Não calculam, não podem mesmo calcular, o quanto ele gosta deste quadro do Malhoa. Lembra-lhe a Praia da Adragra quando, para aí em Junho de 1973, passou por aí uma semana de férias. Quando a praia era quase desértica, quando no Verão a carreira ia de Almoçageme até à praia, quando o que é hoje o Restaurante da Suzete era uma tasca de terra batida, com umas canas a proteger do sol. O frigorfico trabalhava a gás porque a electricidade ainda lá não chegara. Desse tempo guarda uma fotografia em que está com o filho ao colo. Vê-se o sol a passar pelas canas a bater nas nossas caras, na mesa os restos do almoço, uma garrafa vazia de vinho cuja marca era justamente “Adraga”. Ficava ali a ler um livro, o jornal. Lembra sempre a inglesa que passava com a filha e gritava para dentro: “Suzete: para a uma e meia uma grande salada!”. Muitos anos mais tarde arranjou a mania de encontrar textos para fotografias ou vice-versa. Esta reprodução do quadro de Malhoa tem um texto de Luiz Pacheco: “Lembras-te Fátima? era o que eu sempre te dizia, não somos nada nas mãos do acaso, e não há mais filosofia do que esta: deixar andar, tanto faz, hoje ou amanhã morremos todos, daqui a cem anos que importância tem isto, quem se lembrará de nós?”
A pensão foi propriedade da D. Maria Helena, tia de uma amiga e colega de liceu que também lá vivia. O terraço era um óptimo "poiso" durante o Verão para lermos ou estarmos simplesmente na conversa, em grupo de amigos, a apanhar sol. Gostávamos de ler sentadas sobre as telhas ou em cima do muro. No mesmo terraço chegámos a fazer umas belas sardinhadas. Se a memória não falha, o espaço foi vendido ainda na década de 80, após umas décadas de árduo trabalho por parte da proprietária que já ansiava descansar e a idade começava a ser avançada:)
5 comentários:
josé Malhoa "Praia das Maçãs "
Carlota Joaquina
Exactamente:)
A taberna do Manuel do Prego, onde é a a pensão.
Cumpts.
Não calculam, não podem mesmo calcular, o quanto ele gosta deste quadro do Malhoa. Lembra-lhe a Praia da Adragra quando, para aí em Junho de 1973, passou por aí uma semana de férias. Quando a praia era quase desértica, quando no Verão a carreira ia de Almoçageme até à praia, quando o que é hoje o Restaurante da Suzete era uma tasca de terra batida, com umas canas a proteger do sol. O frigorfico trabalhava a gás porque a electricidade ainda lá não chegara. Desse tempo guarda uma fotografia em que está com o filho ao colo. Vê-se o sol a passar pelas canas a bater nas nossas caras, na mesa os restos do almoço, uma garrafa vazia de vinho cuja marca era justamente “Adraga”. Ficava ali a ler um livro, o jornal. Lembra sempre a inglesa que passava com a filha e gritava para dentro: “Suzete: para a uma e meia uma grande salada!”.
Muitos anos mais tarde arranjou a mania de encontrar textos para fotografias ou vice-versa. Esta reprodução do quadro de Malhoa tem um texto de Luiz Pacheco:
“Lembras-te Fátima? era o que eu sempre te dizia, não somos nada nas mãos do acaso, e não há mais filosofia do que esta: deixar andar, tanto faz, hoje ou amanhã morremos todos, daqui a cem anos que importância tem isto, quem se lembrará de nós?”
A pensão foi propriedade da D. Maria Helena, tia de uma amiga e colega de liceu que também lá vivia. O terraço era um óptimo "poiso" durante o Verão para lermos ou estarmos simplesmente na conversa, em grupo de amigos, a apanhar sol. Gostávamos de ler sentadas sobre as telhas ou em cima do muro. No mesmo terraço chegámos a fazer umas belas sardinhadas. Se a memória não falha, o espaço foi vendido ainda na década de 80, após umas décadas de árduo trabalho por parte da proprietária que já ansiava descansar e a idade começava a ser avançada:)
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