava de nenhum dos meus namorados claro:)
Era um homem afectuoso. Eu na altura achava que não era correcto abraçar e beijar a quem gostava. Ainda hoje só mostro o que sinto a um muito restrito número de pessoas. Tenho pena de não o ter abraçado tanto como deveria. De ter parecido seca. Emendei esse erro depois. Tarde demais.Para ele.
Acho que gostaria de me ver a viajar. Adorava fazê-lo. Encomendava os filhos e lá ia ele com a minha mãe.E chegavam felizes. Era um homem plácido mas com convicções.
Outro dia a arrumar papeis de familia encontrei as cartas de noivado dele e da minha mãe. Ele em Lisboa e ela em Esposende.
Adivinham-se os ciúmes dela, a vida social e alegre dele. Mas lê-se sobretudo muito amor em cada linha.
Lisboa, anos 40.
Acho que fui uma filha gerada com muito afecto e sensualidade. E por isso, filha fora de horas.
Filha que não vinha a calhar, mas que também chegou. E estou aqui a encher-vos a cabeça , por estar a fazer uma malita.
Lavagem de alma.
Por tudo. Os afectos que estão a ser vividos puxam outros afectos e lembranças.
Ao meu querido pai . Espero que o céu tenha tudo o que ele merece. Ou será que ele preferiria uma coisa menos etérea?
Sabe-se lá, era ateu:)
Se amar é guardar tão boas lembranças, amo-o muito. E nunca se esgota a saudade de quem se ama.
Agora tinha vontade de lhe ligar e dizer " Pai amanhã vou de abalada, vamos beber uma cervejita a um sítio qualquer". E o meu pai vinha.
Sempre sorridente. E a estragar-me de mimos. Essa lição retive, estragar de mimos a quem se gosta. Dar.
Vou continuar na mala.

Amigos...

...uma mistura de azares e de falta de tempo manteve-me afastado das navegações (e, conseqüentemente, daqui) por todos esses dias. Sem dúvida o pior problema foi com relação ao meu computador, cuja placa-mãe infelizmente veio a falecer de falência generalizada dos componentes. Uma nova custou-me $ 300, mas, enfim, sabeis: só se pode comprá-la quando o governo nos deposita o salário...

Por isso dou as boas vindas a quem chegou ultimamente, e aproveito para agradecer muito aqui ao Rui Romão, que me fez o especialíssimo favor de mandar-me dois livros do José Luís Peixoto, "Morreste-me" e "Nenhum Olhar". Chegaram-me ontem, por causa da greve dos correios. Rui, se me lês, por favor manda-me um e-mail: otosetto@uol.com.br.

Daqui a pouco eu volto.

13 de setembro de 2003

11 de setembro de 2003

Mais "texto".

Esta é outra minha amiga a quem gostava de dedicar mais tempo.



Dia de limpezas

Perante a pilha anárquica de fotocópias. cds, livros ainda por ler, post its fora do prazo, e afins, decidi finalmente ver-me livre de toda a tralha acumulada.
Arrumei as fotocópias em dossiers, os cds na prateleira, os livros na estante, eis-me chegada à secção das inutilidades.
Pronto, foi a desgraça total, comecei por os separar em graus de inutilidade, mas como sempre, fui atacada por melancolia ridícula e o fim da saga é sempre o mesmo, uma caixa de papelão onde anarquicamente convivem recuerdos de ferias, bilhetes de cinema, bilhetes de concertos, fotos velhas e alguns autógrafos recolhidos nos meus tardios tempos de teen.

Coração vermelho (1) – Ser benfiquista

Ser benfiquista... sei lá o que é ser benfiquista, deve ser ter o coração todo vermelho, de paixão. Sou do Benfica desde que me lembro lá pelos seis, sete anos. Era (e é) assim com toda a gente, quando nos lembramos já somos de um clube e é para toda a vida. Quando eu descobri que era do Benfica, ou se era do Glorioso ou se era do Sporting (vulgo lagartos!), o Porto (vulgo Bimbos, Azeiteiros,...) era um clube simpático lá do norte que vinha apanhar umas abadas à Luz. Ninguém era do Porto!
Julgo que se seguia o rito familiar. Filho de benfiquista era benfiquista. Se o filho era de outro clube a coisa era mal vista, quase uma desonra para o pai de família.
É um verdadeiro estado e alma, é-se e pronto. Não há razão, não há motivo, é-se e pronto! Não conheço nenhum tipo deste estado de alma em mulheres e até acho que é por aí o caminho para perceberem verdadeiramente os homens. Hoje em dia vêem-se muitas miúdas nos estádios, mas parece-me que é mais por moda! Aliás, desconfio verdadeiramente de um homem que diz não perceber, ou não saber, nada de futebol. Se não sabe pelo menos o nome do guarda-redes de um dos três grandes... há mouro na costa!
Ser benfiquista é ver o meu filho de sete anos crescer com uma paixão pelo benfica muito maior que a a minha, e que não fui só eu que lha transmiti (... não sei porquê mas arrefeci muito nos últimos anos). É estar de férias em Espanha e ir cedinho, pelas oito e tal da manhã, ao carro e por o CD Águias de Fogo bem alto e cantarmos contentes. É ouvi-lo dizer que a canção Nova Luz quase faz chorar e eu rir-me, mas pensar que sim, quase que faz chorar.
Estamos convencidos de que assim o dia nos corre melhor!

PP: Já tenho o computador arranjado, com um disco novo. Só falta sincronizar o ADSL...

PPP: Não estou preocupado com o Outono. Já o conheço, há-de vir e há-de ir-se... Anda por aí muita gente desaparecida, será que também têm o computador avariado?

10 de setembro de 2003

Ai de mim

Já repararam que anda muita gente doente? Espero que não tenha sido por causa de algo que eu tenha feito.

Sabia que não devia ter andado a brincar às canções. Sabia que devia ter-me levantado mais cedo para tomar a vacina antitetânica. Mas caramba.. não é caso para tanto.

Meio-da-semana

Sinto os dias a voar. Voam em bando, como que a migrar em direcção ao Outono. Embora não pareça eu sinto que está a arrefecer, que os dias estão mais curtos.
O lento rame-rame do dia-a-dia continua assim-assim.
Há dias um acontecimento: um colega meu participou de um enfermeiro e propôs um inquérito disciplinar que afinal não foi avante. Houve consternação geral... em mais de doze anos que conheço o Serviço foi a primeira vez que isto aconteceu. A participação, não o não ter ido avante!
Ando um bocado preguiçoso: estou há mais de 2 semanas para escrever uma carta de reclamação à Alitalia para ver se me dão 600 heróis. Quando voltei de Itália mandara-me dar uma volta por Bruxelas até Lisboa. Ainda não é hoje....
Depois de acabar a semana e estiver a começar o fim-de-semana pego na mota e vou até à concentração de Elvas com o pessoal do motoclube. Vou soltar um pouco a águia!

Entretanto,

Notícias de Portugal:
Parece que aos poucos se vai levantando o manto diáfano da pedófilia. Será que alguém vai escapar?

Horrores de Portugal:
Uma idosa foi morta à paulada por um facínora a mando da filha. Custou 500 heróis. Uma médica passou um atestado de óbito garantindo uma morte natural. Quanto terá custado?
Um bebé foi abandonado morto num caixote do lixo na Madeira e encontrado já morto no camião do lixo. Entrevista a popular da zona “Eu não gostei nada que tivessem feito isto. Eu sou mãe, sou avó... não gostava que os meus filhos fizessem isto”. Disse isto como quem diz que não gostava que o filho fosse ao cinema!
Outra idosa morreu por acidente ao cair o taipal de uma barraca de comes e bebes em Montemor-o-Velho. Entrevistaram um Silva, uma testemunha ocular que garantiu que a culpa era do material “foi o tubo que leva o óleo pró hidráulico...”
Uma mulher aqui do Algarve foi atropelada há nove anos e, entre seguros manhosos e médicos ranhosos, foi operada vinte vezes. Resultado: deve ter que amputar um pé!

Notícias do Mundo:
Os israelitas e palestinianos continuam alegremente a matar-se uns aos outros. Não admira, estão habituados a faze-lo desde há 4.000 anos.

9 de setembro de 2003

Santa Cruz

Como de costume tomei café no Santa Cruz, eu sei, eu sei, é o café mais bonito do país (não me venham com Magestiques e Brasileiras)
A clientela habitual lá estava a bebericar o seu café no meio de dois dedos de conversa.
O Miró de trazer por café, que entre quadrinhos feitos com borras de bica declama a sua "puézia"...os velhos reformados que discutem as noticias do Calinas, o professor velhote que adormece placidamente enquanto lê os seus livros de poesia inglesa (é tão parecido com o Tom Waits), as velhas beatas e o velho baboso que me massacra com os seus olhares idiotas e tentativas de aproximação. Tudo isto ao som dos Pan Pipers a tocar musica dos Abba.
Eu sei que parece um filminho de terror, mas quem me tira um café no Santa Cruz, tira-me uma das melhores partes do meu dia.
Isto tudo só porque me apetece colocar uma foto no blog.


Crónicas da Inês (1) – Uma fotografia

Faz parte dos meus planos (os tais que faço, que planeio com afinco) mas que gosto de não cumprir, escrever sobre ou comentar as coisas da Inês.
E porquê esta obsessão, perguntarão? Não sei! Admito que, com em relação à Clara (a Pinto Correia, não a outra lá das páginas do fundo), seja também uma coisa do Freud, uma paixão (platónica, claro!) provocada sabe-se lá porquê, talvez por aquela fotografia sempre igual que aparece na página dez do Expresso, todas as semanas, a sorrir para mim...
Gosto do que escreve, da maneira como escreve. Tem boas (e excelentes) ideias à mistura com outras menos boas (como todos nós). Às vezes até parece que me as rouba (seremos almas gémeas?)... De uma forma geral gosto de crónicas femininas, ou seja escritas por mulheres. Têm uma maneira diferente de ver, de sentir, de exprimir as coisas... gosto, desde que não radicalizem!
Está decidido, nomeei-me comentador oficial dos DiasQueVoam da Inês Pedrosa e das suas famosas crónicas do Expresso (aquele jornalito que sai aos sábados).

PP: Ando a elaborar a minha posição em relação ao futebol... e acho que descobri que sou anti-portista. Assumo: abomino o fêquêpê, sou anti-portista;ignoro o Pinto da Costa, é um pacóvio; desteto o Mourinho, é parvo e irritante!

PPP: férias... há montes de tempo que não tenho!


8 de setembro de 2003

O que eu sou (1) – num dia claro de Verão

Andei triste uns tempos, muitos tempos até, porque pensei que só me faltava ser avô. Em quase quarenta anos de vida já me parecia ter feito e ter tido tudo, um curso, uma profissão, um amor, um casamento, uma mulher, os filhos, até um cão. No aspecto material carros qb, viagens também e, depois de várias casas, agora uma vivendona de “sonho” (daquelas bem hipotecadas que no fundo só são nossas aos setenta anos, quando os pés já estão inclinados para a cova).
Um dia a minha irmã teve um filho e pensei, de repente, "só me falta ser avô"! Ora isto dá uma perspectiva de fim de vida... fiquei triste durante anos, deprimi, até tomei comprimidos cor de rosa. É claro que não foi só por isto, mas há-de ter dado uma boa ajuda: é triste pensarmos assim, sentirmo-nos assim, que já fizemos tudo, especialmente antes dos quarenta anos.

De repente também, num destes dias claros de Verão, já lá vão dois ou três anos, descobri que ainda podia ser tudo o que quisesses, que podia gritar “liberdade”. E assim comecei a ser e a fazer montes de coisas novas: escritor amador, motard, marinheiro (ainda de água doce), golfista; fiz uma tatuagem (uma águia), dei duas cambalhotas arriscadas e andei em “psicoterapia”; e agora bloggar...
Vamos lá viver a vida a sério!

PP: Que merda de jogo... perder 3-0 e logo com os "espanholes"! Ainda lá há muitos do fêquêpê é o que é...

PPP: Estamos a ficar com uma tendência esquisita para queda de pontes e viadutos... andarão a aldrabar no cimento?

7 de setembro de 2003

Domingo!

Como vêem já estou a furar os meus planos! É domingo e estou a “postar”. Não fui à missa, não vesti fato e já li o Expresso ontem. Não sei se vou comer fora.

Ontem começou o primeiro-fim-de-semana-depois-de-férias. Dei umas voltas de mota, almocei comida israelita, fomos ver os “Piratas das Caraíbas” e jantámos com uns amigos no Capelo em St. Luzia. Tásse bem.... :))

Como aqui nisto já somos uma cambada de meias-idades-meios-velhos trago aqui um lema (coisa profissional), para meditação: “Faça das tripas coração

Desulpem lá, não tenho gato.

Não tenho animal de estimação. Só tenho isto para mostrar mais qualquer coisa de mim além de texto:

6 de setembro de 2003

O Frio

Esticadita até ao teclado vos venho dar novas um pouco gastas. De vez em quando já ligo o aquecedor. Sou friorenta. Gosto de sentir os pés quentes ao mesmo tempo que sinto fresco nos braços. Não tarda estou a aquecer leite com chocolate outra vez. A madrastinha é quem tem razão. Eles voam mesmo.

Vão voltar os cachecóis. Não imaginam o que eu gosto de cachecóis. Suponho que seja pela sensação de aconchego. Parece um abraço, um cheiro no pescoço (uma expressão das terras do Orlando que eu gostaria de usar com o mesmo à-voltade dos brasileiros).

Não estou a agoirar, é que tenho saudades de ver toda a gente encasacada. Há charme por baixo dos casacos. Há charme por baixo dos cobertores. Há charme no frio.



Dou o braço a torcer, no caso dela há charme até com 60º à sombra.

Antes as capas aborrecidas de couro.

Depois do cinema lembrei-me de livros. Passa-se um pouco a mesma coisa: qualquer coisa como um descer de qualidade para que a escrita de qualquer pessoa possa chegar a qualquer pessoa. Tenho que admitir, soa bastante bom ao princípio, tudo para todos, enfim todos temos direito etc. Até me faz hesitar em continuar.
Mas depois entre umas compras lá no jumbo, acabo sempre por passar pela coluna dos livros. Se agora critico é porque me lembro que nem quis parar.
Além de ver livros classificados como bestsellers (enquanto que outros como Vergílio Ferreira não passam da segunda edição, SE!) escritos por todo o tipo de pessoa desde terroristas, treinadores de futebol passando por apresentadoras de televisão, insistem em apresentá-los com capaz de cores que mais parecem embalagens de pensos higiénicos ou qualquer coisa no mesmo grau de berrante.



“Implantes De Silicone – A Crise Dos Anos 40” alguém já leu? Ok, eu digo pelamordeus mesmo sem ler.
É mais ou menos como uma manada, uma criação de animais. Ovelhas por exemplo: se tivermos 5 ovelhas em excelentes condições, o rebanho pode ser considerado um rebanho em boas condições, de alta qualidade. Mas se tivermos 25, 5 boas e 20 doentes, estraga a visão geral do rebanho (baixa a média!). Mesma coisa com estas recentes edições de romances sobre as vidas dos Vips e das Tias e etc...



Ok admito que achei este até inteligente.

5 de setembro de 2003

Quem não quer casar com o Chico?

Este outro poema, também do Chico Buarque, também musicado pelo Edu Lobo, é tão castiço que merece uma entrada diferente.


A História de Lili Braun

Como num romance
O homem dos meus sonhos
Me apareceu num dancing
Era mais um
Só que num relance
Os seus olhos me chuparam
Feito um zoom

Ele me comia
Com aqueles olhos
De comer fotografia
Eu disse cheese
E de close em close
Fui perdendo a pose
E até sorri, feliz

E voltou
Me ofereceu um drinque
Me chamou de anjo azul
Minha visão
Foi desde então ficando flou

Como no cinema
Me mandava às vezes
Uma rosa e um poema
Eu, feito uma gema
Me desmilinguindo toda
Ao som do blues

Abusou do scotch
Disse que meu corpo
Era só dele aquela noite
Eu disse please
Xale no decote
Disparei com as faces
Rubras e febris

E voltou
No derradeiro show
Com dez poemas e um buquê
Eu disse adeus
Já vou os meus numa tourê

Como amar esposa
Disse ele que agora
Só me amava como esposa
Não como star
Me amassou as rosas
Me queimou as fotos
Me beijou no altar

Nunca mais romance
Nunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais chese
Nunca uma espelunca
Uma rosa nunca
Nunca mais feliz

(Edu Lobo e Chico Buarque)



Quem daqui não casava com o Chico Buarque? :j

Vou bloggar

Definitivamente acabaram as férias.
Estamos em Setembro e está a refrescar. Descansei, assentei ideias, sinto-me pronto para a luta. Não quero passar por aqui incólume. Quero provocar reacções, agitar almas, desenterrar emoções... quero que me amem ou me odeiem, me digam sim ou não, recuso um “nim”.
Isto porque nestes últimos anos, entre cambalhotas e trambolhões, passei a conhecer-me bastante melhor. É curioso como podemos passar, às vezes uma vida inteira, a tentar conhecer desalmadamente outras pessoas e esquecemo-nos de nós, de nos conhecer verdadeiramente, de aceitar os nossos piores defeitos e sublimar as nossas melhores qualidades. Especialmente de conhecer o “lado negro” da nossa alma, aquele lugar onde guardamos os segredos mais terríveis e as fantasias mais loucas, os que se contassemos assim de chofre a outra pessoa a assustaria, a aterrorizaria, sei lá.
Isto lembra-me uma passagem de Osho. ”Na nossa vida quotidiana, tendemos a ver a solidão como um fardo, um incómodo. Enchemos a nossa vida de actividades, de passatempos, de ocupações; esquecemo-nos de como é bom estar só e em silêncio. Procuramos no amor um refúgio para a solidão; mas se não soubermos viver connosco mesmos, transformaremos o amor numa solidão a dois

Serve isto para dizer (o que já disse algures) que gosto disto e caminho a passos largos para ficar viciado. ...Vou levar este Blog a sério! Então, como sou metódico e estruturado, fiz planos, assentei notas, tenho títulos. Adoro fazer planos, compro agendas e esboço organigramas, tento prever tudo e sigo uma lógica inabalável. O meu mal é depois: gosto de não cumprir os meus planos ou, quando não é possível, cumpri-los no último dia, no último minuto quando não é possível fugir mais.

Assim vou bloggar da seguinte maneira: terei quatro (4) temas fixos, um em cada dia da semana. Os primeiros serão: O que eu sou, Estórias da minha infância, As crónicas da Inês e Coração vermelho. Depois virão outros, quiçá mais arrojados, como Palavrões à portuguesa, Bebedeiras monumentais, Sítios do Sul, Cantigas do meu tempo. Dois dias (quartas e sábados) serão de tema livre, para dizer o que me vier à tola, ou não dizer nada. O sétimo dia é para descansar (sim, eu sou católico... e apostólico.. e romano). Domingo é para acordar quando calhar, vestir uma fatiota, ir à missa, almoçar fora e , à tarde, fazer qualquer coisa ou nada. E ler o Expresso!
Está decidido, bloggemos!

Acesso VS Qualidade.

Estive ontem no cinema a ver um filme chamado “É mais fácil um camelo”, uma coisa meio Italiano-Francês que não vale assim tanto. Foi no auditório Charlot, que é o cinema mais antigo da cidade onde vivo, visto que o outro cinema (que eu adorava quando era míudo) foi convertido em salão de não sei bem de quê pela Igreja Universal do Reino de Deus. Em alternativa ao Charlot, temos as 4 (terríveis) salas de cinema do Jumbo. Mas isto funciona geralmente ao contrário: o Charlot é que é normalmente a alternativa, de modo que está sempre muito mais vazio. Tem uma sala só, grande, dá para esticar as pernas. Pouca gente, é como eu gosto. Ainda é um cinema personalizado, com estilo e cores que ainda parecem ter sido escolhidas por alguém. Infelizmente, o que se tem hoje são salas repetidas replicadas clonadas de uns centros comerciais para os outros, perdeu-se a personalização, o diferente. É tudo azul escuro ou preto, as pipocas são caras, perdeu-se o ar acolhedor, as cadeiras almofadadas que pronto, é verdade que às vezes até faziam algum calor mas sempre se via o filme mais confortável sem temro que estarsemprea udar de posição porque o banco é simplesmente incompatível com a anatomia humana ou porque estamos sempre a escorregar para baixo e a cabeça da pessoa em frente insiste em constantemente impor-se ao ecrã; falta o espaço para não termos que ter os joelhos na cadeira do vizinho da frente, e perdeu-se muita coisa que conseguia fazer dos cinemas uma coisa ao gosto de apenas alguns, de uma elite capaz de apreciar cinema como realmente cultura. É como o McDonalds, não há melhor exemplo de desculturalização.
A meu ver, não há problema em elevar a cultura ao gosto de uma elite. Tem que ser apreciada e desapreciada também. É preciso qualidade, não é necessário vender. Porque para ser acessível a todos não pode ter tanta qualidade assim. É uma proporcionalidade inversa.
E os livros... os livros. Mas vou alinhar nesta coisa aqui do blog: os livros ficam para o próximo post. =)

por nada de especial.

os dias enrolam na areia , como o mar.
o fim de semana está a chegar. vontade de não ter nada para fazer.
vontades...
os meses andam a voar é certo. passa tudo tão depressa.
tudo também não. algumas coisas esperam-se a contar os segundos que faltam.
e um segundo ás vezes demora anos.
ampulhetas de areia colorida, preciso de comprar uma.
urgente essa aquisição.
desenrolar nós de trabalho. e ver tudo cada vez mais enrolado, risos.
e é só isto.

4 de setembro de 2003

Para a Andreia

Segue a mais jovem da tribo aqui de casa.

Ah!........... acção!

Ah tão bom. Já me estava quase a sentir sozinho no meu blog (e os seus 0,5 cliques por dia).
Não preciso de dizer que me sinto intruso. Já toda a gente disse, e como toda a gente se sentiu intruso já não há necessidade de eu me sentir, de sentir que estão todos a olhar para mim.
Fiquei algum tempo a olhar para o post antes deste, sobre coisas do passado. Mas onde perdi algum tempo foi mesmo no primeiro comentário (já não me lembro quem deixou) porque fiquei a reparar que o meu passado é provavelmente mais recente que os vossos passados.
Vamos ver se estou à altura =)

Há diferenças.

Hoje passei a manhã numa escola do 1º CEB de Lisboa. As chamadas primárias, para nós os mais antigos.
Alunos deambulavam com ar sorridente( o ATL já está a funcionar), as empregadas tinham ar afável e acolhedor. Os professores estavam em várias salas, em grupos de trabalho a discutir e organizar o ano lectivo.Tudo tinha ar de vivido e trabalhado e remexido.
A escola é de 1953, por isso entra luz por todo o lado e, apesar de precisar de alguma manutenção, quando entramos somos impressionados por uma grande sensação de bem estar.
O jardim à volta estava tratado e ao lado tinham uma espécie de pequena quinta pedagógica, com alguns galos atrevidos e coelhos dorminhocos.
Estive a trabalhar com alguns dos professores e fiquei satisfeita com o grau de preocupação que eles tinham em relação à escola e às suas condições de segurança ( desculpem, é o meu trabalho) e fiquei agradada da forma como o faziam, organizadamente calendarizando o projecto.
Conheço muitas escolas. Esta é uma das boas escolas que existe.
Vivida e com certeza amada.
E , como acredito que o 1º Ciclo de Ensino é que alicerça todo o saber, registei que há escolas como deveriam ser todas as escolas. E que existem professores que sabem ensinar.
É em Alvalade e tem um número engraçado....111.

Mais um dia!

Aos poucos vou aterrando no chão duro, depois dos dias de férias que voaram. Volto devagarinho ao chamado país real. Ontem à noitinha entretive-me a ver o telejornal da SIC

Notícia de cerca de 12 minutos: A angústia dos professores... mas a angústia não era tanto por não serem colocados, era porque desde a meia-noite da véspera tentavam em vão descobrir, através da net ou de SMS, se estavam ou não colocados. E como aquilo estava emperrado, não funcionava, ficaram angustiados a noite inteira. Até fizeram o directo da ordem a entrevistar um professor angustiado: era o Zé Luís (já agora, e porquê o Zé Luís? Porque mora perto da SIC? Foi sorteado? É amigo da entrevistadora? Porque não entrevistar todos os professores angustiados, um a um...). O Zé Luís lá falou e não parecia muito angustiado. Desculpem lá mas acho isto ridículo, proponho até que se acabe com esta mariquice de net e SMS. Para o ano passam mais um noite descontraídos e vão de manhã ver a colocação às vitrines da Direcção de Educação. Até poupam uns trocos em SMSs...

Logo a seguir uma notícia sobre a excelência do nosso SNS. Enquanto em França morreram mais de 10.000 velhotes na vaga de calor, em Portugal “oficialmente” morreram quatro! Não são três, nem cinco, são QUATRO (4) velhotes (4) mortos pelo calor. É extraordinário... É de notar que no período correspondente à vaga de calor deste ano, em relação ao ano passado, morreram mais quinhentas e tal pessoas... mas estas morreram, se calhar, porque calhou e até os famosos quatro deve ter sido por culpa deles, devem ter bebido pouca água só para chatear. Enquanto isso em França, a Câmara de Paris, homenageou os seus mortos ao enterrar com honras cinquenta e oito (58) idosos cujos corpos não foram reclamados por ninguém...

PP: Estou com os professores na mira... os angustiados complicam-me os nervos!

PPP: No hospital onde trabalho morrem todos os dias um ou dois velhotes, no corredor sombrio da Urgência, em notório déficit de cuidados médicos mínimos. Naqueles dias de calor morreram mais que o habitual. Pois é, tenho tantas histórias de medicina e médicos para contar... mas essas ficam para mais tarde!

Ai ai ai ai o menino!!!

Dias de muita produtividade laboral:) bom, não é?
Depois umas desinquietações. Muito boas, sem dúvida:))
E este ar que o tempo tem, de querer dar uma de chuva!
Estou com saudades da escrita do Orlando por aqui. E é verdade, vais receber duma pessoa aqui de Lisboa dois livros do tal do "Morreste-me"..:)
Portanto se dos correios ,amigos da Manela, te chegar um aviso, podes ir levantar sem receio.Não são os Impostos e melgarem-te:)
Outros assuntos. Mais nada, a chefe chama!!! Grrrrrrrrrrrrrr!







3 de setembro de 2003

há dias assim...

Estava eu descansadinha a tomar um café quando uma senhora ,de sorriso de compaixão em riste, me aborda e diz “a menina não tem pena de ser tão gordinha” (adoro estes inhas piedosos). Quando respondo “não, não me importo nada”, olha-me incrédula e começa a despejar uma lengalenga sobre uns comprimidos “maravilha”,sobre como emagreceu 30 quilos em 3 meses, de como já estava quase cega por causa da gordura debaixo dos olhos e patati e patata…
Suspiro e digo à senhora que gosto de ser como sou, ao que ela me responde “mas, mas , a menina é gorda, não pode gostar!!”
Levanto-me e saio do café dizendo um obrigada pela informação, quase que tropeço num velho baboso que me chateia à meses…..argh
Chego à escola, e não é que no meio duma aula, o meu director entra pela a sala dentro, e no meio da conversa, lança uma frase linda “ ó Maria José, engordou nas férias, tem que ir fazer umas corridinhas para o Choupal.”..é claro que a sala ficou cheia de risinhos abafados das alunas…
Que fiz eu para merecer isto? Parece que tenho que pedir desculpas por ser como sou


Dias tristes... ou a morte de um amigo

Confirmaram-se!
As minhas piores suspeitas estão confirmadas: O meu disco está avariado, pifou...
E não foi nenhum vírus esquisito, tipo Blaster, ou qualquer worm apanhado em descarregamentos do Kazaa ou em mails manhosos. Simplesmente avariou como qualquer reles disquete.
Ainda estou em choque!
Este meu disco que me acompanha há mais de três anos, amigo e confidente, a quem confiava os meus tesouros e segredos, morreu. Chamava-se Chefe e muito de mim estava guardado com ele. Pensando bem é pior do que a morte de um amigo: é a morte, o desaparecimento de parte de mim mesmo. É como uma amnésia ou buracos negros no cérebro, vazios que ainda não sei quantificar... ando aos poucos a recuperar bocados de mim espalhados por disquetes, pelo portátil, pelo mail e arquivo do serviço. Mas sei que é uma perda irreparável.
O meu disco que se chamava Chefe morreu...
Vou comprar outro, com 20 gigas de memória toda virgem.
Vou-lhe chamar Amigo!

PP: Os lagartões desiludiram-me... enfim!

PPP: Ouvi de manhã esta notícia: “Este ano, de novo, milhares de professores no desemprego!” ... Lá vamos outra vez aqueles bandos de pobres professores desempregados a vagabundear pelas cidades, esfaimados, desordeiros...
Desculpem a ironia mas não conheço nenhum professor desempregado. Conheço sim muitos com confortáveis horários de 12 e 16 horas, alguns com 6 horas semanais e até um ou outro com os chamados horários 0 (zero). E também conheço outros que inventam truques e trafulhices para não ir para Beja e ficar em Faro a fazer qualquer coisita, tipo: atestado médico a dizer que é alérgico ao calor...

é daqueles dias

Acordas a correr, com a porra de três despertadores a tocarem.
No entanto, estás super-emergética qual Mary Poppins desenfreada de sombrinha em riste.
Prometo que hoje levo tudo a eito.

Quanto a novos postadores. Convidei aqui o Zoe, mas qualquer um de nós pode convidar amigos para integrarem o team. É só irem aos settings e adicionarem um "new team member".
Quanto a imagens. Eu quando estou a postar aparece em cima um 4º item a dizer upload files. Penso que todos nós temos essa possibilidade. Mas de certeza que o Zoe explicará isso melhor do que eu.
Ou então terão que fazer qualquer upgrade. Mas direitos iguais:)
E um beijo do tamanho quilométrico adequado a quem de direito:)

Voltei, ou vou voltando

Voltei a casa. Hoje é dia de por as coisas no lugar - fazer a cama, desfazer malas. Confrontada com o PC verifico que perdi a rodagem, mas isto vai lá. Não hoje, estou cansada, pendular no alfa não é a maravilha que pintam. E aqueles botões todos, a televisão, os auscultadores, a janela, as portas eléctricas, puf. Não gosto de combóios XPTOs. Parece que estamos dentro dos tachinhos da Filipa Vá com Deus (ufa), com aquelas coisas todas de baquelite, ouro e madeira vinda de uma ilha deserta qualquer. Ah, mas a viagem é bonita. É sim. E quando se volta para quem se gosta (e se evita passar uma semana enfastiosa nos algarves), não há janelinha maricas que nos desanime. Já se sabe, é o hábito de dizer mal, espero que ninguém dê importância, até porque se deve notar que estou CONTENTE!

2 de setembro de 2003

Para completar o que o Gasel afirmava sobre amigos.

AOS AMIGOS

Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos,
com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
– Temos um talento doloroso e obscuro.
Construímos um lugar de silêncio.
De paixão.

Herberto Hélder.

E assim.......

Estou aqui um bocadinho fora do mundo. Ontem presenciei aquela guerra mediática entre advogados e juízes e fiquei siderada pelo mau gosto da generalidade daqueles seres.
Interrogo-me muito sobre pessoas que, com tão pouca capacidade de escolher uma gravata decente, tenham a decência de julgar sobre as vidas dos outros com alguma imparcialidade.
Mas enfim...Parece o mundo que o Ramalho e o Eça descreveram nas Farpas. Todos igualmente emproados e arrogantes, com um fraseado que cansa os ouvidos. A retórica transforma-se em discurso de provocar enfado e bocejo.
E nesse aspecto, é bem conseguido. Paralisa de chatice qualquer um.
Não, não tenho nada contra os advogados e juízes. Sou bisneta, neta filha e irmã de congéneres desses seres. Não segui a linha familiar. Pois bem, estou satisfeita:)
Perdemos sempre tanto tempo a falar e a analisar, mas sempre em registo de nos ouvirmos a nós próprios. Por isso acho tão inúteis as discussões. Ninguém convence ninguém.
Estou pessimista?
Nem por isso, está um dia bonito e a vida não é nada má:)
Também me apetecia descascar nos jornalistas, mas isso fica para a próxima:)

1 de setembro de 2003

Já não estava habituado...

Já não estava habituado e cansei-me muito. Voltar ao trabalho depois de três semanas de boa vida é terrível... só volto a fazer isto para o ano que vem!
Como não estava habituado e me cansei muito, fiquei meio vazio e sem ideias... com o cérebro esgotado.
Estive meia hora a olhar para esta página em branco e nem uma frase fui capaz de articular, nem duas palavra seguidas me saíam a jeito. Até que duas horas depois um colega meu veio dar comigo a olhar feito estúpido para o écran do computador e me perguntou - O que é que tens, pá? - ao que eu respondi que já não estava habituado e me sentia muito cansado...
Ele foi porreiro e disse-me - Vai para casa, vai descansar um bocadinho! - E eu vim para casa descansar. Quando vinha pensei que ele tinha sido muito meu amigo, a notar que eu estava muito cansado, provavelmente por falta de hábito, e me tinha mandado repousar.
Foi aí que me lembrei de um verso do F. Pessoa (julgo, não tenho a certeza... e se não for desculpem porque estou desabituado e bastante cansado) que aqui deixo:

"Amigos,
De tudo, ficaram três coisas.
A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que precisamos continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...
Portanto, devemos
Fazer da interrupção um caminho novo...
Da queda um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro..."

A Minha Tese

Ando a escrever uma tese de doutoramento: "Propriedades Ansiolíticas da Violência Gratuita".
É um case study, baseado na minha própria vida.
Quando estou tristonho, desanimado, e nada me corre bem...
Aí saio e mato três ou quatro.
Fico logo melhor.
Sinto-me realizado, em paz comigo mesmo, percebem?
Também gosto de apedrejar montras e pegar fogo a prédios devolutos.
Mas não há nada como o homicídio.
Satisfaz o meu desejo de requinte.

boavisteiro

coisas.

A segunda feira É o dia mais depressivo que existe.
Mesmo a seguir a um óptimo fim de semana. Ou será por isso mesmo?
Ou então foi o recomeço do B Brother que me fez mal.
Ou a segunda garrafa de tinto que se bebeu ao jantar.
Ou..Ou....
Eu confesso. Estou morta de sono.