31 de outubro de 2008
Para a Lúcia
a crise internacional e a aparente insanidade do primeiro ministro
um primeiro ministro que utiliza o seu tempo numa cimeira internacional para promover um produto ao qual atribui a extraordinária qualidade de ser o primeiro computador ibero-americano (antes tinha sido o primeiro português... temo só de imaginar o dislate que virá a seguir), como se ser o primeiro fosse algum sinal de qualidade (podem perguntar á maioria das mulheres e podem ter a certeza que o primeiro raramente foi o melhor). e isto adicionado aos argumentos de vendedor de carros usados com a resistência ao choque (comprovada pelo presidente chavez) e a resistência aos copos de água (e aos casamentos?), e acabando com a frase mais senil pronunciada por um governante depois do américo tomaz: este computador é pare ser usado dos 7 aos 77 anos, com tin tin pelo meio e tudo.
as crises costumam provocar muitos disturbios mentais.
mas no primeiro ministro de portugal estão a ir longe de mais.
o terminal de contentores de alcântara
imagino vagamente que um bom terminal de contentores necessita de estar num rio com estuário relativamente largo e águas profundas e que deve oferecer um serviço rápido e eficiente para a generalidade dos cargeiros e as necessidades do comércio internacional.
imagino que deva ficar mais perto dos locais de grande consumo que, por exemplo, sines, para evitar que andem milhares de pesados a circular na estrada com consequente gastos de combustíveis, queima de co2, possiveis acidentes, etc.
quanto á localização diria que, sem precisar locais, acho que deveria estar o mais próximo de lisboa possivel (o porto já tem o seu com o porto de leixões no rio leça).
também não vejo nada que contrarie a tese de decidir já o que fazer do terminal de contentores de lisboa, mesmo tendo este ainda uma concessão para mais alguns anos.
fosse qual fosse a decisão, teria sempre que ser tomada uns anos antes de terminar concessão existente neste momento
a minha questão é apenas uma:
fosse qual fosse a empresa actualmente concessionada; fosse qual fosse o seu excelente ou péssimo desempenho enquanto concessionária; fossem quais fossem os seus administradores
era absolutamente obrigatório que fosse aberto um concurso internacional para o estudo do terminal de contentores (ali ou noutro local).
se acrescentarmos a isso o facto do presidente da empresa concessionária ter sido ministro dum governo do partido que actualmente governa o país e ser um dos seus mais influentes dirigentes, esta decisão aproxima portugal, o governo português e o seu primeiro ministro, do burkina faso, do governo da somália, ou do senhor josé eduardo dos santos.
esta é uma decisão de quem não tem espinha, nem moral, nem ética, nem vergonha na cara.
é, pelos vistos, uma decisão do governo do senhor josé sócrates.
O Gui
São tiras que ainda me fazem sorrir depois de as ter lido n vezes...
O humor do Quino e as personagens Mafalda e Gui não envelheceram. É bom recordá-las.
30 de outubro de 2008
A Lisboa do Rio
Dom Carlos
Tinha muito boas indicações sobre este livro. Encomendei-o. Hoje fui buscá-lo. Peguei-lhe e estou com dificuldade em desapegar-me dele.
Primeiro a escrita que nos ata à história, sem delongas, mergulhamos e mudámos de século. Depois a isenção, a informação, a envolvente social e cultural da época. Nada de historietas à mistura, só é válido o que está documentado. O desmontar de preconceitos e histórias infundadas.
Uma biografia que "não é só uma biografia, é a história de uma época, ou mais precisamente da decadência e queda do regime monárquico" diz Pulido Valente e tem razão.
Recomendo a quem gosta de ler , nomeadamente biografias ou história,e sobretudo livros vivos e inteligentes. Só espero que o Rui Ramos escreva muito mais. Ganhou uma leitora.
Sim VV eu depois empresto!
Gentileza
Paciência. tudo bem, talvez cheguem mais.
Não, espere aí. (Abre uma gaveta) É este que quer?
Sim, exactamente.
Tinha-o guardado para mim, mas vou ceder-lho.
Não faça isso, é seu.
Não minha senhora, tenho todo gosto em ceder-lho e eu tenho mais oportunidades de arranjar outro.
Se é assim, muito obrigada.
A gentileza e educação dos funcionários do Corte Ingles é de facto exemplar.Porque escassa, hoje em dia, convém salientar onde ainda a conseguimos encontrar.
Conversa entre livreiras
(Fiquei a pensar neste diálogo: li algures que os livros infanto-juvenis eram dos mais procurados em Portugal. As duas pilhas intactas eram exactamente dessa área. )
ENTÃO, "ATÉ JÁ!"
Mais ou menos seis anos depois destas conversa, acontecia aquela madrugada “onde emergimos da noite e do silêncio”.
Uma pequeníssima notícia de jornal diz-lhe que, com 67 anos, morreu ontem João Manuel Bicho Beatriz, um dos co-organizadores da primeira reunião do movimento dos “Capitães de Abril.”
Sentia que tinha uma tarefa a cumprir e não descansou enquanto não a pôs em marcha e, tal como lhe dissera, uma grande convicção de que seriam os militares a resolver o problema da Guerra Colonial. Juntamente com muitos outros restituíram a este país a dignidade, das poucas vezes que a palavra Portugal foi soletrada com respeito. “Foi bonita a festa, pá”!
Cumprida a tarefa não andou para aí em bicos de pés a contar feitos e proezas, a mostrar os galões, foi mais um dos poucos salgueiros maias que fugiram à luz dos holofotes.
Após aquelas conversas, nas Caldas da Rainha, só o voltou a encontrar uma vez, já capitão ou major, não lembra bem, porque para ele era sempre o tenente Bicho Beatriz. Já, então, Abril há muito se desfazia em oportunismos e traições vários. Falou-lhe das muitas esperanças frustradas, das desilusões, os esforços que só em parte resultaram, mas nada disso o levara à condição de um derrotado. Por temperamento optimista, esmagou logo ali o desencanto e propôs um almoço, num qualquer dia, para uma conversata e um tinto escolhido por colheita. Nunca houve esse almoço, aquelas coisas que vão ficando para amanhã e acabam em nunca mais. Se isso tivesse acontecido decerto que lhe levaria para ler, aquele fragmento de poema de Sophia Mello Breyner Andresen:
“Os ricos nunca perdem a jogada
nunca fazem um erro.
E esperam os erros dos outros,
São hábeis e sábios
têm uma larga experiência do poder
e quando não podem usar a própria força
usam a fraqueza dos outros
E ganham.”
Pois foi, limitámo-nos a administrar as nossas divisões, as nossas fraquezas. Crê que foi aqui que chegámos. Um país onde grassa o clientelismo, a corrupção e onde a lei é a do salve-se quem puder, exige que voltemos às nossas velhas conversas e, se possível, restituir os sonhos de uma vida. Que os sonhos existem e porque tem mesmo que haver um futuro.
Até já, tenente Bicho Beatriz!
DIÁLOGOS DE FILMES
“Johnny Guitar” é um dos: filmes da vida de João Bénard da Costa:
“Só vi o “Johnny Guitar”” 68 vezes, entre 1957 e 1988. Dá para saber de cor? Nunca se sabe o “Johnny Guitar” de cor. Cada vez é uma nova vez”.
Só recordam aqueles que confidenciam, a recordação é uma arte que arranca da solidão e do silêncio”, escrevi há quarenta e muitos anos, sem ainda saber ler nem escrever. Hoje, que tinha obrigação de saber mais, só posso repetir que esta arte recordatória, este filme mítico, este filme-mito (tão, tão diferente da memória) arranca também daí: da solidão e do silêncio.”
Diálogo de “Johnny Guitar”, filme de Nicholas Ray de 1954. O papel de Vienna é interpretado por Joan Crawford, o de Johnny Guitar por Sterling Hayden:
“Vienna – É uma história triste.
Johnny – Sou bom ouvinte de histórias tristes.
Vienna – Há cinco anos amei um homem. Não era bom nem mau, mas amava-o. Queria casar com ele, trabalhar com ele, construir algo para o futuro.
Johnny – Deviam ter vivido felizes para sempre.
Vienna – Mas não viveram. Acabaram tudo. Ele não se via preso a uma família.
Johnny – Parece que a rapariga foi esperta em livrar-se dele.
Vienna – Lá isso foi. Aprendeu a nunca mais amar ninguém.
Johnny – Cinco anos é muito tempo. Deve ter havido bastantes homens...
Vienna – Os suficientes.
Johhny – Que aconteceria se ele homem voltasse?
Vienna – Quando um fogo se extingue só restam cinzas.
Johnny – Quantos homens já esqueceste?
Vienna – Tantos quantas as mulheres de que te lembras.
Johnny – Não te vás embora.
Vienna – Nâo me mexi.
Johnny – Diz-me uma coisa bonita.
Vienna – Que queres ouvir?
Johnny – Mente-me. Diz-me que esperaste todos estes anos.
Vienna – Esperei todos estes anos.
Johnny – Que morrerias se eu não voltasse.
Vienna – Morreria se tu não voltasses.
Johnny – Diz-me que ainda me amas como eu te amo.
Vienna – Ainda te amo como tu me amas.
Johnny – Obrigado. Muito obrigado.”
Vivam os Reis
É aproveitar e copiar esta receita de bolo rei de Maria de Lurdes Modesto. Temos amplas garantias de qualidade. Vantagem? O ser preparado em casa. E nem se esquece da fava!
Troca a preparar o Natal e a treinar a receita.
Revista Gente, 1974
29 de outubro de 2008
O alto de Santa Catarina
O alto de Santa Catarina é um destes sítios de Lisboa, que, a dois passos da maior animação citadina, parecem adormecer na paz dum silêncio enorme. No terreiro, quatro palmeiras, pouco mais. Mas a vista embora limitada, é interessante.
Na frente desenrola-se o panorama da margem fronteira, com Palmela, a Arrábida, as terras avermelhadas do Alfeite, Cacilhas, Porto Brandão, a barra, areais da Trafaria, o porto coalhado de barcos. À direita as casas sobem a colina até atingir os altos da Estrela, de que se vêem as torres da basílica. Em baixo, até à borda da água, é um amontoado de fábricas, armazéns, oficinas com chaminé resfolegando, nuvens de fumo, comboios e carros eléctricos que deslizam nos trilhos, tudo debruado ao fundo por uma verdadeira floresta de mastros. À esquerda avista-se a frontaria da pequena Igreja das Chagas, enquanto aos nossos pés a estátua de Sá da Bandeira ocupa um largo marginal.
Desde o século XVIII que este terreiro, situado no monte antigamente conhecido pelo Monte do Pico ou de Belveder, é afamado como miradoiro e retiro de observadores lunáticos de onde o prolóquio popular de "ver navios no Alto de Santa Catarina.
Texto de Raul Proença, em O Guia de Portugal- Lisboa e Arredores, 1924
o design português
quando na década de 60 o conceito se começava a expandir em portugal, a mosca procurava provar que os portugueses eram mestres da arte.
este fim de semana em fajão deparei com este espantoso aproveitamento das águas pluviais misturado com a reciclagem de embalagens de lixivia delicada e amaciador de roupa, barril de combustível, suporte de chapéu de sol, funil e mangeira.
ao estilo da adivinhas da casa podem ainda descobrir mais alguns aproveitamentos para fazer chegar água a um galinheiro fora do perímetro da aldeia.
Os prédios também sofrem
Enclausurados por intrincadas estruturas, escondidos da vista dos passantes ávidos de beleza, inquietos e temerosos. Quem disse que os prédios não choram?
Alguns deles só fazem no momento final da derrocada. Outros mais perceptivos, aguardam discretamente o futuro, tentando conter as emoções e pensando por quanto mais tempo farão parte desta cidade.
Já agora, reconhecem onde é?
... longe vão as tardes desta fotografia que afinal foi há tão pouco tempo...
28 de outubro de 2008
o verdadeiro livro dos sonhos
O verdadeiro livro de sonhos alerta-o sobre os significados dos mesmos. Mas atenção, contam só os sonhos tidos depois da meia noite. Até lá o organismo está entretido a digerir e não produz significações relevantes. Mas quem se lembra de sonhar com agriões?
apreensão record da igac
algumas associações de estudantes já tinham apresentado queixa contra esta usurpação da sua tradição cultural e o esforço que todos os anos fazem por a manter dentro dos padrões de qualidade que a tradição cultural exige. quer nas percentagens de merda e palhas diversas incluidas no esterco, quer no espaço necessário para uma verdadeira imersão cultural.
o material contrafeito, em 2 727 tabuleiros de 150x100cm, apresentava índices de palha muito superiores aos normalmente utilizados na tradição cultural das praxes académicas, para além duma reduzida dimensão.
como dizia um estudante, interrogado sobre o assunto, 'é como a diferença entre ir ao cinema e ver em casa numa televisão de 17 polegadas. não dá a mesma pica'.
a igac, a braços com uma enorme falta de recursos materiais, teve que selar o armazém onde se encontrava o esterco já que, como dizia um seu inspector, 'é muita merda para o porta bagagens dum carro de passageiros. se ao menos tivessemos uma hi-ace de caixa aberta...' e acrescentava que o governo insiste em não dar condições para combater as novas formas de adulteração das heranças culturais. 'qualquer dia ainda vendem bonecas insufláveis para dar umas estaladas em vez duma verdadeira mulher.... florzinhas de estufa é o que são'
A CIDADE É A EXPERIÊNCIA QUE DELA TEMOS
Desloca-se de “vespa”, possivelmente de longe, para vir trabalhar na cidade. A “vespa” não é uma vulgar motorizada, é uma “vespa” , assim chamada porque Enrique Piaggio, quando viu o primeiro modelo do que é um hoje um dos símbolos do século passado, disse: “parece uma vespa”.
Esta está sempre ali, praticamente no mesmo pedaço de passeio da Av. Engº Arantes de Oliveira, junto ao Centro Comercial das Olaias. Quando por lá passa, fica a olhá-la, com uma certa melancolia miudinha a percorre-lhe os sentidos.
As “vespas”, também lhe chamavam Lambretas, mas não é bem a mesma coisa, estiveram em grande moda nos seus tempos de adolescente. O lançamento em Portugal fez-se com pompa e grandes facilidades de pagamento permitiram que uma série de gente passasse a andar de “vespa”. Mas também se lembra de uma camioneta percorrer as ruas de Lisboa para recolher as vespas. Uma boa parte dos que as compraram, mal tinham dinheiro para comer, quanto mais para pagar as prestações.
A “Vespa”, hoje, é uma maneira diferente de estar, o mesmo se diz dos “Fiat 600”, dos “minis” ou dos “Citroens dois cavalos”., mas para ele, acima de tudo, é Audrey Hepburn, à boleia de Gregory Peck, no filme de William Wyer, “Férias em Roma”, um filme vulgar que vive do encanto e do brilho de Audrey Hepburn, lindíssima Hepburn, e Gregory Peck,
Tempos de “vespas” e de outro cinema, assim encontrados pelas ruas da cidade. Sebastiânicas saudades…
Mais uma vez aconteceu
Não sei se é de mim… se coincidência, se atracção… mas quase sempre que estou de férias numa cidade fora do pais, apanho uma manif.
Claro que a minha costela esquerdalha me impele a ir saber do que se trata e, caso o entenda, a integrar as fileiras. Nada como uma boa manif :)
Desta vez foram duas.
Sendo que uma teve ainda uma característica acrescida. Senti-me… mmm… a modos que “perseguida” pelo trabalho.
As receitas da Maria de Lurdes Modesto
As receitas desta senhora são sempre excelentes. Esta sopa de cebola gratinada, a favorita dos boémios, parece-me espectacular. E o que acho graça nestas descrições é o histórico e a envolvência que ela consegue dar, duma forma simples e sem arrevesamentos.
Clicar para ampliar.
27 de outubro de 2008
Começos de Livros
Começo de "Até Que a Morte nos Separe" de Ana Teresa Pereira:
"Sempre gostei de histórias de solidão. Há alguns tempos (muito tempo?) passava tardes inteiras num cinema de sessões contínuas, vendo filmes de Nicholas Ray: "On dangerous ground" (ele trazia-me o mundo lá de fora, as mãos cheias de flores, um ramo de árvore), "In a lonely place" (a mais bela frase do cinema, "I was born when he kissed me, I died when he left me, I lived a few weeks while he loved me"). Não conhecia o amor.
Ouvira dizer que existia, mas não tinha bem a certeza. E no entanto pressentia que só podia vir assim, quando a solidão era desmedida, e que depois nos deixava sozinha de novo."
26 de outubro de 2008
Respostas em atraso...
aqui ficam as respostas aos enigmas...
largo do carmo, lisboa
rua de s.bento, na esquina com o largo do rato
BILHETE PARA O JOsÈ CARDOSO PIRES
Quando estava chateado, ou as coisas não lhe corriam de feição, o José Cardoso Pires, dizia sempre “a culpa é dos padres”.
Claro que não pode culpar os padres por ter deixado de encontrar o José Cardoso Pires aí por Lisboa, sim só aí porque para o resto é apenas chegar àquele pedaço de estante e ler-lhe os livros, poucos mas muito bons. São, antes, retalhos, coisas da vida. Poderia tentar o panegírico mas é domingo, dia agreste, de melancolias inevitáveis e não lhe está no feitio. Vai por isso à estante e retira o “Alexandre Alpha”, um dos seus livros mal amados não só pela crítica como por grande parte dos seus leitores. E, caro José, como dizia a Alexandra, isto continua a não ser um país, continua a ser um sítio mal frequentado.
“Aqui nos bares do Chiado e balcões adjacentes era sabido que Opus Night, com a sua elegância de bom corte, cravo ao peito e voz sonante, tinha duas memórias distintas, uma para a noite, outra para o dia, sendo a primeira a mais certa por causa das fidelidades do vinho e a segunda a dos desastres e das corrosões por causa das borras acumuladas de véspera. (…) Conhecia Lisboa pelos ocos do sono geral e quanto mais melhor. Tanto assim que os barmen, sempre que lhe queriam lembrar um assunto sério, nunca o abordavam à chegada: esperavam pelo álcool porque com o álcool é que ele tinha a memória a direito. Antes disso era arriscado, antes disso Sebastião Manuel andava noutro hemisfério por via da lua diurna e tudo lhe saía encadeado, tudo ondulava em miragens, datas, encontros, memórias, mesmo as pessoas com quem bebia todas as noites lhe pareciam duvidosas. Para cada acontecimento tinha a sua versão sem copos, que era a mais maligna e mais suspeita, e a versão da noite, essa, sim, exacta e correntia. Mas, cuidado, tanto no lado certo como no lado funâmbulo contava os casos pontualmente e repetia-os as vezes que fosse preciso sem falhar um pormenor, uma vírgula. Amigos e conhecidos tinham, assim, duas vidas conforme a luz e a hora de Sebastião Manuel Opus Night.”
Adivinhai!
Onde é? Palpitai sobre o assunto.
O meu palpite, vai para a Avenida Dr. António José de Almeida, com a Rua Dona Filipa de Vilhena, Disse o Fernando e acertou.
A canjinha
Só possível na Jorgel, Rua Sebastião Saraiva Lima nº 21, comida caseira e saborosa. Aquece a alma a qualquer um. E a relação preço/qualidade é fantástica. O preceito da terrina devia ser obrigatório em todos os restaurantes.
A Bijou
Outras fotos de 1942: a Pastelaria Bijou e a sua sucursal na Avenida da Liberdade. Foi aqui que duma tertúlia em 1904, se iniciou o Sporting.
Apetece frequentar só de olhar. Mais histórias sobre a Bijou? Ou fotografias actuais?
Clicar na imagem para aumentar.
A Casa Delmiro Adan Andion
Era assim em 1942. Ainda existe. A rua é que mudou de nome.
" No meio das quintas, hortas, e olivais que existiam no norte da cidade no século XVI os oficiais de pedreiro e carpinteiro fundaram uma ermida dedicada a S. José. Chamaram-lhe igreja ou ermida de S. José de entre as hortas ou de S. José dos Carpinteiros. Em 1567 o Cardeal Infante D. Henrique instituiu uma nova paróquia que titulou com o nome do santo. Após o Terramoto a igreja sofreu alguns danos e foi restaurada.
Na obra “Lisboa na 2.ª metade do século XVIII”, é feita a referência à Rua direita de São José, ao arruamento onde se situava a igreja de São José.
Por edital de 18/10/1913, durante o regime republicano à antiga Rua de São José foi atribuído o nome de Alves Correia, um dos principais impulsionadores da derrocada do regime monárquico. Fundou os jornais republicanos O Debate, A Vanguarda e O País. O novo regime alterou a denominação das ruas, praças, largos, instituições, edifícios, entre outros, com o propósito de acabar com a influência que a religião e a monarquia tinham na vida quotidiana e profissional das pessoas. Mais tarde, durante o Estado Novo, o Município repôs a nomenclatura anterior, sendo uma das suas justificações o facto de que "algumas destas ruas (...) não conseguiram com a moderna toponímia apagar na memória da população a sua designação anterior". Assim, por edital de 28/05/1956 a Rua Alves Correira voltou a denominar-se Rua de São José. "
in http://toponimia.cm-lisboa.pt/
Clicar para aumentar a imagem.
25 de outubro de 2008
A antiga ervanária
Clicar na imagem para esmiuçar ao pormenor esta maravilhosa ervanária do Largo da Anunciada, em 1942.
E já agora ver aqui como é agora.
24 de outubro de 2008
ainda, e mais uma vez, as praxes
¡a galopar,
a galopar,
hasta enterrarlos en el mar!
O farol
Quase que apetece dedicar este farol e os pequenos faroleiros ao Gin-Tonic.
Mas além disso pergunto. Onde se passa esta idílica cena?
23 de outubro de 2008
Faltava o Aqueduto
Já que o outro postal não o mostrava, aproveitem agora. Que lindo que é o Aqueduto das Águas Livres. Manuel, comentas?
alguém que me explique....
Estrunfes
Estes pequenos gnomos chegaram a Portugal durante os anos 80, quando a oferta de canais se limitava a canal e meio e fizeram parte da infância de muitos de nós.
Hoje estão de parabéns, fazem 50 anos.
22 de outubro de 2008
Adivinhário
Emprestou o Manuel ao Dias esta foto para adivinharmos. Eu não posso concorrer, batotei e fui ver a solução.
O que é, sem mais delongas !
É a ponte sobre o Guadiana em Mertola. disse o V. Costa e acertou!
A árvore verde
Não sei se é entre os sonhos que pressagiamos o que acontece, talvez seja aquele flash do dejá vu que todos temos. Sonhei que sabia o que acontecia e que estava tudo bem. Quando acordei, acreditei que fosse noite ainda. Era já tempo de ir embora, estremunhada de todo. No táxi pensava, tenho que escrever isto da árvore e escrevi árvore numa conta qualquer que tinha na mala. Demasiado minimalista, obliterei tudo o resto. O taxista esse dizia-me, o tempo mudou, é altura de nos agasalharmos, enquanto eu quase batia o dente tanto de sono quanto de frio. E depois reencontrei-me com o meu edredon enrolei-me e esqueci tudo o mais. O telefone tocou toda a manhã. Eu às vezes atendi outras não. Amanhã sou ave diurna.
Afinal há sempre surpresas
Fiquei desvanecida com este postal de Campolide antigo. Senhor Bic quer explicá-lo?
Averbado pelo Manuel e pelo Bic:
Adivinhai onde é a cena, aqui retratada. Mas ide comprar postais e enviem-nos a alguém. Faz falta escrever à mão e receber correspondência de papel. E depois de adivinharem, reflectirão como eu sobre o curioso percurso deste pedacinho de papel digitalizado.
Pista: Perto de Lisboa...
e é Sintra. Ninguém acertou!
Ora bem
Afinai o globo ocular e as célulazinhas cinzentas podem ir nesse compasso, e dizei de vossa justiça.
De que localidade trata este belo postal?
Pista: é no sul.
Uma irreconhecível cidade de Lagos.
O ÚLTIMO FAROLEIRO DE MUCKLE FLUGGA
Por hoje terá que dizer que não compra livros só pelos começos, ou pelas capas, também pode comprar livros pelos seus títulos. Aconteceu uma vez e o livro chamava-se “O Último Faroleiro de Muckle Flugga” de Mário Cláudio. Por sinal até tem um bonito começo: “Com os cotovelos da camisola gastos por se apoiar no balcão de linóleo, levantando a caneca de lager, e os fundilhos dos jeans puídos por se suster no banco do costume, à espera da tarde ou da noite de inopinada maravilha, decidiu que se impunha, que diabo, radicalizar a mudança de vida. Persistia a chuva de Aberdeen que molha profundamente, ainda quando não parece cair, e tardava a Primavera mais do que seria admissível, pondo a doer, de tão imobilizadas, as ubiquas lâmpadas de vapor de mercúrio.”
Mas foi pelo título que comprou o livro. Desde que há muitos anos leu um texto sobre as Berlengas em “Os Pescadores” de Raul Brandão, ficou a pensar que um farol seria um belo sítio para viver: “Os homens devem ser felizes diante deste espectáculo sempre igual e sempre renovado.”
Leu depois num “Fugas” do “Público” que, desde o início da automatização das funções reservadas aos faróis, não só resultou o fim de uma profissão lendária como ainda o consequente afastamento de faroleiros e respectivas famílias das pequenas fortificações, deixando espaço ao abandono e destruição. Foi a partir deste cenário que a “Trinity House”, a organização responsável pela gestão dos faróis na costa inglesa, encontrou na reconversão e renovação dos faróis a hotéis ou casas de turismo rural, uma saída para a situação. Murmurou então que estava ali uma estupenda ideia para passar uns dias. Recortou o endereço - www.ruralretreats. co.uk - e lançou a ideia para o baú das viagens-que-queria-fazer-mas-que-nunca-irão-acontecer . Fica-se então a olhar para as falésias verdes e selvagens da Grã Bretanha, para aquela costa da Cornualha, onde o Alexandre Pinheiro Torres, num seu livro - “Tubarões e Peixe Miúdo” – pôs o José Cardoso Pires a apanhar o seu primeiro tubarão-azul, para os faróis a brilharem nas noites de nevoeiro e aqueles filmes antigos (“A Pousada da Jamaica” de Alfred Hitchcock, por exemplo, mas há mais) em que bandos de malfeitores acendiam fogueiras, no alto dos penhascos, para os barcos irem ao engano, naufragarem e serem pilhados.
Toda a sua imaginação é literária ou cinematográfica. Consegue ver todo o litoral da Grã Bretanha mas nunca esteve em Plymouth. Sente o cheiro e o calor de um bar irlandês sem nunca ter posto os pés em Dublin. Conhece a vastidão e a beleza do Wyoming através dos “westerns”, principalmente o “Shane”, filme de George Stevens, com o Alan Ladd e o Van Heflin.
Tudo isto pode acontecer porque não é impunemente que se tem como primeiras leituras Emilio Salgari e Júlio Verne e que os primeiros filmes tenham sido os de “indios e cowboys.”
21 de outubro de 2008
... a vida é cíclica… tão cíclica que podemos morrer exactamente no mesmo sitio onde nascemos…
venho de uma família muito pequena, apesar de ter descoberto recentemente que o meu avô z. tinha muitas irmãs que penso nunca ter conhecido… costumamos brincar e dizer que somos poucos mas bons… mas, hoje a duvida instala-se...
… era a casa antiga, no rés-do-chão, com um soalho que rangia… o corredor era imenso e lembro-me de passar muitas tardes em cima do meu triciclo vermelho para cá e para lá… chegava muito cedo à rua do quelhas, no tempo em que os avós tinham tanta disponibilidade quanto gosto em ficar em casa a cuidar dos netos. chegava de manhã, muitas vezes com a minha mãe, meio estremunhada… entrava naquela casa escura e silenciosa ainda nas manhãs de inverno. às vezes o sono deixava-me a dormir na cama da minha avó outras vezes, espevitada, corria directamente até à cozinha…. a cozinha ficava ao fundo do dito corredor, à direita, havia um degrau pequenino. de manhã encontrava já o rádio castanho, grande, aceso (estou convencida que ainda funciona). a minha avó já andava nos preparativos dos legumes para o almoço e a avo t. estava sentada na mesa a molhar o pão no café com leite. é uma cozinha de rés-do-chao antigo, as janelas ficam ao pé do tecto e havia sempre um escadote para saltar para o degrau de forma a poder estender-se a roupa ou espreitar os numerosos gatos que nasciam no quintal do outro lado. aos poucos a casa ía acordando. o padrinho, às vezes a c. e o meu tio. começava o corropio à casa de banho. eu saia para a rua com a minha avó. começavamos por comprar o pão na padaria da mercedes, subiamos a rua dos navegantes e íamos à estrela a uma mercearia onde a minha avó me comprava, em segredo, um chocolate de embalagem castanha com um desenho de uma vaca (talvez se chamasse « mimosa »). voltavamos para baixo, às vezes recuperavamos a c. na escola que ficava a meio caminho e voltavamos a casa. almoçavamos e ainda sinto o cheiro dos croquetes feitos pela avo t. ou o cheiro da açorda feita pela minha avó. comiamos na sala e viamos o que se passava na altura numa televisão a preto e branco. às vezes a minha avó saía comigo à tarde e lá subiamos até ao jardim da estrela ou visitavamos os comerciantes entre duas compras. ali toda a gente dizia bom dia. depois eu tive idade para ir para a escola ; o padrinho às vezes levava-me com ele ao rato e iamos à papelaria fernandes comprar os livros e material escolar que não encontravamos no senhor emilio, na rua do meio… mas nesses dias iamos de autocarro, no 27 que apanhavamos mesmo em frente à janela. depois as coisas começaram a tornar-se complicadas e eu deixei de ir para a minha avó. fui para uma nova escola, mais perto de casa… para a minha avó o mundo desabou nesse dia… ela ainda hoje me diz, quando recordamos « bons tempos esses, levaram-me os meus meninos »… e ela ainda não sabe que lhe levaram o menino dela…
… e esta casa da rua do quelhas foi perdendo vida… o avo z. ja tinha desaparecido quando eu tinha 3 anos, logo no dia depois de os ter feito. desapareceu a avo t., depois o padrinho e a minha avó adoeceu. o tio ficou a tomar conta dela… como pode… mas deixou de poder porque a doença apoderou-se dela e trouxe complicações… e ele ficou sozinho… queriamos dar-lhe a mão, mas ele não chegava lá, parecia que nem queria senti-la quando chegavamos a pousar a nossa sobre a dele… e foi assim que a porta ficou aberta, que a vizinhança subia e descia as escada todos os dias mas ninguém reparou… num predio com 3 andares e com uma porta por andar… haverá maior solidão do que esta ?
… e a cozinha do rádio onde ouviamos os « discos pedidos », o « quando o telefone toca », um programa em que deviamos adivinhar onde miava um gato… onde a avo t. todas as manhas molhava o pao no café com leite, onde a minha avo desde cedo preparava a comida, estendia a roupa, onde a avó t., enchia a mesa mesmo por baixo do radio, de farinha para fazer os croquetes, onde a minha avó preparava os almoços de domingo, depois de virmos do "nacional", com tanto amor, pronta a eternizar aquele momento… perdeu todo o encanto na tarde de segunda-feira…
… quero que aquele tempo seja imortal, ainda que seja apenas nas nossas memórias…
Diário de viagem
Obrigatório ir ler.
20 de outubro de 2008
Que feio que é
Onde é este "belo" bairro?
RetalhosNaVidaDeUmProf disse:
Santo António dos Cavaleiros no Concelho de Loures e acertou!
Isto é visto da colina hoje ocupada por uma série de viadutos do Eixo Norte-Sul e seus acessos. Estamos a olhar para su-sueste, vendo o edifício da Rua de Campolide, 163 (cf. Lx Interactiva - o amarelo grande sobre a colina à esquerda), o edificado de Campolide ao centro e metade direita. Abaixo, ainda na metade direita e vermelho, o edifício das oficinas da CP e o parque das locomotivas bem como a estação de Campolide. O que não se enxerga é mesmo a entrada do túnel.
O comboio que se vê circula na linha de Sintra, enquanto a linha que temos em primeiro plano é a de Cintura.
22 Outubro, 2008 05:44
E por baixo da linha férrea o canal da ribeira de Alcântara, a que entope às vezes em Sete Rios.
Amanhã vejo o postal melhor que os meninos rabinos já lavaram os dentes.
Boa noite Seranico!
23 Outubro, 2008 01:10
A ribeira que se vê vinha de Benfica, ao longo da estrada das Portas a São Domingos, e aqui mais próxima da via férrea. No postal corre da dir. para a esq. e dá uma volta para o vale de Alcântara (para a dir.) passa novamente debaixo da estação de Campolide; nesse arco atravessa a Quinta da Rabicha e engrossa com um ribeiro que desce de Sete Rios e que está hoje encanado por trás das Torres Gémeas. É também nessa volta pela Rabicha que havia a ponte da fábrica da cola, creio.
Na encosta à esquerda, descendo para as casas ao fundo do vale parece-me que se vê a Travessa do Tarujo.
Cumpts.
25 Outubro, 2008 23:07