31 de dezembro de 2003

Feliz 2004

Mesmo a gente sabendo que o ano novo não passa de uma convenção administrativa, e que, do ponto de vista cósmico, não há diferença entre 2003 e 2004, façamos uma concessão ao conjunto de superstições que chamamos de tradição, e torçamos para que este ano entrante seja macio e sem demasiados solavancos. Que nos traga dinheiro, amor, barriga cheia e saúde (ou, se não trouxer, que pelo menos não nos tome o que já temos).

No mais, eu confesso que sou completamente a favor das tradições que me divirtam. Nesta noite vou beber a valer, vou comer tudo o que conseguir, e gritar e pular nas horas certas. É bem verdade que de nada adianta, e que, a rigor, tudo são desculpas para a farra. Aceito, concordo, e me esbaldo do mesmo jeito. E assim desejo que todos se esbaldem à grande, e divirtam-se e se embebedem, e amanhã, de ressaca e parecendo que têm a testa alguns quilômetros adiante dos olhos, dêem de cara com suas casas alegremente desarrumadas, e deixem tudo para arrumar na sexta-feira, até porque há uma lei internacional que diz que é crime trabalhar em primeiro de janeiro (e se não há tal lei, façamos de conta que há - e comecemos a inventar uma nova tradição).

30 de dezembro de 2003

Fim d'ano (II)

Desde que se deu o famoso apagão do conhecido blog DiasQueVoam que me pus a fazer o meu balanço do ano. Sinto-me um pouco estúpido, mas não sou capaz de resistir a esta mariquice, esta de fazer o balanço do ano.
Isto porque acho uma parvoice chegar ao primeiro minuto de 1 de Janeiro e ficarmos todos felizes, aos pulos e a comer passas, pelo novo ano que chegou. Isto só porque um Papa Julião qualquer-coisa, no século XIV, pegou no calendário, tirou anos ali, meteu dias aqui, e sentenciou que o ano mudava neste frio dia de Janeiro. Isto porque a data lógica para mudar de ano seria o Equinócio da Primavera, lá para 21 ou 22 de Março... ou, quando muito, o Solstício de Inverno e aí já estávamos num novo ano, desde antes do Natal.
Então porque é que não resisto? Sei lá... hábito, mania ou teimosia, sei lá!
Então vamos lá, Ano da Graça de 2003:
Em primeiro lugar, o ano voou. Mas isso já é costume...
Em segundo lugar, teve quatro coisa boas. Por ordem cronológica: Voltei para casa; Comecei a participar no blog; Comprei um carro novo; Decidi entrar em dedicação exclusiva.
Por último, as coisas más: As hemorróidas não param de chatear-me; O Benfica não foi campeão; As dívidas não param de aumentar.
Planos?... como vou fazer quarenta anos, acho que é altura de ter juizo e deixar-me de planos.
Pronto!

Fim d'ano

Passou a noite e o dia nasceu risonho, cheio de sol.
Cada vez mais, os estados de alma andam ao ritmo deste saltitar entre o claro e o escuro.
Embora a meia-noite de amanhã seja uma meia-noite como outra qualquer, e a dita passagem seja uma mera convenção,...sinto-me preparado para o novo ano. Que venha ele!

28 de dezembro de 2003

Como nem tudo são tristezas…

… recebi um mail, de um colega meu, onde me dava notícia de um estudo muito prometedor. Embora ponha as minhas dúvidas sobre a qualidade científica do trabalho, pois a revista “Friday's Journal of Medical Research” nem consta das bases de dados médicas, aqui vai um pequeno resumo:
“The reasearch consisted of two groups, 6,246 women ages 25 to 45 who had performed fellatio and swallowed on a regular basis over the past five to ten years, and 9,728 women who had not or did not swallow. The group of women who had performed and swallowed had a breast cancer rate of 1.9 percent and the group who had not, had a breast cancer rate of 10.4 percent.”
É notável, tamanho efeito protector de tão simples acto… o que me leva a chamar a atenção, do meu colega explicador, para que passe a difundir esta excelente medida de saúde pública!
Mas, mesmo que não acreditemos nestes números ou que, sensatamente, julguemos que não passa de mera coincidência, sempre podemos ir seguindo o conselho dos autores, como quem não quer a coisa:
"Only with regular occurance will your chances be reduced, so I encourage all women out there to make fellatio an important part of their daily routine," said Dr. Helena Shifteer, one of the researchers at the University. "Since the emergence of the research, I try to fellate at least once every other night to reduce my chances."

27 de dezembro de 2003

Coração Vermelho (+1) – Ódios de estimação

Sim eu sei, eu sei que devem estar a estranhar! Devem estar a estranhar, e de certeza numa triste melancolia, os milhares de adictos aos meus posts “Coração Vermelho”.
Logo agora que tinha prometido destilar o meu ódio pelo Pinto da Costa e pelo Mourinho...
Mas veio Dezembro e a chuva, depois veio a época natalícia e os bons sentimentos, e nada me saiu.
Aproveito a calmaria do dia e vou tentar arremendar qualquer coisa.
Pinto da Costa... bom!... Poderia dizer que para mim é a origem de todos os males, uma espécie de diabo azul, por assim dizer. E dito isto, estaria tudo dito! Mas não, tenho que confessar uma coisa: houve uma altura, numa fase confusa da minha vida, em que o admirei. Parecia-me bom estratégo e organizador, bom mobilizador de vontades, possuidor de uma ironia mordaz, e até declamava com emoção o “Cântico Negro” do José Régio. Hoje em dia, quando me lembro disso, tenho vergonha de mim... regularmente (uma ou duas vezes por mês) açoito-me nas costas, até a carne estar bem vivinha. E então, sinto-me redimido!
Mourinho... arghhh!... Só digo que cada vez que aparece na televisão, com aquele ar de cagão enjoado, começo-me a babar, o meu corpo é assaltado por tremores catatónicos e desato a gritar sons imperceptiveis. O meu filho chora, a minha filha reza e a minha mulher chama o 112. No hospital já me conhecem e a coisa só passa quando me benzem, com uma pequena águia de prata.

PP: Então agora desapareceram todos...?

Os três de sempre!

O Palácio Amarelo, a Sé e o Castelo. Sempre inseparáveis!

26 de dezembro de 2003

Hoje é sexta-feira...

... e as férias vão acabar.

Estou na sala, ainda silenciosa, ainda fria da manhã. À minha volta, três crianças brincam com os pequenos e grandes presentes que receberam do Pai Natal. Gritei-lhes, e puseram os terríveis GameBoys XPTO em modo silencioso.
Os mais velhos não sei por onde andam... uns a dormir, outros na cozinha, acho eu. O que é importante, é que não estão aqui e não fazem barulho.
Pois é, barulho!... acaba por ser uma das recordações mais vivas que me ficam, na ressaca das festas familiares.

Mesmo antes de pegar no portátil, enquanto fumava o cigarro da manhã, pensava na dinâmica destes natais familiares. Dos ambientes que mudam, das personagens que entram, das que saem, das brigas e amuos, das lágrimas e gargalhadas... Notei que este Natal de hoje, já é muito diferente daquele que conheci há 20 anos.
Lembrei-me que está quase a altura, de me caber a mim, a missão de continuar com o Natal... Se calhar é isso que é ser Pai Natal: manter as festas e tradições que fazem uma família.
Será que conseguirei?

25 de dezembro de 2003

Passou o Natal

Nunca é muito diferente. Estamos só um pouco mais velhos, cada ano que passa.
Os sobrinhos, que eram crianças ,são agora homens e mulheres. E já bebem como a gente.
Depois há aquelas coisinhas de todas as famílias..boas e más. A que estamos habituados.
O meu Natal é sempre sui-generis...até às 5 de da manhã de 25 e partir das 9 estou de plantão.
Aí relaxo, deixo a resssaca abrandar, vejo e namoro as prendas.
Estava a ver o tal Booker Prize 2003. Vai para a pilhinha de livros de espera.
Hoje já fui a um prédio a cair. Os inquilinos, que ainda resistem,são todos idosos. De roupão azul bebé ,algumas senhoras.
Comprei um presente que fez um sucesso estrondoso. Um aquário tipo candeiro com peixes a passarem sempre diferentes.
Amanhã todos querem ir comprar aquela coisa, que foi achada numa loja meia de chineses. meia de 300.
Há objectos que inesperadamente fascinam.
Terça quando vinha para casa do trabalho, estive a ouvir as tristezas dum motorista. Esse não ia ter Natal. Nem prendas. Também era um bocadito resmungão e ressaibiado.
Agora começa a cena da passagem de Ano.....E eu com desejo de sol, mar e esplanadas.
Estou a ressacar muito este Inverno.
É Amélia..a MRP é baixinha e tem um visual absolutamente normal.
E vou continuar a ressacar, à espera de uma outra chamada. Espero que não. Está frio, brrrrrrrr.
Beijos.
PS: Desconfio que os pais do Gasel deitaram abaixo o poste telefónico que servia a zona:) Ou o telefone vem por onde?
De qualquer forma, acho que tomaram providências:) risos

24 de dezembro de 2003

Natal

Que estejam quentinhos, onde quer que estejam. Que quem não está venha a estar.
Sempre.





Natal, e não Dezembro

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.

David Mourão Ferreira, 1962

Bom Natal.

Já desejaram tudo...:)
Divirtam-se:)
Estejam com quem e como desejarem estar.
Muitos beijos. Até à MRP-...Bom Natal:) Risos
Viste ABS?

:)

FELIZ NATAL

Até sexta:)

Santa Claus Is Coming To Town

Oh! You better watch out,
You better not cry,
You better not pout,
I'm telling you why:
Santa Claus is coming to town!

He's making a list,
Checking it twice,
Gonna find out who's naughty or nice.
Santa Claus is coming to town!

He sees you when you're sleeping,
He knows when you're awake.
He knows if you've been bad or good,
So be good for goodness sake!

Oh! You better watch out,
You better not cry,
You better not pout,
I'm telling you why:
Santa Claus is coming to town!

Uma prenda para apreciadores

O copo de whisky. O genuíno. O próprio.



Pode ser encontrada a descrição aqui.

Ofereceram-me um. Vou estreá-lo.

Cheers!

23 de dezembro de 2003

Obrigada Pai Natal!!!

Que nos trazes um tão divinal bolo rei....
Miam miam...
E a Errezinha coitada foi desterrada para embrulhar prendas:)
Eu estou a mirar o bolo a ver se descubro a prenda:)
Beijos Pai Natal:)))
PS: Na próxima traz uma garrafinha também:)

Relatividade e distanciamento

De facto a relatividade é uma verdade absoluta... e os dias voam de facto.
Estou eu aqui, neste doce remanso, neste contínuo comer de azevias, neste pacato não fazer nada, que me chego a convencer que o tempo passou. Mas ligo o computador e vejo que, lá fora, no mundo, o tempo não pára... os post sucedem-se num ritmo vertiginoso, numa contínua troca de ideias e opiniões que não se compadece da minha letargia.

Ora é evidente que, qualquer pessoa, pode dizer que um livro (ou qualquer coisa) é má. Mas também é óbvio, quanto a mim, que pode não ter razão... acho que a coisa mais justa que podemos dizer sobre uma obra é, simplesmente, se gostamos ou não gostamos.
Serve isto para trazer de novo a MRP. Sobre a senhora tenho a declarar duas coisas: não sou apreciador dos livros que escreve; nunca comprei um livro dela (só incentivei outros a comprarem, para eu poder ler).
No entanto reconheço uma coisa: falta-nos distanciamento para termos uma opinião mais formada sobre o que escreve. Não querendo fazer comparações, muitos artistas não foram reconhecidos como excelentes, na sua época. Eça de Queiróz limitou-se a escrever histórias banais sobre o dia-a-dia do seu tempo, nada de muito profundo ou cabalístico. Monet começou a pintar triviais cenas e paisagens do quotidiano, nada de pinturas com grandiosos motivos histórico-religiosos
O livro que estou a ler agora, “O Paraíso na Outra Esquina”, fala precisamente de um pintor, o Paul Gauguin. Este, era um bêbado devasso e um fornicador sifilítico, que teve a triste ideia de ir procurar o paraíso nas ilhas do pacífico. Foi nessas ilhas, onde não encontrou o paraíso, que pintou os seus melhores quadros mas que, na altura, foram considerados devaneios de louco.

PP: Não me levem à letra...

PPP: Já agora aproveito e digo que, em relação a esta coisa a América, falta-nos o mesmo, o distanciamento. Aconselho o post do Dicionário do Diabo sobre o assunto.

PPPP: As minhas prendas estão atrasadas... não se chateiam se chegarem depois do Natal, pois não?

Tenho saudades do Al Berto

Poeta alegre, bom contador de histórias de quase de não se acreditar nelas, com um sorriso que nos ficava cá dentro.
Depois a poesia. A força. A pesada história de vida. A hipersensibilidade.
Dizem ou li em qualquer lado que os hipersensíveis não são sentimentais. E que os sentimentais são insensíveis.
Já sei onde li, mas interessa pouco. Classifico-me na primeira categoria.
Com muitas saudades de ir ao Bairro Alto e ouvir o Al Berto ou dançar com ele no Frágil. Copo na mão.
Há pessoas que nos seduzem para sempre.

e de Prenda..o Al Berto

Truque do Veneno

ofereço-te uma laranja
tenho sempre laranjas escondidas no fundo das algibeiras
berlindes como olhos assustados de pantera, cordéis encerados
bons para estrangular
lâminas doces para abrir sinais de vida sobre a pele
e uma faca quebrada que me ajuda a recordar alguns nomes de cidade

o pior é que nos jogos de laranjas, mesmo nos mais difíceis
quem PERDE GANHA
sabemos que o veneno age sempre dos pés para a cabeça
estonteia
espero, atento à última convulsão

mais tarde, desato o cordel
retiro a faca profundamente enterrada, recuo um pouco
contemplo o sangue e a obra, esvazio as algibeiras
substituo os objectos, descalço as luvas
apago as impressões digitais, falsifico as fotografias
lavo demoradamente o sangue e o esperma da boca
saio para a rua, clandestino
procuro outro puto tardio pela cidade
seduzo-o com a imagem deslavada de uma laranja, recomeço
o inocente jogo

(O Medo)

Paixão e Opinião

"Presque toutes les opinions humaines sont des passions"
Dussault
Tenho dito:)

Unicórnios

Mi Unicornio azul ayer se me perdió,
pastando lo dejé y desapareció.
Cualquier información la voy bien a pagar,
las flores que dejó, no me han querido hablar.
Mi Unicornio azul ayer se me perdió,
no sé si se me fue, no sé si se extravió.
Y yo no tengo más que un Unicornio azul.
Si alguien sabe de él, le ruego información,
cien mil o un millón yo pagaré.
Mi Unicornio azul se me ha perdido ayer,
se fue...

Mi Unicornio y yo hicimos amistad,
un poco con amor, un poco con verdad.
Con su cuerno de añil pescaba una canción,
saberla compartir era su vocación.
Mi Unicornio azul ayer se me perdió,
y puede parecer acaso una obsesión,
pero no tengo más que un Unicornio azul
y aunque tuviera dos, yo solo quiero aquel.
Cualquier información la pagaré.
Mi Unicornio azul se me ha perdido ayer,
se fue...

Silvio Rodriguez, 1982

Through the looking glass

It didn't hurt him,' the Unicorn said carelessly, and he was going on, when his eye happened to fall upon Alice: he turned round rather instantly, and stood for some time looking at her with an air of the deepest disgust.

`What – is – this?' he said at last.

`This is a child!' Haigha replied eagerly, coming in front of Alice to introduce her, and spreading out both his hands towards her in an Anglo-Saxon attitude. `We only found it to-day. It's as large as life, and twice as natural!'

`I always thought they were fabulous monsters!' said the Unicorn. `Is at alive?'

`It can talk,' said Haigha, solemnly.

The Unicorn looked dreamily at Alice, and said `Talk, child.'

Alice could not help her lips curling up into a smile as she began: `Do you know, I always thought Unicorns were fabulous monsters, too! I never saw one alive before!'

`Well, now that we HAVE seen each other,' said the Unicorn, `if you'll believe in me, I'll believe in you. Is that a bargain?'

`Yes, if you like,' said Alice.

Não convém julgar as coisas pela aparência

P: A literatura «light» desvia as pessoas de reflexões mais profundas?

R: Tenho dificuldade em dizer onde começa e termina o literário. Quando se fala de literatura light, fala-se de obras que em vez de questionarem os sentidos da humanidade aceitam o que está aceite apenas para contar uma história; é a utilização da literatura como divertimento no sentido mais restrito.

Lídia Jorge – Entrevista por Maria Augusta Silva


P: Escrever, se não ajuda a mudar o mundo, pelo menos exorciza certos fantasmas. Sobretudo neste caos em que vivemos actualmente. Concorda?

R: A literatura não tem força, infelizmente, para mudar o mundo. Mas penso que, embora numa pequena escala, que é a escala individual, escrever talvez ajude a mudar alguma coisa. Em primeiro lugar, modifica seguramente aquele que escreve, tornando-o mais consciente de si próprio e daquilo que o rodeia. E depois é o leitor que é convidado (ou arrastado) a fazer o mesmo percurso, seguindo os mesmos passos. O nosso grau de conhecimento do mundo e da vida está relacionado com o número de livros que assimilámos. Acredito que a maioria das pessoas seriam intelectual e humanamente mais ricas se lessem mais um pouco.

Teolinda Gersão – Seixo Review, Artes e Letras


P - Será uma visão feminista?

R - Estou me nas tintas... que o chamem. Eu sou uma mulher e falo de mulheres, então eu sou feminista? É simplesmente conversa de mulher para mulher, não é para reivindicar nada, nem exigir direitos disto ou daquilo, porque as mulheres têm um mundo só delas e é isso que eu escrevi, e espero que isso não traga nenhum tipo de problemas, porque há ainda pessoas que não estão habituadas e não conseguem ver as coisas com isenção.
O livro tem uma mensagem escondida: as mulheres, de mãos dadas, podem melhorar o seu mundo - foi o que aconteceu ao longo da história. Fizeram das diferenças um mosaico belo e melhoraram as suas vidas.


Paulina Chiziane – Entrevista concedida a Rogério Manjate


Sou muito pouco participante das idéias feministas, desse provincianismo feminista que existe e que se desenvolve por toda a parte, hoje. Considero a mulher um ser muito mais invulnerável que o homem, o homem é muito mais vulnerável.

Agustina Bessa Luís – Entrevista concedida a Artur Portela, citada aqui

Alice

E com o sorriso do Cheshire cat lembrei-me da música do Tom Waits sobre a Alice

Alice

It's dreamy weather we're on
You waved your crooked wand
Along an icy pond with a frozen moon
A murder of silhouette crows I saw
And the tears on my face
And the skates on the pond
They spell Alice

I disappear in your name
But you must wait for me
Somewhere across the sea
There's a wreck of a ship
Your hair is like meadow grass on the tide
And the raindrops on my window
And the ice in my drink
Baby all I can think of is Alice

Arithmetic arithmetock
Turn the hands back on the clock
How does the ocean rock the boat?
How did the razor find my throat?
The only strings that hold me here
Are tangled up around the pier

And so a secret kiss
Brings madness with the bliss
And I will think of this
When I'm dead in my grave
Set me adrift and I'm lost over there
And I must be insane
To go skating on your name
And by tracing it twice
I fell through the ice
Of Alice

And so a secret kiss
Brings madness with the bliss
And I will think of this
When I'm dead in my grave
Set me adrift and I'm lost over there
And I must be insane
To go skating on your name
And by tracing it twice
I fell through the ice
Of Alice
There's only Alice

22 de dezembro de 2003

Eu fui do MRPP

Quando eu era miúda os meus irmãos eram do MRPP. Eu fui por solidariedade. Vi comicios, ouvi a mulher do Arnaldo Matos a tocar a Internacional no seu pianito.
Agora valha-me Deus....discutir a MRP? Sei lá! Acho uma tão grande perca de tempo.
Vi agora que a minha sobrinha rainha dos bichos anda aqui a comentar:) E boazinha:) Só podia...
Ora bem.....questionavam-me sobre a linha editorial deste blog..e eu respondi...apenas a de não ter nenhuma.
O que significa que tudo é falável e questionável. E pesem-nos os afectos. Ponderem-se as lembranças. Tudo é possivel.
O que exige encaixe...ah pois exige...
Há mulheres que escrevem, tocam, cantam e exprimem o que existe de melhor.
Não vou ficar preocupada com o que acho fraco.
Vou ficar feliz com as que me completam e me trazem algo de novo. Nalguns casos é uma resposta cultural ou quejandos . Noutros ainda é apenas ( ou muito) o afecto puro que tenho à minha querida Joaninha,
Pode-se amar de muitas formas. Mas não consegui ainda estabelecer laços com o que acho gratuito e artificial. Tipo MRP.
E não vou falar mais do assunto.

Ainda a MRP

Tá bem, sou chato. Admito. Ainda por cima, alegadamente sem sentido de humor. Nesse caso gostaria que comentassem estes fragmentos de entrevista.


P: A literatura «light» desvia as pessoas de reflexões mais profundas?

R: Tenho dificuldade em dizer onde começa e termina o literário. Quando se fala de literatura light, fala-se de obras que em vez de questionarem os sentidos da humanidade aceitam o que está aceite apenas para contar uma história; é a utilização da literatura como divertimento no sentido mais restrito.

P: Escrever, se não ajuda a mudar o mundo, pelo menos exorciza certos fantasmas. Sobretudo neste caos em que vivemos actualmente. Concorda?

R: A literatura não tem força, infelizmente, para mudar o mundo. Mas penso que, embora numa pequena escala, que é a escala individual, escrever talvez ajude a mudar alguma coisa. Em primeiro lugar, modifica seguramente aquele que escreve, tornando-o mais consciente de si próprio e daquilo que o rodeia. E depois é o leitor que é convidado (ou arrastado) a fazer o mesmo percurso, seguindo os mesmos passos. O nosso grau de conhecimento do mundo e da vida está relacionado com o número de livros que assimilámos. Acredito que a maioria das pessoas seriam intelectual e humanamente mais ricas se lessem mais um pouco.

P - Será uma visão feminista?

R - Estou me nas tintas... que o chamem. Eu sou uma mulher e falo de mulheres, então eu sou feminista? É simplesmente conversa de mulher para mulher, não é para reivindicar nada, nem exigir direitos disto ou daquilo, porque as mulheres têm um mundo só delas e é isso que eu escrevi, e espero que isso não traga nenhum tipo de problemas, porque há ainda pessoas que não estão habituadas e não conseguem ver as coisas com isenção.
O livro tem uma mensagem escondida: as mulheres, de mãos dadas, podem melhorar o seu mundo - foi o que aconteceu ao longo da história. Fizeram das diferenças um mosaico belo e melhoraram as suas vidas.

Sou muito pouco participante das idéias feministas, desse provincianismo feminista que existe e que se desenvolve por toda a parte, hoje. Considero a mulher um ser muito mais invulnerável que o homem, o homem é muito mais vulnerável.

Esta é a melhor!! Pena ainda não ter publicado:)


O que diz

"Reajo muito bem aos desafios e gosto muito de viver com certos riscos".

"Eu não facturo a minha imagem, não ganho nada por aparecer. E olhe que já me propuseram de tudo, até promover linhas de jóias e fazer programas de televisão.» Lili insiste que, apesar de saber que toda a gente diz o contrário, nunca ganhou um tostão por ir às festas para que é convidada. «Não admito que digam que estou à venda.» Mas também reconhece: «Sei que a minha presença na festa de uma discoteca, por exemplo, pode fazer com que o dono cobre de entrada cinco mil escudos, em vez de mil".

In Expresso 1/12/2000

"A juventude de hoje vive num mundo materialista onde as pessoas querem viajar, viver bem, ir a bons restaurantes. O "amor e uma cabana" é, sem dúvida, uma utopia".

In Lux, 12/2/2001


"Não me atrai nada ver um homem no supermercado. Fui educada assim. Para mim o homem continua a ter o pelouro das finanças e não o da lida da casa".

In Lux 12/2/2001

"Acho que sou uma pessoa muito simples, quase ingénua. Conheço-me muito bem, porque já fiz muitas viagens ao interior de mim mesma e vivo vinte e quatro horas comigo. Acho que sou uma pessoa frontal, corajosa, sincera, impulsiva, determinada, digo aquilo que penso na altura própria e no timming certo, sem olhar às consequências. Exponho-me muito, abro-me e, quando a gente abre o coração, sofre as consequências. Tenho sofrido as consequências de me ter tornado conhecida do grande público".


"Ainda vivo com a esperança de encontrar a minha alma gémea. Isso nunca aconteceu, mas se depois dos 50 for chegada a altura, agradeço a Deus porque o amor é das coisas mais bonitas da vida".

In Lux 12/2/2001

E a Maria João...



O que diz

«(...) desejei que as minhas filhas aprendessem com estes meninos das barracas o que é amar assim. Dar sem retorno. Sacrificar o nosso universo por alguém de quem gostamos de verdade. Não sei se algum dia vou ser capaz de agradecer este presente que a vida me deu.»
Por Teresa, em Virada do Avesso.

«O livro da Ana lê-se bem, é pequeno e tem letras grandes. Deve ser giro, a Marília diz que nos estamos sempre a ver ao espelho. tem graça, no outro dia perguntou-me se eu era feliz. Não sei! Mas acho que sim, pelo menos não tive um acidente como eles, e o Manel é um chato, mas é bom homem e gosta muito da filha. Às vezes irrita-me que deixe o frasco aberto e tudo desarrumado, parece-me que os homens são todos assim, outro que viesse a seguir ainda seria pior Outro? Deus me livre. ainda que o Manel ressone, corte as unhas dos pés para o bidé e deixe as boxers no chão, sempre é o pai da minha filha.»
Por Cláudia, em Acidentes de Percurso.

"(...) ainda não me considero uma escritora, pois, até lá chegar, tenho muito caminho a percorrer, muito que trabalhar e aprender...".
In CARAS, 22-09-2001

"Ainda não sei o que quero ser quando for crescida".
In programa Noites Interactivas, 23-05-2002

Esta também é maravilhosa....Pra não batermos só na MRP!!



O que diz

“É tão difícil escrever um mau romance, quanto mais um bom romance”
In www.mediabooks.pt, em Dezembro de 1999

“As pessoas gostam muito dos meus livros porque eu escrevo da forma como falo. Por outro lado, a publicidade em relação à escrita é como o pingue-pongue e o ténis, uma coisa destreina a outra. Tem que se submeter a criatividade à técnica”.
In www.meadiabooks.pt, em Dezembro de 1999

“Nós sempre passámos a vida a adaptar peças, desde Brecht a Beckett. Mas porquê?! Os portugueses também sabem escrever e têm jeito para estas coisas”.
In www.mediabooks.pt, em Dezembro de 1999

“A ideia [do livro “Desculpe Lá Mãe”] foi justamente partilhar a minha experiência com as outras mães. Muitas mães das amigas da minha filha, pura e simplesmente não partilham nada. Hoje em dia até existe uma rivalidade entre mãe e filha. Vivemos numa sociedade em que mães e filhas frequentam os mesmos espaços. Todas estas situações novas criam uma série de problemas e quando levadas ao extremo criam-se até casos complicados. Situações de ciúmes a nível de subconsciente e mães que boicotam os programas das filhas, no fundo por ciúme, pelo facto delas terem uma vida despovoada sexualmente ou afectivamente e as filhas terem sucesso. Então pensei: eu tenho uma excelente relação com a minha filha, sempre ouve diálogo entre nós. Porque não partilhar tudo isto?!”
In www.mediabooks.pt, em Dezembro de 1999

“Invisto muito no ritmo e sou muito preciosa a adjectivar. [Os meus livros] São escritos num fôlego só. Negativamente, acho que são escritos um pouco à pressa e não tenho muito tempo para amadurecer os meus livros. Por outro lado, estou atenta aos hábitos da minha geração. Invisto muito na clareza e na acessibilidade do discurso, porque as pessoas hoje em dia não têm tempo...”
In www.mediabooks.pt, em Dezembro de 1999

“Já recebi postais em casa que se dirigiam à filha do ministro. Eu era contratada por agências porque as pessoas pensavam que era ela e era eu. Entretanto eu tinha umas crónicas no “Semanário” chamadas “A Ferro e Fogo”, e ela faz um programa com o mesmo nome. A confusão foi aumentando de tal forma que se tornou insustentável. A verdade é que descobri que de facto somos aparentadas a nível de bisavôs, ou primos. Mas, ela podia ser minha filha, não percebo a confusão”.
In www.mediabooks.pt, em Dezembro de 1999

“Ouço histórias que acho fantásticas e depois esqueço-me que as pessoas existem e aproveito-as para as minhas crónicas...”
In Executiva, Outubro de 1999

“Não faço a psicanálise dos meus livros, mas acho que aquilo que se escreve é sempre um bocado autobiográfico, seja por experiência pessoal, seja por observação das coisas que se vê, testemunha ou sente”.
In Diário de Notícias, a 24 de Fevereiro de 1998

“[A Mulher] continua a ver o homem como um estrangeiro, como o outro, outro povo, outra raça, outra língua. Eu não conheço os homens. (...) Eles escondem-se, não falam de si próprios, têm uma resistência atávica à especulação psicológica. Nós somos muito mais cultas nos assuntos do amor.”.
In Diário de Notícias, a 24 de Fevereiro de 1998

“Quando somos capazes de nos levantarmos sozinhas, já ninguém nos derruba”.
In Executiva, em Outubro de 1999

“(...)Encontro no sexo um manancial de metáforas sobre a nossa natureza e diverte-me ver os mais sólidos e lúcidos indivíduos arruinarem imagem, carreira e família movidos por impulsos incontroláveis. Mas não só por isso: fui sempre rebelde a esta história dos tabus, por entender que são eles os responsáveis pelas taras mais perversas; toda a gente do mundo nasce pelo mesmo processo, desde o princípio dos tempos, na cama fazem-se sempre as mesmas cinco coisas, com ou sem riscos de fractura, e o que difere de pessoa para pessoa não são as acrobacias físicas, mas as mentais e oníricas. (Lembram-se da Mansfield? O que me interessa na carne é o espírito?) E aí, sim, dependendo da bitola estética de cada um, o sexo pode ser ordinário ou obra-prima”
In Diário de Notícias, a 14 de Fevereiro de 1999

«Se o John le Carré podia dissertar sobre a barba dos homens, por que razão não posso escrever sobre a menstruação e outros assuntos que têm a ver com a nossa vida?»,
In Executiva, em Outubro de 1999

“Nunca confundi talento com tiragens”.
In Executiva, em Outubro de 1999

“Sou uma operária diligente da minha felicidade. (...) A maioria das pessoas que conheço fica à espera que as coisas aconteçam”.
In Executiva, em Outubro de 1999





E o que diz a Margarida? Vamos ver!

O que diz...

«ele (...) continua sem atender o telefone em casa dela, onde vivem desde sempre, num ritual de cerimónia vetusto e bizarro que misteriosamente agrada aos dois»;
por Mariana em Sei Lá

«(...) aquilo que sonhamos e aquilo que a realidade nos dá não é nem nunca pode ser COINCIDENTE, que o amor raramente se sente da mesma maneira e quase nunca ao mesmo tempo (...)».
In, Não há Coincidências

«Acordo todas as manhãs com este zumbido e a certeza que não vais voltar. Cansada de me convencer que, apesar e acima do teu individualismo estava a tal inevitabilidade a que nos submetemos e chamamos amor, pensei que, com todo o amor que sentia por ti te iria suavizar e de alguma forma fazer parte do teu equilíbrio, tornando-me subtilmente indispensável. Helàs.
Nunca pensei enganar-me tanto. Mas só agora percebo que o teu amor por mim não foi uma inevitabilidade mas uma escolha. Alguém que te chamou a atenção e que um dia decidiste que querias atravessar, com a intuição certeira de um animal selvagem que procura refúgio temporário quando está cansado. Sei que não vinhas a fugir de nada, nem à procura de coisa nenhuma. Mas acho que, quando eras pequeno, te arrancaram uma parte de ti, e desde então ficaste incompleto e perdeste, quem sabe talvez para sempre, a capacidade de adormecer nos braços de alguém sem que penses no perigo de ficar na armadilha do carinho para todo o sempre.»
In, Alma de Pássaro

«Eu sou doidinha por marmelada. Deve ter a ver com as recordações de infância quando no fim do Verão depois de 3 meses a fio na quinta dos meus avós, a cozinha se enchia de panelões gigantes e os netos se sentavam à volta da mesa de pedra a descascar marmelos generosos e sensuais. O tamanho dos panelões era impressionante e eu imaginava sempre o um batalhão de Joões Ratões perdidos lá dentro, à roda sem parar, empurrados para a direita pelo movimento regular e sincopado da enorme colher de pau à medida que a fruta amolecia e cozia sob o lume brando e paciente».
In www.clix.pt

"A minha mãe é a pessoa mais sensata e equilibrada que conheço".
In revista VIP, 2/5/2001

"O que me faz voar, sonhar, imaginar, o que me dá força é o coração".
In revista VIP, 1/8/2001

"Tinha um lema que era: aquilo que não nos mata torna-nos mais fortes. Agora tenho outro: quanto mais se dá mais se tem. Com o anos suavizei, fiquei menos combativa adoro dar".
Idem

Imaginação

A imaginação é, talvez, a última grande aquisição evolutiva do homo sapiens.
Foi essa extraordinária capacidade que nos fez passar a ser algo mais que macacos espertos. Nascemos com essa habilidade única de imaginar tudo aquilo que quisermos; de imaginar como seria, se fosse assim; de imaginar como seria, se não fosse assim; de imaginar aquilo que ainda ninguém imaginou.
Imaginem, se não soubéssemos imaginar!

Crónicas da Inês (+1)

Por ela, fiquei a saber que está em curso a emancipação masculina, centrada essencialmente na luta de um lugar de relevo na área dos afectos. Fiquei também a saber que nós, homens desvalidos, temos conseguido importantes vitórias nos últimos anos, em especial uma: o reconhecimento da “paternidade”.
Mas os nossos filhos continuam a sofrer... os nossos rapazes continuam a ser castrados e segregados. Nunca poderão brincar com um Nenuco, ou um barco-piscina da Barbie!
Vá lá, ainda faltam dois dias.... é facil, é só voltar às lojas e pedir para trocar aqueles estúpidos Action-Men ou B-Bladders.

PP: estava a pensar nas censoras do nosso blog... eh, eh! Já li dois livros da Margarida, “Não há Coincidências” e “Alma de Pássaro”. Não fiquei nada impressionado, mas também não me senti burro!

nota: este post é a sério!

21 de dezembro de 2003

Domingos, ricos domingos

Está a ser um bom Domingo:)
Agora vou fazer o almoço e descansar :)
O meu bairro começa a parecer-se com uma cidade de província.
E eu estou aqui parada e em vez de escrever, penso noutra coisa.
E vai uma boa máxima:)
" L´habitude , qui flétrit certaines impressions, en rend d´autres infiniment plus vives"
Diderot

Cá de longe...

Deixei o Algarve e fugi para o Nordeste Alentejano.
Deixei, lá longe, a cidade e refugiei-me numa aldeia, tão pequena, que ninguém sabe onde fica.
Gosto e não me canso de cá vir, gosto de sentir o ritmo diferente das coisas. É que aqui há um ritmo diferente... de fazer a comida, de por a lenha no lume, de ir ao café, de ir comprar qualquer coisa, de ir fazer uma visita. Pode parecer, para quem não sabe, parado, lento ou mesmo monótono, mas eu acho que é apenas o ritmo certo, o ritmo natural.
Aqui, a vida tem um ritmo diferente.

Lamb em Lisboa

Os Lamb são um daqueles casos de amor que ocasionalmente acontecem entre portugueses e bandas estrangeiras a quem mais ninguém no mundo liga grande coisa (outros exemplos são os Tindersticks e os Walkabouts). Ontem à noite, no Pavilhão Atlântico, mais um daqueles momentos de perfeita união entre público e músicos. As reacções do público são inequívocas e podem ser lidas aqui. O interessante foi, a certa altura, ver o Andy Barlow a desabafar sobre o futuro com a audiência. Eles aqui estão mesmo em casa. O Pavilhão Atlântico é que é o enquadramento errado. Frio e matacão.

A música, essa, é superior. Qualquer dos quatro álbuns existentes até à data é imperdível. Oiçam-nos, de preferência a começar pelo primeiro. E sonhem.

20 de dezembro de 2003

Prendas de Natal - Uma lista de emergência (adenda)

Faltaram os discos portugueses. Imperdoável. São eles:

João Loio - Canções de amor e guerra
Canto Nono - O Porto a oito vozes

As minhas desculpas.

Prendas de Natal - Uma lista de emergência

Romances e afins:
O último Booker Prize - Não me lembro do nome do raio do livro.
O penúltimo Booker Prize - A história de Pi, Yann Martel
O antepenúltimo Booker Prize - O Assassino Cego, Margaret Atwood (tá bem, não foi o antepenúltimo, mas é sensacional).
Homero - A Odisseia (tradução do grego não sei por quem, mas dizem que o homem sabe o que faz).

Poesia:
Todos os livrinhos reeditados da Sophia MBAndresen
João Miguel Fernandes Jorge - Jardim das Amoreiras (vinte e cinco poemas para vinte e cinco estudos anatómicos de Vieira da Silva) - Excelente para oferecerem a médicos! (eu já tenho!!)
Poemário 2004 (Assírio e Alvim) - Também uma alma boa mo ofereceu já! :)))
Sonetos de Petrarca - Tradução de Vasco Graça Moura, e esse sabe sem dúvida o que faz.

Discos:
Jean Ferrat - Jean Ferrat chante Aragon
Hector Zazou - Strong Currents
Robert Wyatt - Cuckooland
Lou Reed - The Raven (o duplo, não a versão reduzida)
Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Marisa Monte - Tribalistas


Outros:
Chocolates!!!!

Estórias da minha infância (8) – A Velha do Pisão

Era corpulenta e atarracada, tinha feições carregadas e rudes. Tinha uma idade indefinida, o que era acentuado por um pele grossa, tisnada e gretada. Também tinha um ar quase masculino, que lhe era acentuado por um exuberante buço.
Andava sempre vestida de preto, como que de um luto carregado. A roupa até aprecia sempre a mesma: camisa e blusa de melha, lenço apertado na cabeça e, ao contrário do que seria esperado para a época, sempre de calças.
Parava quase sempre nos bancos de pedra que existiam debaixo da plátano do Rossio. Especialmente às quartas e sábados, que eram os dias de mercado, quando a zona se enchia com uma enorme multidão vinda das redondezas da cidade. Sentada, fumava cigarros e cuspia para o chão, e olhava todos que pasavam com um ar de desafio.
A intervalos regulares ia à tasca do Sr. João, por onde nós paravamos ainda antes se ser o Mané Jóia. Pedia um traçado de tinto, cheio até ao cagulo, e bebia tudo de um trago. Nessas vindas era quase sempre acompanhada por um velhote de ar ufano, sorridente, que lhe pagava o traçadinho com orgulho. Depois, quase de baço dado, lá iam rápido para um qualquer lupanar de prazer.
E, durante muito tempo, quando algum de nós se gabava de uma aventura qualquer com alguma miúda (inventada ou não), ouvia logo um: Tu??… tu foste, foi à velha do Pisão!

19 de dezembro de 2003

Ressaca (1)

Estou com uma terrível ressaca...
Já uma vez aqui disse, nos idos de Setembro, que venho fazendo cada vez piores ressacas. Há-de ser da pdi...
Também disse que não aprendo e, cada vez que há noitada, abuso sempre... E depois vem "the day after", que é hoje!
Desta vez estou especialmente mal devido a duas outras coisam que ajudam à festa: quase não dormi e fui assistir à festa da catequese do Manel.
O que me anima, é que começou a minha semana de férias!

Dias de chegar tarde

Pois é..os nossos médicos andam em festas natalícias decerto....Andam pouco escrevinhadores.
Anda tudo a meio gás.
Só gente com sacos de compras.Crianças com ar corado, com balões e birras:)
Recebi uma prenda girissimaaaaaaaaa!!! Uma chávena gatal:)
E ontem, uma garrafinha de vinho e um saco de castanhas, devidamente acondicionados em serapilheira:)
Acho que deviamos fazer um jantar de Reis no Blog..que tal???
E traziamos prendas..claro....apesar de eu odiar prendas.."Oh..porque compraste? porque foste gastar dinheiro!!Ohhhhhhhhhh" ...risosssssss
Beijos e vamos à guerra:)

18 de dezembro de 2003

Perdi-me...

Por causa destes dias, de corridas de um lado para o outro, de compras, de jantares, de festas, e de outras merdices habituais, perdi-me no blog...
De repente já estavam a falar de pelos e depilações, da MFL e de pelos, de pelos nos tufos, do Tony e de mais pelos. Pelo meio distribuiram montes de prendas, que ainda não sei para quem são.
Amanhã, se não estiver de ressaca, porei tudo em dia. E hei-de vingar-me... :)

Matriz, Lenin e Anéis

O terceiro filme de Matrix é mau. Se este fosse o primeiro e não o terceiro de uma sequência mais ou menos respeitável, não teria grande sucesso e não ficaria para a história. Visualmente não se percebe para que foram necessárias 6 ou 7 equipas completas de efeitos especiais. A banalização das personagens, que são cada vez mais humanas, e o fraco aproveitamento do bom que os dois primeiros filmes tinham (tiroteio e kung fu) faz deste terceiro uma nulidade cinematográfica.

Good Bye Lenin não necessitou de 7 equipas de efeitos especiais nem certamente de nenhum dinheiro. "O teatro são os actores" e, para mim, também no cinema basta bons actores e bom argumento para um filme poder ser excelente. Bons actores, argumento original, interessante e divertido e ainda dois temas interessantes fazem do Good Bye Lenin um filme 17 valores. Os temas interessantes: amor entre filho e mãe (maravilho sem ser meloso nem cliché) e amor à ideologia (sem ser nem de crítica política nem de intervenção).

O terceiro dos Anéis é mais do mesmo mas o mesmo continua a ser bonito de se ver: as paisagens fantásticas (mas que, parece, exitem na Nova Zelândia), as cidades mágicas incrustadas em montes ou grutas, os trajes dos guerreiros e princesas, os grandes combates, a magia e a amizade, o tema principal do filme. Para quem não estiver com muito sono (como eu estava ontem) é muito bom de ver.

Ricardo

Tufos e abortos e coisas assim

Faz sol!!!acabou a chuva?
Este blog anda particularmente artistico e polémico.
Gerou-se aqui uma polémica luso-brasileira interessante, sobre o referendo do aborto.
Isso à mistura com uma guerra artistica, acrescida de um debate sibre pilosidade.
Como diz a minha esteticista, a Dona Laura, cada qual usa os pelos como quer. Ela é muito opinativa e conta coisas assombrosas. Que há mulheres que depilam os braços, que há outras que deixam pequenas linhas de pelos, eu sei lá. Gosto da parte em que ela me diz " Os pelos da menina crescem ao contrário"!!!
Eu gostava era que eles emigrassem.
Mas gosto de alguns nos locais convenientes.
Orlando, o que se te oferece dizer-nos sobre depilação?
Achas a morte de um pelo condenável? :P
E Maria , a tua descrição arrepiou-me. A Dona Laura tem essa técnica das bandas e eu fico sempre em mau estado:) Sobretudo debaixo dos braços..ai ai ai!
Mas ....por enquanto nem pensemos nisso:)
Beijos aos blogadores e aos leitores caladitos :)


Resposta a Pilosidades e outras ventosidades

ahahahahaha!!Já pensaste numa ida a uma esteticista?

Antes de pensares na depilação, começa por observar melhor esse pequeno intruso que desafia o teu peito.
Se tens vergonha de ir a uma esteticista,aconselho o uso indolor da cera fria, já existem no mercado diferentes tipos de ceras que podes aplicar em ti próprio (disponíveis em varias lojas ou farmácias)

As ceras frias são fáceis de manusear, mas exigem um pêlo comprido(como os teus)

Basta aplicar as bandas já prontas sobre o peito e tirá-las com um golpe seco e brusco no sentido inverso ao do crescimento.

Também podes começar por um banho quente, a fim de evitar quebrar o pêlo.hehehehe

só mais um niquito

Ao colocar aquele post, não pretendia causar tanta polémica. Queria, antes de mais, expressar as minhas própria dúvidas e incertezas. E faz-me impressão as certazas que muita a gente tem sobre este assunto…
Concordo com tudo o que argumenta o Orlando, na defesa da vida que é um bem absoluto. Logo, o aborto, ao interromper a vida do feto, levanta um problema ético: não praticamos o bem.
Não concordo que este seja um problema de consciência individual. Há muitas coisas, intímas e só nossas, sobre as quais não temos livre arbítrio: a liberdade não é um bem prescindível, o direito de voto também não, e também não existe "direito" ao suicídio. Logo acho lógico que a sociedade defina regras em relação ao aborto.
Mas… sou pragmático. Admito que uma sociedade ceda nos seus valores éticos, para resolução de problemas que se assumam mais importantes.
Por isso aceito a despenalização do aborto... E sei que isto é relativizar a questão!

17 de dezembro de 2003

Lenha na fogueira

Às vezes começo a discutir as coisas um tanto apaixonadamente, e perco as estribeiras. Não é minha intenção ofender a quem quer que seja, e se soei um tanto rabugento (e sei que soei), peço encarecidamente perdão. Nesse caso do aborto, creio que, à parte as relativizações muitas que o mundo vem nos ensinando, estamos falando da questão central que é a vida. Não a acho uma meia-questão, ou uma falsa questão; e muito menos uma idéia à qual as relativizações modernas sejam aplicáveis. Defendemos a vida ou não? Se a defendemos... a defendemos sempre, ou somente se satisfeitas certas circunstâncias? E que circunstâncias seriam essas? Isto é relativizar; isto é dizer que, em tais e tais casos, pode-se viver; em tais e tais outros, é melhor que se mate o camarada; e ainda, em outros, a vida do sujeito penderá de decisões alheias. O fato cristalino, aquele que, creio eu, ninguém disputará, é que, para se fazer um aborto, é necessário matar o feto. Pergunta-se: mas quando é que começa a vida? Sei lá eu! Uma pergunta dessas põe em dúvida a minha própria vida; se não sei quando começa, estarei eu vivo? Se minha mulher me esfaquear, poderá salvar-se da cadeia alegando que, filosoficamente, minha vida é uma questão em aberto, e que portanto ela não poderia tirá-la, ela que, a propósito, talvez também não esteja viva? Por outro lado, se estou de fato vivo, por que é que um feto de um mês, ou de quinze dias, ou de uma semana, não estará? Se estamos ambos vivos, por que é que matar-me é crime, e matar a ele é opção? Escapa-me, confesso sinceramente. Pergunta-se: mas e a que mundo ele virá? O mundo é mau, é sujo, ele crescerá sem amor. Tudo verdade. Entretanto, o mundo é assim para a maioria de nós (ou estamos aqui deitando pelas orelhas todo o amor que nos deram nesta vida?); e quantos estamos dispostos a morrer por isso? E olha que podemos falar, e podemos nos definir claramente a respeito da merda que o mundo é. Mas e o infeliz que, para cúmulo de tudo, nada sabe, nada pode dizer? Decidimos por ele? Dizemos: “vai por mim, amigão, isto aqui é um lixo, você não vai gostar nadinha, morto você está melhor”? Admita-se, porém, que uma mulher não queira ser mãe, seja porque detesta crianças, seja porque se acha incapaz, porque odeia ao pai, ou porque simplesmente quer levar a vida que sempre levou. Deve ser seu direito repudiar seu filho; mas por que poderia matá-lo? Se estamos realmente querendo deixar de ser hipócritas, devemos dar às mulheres o direito legal de repudiar, e não o de matar; e se lhes damos esse direito, porque bem nos parece, temos a obrigação de zelar pela vida dos enjeitados. Que o estado e a sociedade custodiem essas crianças, já que aparentemente falharam em explicar a seus pais o que sejam anticoncepcionais e preservativos, e que essa falha não seja uma razão para que morram. Se resolvemos botar a vida por cima de tudo, então botemos, e façamos das tripas coração para que ela seja respeitada. Debalde? Certamente. Mas chegamos até aqui defendendo isso. Vimos guerras, sangue, revoluções medonhas em nome de legalidade, fraternidade e igualdade. A troco de quê mesmo? Eram essas idéias hipócritas afinal? Não creio que fossem.

O Mundo já não é a preto e branco: mais sobre o mesmo...

Com o devido respeito que as diversas opiniões sobre o aborto possam merecer, não posso concordar com a hipocrisia subjacente aos argumentos apresentados pelos auto-intitulados embaixadores da vida. O mundo já não é a preto e branco. Ao se defender a despenalização, não se está a defender o aborto, está a defender-se a vida e não a morte, está a defender-se a possibilidade de cada um, de forma consciente e esclarecida, poder gerir livremente o seu próprio corpo. Quando se fala do aborto, não está em causa um problema ético, como argumentam os mais tí­midos defensores dos ditos valores "pela vida", cúmplices dos milhares de abortos que se praticam anualmente de forma clandestina. Acho que já é tempo de acabar com falsos paternalismos e assumir que o problema existe. Assumir que hoje há mulheres que morrem por falta de cuidados de saúde. Talvez isso seja entendido por alguns como um castigo para as pecadoras que não têm dinheiro para ir a Espanha...

Sobre o aborto

Acho que não há ninguém que deseje menos fazer um aborto do que uma mulher. Sofre-se muito, psicológicamente e mesmo por vezes físicamente. É sempre uma última alternativa.
Acredito querido Gasel que nunca conseguissses fazer nenhum a ninguém. Mas há muita gente que os faz. Médicos e não médicos. E muitas vezes em condições deploraveis.
Acho que reaquacionar essa questão é urgente. Sobretudo , porque quem mais pratica abortos são pessoas com deficitárias condições económicas e mal informadas a nivel preventivo. Porque ainda há a ideia que sexo é pecado e tem-se vergonha de perguntar ao médico.
Ainda há os descuidos, os esquecimentos da pilula, a ignorância da idade. Muitos factores imponderáveis.
Continuo a acreditar que as mulheres têm o direito de escolher de ser ou não ser mães.
E acredita, que como tu, eu já devo ter visto muitas familias , com numerosos filhos maltratados ou negligenciados ou simplesmente mal amados.
Quanto à eutanásia: Preferia ser eutanasiada do que estar ligada a máquinas por tempos infindos.
A vida é o valor mais alto de facto. Mas eu acredito na qualidade da mesma em todos os aspectos.

E quer se aprove ou não, vão continuar a existir abortos ou a deitarem-se recém nascidos no lixo.

Como se voltou a falar disso

Se o retrato do aborto clandestino é chocante, pela crueza e solidão que transmitem…


A imagem da vida humana, na sua simplicidade e fragilidade, não pode deixar de nos comover…


Não sei qual a posição certa, não sei mesmo!
Mas não creio que tudo se possa resumir a uma mera questão de consciência indivídual. Vou mais pelas palavras de um prémio Nobel da Medicina, ditas em 1967, aquando da completa liberalização do aborto (até aos 9 meses) nos Estados Unidos: "Quanto em valores éticos estará uma sociedade disposta a renunciar em favor da solução de um grande problema social? Isto depende não apenas de sua filosofia ética, mas também da seriedade com a qual se encara o problema a resolver".

PP: Só um reparo histórico. A proibição do aborto não está, historicamente, ligado à Igreja Católica. Embora esta sempre tenha condenado o aborto e o infaticidio (essa sim, a maneira comum se resolverem os problemas na Idade Média), desde que o aborto começou a ser praticado “medicamente” no século XVII, sempre foi legalmente permitido. Foram os avanços científicos, com os conhecimentos sobre a concepção humana, que o tornaram proíbido em todos os países, a partir de 1860.

16 de dezembro de 2003

Ora bom dia

Estou um bocado de olho fechado, mas pronto.
Fiz uma viagem ideal de metro.
Primeira parte comprimida contra um jovem rapaz com uma camisola igual à que comprei para o Miguel no Natal. Bom gosto do moço:)
Segunda parte, olhei em frente e estava uma senhora de camisola roxa e saia aos quadrados, a ler ávidamente o "Sangue do meu Sangue".
Fiquei bastante perplexa, a tina não dizia com a tineta.
Olho mais para o outro lado, há que referir que tinha posto os óculos de míope que sou mas que me esqueço de exercer, e vejo um homem lindissimo.
Fiquei de boca aberta a olhar. Lembrei-me de em criança uma amiga minha ter um armário cheio de bonecas, com portas de vidro e sempre fechado à chave. Acho que o meu ar era o mesmo.
O senhor até reparou e ficou a rir-se. Devia ser gay:))) Além de bem disposto, claro:) Mantivemos contacto visual..risos..até que tive que me pirar a contragosto na Praça de Espanha.
E pronto..a Errezinha chegou com prendas!!! Boa!!
Viva o metro e viva a Errezinha!!

Exaustão

Apesar da T dizer que me faz mal à saúde, continuo a dar voltinhas pela blogolândia.
Antes de dizer ao que vinha, aproveito para chamar a atenção para dois blogs de que gostei: o Memória Virtual anda a reconstruir a história deste mundo e já vai no XVI volume; o Guerra e Pas lançou uma serie de posts caracterizando exaustivamente os diferentes tipos de colunistas conhecidos.

Exaustivamente, é o termo que me leva à segunda parte deste post.
A grande maioria dos blogs, editados por uma única pessoa, dedicam-se com exaustão a um tema, seja ele a política, o cinema, o jornalismo, o futebol, qualquer coisa... A mim, acabam por me cansar e, sinceramente, não percebo o objectivo de tamanha gesta. Mudar o mundo?
Muitos outros viram-se para um registo intimista, mas unipessoal. Embora haja, por aqui, pessoas e pensamentos muito interessantes, todos caímos, por vezes, na repetição e monotonia, o que é deveras maçador.
Existem ainda os blogs colectivos mas de linha editorial definida. São claramente políticos e, consequentemente, tendenciosos. São uma espécie de pasquim blogosférico…
Assim, os blogs que eu mais gosto, são os parecidos com o nosso: alguma maralha ao monte, muita fé em deus, e posts à baldex. A coisa nunca esmorece, há sempre alguém a agitar as águas!

Isto levou-me a pensar propor a criação de uma espécie de liga, a UBAB: União dos Blogs À Balda.
Aliás, se a nossa mentora não se opuser, um dia destes vou criar ali em baixo um grupo de links, para este tipo de blogs!



15 de dezembro de 2003

Tom Waits

Sabe-me tão bem ouvir o Tom Waits enquanto preparo aulas:)

Porque é que eu gostei muitíssimo do Dogville

Este texto não é para ser lido por quem ainda não viu mas pretende ver o filme Dogville, pessoas politicamente correctas e sábios que não acreditam na possibilidade de mudarem de opinião. O texto que se segue é muito comprido e pode chocar algumas sensibilidades e intelectos. Peço desculpa por ser comprido.

Ler texto.Dog.pdf

Aventuras

Poisé...
Como já vos disse, este fim-de-semana resolvi misturar-me na multidão.
E o que fiz? Ora, fui à capital, armar-me em capitalista, ou seja, gastar montes de massa!
E também vos disse que tive montes de aventuras...
Quais foram? Bem..., não foram assim tantas.
Em primeiro lugar, andámos de metro! Como já vamos sendo um bocado provincianos e labrêgos, andar de metro cá para a família, especialmente pró Manel, é uma aventura. Como chefe de família, e antigo conhecedor, dispus-me a fazer de guia. O pior é que aquilo já não está como no meu tempo, as linhas duplicaram, as estações mudaram de nome,... e acabamos por nos perder várias vezes! Terrível... Bom, Lisboa já está quase como Londres ou Paris. Ainda assim, sempre prefiro as linhas de metros numeradas, 1, 2, 3, etc... agora Gaivota, Golfinho, Papagaio e outras bicharadas, é que não está com nada!
Depois, com o meu voto contra, marchámos para o Colombo. Aí já eu sei que me perco sempre... tenho que andar, constantemente, a fazer a triste figura de perguntar aos seguranças onde é a loja tal, a rua da Índia ou a praça dos Descobrimentos. Ao fim de três dolorosas voltas, aos encontrões, aos com-licenças e aos ais, resolvi atirar-me para o chão e simular um ataque convulsivo! Gentilmente, levaram-me para o exterior e eu disse que não era preciso ambulância, que era uma “baixa de açucar”!
Para acabar, fomos ver o Glorioso. Mas essa já eu contei.

PP: Agora um pouco mais a sério. Lisboa já vai tendo um ambiente urbano atraente, já se disfarça de cidade europeia, pelo menos nesta altura do pré-Natal!

Mas é diferente...

Concordo com o ABS, as imagens do Saddam chocam... atiram-nos à cara quão vã é a condição humana.
E claro que são feitas com a intenção clara de chocar, de expor o inimigo à humilhação pública, de mostrá-lo humano, frágil e acossado, como um farrapo na mão dos carcereiros.
E seriam necessárias? Eu acho que dificilmente seriam diferentes, tinha que ser esta, exactamente, a imagem que os Americanos tinha que passar aos Iraquianos: o grande Saddam não passa de um velho andrajoso, escondido num buraco...
E não deixa de ser diferente, apesar de tudo, da crueza do fim do Savimbi, ou mesmo do Ceausescu. E seria muito fácil, e mais simples, certamente. Apesar de tudo, não deixa de ser diferente...
Apesar de os seres humanos continuarem a ser uns rematados filhos da puta, uns são um bocadinho mais que outros...

Uma prendinha para o Gasel II



A actriz Béatrice Marcillac que protagonizava a bela Marion de 1970, em 2003.....
Les Galapiats

E prenda para a Errezinha!!!



Les Galapiats, Pequenos Vagabundos, Jean Loup

Para o Gasel..risos



Beátrice Marcillac, Petits Galapiats

Dias de alergia

Estou farta de esfregar o nariz.
Soube do Saddam quando li o post do ABS. Depois vi as fotos e os filmes e fiquei agoniada. Se calhar disso a minha alergia.
De repente parece que o John Wayne prendeu o vilão do filme. E o regozijo é total.
Eu só vi um homem acossado e perdido, que inspira piedade apesar de ter sido um ditador nojento.
E agora, o que se vai fazer dele?
Sempre que penso no Bush, é mais uma coçadela dde nariz.
Como é que vou orientar a reunião que vou ter sempre a coçar-me? Grrr
Este post está um bocado desorganizado.
Resumindo, a prisão do Saddam não resolve nada. Só lhe vai melhorar o nivel de vida. Lá saiu do buraco e vê a luz do dia.
Dá prestígio ao Bush?
Isso deve dar de certeza.
E quem vai julgar o Saddam?
E quando é vou parar de me coçar toda?????Merde.

Coração Vermelho (7) - a iniciação

Como num ritual iniciático, este fim de semana, levei o meu filho ao Estádio da Luz.
Como um momento destes o exige, foi cuidadosa e longamente preparado. Pensámos na roupa a levar, nos horários de partida e chegada, nos caminhos a percorrer e treinámos os cânticos de júbilo. Mesmo antes de chegarmos, pus o meu ar de pai, e disse-lhe com voz grave: Rapaz!... há três coisas que um homem nunca esquece na vida, o primeiro dia de escola, a primeira ida à Luz e a primeira queca.
Ele ficou de olho brilhante, emocionado e, de voz trémula, lá continuou a cantilena que tinha ensaido: Só eu sei... o braga é gai!!
Depois cumprimos todos os preceitos.
Enfeitámo-nos com barretes, cachecóis e outros atavios.
Nas roullotes, bebemos cerveja e comemos coiratos.
No estádio cantámos Sou Benfica e agitámos os cachecóis
No jogo gritámos pelo Benfica, apupámos o adversário e insultámos o árbito.
No intervalo mijámos e comprámos mais cerveja (sem álcool...).
No fim do jogos abraçámo-nos, muito contentinhos, de barriga cheia. Voltámos a casa com o coração vermelho inchado e jurámos repetir...
Foi nessa altura que ele quis saber o que era uma queca...

14 de dezembro de 2003

Voltei

Olá, cambada! Voltei...
Andei dois dias incógnito, no meio da multidão.
Não soube nada do mundo, e o mundo não soube nada de mim.
Agora, vou por o mundo em dia.
Amanhã, logo vos contarei algumas histórias...

Apanhado

Das imagens com que nos estão a bombardear hoje choca-me particularmente a de Saddam a ser cuidadosamente observado por um médico (?) das tropas americanas: primeiro em busca de parasitas do cabelo e, em seguida, num exame da cavidade oral por razões que completamente me escapam (queixou-se de dores de garganta? querem tratar-lhe eventuais cáries dentárias? buscam um transmissor tipo James Bond num molar?). Um acto médico é sempre, e por definição, um acto privado, no qual a dignidade pessoal se encontra em jogo, exposto que está um ser humano ao escrutínio (habitualmente consentido, o que aqui não devia ser o caso) por outrem. Poder-se-á argumentar que foi para demonstrar o tratamento "humano" dado a Saddam. Não sou ingénuo. Quem introduziu estas imagens no briefing sobre o assunto sabia perfeitamente que esta é uma forma de humilhação equivalente a passeá-lo nu pelo meio de uma turbamulta ululante, ou a pendurá-lo pelos pés para exposição pública, ou a crucificá-lo, ou a filmar o seu cadáver de todos os ângulos possíveis, incluindo close ups em dose certa.

A marca de verniz modifica-se, a terminologia adapta-se às circunstâncias, mas a semântica da guerra é a mesma de há dez mil anos: os seres humanos continuam a ser os rematados filhos da puta que sempre foram.

Berlioz

Fez duzentos anos esta semana que nasceu o mais moderno músico do século XIX. Ouvimo-lo hoje e não se acredita que escreveu o que escreveu na sua época. Oiça-se Os troianos ou A danação de Fausto e percebe-se o que digo. Este ano pôde-se ouvir o seu Romeu e Julieta no S. Carlos, com uma interpretação algo murcha e uma cenografia desgraçada mas, mesmo assim, que música...

13 de dezembro de 2003

Natal

Esta noite vou ao circo.

:))))))

Outro dia

Este último post do Gasel fez-me lembrar as aulinhas em LLM, sobre a gramática generativa..argh...
Coisa tormentosa a linguística, a fonética e essas tralhas todas.
Ainda não sei como sobrevivi ao Chomsky:)
Feitas as compras de supermercado online..que maravilha...resta-me aproveitar o sábado:)
Preguiçar, preguiçar e preguiçar.
Beijos

12 de dezembro de 2003

Postas de pescada (4)

Li no miniscente, numa divagação sobre a blogosfera, a dúvida que se segue:

"Por outras palavras: uma escrita livre e pessoal, fragmentária e aberta, fortemente intertextual e contaminada, dissociada de um suporte que a tornasse num organismo centrado, tendencialmente estático e alérgica ao interactivo não é, em si, um desafio à própria ordem dominante do quotidiano?"

Fogo…, não haveria outras palavras dizer isto?

PP: quem é a rainha das vacas??

Postas de pescada (3)

Ando farto dos comentadores-políticos das televisões. Especialmente daqueles que têm três nomes: o Pedros Santana Lopes e o Manuel Maria Carrilho.
Porque é que temos que gramar com as suas opiniões enviezadas e dirigidas?
Porque é que temos que gramar com o seu ar sobranceiro, de quem sabe mais que tudo?
Porque é que temos que saber o que vão dizer, ainda antes de abrirem a boca?
E, pior, o que é que nos interessam os seus “estados de alma”?
Dahh…

O que vale é que só falta uma semana para ter umas mini-férias!
O pior é que só falta uma semana para comprar as prendas que ainda não comprei!

Postas de pescada (2)

Tem-se falado muito, a propósito de um seminário qualquer, de erro e negligência médica. Num dia destes li, no Blogame Mucho, as opiniões do um médico e de uma jurista(?) sobre este tema.
De facto, existe por aí muita confusão entre estes dois conceitos. E sou levado a concordar com a lolita: os médicos, de uma forma geral, reagem muito mal quando alguém põe em causa os seus doutos conhecimentos.
Mas não somos os únicos…

Como não tenho nada que fazer, vou soltar aqui umas... Postas de pescada (1)

Estando, ou não, de acordo com a cor política deste governo e achando, ou não, que as opções económicas e sociais são correctas, duas coisas não podem deixar de ser notadas:
Parece que o Martins da Cruz subiu ao palco só para tratar dos probleminhas da família.
Parece que o Figueiredo Lopes revela um inépcia confrangedora a tratar dos probleminhas mais corriqueiros

A mim parece-me, às vezes, que não usam a cabeça para pensar, mas só para parar elevadores, como na anedota do ortopedista.
Se não sabem, conto-vos: um ortopedista ia a correr, no átrio do hospital, em direcção ao elevador. Nisto, começa a fechar-se a porta e ele, no último momento, enfia a cabeça e TOIIIING.. as portas batem na dita, voltam a abrir-se e o ortopedista entra, cambaleante, no elevador. Pegunta-lhe um maqueiro:
Doutor, porque é que não pôs as mãos?
As mãos?… ora, as mãos preciso delas para trabalhar!

pois é...Colombo city

Hoje acordei às 10 e preguicei até às 10:30....roam-se de inveja.
E depois fui ter com a rainha das vacas e a Errezinha ao Colombo, para darmos largas ao nosso imaginário consumista.
Foram comprados 3 decantadores de vinho!!! Isso diz algo sobre nós:)
Ensinámos à filha da rainha das V. para que serve um decantador. Achámos que essa informação deveria ser incluida nos nossos programas in/formativos para crianças.
Carregadas de sacos e felizes, a errezinha arrastando um puff do dobro da largura dela, fomos premiadas com umas capinhas para os maços de tabaco, dadas pela Rainha das V.
Imaginem a nossa alegria!!! São brancas e têm manchinhas pretas!!! Arghhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!
Em suma, estamos maravilhosas:)

Vendo o outro lado da questão...



Pobres rãs...
Lembro-me que, quando as apanhavamos vivas, lhes enfiavamos uma palhinha no cú, sopravamos, e elas por ali andavam à nora, inchadas como um balão, sem conseguir mergulhar nem saltar.

e quem é que se lembra deste moçoilos?



Lesgalapiats, Pequenos Vagabundos

11 de dezembro de 2003

Voltando à culinária



Ingredientes:Pernas de rã qb; Leite; Farinha, sal, pimenta; Manteiga; Alho e sumo de limão

Preparação: Põem-se as pernas de rã de molho em água salgada durante 15 minutos. Ao cabo desse tempo, escorrem-se e exugam-se bem num pano. Humedecem-se, então, num pouco de leite e passam-se por farinha temperada com sal, pimenta e glutamato monossódico. Entretanto, frita-se em manteiga um dente de alho esborrachado, numa frigideira, em lume não muito forte. Quando o alho principia a escurecer, retira-se e deitam-se as pernas de rã, dourando-as bem de ambos os lados. Desengorduram-se em papel absorvente e servem-se com sumo de limão.

Bom apetite!

E mais um...

SIR TE: A sword by itself rules nothing. It comes alive only through skillful manipulation.

Cá estou...

Cá estou, T...
Continuo a par-e-par com o dia-a-dia, que é o do costume.
De manhã levanto-me, como Nestum, pego na Eugénia e marchamos para a escola e emprego.
Trabalho, aqui, entre as nove e as duas. Almoço o que calha e trabalho, ali, entre as três e as sete.
Após o jantar familiar, o serão fica curto. As onze luto, desalmadamente, contra o sono.
É o "general inverno"...

Curiosamente, este ano não estou demasiado "down". Habitualmente, nos últimos anos, chego a estas alturas completamente estenuado, arrebentado, desalentado e só com uma coisa na cabeça: se conseguir chegar ao Natal, sobrevivo!
Este ano não, estou razoavelmente em forma, sinto-me bastante benzinho... não sei se é devido à expectativa do que aí vem de novo, se é só porque calhou ou, até, se o blog terá alguma coisa a ver com isto.
Apenas uma coisa está igual aos anos anteriores: o acordar. Chega o frio, o cinzento e é terrível. Não consigo levantar-me, parece que uma força "impesável" e invisível me prende à cama. O despertador toca, eu olho, 7.20 no mostrador e penso: só mais cinco minutos. E ali estou naquilo até ao quarto para as oito e é, nessa altura, que começo a querer atrasar o relógio...
Até que me levanto, num salto, e começa o dia!

PP: continuo a gostar de ouvir o melhor do mundo na Antena 1

PPP: ontem descobri a diferença entre chá e tisana...

PPPP: devido ao reparo do senhor almirante, concedo: podem chamar-me só "patrão".

PPPP: vi as imagens, conhecia os filmes, mas não sabia os nomes.... ai, ai, os meus buracos negros cerebrais não param de aumentar!

e deste filme, lembram-se?




The Motorcycle Boy: If you're going to lead people, you have to have somewhere to go.

10 de dezembro de 2003

E quem se lembra deste filme?


Paris Texas

JANE
Howdy.

TRAVIS
Howdy.

Jane sits down on the bar stool next to the "counter".

TRAVIS
Can I tell you something?

JANE
Sure. Anything you like.

TRAVIS
It's kind of a long story.

JANE
I got plenty of time.
Listen - there's a hell of a good universe next door; let's go - e. e. cummings


As pequenas coisas que nos tocam

Estava a ler o Aviz, sim segui ali o link do Comandante Gasel e retive esta frase . Falava o rapaz , perdão o senhor, do que o fazia deter nos textos dos blogues.
Penso como ele. Mais do que ser apenas um reflexo da nossa conjuntura, aqui temos que ser reflexo de nós próprios. Dar aquelas pistas, a palavra escondida, sermos nós. Se formos enfadonhos, que se lixe.
Se estivermos deprimidos logo desopilaremos em momento próprio.
Vejo muito este espaço ,como um jogo de encaixes e cruzamentos, em que todos pensamos necessariamente de forma diferente. Em que já nos vamos conhecendo e reconhecendo.
Ou seja uma multiplicidade que nos enriquece. Que nos surpreende diariamente. Ou nos irrita e faz refilar.
Tudo isso faz parte das pequenas coisas ,que são afinal as grandes ,que tornam este blog único.
Pecamos por pensamentos, palavras actos e omissões....ora, bloguemos assim também. E tudo estará certo:)

E viva o sol

Nada como um dia de sol..mesmo sem chuva já chegava:)
Uma ida ao correio mandar um presente. E estive a admirar a paciência infinita dos funcionários a aturarem os velhinhos:)
Nem tudo está podre no Reino da Dinamarca:)
Há pequenos nadas que nos põem felizes. Escusa de ser a depilação, hein, Comandante Gasel?
E a Errezinha está à espera de vez para pôr um cd:)
Beijos.

Prendas de Natal: II - Elvis Costello

Elvis Costello, nascido Declan Patrick MacManus em 1954, em Londres, é um dos músicos mais interessantes dos últimos vinte anos. No presente contexto, debruço-me sobre três trabalhos: The Juliet Letters, com o Brodsky Quartet (1993), Anne Sophie von Otter Meets Elvis Costello (1992) e, mais recentemente, North. O primeiro é uma preciosidade: hipotéticas cartas enviadas mas nunca recebidas, cantadas por um um tipo que não tem voz mas canta belissimamente, acompanhado por um quarteto de cordas. An equal music, de que falei antes, vem de imediato à ideia. O trabalho com Anne Sophie von Otter é a primeira gravação para a Deutsche Grammophon e é outra preciosidade: pérolas da pop gravadas por uma das mais belas vozes actuais, com Costello a fazer o contraponto do ogre sentimental. Belíssimo. Só por Like an angel passing through my room (dos Abba!!) o disco vale o seu peso em ouro.

Por fim, North. É deste ano. Dentro de cem anos as canções deste disco de Costello serão tocadas em bares escuros e sombrios, por um pianista velho, entre fumo e vapores de álcool pesado. Dentro de cem anos haverá confusão sobre se estas músicas são de Gershwin ou Porter. É o conjunto das canções mais perfeitas de toda a primeira década do novo século, incluindo os sete anos que aí vêm. Melodias, textos, arranjos, músicos, é tudo perfeito. Música é isto. Não há melhor prenda este Natal.

9 de dezembro de 2003

Uma morte evitável...

Ao ler o post da T ocorreu-me exactamente o contrário: há uma certa inevitabilidade na morte.
Ela está sempre ali, ao nosso lado, desde o momento em que nascemos: a morte, a inevitável companheira da nossas vidas. Brincamos com ela, mas ela é que brinca connosco. Parecemos sempre jovens, mas vamos envelhecendo. Buscamos a saúde, mas vamos ficando doentes. Fingimos que não a vemos, mas ela persiste em abraçar-nos.
Talvez por isso, apanha-nos sempre desprevenidos. Aparece sempre de rompante, desnecessária, definitiva. E magoa muito, doi, cá bem no fundo, uma dor desnecessária e definitiva. Talvez por isso, ficamos sempre com a sensação de que poderia ser evitada: se a pessoa tivesse feito isto, se nós tivessemos feito aquilo, se o médico tivesse feito mais cedo…Talvez.
Há, em todos nós, a necessidade de acreditar que um médico pode sempre fazer algo, algo que evite o inevitável. Mas, muitas vezes, não é verdade…

Com isto não quero “descupabilizar” o que possa ter acontecido neste caso.
O médico de Arganil pode ter sido grosseiramente negligente. Pode não ter avaliado correctamente a doente e a gravidade da situação. E, consequentemente, não ter providenciado a vigilância e tratamentos necessários que poderiam (ou não) alterar o rumo dos acontecimentos. Mas pode, também, ter sido conscencioso e tecnicamente correcto. Poderia, na altura da observação, não existir nenhum sinal que indicasse o risco iminente. O que não desculpa a maneira desumana e cruel como aconselhou e encaminhou a doente para a residência.

Há poucos anos morreu, aqui, um colega que eu conhecia bem. Um dia acordou com um dor torácica e dorsal. Passou a manhã na urgência, fez diversos exames, foi observado por especialistas. O cardiologista detectou qualquer coisa no ecocradiograma e ponderou-se fazer um TAC. Como tinha melhorado e “estava bem”, ficou para o dia seguinte. Meia hora depois, ao chegar a casa, caiu no chão e morreu. Foi um aneurisma da aorta.

Seriam estas mortes evitáveis? Não sei, talvez…

PP: Uma coisa é certa, a passagem da certidão de óbito com aquele diagnóstico é negligente e ilegal. Como as coisas estã contadas, obrigaria a uma autópsia médico-legal que só o delegado de saúde ou o juíz poderia dispensar.

PPP: O Aviz tem um novo aspecto. Mais profissional, definitivamente!

Primeira Prenda de Natal

A coisa que eu gosto mesmo mais no Natal, são as prendas surpresa.
Hoje um polícia estendeu-me um pacote e disse..."Deve ser para si":)
Estou encantada com o bom gosto do polícia:)
E fico contente quando alguém se lembra de mim.
Pronto, nem tudo hoje foi mau:)
Mas Gasel pelo amor de Deus, poupa-me às depilações e isso...Essa tua sugestão horripilou-me.:P
Estou a ouvir a minha prenda.
Já vos contei que hoje me ofereceram a primeira prenda de Natal???
Vá lá..um coro...Já!!!!!!!!!!!!!!!!!Que seca é esta gaja:)

Ainda agora me disseram: "Morreu a mãe do Rui e ele está ali".
Fiquei assim petrificada. O Rui é um amigo de há muitos anos, vivemos juntos muitas coisas boas e más.
Só soube dar-lhe um abraço e chorar com ele.
Mas o resto da história é muito pior.
A senhora foi ao hospital . Ela era hipertensa com um historial de arritmias e estava hipotensa apesar do estado gripal. O médico disse-lhe textualmente " A senhora vá-se embora, não está aqui a fazer nada".
Ela e o marido meteram-se no carro. Ele fala com ela, já não responde. Descobre que não dá acordo de si.
Voltam atrás...o hospital era a 250 metros de casa. Nem iniciaram a reanimação.
O mesmo médico disse ao pai do Rui. A sua mulher morreu.
Na certidão de óbito, causa de morte estado gripal. Um cardiologista primo do Rui perguntou porque é que ele tinha apontado essa causa. Ele respondeu-lhe "Tinha que escrever qualquer coisa, por causa da delegada de saúde".
O médico de família da D. Maria José ficou perplexo e tinha-a visto na véspera.
Foi na sexta feira, no Hospital de Arganil.
E quando escrevo isto, penso naquilo que o nosso querido ABS escreveu outro dia...há bons e maus profissionais em qualquer área profissional.
Em algumas áreas porém, o que está em jogo é a vida humana.

A propósito do dia-a-dia

Ontem, por acaso (claro...), dei uma olhada para a televisão e estava a passar uma a novela. Ocorreu-me que nunca se poderia chamar "Homens Apaixonados"... não é?

Hoje, vinha de carro, e ouvi na Antena 1 que a Adminitração Americana tinha nomeado James Brown Conselheiro do Soul e Chanceler do Funk... parece que é oficial!

8 de dezembro de 2003

Jazz

Na Antena 2, neste momento, Coleman Hawkins e Ben Webster em dueto. Antes, Fats Waller. (A Antena 2 tem melhorado extraordinariamente. Merece uma análise mais cuidada depois.) Jazz é perfeito para esta hora da noite. Ainda por cima, ouvido como estou a ouvir, no melhor radio mono do mundo: um pequeno Tivoli Audio Model One (o meu é este). Depois deste saíram mais umas adaptações, mas já não são a mesma coisa.

Segue-se Oscar Peterson. Yeah.

Dias de pensar.

Estava a meditar no que escreveria neste post. Odeio a palavra meditar, by the way, sugere-me métrica de pensamento.
Então porque escolhi a porra do meditar?
Ao contrário do anterior tive um fim de semana hiperpovoado. Não li um livro inteiro, só uma metade do fim de um e o início de outro.
Estou pesarosa da perca de comentários. Amanhã vou remoer o assunto. Sei lá no que estava a pensar em Julho. Se me lembrar talvez recorde a password.
Quase Natal.
Das heranças e partilhas familiares herdei um pesado guarda roupa, onde se escondiam as prendas de natal. E lá estão os sacos com as minhas. Ainda todas baralhadas mas com algum fio condutor.
O Natal traz escondido outro ano com outro número. Nesse ano vou ter 45 anos.
Como gosto de impares, estou bem. A não paridade exclui muita chatice.
Pensamentos fragmentados. Enrolada numa manta , Aqui no escritório faz frio.
Vou ter com os gatos e o aquecedor.
A minha última gata morreu de cancro, muito velhinha. Saltou do meu colo onde estava a ronronar, ficou no chão a arfar e em estertores.. Eu fiquei a fazer-lhe festas. E ela morreu. Nem um minuto foi. Quem dera que toda a gente e bicho morresse aternurada.
Quem dera que toda a vida fosse assim.
Beijos.

Estórias da minha infância (8)– O dia em que Sá Carneiro morreu

Nos últimos dias, concerteza por ter sido aniversário, li em alguns jornais e blogs, alusões a essa data.
Lembro-me perfeitamente do dia em que o Sá Carneiro morreu.
Nessa altura eu era ainda um miúdo, aí com 15 ou 16 anos, e tentava ligar pouco à política e muito aos copos. Se tinha preferências, estariam claramente mais à esquerda, mas considerava-me um independente, digamos. Tempos antes, e por curto período (felizmente), tinhamos tentamos formar qualquer coisa tipo “núcleo jovem do MRPP lá do sítio”... Meu Deus!
Ao contrário, a minha casa e família era um reduto de PêPêDês militantes, com aquela leve sensação de heróica resistência num Alentejo hostil. O aparecimento da AD tinha feito subir os ânimos, de modo que o fervor, por essas alturas, era quase religioso. Sá Carneiro era Deus na terra.

Nessa altura tinha uma cadela, a Violeta. Era uma rafeira, cruzada, pequenotinha, preta e banca... nada de especial, de facto, mas era a nossa Violeta. Nesse Inverno tinha ficado doente, com icterícia e, após muitas idas aos veterinários, a coisa parecia mesmo mal encaminhada. O diagnóstico era Leptospirose, coisa que só vim a saber o que era muitos anos mais tarde.
Numa noite de Dezembro, depois de jantar, olhou para nós com um olhar triste, ganiu e morreu calmamente. O meu pai andava na campanha, pelo que chamámos um amigo para irmos enterrar a cadela.
Quando já tinhamos descido as escadas, eu com a Violeta nos braços, começam a abrir-se as portas dos prédios e, em grande alvoroço, desatam a sair os vizinhos, transtornados, aos berros, : “Morreu!... Morreu!...”
Por momentos fiquei aparvalhado, sem me conseguir mexer, sem perceber a razão para toda aquela comoção. E não conseguia deixar de pensar: “Mas como é que eles sabem?...”
Pois é, nesse dia morreu a nossa cadela, a Violeta.

A propósito de um jantar (1)

Ontem estive num jantar de confraternização de bravos marinheiro e fiquei ao lado de um juíz. Ouvi de tudo, sobre as habituais "fobias sociais", com uma confrangedora falta de "abertura de espírito", e fiquei aterrado ao pensar: como é que este tipo pode julgar pessoas?
Lembrei-me, depois, de um amigo meu dos tempos de faculdade que, após cursar direito, lá seguiu para o CEJ, para ser juíz. Apesar de gostar dele, de ser um tipo razoavelmente porreiro, foi das pessoas com um pensamento mais rígido e dogmático (em determinados assuntos...) que conheci.
Lembrei-me que já tinha pensado aquilo: como é que este gajo vai julgar pessoas?


Consegui

Já está, passei no exame... a partir de agora, podem-me tratar por senhor comandante!

7 de dezembro de 2003

SOS

De facto estamos só nós sem comentários e assim não tem graça nenhuma.
Não ajuda de facto eu ter-me esquecido da pass e do nome de utlizador da blogger.com.br.
Bem..alguém tem alguma ideia do que se passou? Alguma alteração no template?
Porque se pode instalar um sistema novo de comentários, mas perde-se tudo para trás, o que é uma pena.
Digam de vossa justiça.
Alex tu que és veterano e bom nisto. Podes ajudar?
Entretanto vou matar a cabeça a tentar lemnbar-me da pass.
Beijo

Comentando

O Cunningham de facto é muito bom.
Não gostei da versão para cinema das Horas. A música vá lá.
Mas gosto muitissimo dos 3 livros deles que o ABS apontou e eu já li.
Também é dos meus amores o Leavitt, David.
Talvez seja por isso que quando abro o Amazon e me indicam o perfil abrem sempre um perfil gay!!!!!!Risos
De facto eu gosto do mesmo que deles. Mas assim uma coisa tão directa..enfim:)
Sm comentários..porra!!

6 de dezembro de 2003

As horas

The hours é um fabuloso romance de Michael Cunningham. Ganhou no mesmo ano o Pulitzer e o Pen/Faulkner (1999), tendo sido o terceiro romance do autor. Os anteriores A home at the end of the world (1990) e Flesh and blood (1995) são fortíssimos, particularmente o primeiro. A homossexualidade está presente, por vezes de modo violento, nos três livros, mas não constitui nunca o tema, sendo antes um veículo de descrição para situações particulares e enquadramentos vários. Voltando a The Hours: trata-se de uma variação (e de uma extraordinária homenagem) sobre Virginia Woolf e o seu livro Mrs. Dalloway, usando expressões inteiras da obra de Woolf e retirando parte da sua estrura para a personagem de referência da história. Quem lê The hours acaba invariavelmente a ler, ou reler, Mrs Dalloway. The Hours tem a cadência de uma suite de jazz: plácida, tranquila, complexa, mas com sentimentos fortíssimos borbulhando logo abaixo da superfície.

O filme faz justiça ao livro e isto é dizer muito. Não há um interveniente que não seja magnífico: Kidman, irreconhecivelmente transformada; Moore, tensa de cortar à faca; Streep, em permanente risco de explosão sem, contudo, explodir nunca; Ed Harris, a imagem destruída do desespero (no livro, pior, do talento (ou não?) incompreendido).

Depois há a música de Philip Glass, belíssima, expressiva, pungente. Os olhos do filho de Moore, adoradores, ao som de Glass, são como um murro no estômago. Glass, aliás, tem sido responsável por grandes bandas sonoras (oiça-se, por exemplo, a banda de Kundun, de Scorcese, outro momento superior de cinema).

Quem não leu ou não viu ou não ouviu não imagina o que perde.





Passeio dos alegres

Aproveito o fim de tarde para recomendar, também, alguns sítios por onde passeio:
pela manhã, à tarde, e na noite cerrada.

Sábado

Pois é.. não há comentários!! Porque será? Alguém sabe descobrir e arranjar?
Outros blogs, com o mesmo tipo de sistema de comentários, permanecem activos...
Fui até ali, espreitar os templates, mas desisti: demasiado complexo.

Nos entretantos, passei o dia a preguiçar e a estudar. Estou farto de tanta definições, termos e fórmulas. Há meia hora decidi, como já não tenho cabeça para tanto estudo, fazer umas cábulas... senti-me mais confiante. Por outro lado descobri que já não sei fazer o "lais de guia", que é um nó muito complicado, e lá fiquei menos confiante.
Amanhã logo se vê!

Ahhh... também li o Expresso e vi o filme "as horas".

Ahhhhhh... o Porto ontem empatou :))

E, apesar de tudo e do frio, acho que o natal é das melhores épocas do ano. Eu, pelo menos, sinto sempre que posso ser melhor pessoa e ás vezes sou-o, efectivamente.

Yupi! descobri como se faz o lais de guia :))

Gasel!!!

Então esse teu inimigo, risos, da ANF do Blog é da minha terra???
Viva a Póvoa de varzim...Mas porque é que ele escreve Póvoa de Varzim, Porto?????Estranhissimo!!!
Mas até tem um bom blogue o rapaz. Poveiro e chega:)
Amélia..tb gosto pouco do Natal desde que morreram os meus pais.
É nessa época que mais sinto as saudades , com a merda toda da treta da conversa familiar.
Compenso, com um Natal com os meus sobrinhos e irmãos, cheio de asneiradas e brincadeiras e depois da familia despachada eu e os sobrinhos vamos a casa de amigos. E aí descambamos numa orgia de prendas e comerzinhos bons.
Apesar de tudo, concordo com tudo o que disseste.
Houve um ano em que o passei sozinha, por não aguentar a ideia de ser Natal. Fiz de conta que era um dia normal.
Beijos e até já e que os comments regresssem.

Ligeiras dor de cabeça

Pois é.
O Bairro Alto ontem estava invadido por espanhois.
Mas fui ao Clube Naval:) Bela música:)
Obrigada ABS espero que a minha oferta te tenha sido tão útil, como a mim será a tua , de certeza..risos
Irrita-me isto de não haver comentários!!
Merde para ser mais fino:)

Manhãs molhadas e frias

O Gasel anda cheio de balanço. Haja quem funcione assim, que Lisboa acordou encharcada e murcha como um caixote de cartão debaixo de chuva. Às oito e meia o escriba compra o “Expresso” no seu quiosque habitual. O dono, homem tranquilo e de pouca fala, embrulhado no casaco, lá ia ensacando vinte e quatro quilos e meio de suplementos de tralha natalina. Os americanos chamam a essa tralha stuff. Soa ao que é realmente. “Natal é quando o marketing quiser”, lia-se ontem escarrapachado algures.

Por cima do palácio da Pena vogam nuvens pesadas, vindas do mar, preparando-se para demolhar as hortas do Oeste, de onde se presume venham as couves para o bacalhau. Ao computador, o escriba vai alinhando ideias de outros trabalhos entre mãos e organizando textos para outras publicações não bloguísticas. Pensa comentar dislates vários, como muito do que tem sido dito sobre urgências pediátricas, genéricos e afins, mas decide que não está com paciência para isso.

O Natal aproxima-se, agradável para alguns, fingido para muitos, deprimente para mais uns poucos. Há muita gripe, muitas artroses, muita tosse irritativa. Uma colega morreu ontem, subitamente, com pouco mais de cinquenta anos. Em Agosto outro tinha feito o mesmo. Este era um amigo que fará sempre falta.

E de repente não lhe apeteceu escrever mais. Há coisas que se sobrepoem a tudo e nos deixam mudos.

Para a T :)))

Adorei, a prenda que a T me mandou por aqui. Adorei, adorei, aadooreei!
E porque uma prenda pede outra, aqui está ela! Para estrear na Fonte Luminosa às três da tarde de domingo!!

5 de dezembro de 2003

Para além do frio

Apesar do frio, que vence qualquer agasalho, a semana chegou ao fim.
Mais curta e mais rápida, como disse a T.
E a próxima é igual, felizmente.
Assim, em pulos ligeiros, chegamos ao Natal. Ora isto faz-me lembrar que ainda não comprei nenhuma prenda, o que não me surpreende nada: todos os anos é o mesmo. Há-de chegar o dia vinte e três e então, muito angustiado, é que começarei a desvairada dança das lojas.
Este fim de semana já está destinado: estudar “arte de marinharia” e passar no exame de patrão local.
O próximo também: ir com o Manel, a Lisboa, ver o Glorioso e estrear a nova Luz.
Não restam muitas hipóteses.

PP: três de seguida... é um record!

Preocupações

Hoje estive de banco e, às tantas, decidi internar um doente: um velhote rijo, lá de cima da serra.
Vai ter que ficar internado… tem uma inflamação no pâncreas!
Ahhhh doutor… quantos dias?
Não sei… quatro ou cinco dias, talvez.
Aiiii doutor… e o que faço das cabras?
As cabras?
Sim, as minhas três cabras… quem lhes dá de comer?
Ora, fala com a sua mulher…
Ela? Coitada, está toda entrevada, anda de muletas… não pode.
Pode pedir aos vizinhos…
Naaa… tudo velhos, está tudo aleijado
Pois… mas você vai ter que ficar cá!
E lá ficou ele, triste, a lamuriar as suas três cabras.

Pouco depois, já tinha eu saído, telefonaram-me do hospital a propósito de uma doente alemã que amanhã vai ser repatriada de avião. Como teve uma hemorragia digestiva e anemia, deixei um pedido de 2 unidades de sangue para a viagem.
O telefonema era precisamente sobre isso e, dizia-me a técnica, que não podia ser: “o sangue não pode sair do país…”
Eu não faço a mínima ideia se há legislação sobre isso ou não, e lá lhe explicava as minhas razões do pedido, que iria acompanhada por médico e enfermeiro, etc…
Mas ela continuava na dela e insistia que não, não podia ser: “o sangue não pode sair do país…”
Tive que lhe garantir que faria a transfusão antes de partir, em solo pátrio. Mentira, claro! E tudo ficou resolvido…

Cada um tem as preocupações que merece, que é que se há-de fazer!

Direito de réplica

acabei agora de ler, num blog da ANF:
Os médicos blogueiros (o Besugo do Blogame mucho, o Médico explica, o Gasel do Dias que voam e o O Coiso) não perderam a oportunidade para cerrar fileiras e refilar em uníssono.
E ainda por cima nos chama parolos!
Sinceramente, não sei a que se refere. Não faço parte de nenhuma UBM (União do Blogs Médicos), nem participei em nenhuma estratégia corporativista de cerrar fileiras.
Parece que a coisa teria a ver com a opinião exposta pelo ilustre farmacêutico, de que os médicos não passam genéricos. Objectivamente, não tenho dados para saber se isso é verdade ou não. Pessoalmente passo-os, nada tenho contra a prescrição por DCI, nem contra a substituição por similar. Também nunca notei, nos medicamentos que prescrevo, menor eficácia dos genéricos.
No entanto concordo que, na prática hospitalar, o furosemido genérico faz mijar menos que o Lasix, e o propofol genérico faz dormir menos que o Diprivam.
Para finalizar, e especialmente por aquela dos parolos, faço minha as palavras do besugo:
E, retomando Eça, a menos que se desdiga, considere-se portador de virtuais bengaladas nesse boticário lombo.


Aprendam com os novos:)

Mars Volta estreiam-se em Portugal em Dezembro

Os norte-americanos Mars Volta estreiam-se ao vivo em Portugal a 4 de Dezembro, numa actuação agendada no Paradise Garage, em Lisboa. Neste concerto, Mars Volta vão apresentar De-Loused In the Comatorium, o seu primeiro registo de originais.

Para fazer a vontade ao Gasel

Pronto , está muito friooooooooo e chuva!
BRRRRRRRRRRRRRR....
Por acaso não acho nada. O tempo está de acordo com o meu estado de espirito. Está até bem acolhedor.
Ontem fui à Fnac. Estava uma confusão incrível , por isso mudei-me para a Bertrand, onde sossegadamente comprei o que queria.
E depois andei a pé pelo Chiado fora até casa. às sete as lojas todas a fecharem. Lembrei-me de Madrid onde a essa hora é uma festa na rua e o comércio está superactivo.
Vi gente com ar cansado e meio triste a recolher a casa. Os espanhois nunca têm ar de ir recolher, parece antes que vão festejar qualquer coisa.
E passei pelo Intendente...uiui....está de meter medo...até acelerei.
Sem falar na fila dos Anjos....Gente cada vez mais com bom ar à espera de comida e com ar gelado . Em contrapartida, a Portugália a abarrotar !Estava a acabar a hora do croquete e a começar a do bife e da santola.
Talvez pudessem trocar às vezes as clientelas ....
Estou em dia de justiceira social.
Fui para a casa e dormi até fartar.




belo birthday

Um Belo birthday, tive um belo birthday. Uma prova de química que não podia ter corrido muito melhor e depois voltas pela Lisboa que mal conheço a andar no sentido contrário ao sentido que devia tomar, a chegar a montes de sítios menos ao paradise garage! Acabei por chegar, depois de fazer todo o caminho de volta para trás, e antes do concerto ainda tive a hípotese de apanhar alguns elementos da banda e pedir autógrafos, falar um pouco, tirar fotografias... E o concerto: indescritível. Amélia, gostaste? Claro que gostaste... e eu não te vi lá. Quer dizer, se calhar até vi mas sabia lá eu. Estive tanto tempo quase encostado à grade que me doíam as costas quando saí. Muito empurrão mas não passou do equilíbrio entre o confortável e o violento que deu para apreciar aquela música visual toda. São uma banda que definitivamente ganha outro valor ao vivo e para quem vibrou mesmo com a actuação, será difícil olhar para o álbum da mesma maneira. O baixista até me deu os parabéns, enquanto me dizia que tínhamos um país muito bonito... Enfim, não sei se o compreendo. Quando estou rodeado de hora de ponta, inverno antecipadamente escuro e faróis de carros que apitam por tudo e por nada, não é propriamente a beleza que mais me chama a atenção. Naquele momento, Lisboa não me pareceu um sítio bonito, de modo que fiquei um bom bocado aquém daquela opinião. Nada que uma boa volta pelo Chiado num dia de uma tarde bonita não curasse. Eu de facto conheço pouco de Lisboa, e cada vez lá salto menos.
Então fecha-se assim qualquer coisa entre um quarto e um quinto da minha vida provável. E é chato quando damos com o fim de uma unidade tão considerável. Faz-me perguntar quanto é que já fiz, porque, se estou a um quarto da vida, resta-me mais três vezes o tempo que já passei, e se até agora não consegui assim tanto, talvez algo tenha de mudar. Ou talvez se construa tudo ao longo dos três primeiros quartos para que sejamos gloriosos no fim. Ou talvez não.
É realmente nobre que se goste mais de dar do que de receber. Isso faz de mim qualquer coisa como um aparente egoísta. Nada como receber prendas, delicia-me, passo sempre o dia de anos a nadar em boa disposição que me trás a atenção e os presentes. Pareço uma criancinha... Quero parecer uma criancinha todos os aniversários até morrer. Mas não todos os Natais. Aos Natais nunca pareço uma criança, e suspeito que é porque tenho que me preocupar em dar!
Continuo com o tempo apertado, blogs têm de ficar muito em baixo nas minhas prioridades.
Amanhã, cardiologista.

Amélia, gostaste do concerto?

4 de dezembro de 2003

Prendas de Natal: I - Vikram Seth

Vikram Seth faz parte do conjunto de autores de língua inglesa, mas originários de outras regiões anglófonas do globo, que marcaram sobretudo as duas últimas duas décadas do séc. XX. Entre estes autores contam-se nomes como Michael Ondaatje, Kazuo Ishiguro, V.S. Naipaul e Salman Rushdie. Vikram Seth tornou-se mais conhecido após ganhar o Booker Prize (não me lembro de que ano) pelo monumental (na dimensão e na qualidade) A Suitable Boy.

O último livro de Seth, An Equal Music, descreve os encontros e desencontros de músicos clássicos, narrados na primeira pessoa pelo segundo violino de um quarteto de cordas. Amor pela música e amores humanos, passando por Viena, Veneza, Londres. A música perpassa pela obra com uma intensidade que, se não é audível, desencadeia exactamente as mesmas emoções que resultariam de a ouvirmos. Nesse sentido, este é o mais extraordinário romance sobre música que me foi dado ler. A delicadeza linguística de Seth alia-se a uma pesquisa notável sobre a música, sobre os músicos e sobre circunstâncias excepcionais que são vividas por pessoas excepcionais.

Li o livro de uma assentada num voo transcontinental, em Maio de 2002. O meu primeiro gesto, ao chegar a Lisboa, foi ir à FNAC procurar furiosamente a música que era descrita no livro. Encontrei alguma. Descobri, entretanto, que a Decca editou um CD duplo com a totalidade do material musical citado na obra. Comprei-o na Amazon. Emprestei o livro a mais duas pessoas. A reacção foi a mesma: porem-se à cata das peças musicais do livro de forma compulsiva. Estão avisados.

... e o Círculo de Leitores editou a tradução, sob o título Uma Música Constante. Se puderem, naturalmente, leiam no original, que está maravilhosamente escrito. A tradução tem erros inaceitáveis no campo musical, mas não é má de todo no resto.

Ofereçam este livro a quem ame a música.