4 de setembro de 2003

Mais um dia!

Aos poucos vou aterrando no chão duro, depois dos dias de férias que voaram. Volto devagarinho ao chamado país real. Ontem à noitinha entretive-me a ver o telejornal da SIC

Notícia de cerca de 12 minutos: A angústia dos professores... mas a angústia não era tanto por não serem colocados, era porque desde a meia-noite da véspera tentavam em vão descobrir, através da net ou de SMS, se estavam ou não colocados. E como aquilo estava emperrado, não funcionava, ficaram angustiados a noite inteira. Até fizeram o directo da ordem a entrevistar um professor angustiado: era o Zé Luís (já agora, e porquê o Zé Luís? Porque mora perto da SIC? Foi sorteado? É amigo da entrevistadora? Porque não entrevistar todos os professores angustiados, um a um...). O Zé Luís lá falou e não parecia muito angustiado. Desculpem lá mas acho isto ridículo, proponho até que se acabe com esta mariquice de net e SMS. Para o ano passam mais um noite descontraídos e vão de manhã ver a colocação às vitrines da Direcção de Educação. Até poupam uns trocos em SMSs...

Logo a seguir uma notícia sobre a excelência do nosso SNS. Enquanto em França morreram mais de 10.000 velhotes na vaga de calor, em Portugal “oficialmente” morreram quatro! Não são três, nem cinco, são QUATRO (4) velhotes (4) mortos pelo calor. É extraordinário... É de notar que no período correspondente à vaga de calor deste ano, em relação ao ano passado, morreram mais quinhentas e tal pessoas... mas estas morreram, se calhar, porque calhou e até os famosos quatro deve ter sido por culpa deles, devem ter bebido pouca água só para chatear. Enquanto isso em França, a Câmara de Paris, homenageou os seus mortos ao enterrar com honras cinquenta e oito (58) idosos cujos corpos não foram reclamados por ninguém...

PP: Estou com os professores na mira... os angustiados complicam-me os nervos!

PPP: No hospital onde trabalho morrem todos os dias um ou dois velhotes, no corredor sombrio da Urgência, em notório déficit de cuidados médicos mínimos. Naqueles dias de calor morreram mais que o habitual. Pois é, tenho tantas histórias de medicina e médicos para contar... mas essas ficam para mais tarde!

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