27 de setembro de 2003

Uma tarde fresca de Outono

Enquanto não trabalho no meu emprego, vim aqui dar uma volta.

Aos poucos vou percorrendo blogs, e blogs, e blogs.... de link em link, de salto em salto, descubro coisas giras e sofro algumas desilusões.
Hoje descobri, abruptamente, que um blog que de vez em quando espreitava afinal é de uma pessoa muito conhecida. Descobri também alguém que exclama duh!, como faz a minha filha seis ou sete vezes por dia. Desiludi-me porque finalmente fui espreitar as famosas mentiras e descobri que foram retiradas! Comecei também a frequentar o consultório da minha colega, a Drª Titas, emérita consultante de almas, espíritos e afins.

E por cá? Persistem as ausências... mas são compensadas pela T que voltou revigorada do México, à força de muita tequilla, e que, além de resolver os meus mistérios, ainda desbrava com bravura o terreno àrduo da poesia.

Como a tarde continua mansa, lembrei-me de vos contar duas pequenas histórias.

A primeira ouvi-a ontem na aula de patrão local, contada como verídica. Um senhor muito rico e algo conhecido de Lisboa comprou, levado na moda de há cinco ou seis anos, um barco todo xpto. Tinha umas fracas luzes de coisas do mar e uma cartita de marinheiro. Ao comprar o barco, comprou logo um espaço na marina de Vilamoura e num belo dia decide levar a família para o barquito, com a intenção de vir até aqui ao Algarve, ocupar o dito lugar. Já que cá vinha, aproveitava e registava o barco.
Antes de sair perguntou a alguém no cais:
- Como se vai para o Algarve, para Vilamoura?
- Fácil.... sai da barra, no Búgio vira à esquerda, passa quatro faróis, vira outra vez à esquerda, e passado um bocado está logo a ver o Vilamoura Marinotel...
O quarto farol era o do cabo de S. Vicente.
E o artista atira-se à aventurosa jornada. Primeiro tudo bem, mas a meio da viagem cai nevoeiro e entre o levanta, não levanta, lá vai andando. Quando finalmente levantou a nebelina, constatou meio incrédulo que não havia farol e, muito pior, já nem terra havia à vista. Só mar!
O télélé não tinha rede, o rádio VHS era como se fosse chinês... a safa foi que o tal barco xpto tinha um telefone satélite e ele lá conseguiu chegar à fala com a capitania de Portimão:
- Então quais são as suas coordenadas?
- Como...?
- Pronto, deixe lá.... Quantas horas navegou e a que velocidade?
- Horas... ahhhh, não sei! Velocidade?.... bastante!
- Pois....
- ....
- Vamos mandar um avião. Fique quieto e não mexa em nada!
O avião passado umas horas lá detectou o artista. Mais uma horita e, entre choros, palmas, risos e valha-nos deus, lá ia rebocado a caminho de Portimão.
Chegado lá o barco ficou arrestado (não estava registado), o artista foi abundantemente multado (a carta não lhe dava para aquele barco) e pagou uma pequena fortuna pelo heróico salvamento (não tinha seguro). O barco está agora no tal lugar da marina de Vilamoura mas tem outro dono que o comprou ao chamado "preço da uva mijona".

Como ficou comprida e já é tarde, a outra fica para amanhã!

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