12 de março de 2009

TAMBÉM A BELEZA DAS CAPAS




“O Velho e o Mar”
Ernest Hemingway
Tradução de Jorge de Sena
Capa de Bernardo Marques
Colecção Miniatura nº 41
Livros do Brasil
Lisboa s/d

“Sempre pensava no mar como “La Mar”, que é o que o povo lhe chama em espanhol, quando o ama. Às vezes, aqueles que gostam do mar dizem mal dele, mas sempre o dizem como se ele fosse mulher. Alguns dos pescadores mais novos, os que usam bóias por flutuadores e têm barcos a motor, comprados quando os fígados de tubarão davam muito dinheiro, dizem “el mar”, que é masculino. Falavam dele como de um antagonista, um lugar, até um inimigo. Mas o velho sempre pensava no mar como feminino, como algo que entrega ou recusa favores supremos, e, se tresvariava ou fazia maldades era porque não podia deixar de as fazer. A lua influi no mar como as mulheres, pensava ele.

4 comentários:

teresa disse...

Lindo post: o excerto do livro é um dos mais bonitos.
Recordo algumas destas capas, só tenho um do Aldous Huxley (título menos conhecido) comprado no alfarrabista há uns 20 anos, mas a biblioteca do local onde costumo passar férias tem toda a colecção.
Escolher Jorge de Sena como tradutor é também um gesto de sensibilidade literária.
Os jovens do 9º ano estudam - não obrigatoriamente - esta obra na escola, embora nem todos tenham vivido o suficiente para a entenderem.

carlos disse...

estive na casa onde esse livro foi escrito.
e na aldeia onde viveu o 'velho'.

há prazeres muito bons

gin-tonic disse...

Nesses tempos os editores tratavam os livros com gosto, com carinho, como se trata um filho. Para tanto arranjavam escritores competentes para os traduzir, artistas competentes para lhes fazer as capas. É por isso que encontramos traduções feitas por Jorge de Sena, José Rodrigues Migueis, Cabral do Nascimento, José Saramago, tantos outros. E encontramos capas do Vespeira, do João Câmara Leme, Cândito Costa Pinto, Bernardo Marques, tantos outros. Para além da qualidade das traduções e das capas estarem asseguradas, isso também permitia que escritores e artistas pudessem compor o ordenado ao fim do mes, pois muitos viviam com dificuldades.
Os editores de hoje – há excepções - para além de não se preocuparem minimamente com as traduções e as capas, editam livros como poderiam produzir chouriços…

gin-tonic disse...

Houve tempos em que se armava numa de chico esperto, de ser mais papista que o papa, a idade foi-lhe melhorando a pancada. Mas por causa desses chico espertismoss nunca foi a Cuba com os amigos, porque estes só se preocupavam com as praias, disso tinha por cá, e o que ele queria era a velha Havana, runs, charutadas, música, histórias. Pensa que poderia ter feito tudo isso borrifando-se nas praias.
Hoje ao ler o teu comentário rebola-se de raiva. Mas é muito bem feito! Acontece aos que têm a mania que são mais espertos que os outros, ou qua arranjam desculpas maradas para não saírem do sítio onde estão...