31 de julho de 2011
Mouraria
"E era deste mesmo lado, mais para o nascente, o antiquissimo tanque ou poço dito doBorratem, de cujas aguas, de problematicas e duvidosas virtudes medicinaes, falavam os antigos tratadistas therapeutas. Da abundancia de aguas dizia Gil Vicente:
muita agua em Borratem
e no poço do Tinhoso.
O poço era ao ar livre, em logradoiro publico, cercado de velho taboado e de casebres,telheiros e palhoças, onde se albergavam os
ferreiros e os burros e alimarias das saloias.
Edificado ali um grande predio cobriu-se o poço de abobada, fez-se a casa de banhos, nologar onde as escavações abertas para os ali-
cerces pareceram indicar ter existido em tempos remotos um estabelecimento thermal"
Victor Ribeiro (Serões)
"Poço do Borratém
Do poço sabe-se que é antiquíssimo e sempre foi do domínio público. Ao longo dos anos muito se discutiu sobre a qualidade das suas águas. Enquanto a Maria Parda de Gil Vicente se zangou por ver que “muita água há em Borratém / e no poço do tinhoso”, outros valorizaram as propriedades medicinais da água. Encontra-se hoje a coberto no Hotel Lisboa Tejo, em prédio construído em 1861.
Borratém, segundo o arabista professor Dr. David Lopes esta é uma palavra árabe, formada por ber e atten, o que significa respectivamente poço e figueira
O nome da praça, mesmo ali ao lado, da Figueira, corrobora a explicação.
Freguesia: São Cristovão e São Lourenço; Santa Justa
Bibliografia
ANDRADE, Ferreira de, A freguesia de São Cristóvão, 2 volumes, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1949.
CASTILHO, Júlio de, Lisboa antiga: bairros orientais, I, III, IV, IX volume, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1937-1939"
AQUI
Foto: O Poço do Borratém em 1907, Revista Serões.
Clicar para ampliar.
especialmente para os amantes de gadgets
durante muitos anos tive uma espécie de paixão pelos cintos que os carpinteiros americanos usavam nos filmes e nas séries.
aquilo parecia que a sua colocação na cintura dava logo uma espécie de super-poderes.
há uns anos, pelo natal, e quando repetia que o meu sonho era um daqueles cintos maravilha, foi presenteado com o exemplar abaixo mostrado:
(claro que à primeira utilização, e quando ao ajoelhar-me o martelo raspava pelo chão, deixei-me de coisas e voltei a usar todos os bolsos disponíveis para alicates, chaves de parafusos e martelos, deixando a boca para preços e parafusos)
esta semana, olhando para a inutilidade sob a influência do ar de fajão, encontrei a sua nova utilização, que pode vir a ter imenso futuro:
suporte de gadgets
suporte de gadgets
hoje, qualquer adolescente a jovem adulto anda carregado de tablets vários (i-pads e semelhantes), i-phones e outros 'smart phones), i-pods e outros leitores de mp3/4, pens várias, discos externos, bandas largas e menos largas, etc..
este cinto maravilha, que é mafifestamente pouco útil para as bricolages caseiras, tem o seu futuro garantido com suporte de gadgets para os amantes dos ditos.
o conselho é gratuito, que em fajão somos todos muito generosos...
o mundo visto de fajão
em fajão, uma ruína não é apenas uma ruína
para um urbano como eu, geralmente, uma ruina é apenas isso: uma ruína.
mesmo que para mim ‘esta’ ruína seja a casa do ‘marechal’ e que antes tenha sido a casa do ‘tabaínha’ ou ‘antónio grande’, como era conhecido o seu pai.
não são para aqui chamadas as histórias do tabaínha, homem enorme, bom cantador de fado serrano e um moiro de trabalho ou do seu filho, o ‘general’, coisa um pouco menos saudável, principalmente para o próprio que morreu cedo e doente.
a casa ardeu, por razões que não são para aqui chamadas, pelo menos por agora.
passo nesta ruína muitas vezes ao dia, porque fica no caminho para a minha casa.
para mim é uma ruína, cheia de lixo e com umas ervas já a crescer lá dentro.
para um fajaense (no caso, uma fajaense) o assunto é muito mais rico.
estávamos no passadiço a fazer misturas experimentais em aguardentes e licores e veio à conversa as ervas que os de fajão usavam para os seus tratamentos e uma fajaense presente, preciosa em muitas coisas e também no conhecimento das ervas, diz que a ‘erva tal’ até havia ali ao lado na casa do marechal.
fala-se de outra, e também havia ali na ruína.
proponho uma visita guiada à ruina e, tirada a foto, vem a explicação:
nesta foto pode ver-se, entre chão e paredes, o seguinte (para além do lixo e madeiras ardidas):
sabugueiro, avenca, erva de s. roberto, freixo, hera, erva terrestre, concelhos, alfavaca da cobra, abrunheiro.
quanto às suas utilidades:
sabugueiro (flores): constipações, gripe, tosse, dor de barriga, estômago, infecções externas.
para todas (excepto para as infecções externas, em que se coze a rama e se lava a zona infectada com a infusão) faz-se e bebe-se o chá resultante da infusão das folhas.
avenca: tosse, constipações, gripes, rouquidão: fazer chá com as folhas e beber.
erva de s. roberto (a mais generalistas das ervas, porque faz bem´’a tudo’): dores de estômago, intestinos, fígado, má disposição, barriga, bexiga, diabetes, inflamações internas.
para todas, beber o chá da infusão das partes aéreas da planta.
freixo: a casca e as sementes são adstringentes e febrífugas. as sementes contêm um óleo semelhante ao do girassol. o freixo é laxativo e sudorífico, utilizado para problemas de gota e para emagrecer. as folhas são usadas para baixar o ácido úrico no sangue, fazendo uma infusão numa proposrção de 30gr para 1 lt de água.
hera: desinfectar a boca, frieiras, queimaduras.
para as frieiras e queimaduras, fervem-se as folhas e banha-se a zona afectada com a infusão e colocam-se as folhas cozidas em cataplasma.
para desinfectar a boca, bochecha-se com a infusão.
erva terrestre: febre, gripes, garganta, tosse, coração.
faz-se infusão com a folha, rama com folhas e flores e bebe-se.
concelhos (ou concilhos): feridas, queimaduras, frieiras, furúnculos.
a utilização é muito varias, mas a mais comum é com aplicação directa sobre a zona afectada (directamente, esfregada, esmagada e aplicada, aquecida e untada com azeite. etc..)
alfavaca da cobra:rins, bexiga, diabetes, fígado, infecções internas, infecções ou irritações genitais, inchaços, hemorroidas, infecções externas, feridas.
para as questões internas, bebe-se o chá; para as externas, o valor resultante da cozedura sobre a zona afectada.
abrunheiro: comem-se os abrunhos que são muito bons (outras aplicações as minhas fontes não mencionam)
não respondo pela eficácia destes tratamentos e não pretendo convencer ninguém que são eficazes, mesmo que por vezes utilize alguns dos que vou aprendendo.
mas a verdade é que, em fajão, uma ruína não é apenas uma ruína: pode ser um local cheio de vida
fontes:
‘plantas medicinais da serra do açor’, editado pelo instituto de conservação da natureza e da autoria de joana salomé camejo rodrigues, com base nos testemunhos locais
‘plantas aromáticas e medicinais do parque natural da serra da estrela’, também do icn, da autoria de ana sofia baptista oliveira e rafael ferrão neiva
‘plantas aromáticas e medicinais da reserva natural da serra da malcata’, edição do icn e de autores vários com coordenação de paula gonçalves e fernanda mesquita
para um urbano como eu, geralmente, uma ruina é apenas isso: uma ruína.
mesmo que para mim ‘esta’ ruína seja a casa do ‘marechal’ e que antes tenha sido a casa do ‘tabaínha’ ou ‘antónio grande’, como era conhecido o seu pai.
não são para aqui chamadas as histórias do tabaínha, homem enorme, bom cantador de fado serrano e um moiro de trabalho ou do seu filho, o ‘general’, coisa um pouco menos saudável, principalmente para o próprio que morreu cedo e doente.
a casa ardeu, por razões que não são para aqui chamadas, pelo menos por agora.
passo nesta ruína muitas vezes ao dia, porque fica no caminho para a minha casa.
para mim é uma ruína, cheia de lixo e com umas ervas já a crescer lá dentro.
para um fajaense (no caso, uma fajaense) o assunto é muito mais rico.
estávamos no passadiço a fazer misturas experimentais em aguardentes e licores e veio à conversa as ervas que os de fajão usavam para os seus tratamentos e uma fajaense presente, preciosa em muitas coisas e também no conhecimento das ervas, diz que a ‘erva tal’ até havia ali ao lado na casa do marechal.
fala-se de outra, e também havia ali na ruína.
proponho uma visita guiada à ruina e, tirada a foto, vem a explicação:
nesta foto pode ver-se, entre chão e paredes, o seguinte (para além do lixo e madeiras ardidas):
sabugueiro, avenca, erva de s. roberto, freixo, hera, erva terrestre, concelhos, alfavaca da cobra, abrunheiro.
quanto às suas utilidades:
sabugueiro (flores): constipações, gripe, tosse, dor de barriga, estômago, infecções externas.
para todas (excepto para as infecções externas, em que se coze a rama e se lava a zona infectada com a infusão) faz-se e bebe-se o chá resultante da infusão das folhas.
avenca: tosse, constipações, gripes, rouquidão: fazer chá com as folhas e beber.
erva de s. roberto (a mais generalistas das ervas, porque faz bem´’a tudo’): dores de estômago, intestinos, fígado, má disposição, barriga, bexiga, diabetes, inflamações internas.
para todas, beber o chá da infusão das partes aéreas da planta.
freixo: a casca e as sementes são adstringentes e febrífugas. as sementes contêm um óleo semelhante ao do girassol. o freixo é laxativo e sudorífico, utilizado para problemas de gota e para emagrecer. as folhas são usadas para baixar o ácido úrico no sangue, fazendo uma infusão numa proposrção de 30gr para 1 lt de água.
hera: desinfectar a boca, frieiras, queimaduras.
para as frieiras e queimaduras, fervem-se as folhas e banha-se a zona afectada com a infusão e colocam-se as folhas cozidas em cataplasma.
para desinfectar a boca, bochecha-se com a infusão.
erva terrestre: febre, gripes, garganta, tosse, coração.
faz-se infusão com a folha, rama com folhas e flores e bebe-se.
concelhos (ou concilhos): feridas, queimaduras, frieiras, furúnculos.
a utilização é muito varias, mas a mais comum é com aplicação directa sobre a zona afectada (directamente, esfregada, esmagada e aplicada, aquecida e untada com azeite. etc..)
alfavaca da cobra:rins, bexiga, diabetes, fígado, infecções internas, infecções ou irritações genitais, inchaços, hemorroidas, infecções externas, feridas.
para as questões internas, bebe-se o chá; para as externas, o valor resultante da cozedura sobre a zona afectada.
abrunheiro: comem-se os abrunhos que são muito bons (outras aplicações as minhas fontes não mencionam)
não respondo pela eficácia destes tratamentos e não pretendo convencer ninguém que são eficazes, mesmo que por vezes utilize alguns dos que vou aprendendo.
mas a verdade é que, em fajão, uma ruína não é apenas uma ruína: pode ser um local cheio de vida
fontes:
‘plantas medicinais da serra do açor’, editado pelo instituto de conservação da natureza e da autoria de joana salomé camejo rodrigues, com base nos testemunhos locais
‘plantas aromáticas e medicinais do parque natural da serra da estrela’, também do icn, da autoria de ana sofia baptista oliveira e rafael ferrão neiva
‘plantas aromáticas e medicinais da reserva natural da serra da malcata’, edição do icn e de autores vários com coordenação de paula gonçalves e fernanda mesquita
29 de julho de 2011
Janela florida
Esta Rua dá para uma janela enfeitada com flores coloridas e bem cheirosas. Observando-a o nosso encanto cresce e os dias voam de forma correcta, leve, agradável e risonha, muito à imagem da T.
A quem criou a rua dos Dias Que Voam, a quem colabora, a quem nos comenta e a todos os outros que visitam esta ‘Rua’ muitos Parabéns e dias felizes.
p*a*r*a*b*é*n*s
parabéns aos dias que voam, à t., maravilhosa anfitriã deste blog, e a todos os que fazem este espaço. uma rua com um nome charmoso, habitada ha 8 anos por contadores de historias e por leitores... uma rua cheia de novidades, informação, saudades, que regista memorias de hoje e de antes e onde, embora ultimamente muito apagada, tenho a honra de pertencer ! que estes dias voem muitos mais anos!
escolhi esta fotografia, porque a belissima tigela foi um presente oferecido pela t., quando nos encontramos pela primeira vez em lisboa!
Parabéns, gatos e girassóis
Já muito terá sido aqui referido em dia de aniversário. Recente nestas andanças por comparação a outros, deixarei algumas considerações : a caminho de quatro anos de viajante que entra na carruagem a meio do trajecto , para lá dos parabéns - oito anos são um período considerável - ficam os votos de uma vida longa e saudável que é comum e sincero desejar-se.
A imaginação por vezes dormita preguiçosa no sofá, como que a pedir-nos descanso (como seria bom se todos os dias nos visitasse radiosa!)... A forma pessoal de expressar agrado, ficar-se-á pela partilha do pequeno apontamento desta manhã ao descobrir, perto de casa e com olhos de espanto, uma conjugação especial em data festiva: gatos e girassóis. Os primeiros caracterizam-se por uma liberdade considerada vital; os segundos fazem os encantos pessoais por encararem um sol que nos leva à fruição dos dias (qual gatos ou girassóis, gostamos de sentir tal aconchego). O mesmo sinto por aqui: liberdade para me expressar e gosto por escrever, opinar, partilhar. O modo de celebrar o dia e desejar felicidades poderá traduzir-se na fotografia que, a título pessoal , ilustra o sentimento enquanto contribuidora deste blogue... E assim me junto em comemoração a todos os que por aqui escrevem e aos que amavelmente nos visitam.
8 anos
Ontem ao deitar-me, cansada de uma semana de trabalho de horários avariados, optei por nada escrever « no Dias que Voam assinalando a sua passagem para o oitavo ano de existência. Pensei para comigo. antes de fechar os olhos, ou o carlos ou a Teresa tratarão disso. Tinha sido o Miguel a lembrar-me, olha o aniversário do blogue.
Está um dia fresco, como o Dias e os seus amigos merecem. Levar este blogue para a frente nem sempre é fácil, mas por vezes somos surpreendidos com o gosto dos seus leitores expresso das mais variadas formas. Dizia alguém que eu devia ser muito disciplinada, para ser tão regular na minha postagem (o dicionário aqui aconselha-me usar pastagem) mas como se enganam...
Aqui sentada, entre muito papel fruto de colectagem sem fim, agradeço a todos os que fazem o Dias que Voam, aos seus colaboradores, aos seus amigos, desejo a este espaço mais mil anos de existência, com a qualidade que permita escolhas, sonhos e lembranças e que prolifere o afecto e amizade.
2011 foi o ano em que perdi o meu irmão João Manuel ( pessoa que me ensinou desde pequenita a gostar de imagens e de livros) e teria forçosamente que o mencionar aqui, pois sem ele, esta minha queda para o encanto do papel talvez não tivesse existido de forma tão forte, nem contribuísse para alimentar este blogue de forma tão evidente.
Beijos a todos.
Está um dia fresco, como o Dias e os seus amigos merecem. Levar este blogue para a frente nem sempre é fácil, mas por vezes somos surpreendidos com o gosto dos seus leitores expresso das mais variadas formas. Dizia alguém que eu devia ser muito disciplinada, para ser tão regular na minha postagem (o dicionário aqui aconselha-me usar pastagem) mas como se enganam...
Aqui sentada, entre muito papel fruto de colectagem sem fim, agradeço a todos os que fazem o Dias que Voam, aos seus colaboradores, aos seus amigos, desejo a este espaço mais mil anos de existência, com a qualidade que permita escolhas, sonhos e lembranças e que prolifere o afecto e amizade.
2011 foi o ano em que perdi o meu irmão João Manuel ( pessoa que me ensinou desde pequenita a gostar de imagens e de livros) e teria forçosamente que o mencionar aqui, pois sem ele, esta minha queda para o encanto do papel talvez não tivesse existido de forma tão forte, nem contribuísse para alimentar este blogue de forma tão evidente.
Beijos a todos.
8 anos
são muitos anos.
muitos mesmo.
cheios de gente que entrou e saiu, que nos visitou e cá ficou ou saiu e não voltou.
de quem gostou mais ou menos.
8 anos a partilhar opiniões, trocar ideias, discutir, rir, lembrar coisas que achamos que não devem ser esquecidas.
umas porque sim, outras 'e porque não?'.
mas 8 anos são principalmente o esforço da t. para nos manter vivos.
os parabéns são para ela porque os mereceu e são para nós porque temos a sorte de a ter.
estes dias em fajão fiquei a saber da popularidade desta casa aqui no meio da serra.
chegamos longe, mesmo que fajão não o seja assim tanto.
uma noite destas no fresco do passadiço quando se procurava saber da receita do limoncello, alguém dizia: mas tu já a publicaste na rua dos dias que voam (o 'rua' parece que foi ficando no nome para quem nos visita).
parabéns a todos (os que estão e a todos os ao longo destes 8 anos contribuíram para esta casa comum)!!
e obrigado á t. nor nos manter a casa viva e aberta.
muitos mesmo.
cheios de gente que entrou e saiu, que nos visitou e cá ficou ou saiu e não voltou.
de quem gostou mais ou menos.
8 anos a partilhar opiniões, trocar ideias, discutir, rir, lembrar coisas que achamos que não devem ser esquecidas.
umas porque sim, outras 'e porque não?'.
mas 8 anos são principalmente o esforço da t. para nos manter vivos.
os parabéns são para ela porque os mereceu e são para nós porque temos a sorte de a ter.
estes dias em fajão fiquei a saber da popularidade desta casa aqui no meio da serra.
chegamos longe, mesmo que fajão não o seja assim tanto.
uma noite destas no fresco do passadiço quando se procurava saber da receita do limoncello, alguém dizia: mas tu já a publicaste na rua dos dias que voam (o 'rua' parece que foi ficando no nome para quem nos visita).
parabéns a todos (os que estão e a todos os ao longo destes 8 anos contribuíram para esta casa comum)!!
e obrigado á t. nor nos manter a casa viva e aberta.
28 de julho de 2011
O Ponche Pachá
O Ponche Pachá e o Brandy Elysio, um que evita as gripes e extermina os catarrais e o outro que é apreciado pelos melhores amadores das aguardentes velhas.
Produtos da ElysioCosta, Limitada, Porto
Produtos da ElysioCosta, Limitada, Porto
O Tejo, rio da minha aldeia
o mundo visto de fajão
há muitos anos, na minha primeira viagem adulta a fajão, antes de vir para os 12 dias de férias a que se tinha direito mesmo depois de muitos anos de trabalho, decidi passar pelo ‘república’ para fazer uma ‘assinatura’ do jornal, já que as notícias aqui eram inexistentes.
e vim carregado de livros que ao tempo achava indispensáveis (um deles, a arteriosclerose ainda me deixa lembrar, era sobre as divergências entre a china e a união soviética, visto pelo lado chinês, obviamente).
chegar a fajão tinha sido um longo calvário de comboio de queluz para lisboa, caminho a pé até santa apolónia, comboio até coimbra, automotora até à lousã, camioneta até ao rolão e os últimos 15 quilómetros na estrada de ‘borralho’ no táxi do zé maria, a figura mais merecidamente carismática de toda a beira interior.
fajão era no fim do mundo.
e demorávamos um dia a lá chegar.
percebi porque quem lá estava queria fugir e quem de lá tinha fugido tinha pouca vontade de regressar, excepto no dia da festa senhora da guia, que não é a padroeira, mas funciona como tal (uma espécie de padroeira ‘honoris causa’ se é que existe honoris na causa das padroeiras).
alguém me dizia quando lhe perguntava porque não gostava de ir a fajão: ‘porque a tua memória de fajão é de férias e a minha é de fome e frio’.
o mundo visto de fajão era como se mudássemos de fuso horário, mas em vez de mudar uma hora, mudássemos muitos anos.
há uns dias, pelo lusco-fusco, estavam num banco corrido na minha frente 4 dos jovens que ajudam a que fajão esteja vivo o ano inteiro com 3 ‘tablets’ (um era partilhado) e o pai de um deles a navegar na net pelo telefone.
agora o jornal é lido como eu leio os meus todos os dias quando estou aqui, online. na hora.
por vezes sabem, pelo facebook, mais rapidamente coisas dos meus filhos do que eu.
um pouco mais tarde, no fresco do passadiço, oiço a melodia irritante que anuncia um dos melhores ‘curtos’ de animação que passam na televisão (na fox fx): ‘the happy tree friends’ e soa um despertador na minha cabeça!!!
'quem está a ver aqui esta maravilha??' e logo oiço a voz do presidente da junta:
-'carlos!, anda aqui ver estes bonecos!', enquanto ria generosamente.
já tinha estado nos meus planos escrever sobre esta delicia que passa quase clandestinamente no fox fx.
foi preciso fajão me despertar para o fazer..
vejam aqui os videos (são curtos e grossos, como se costuma dizer, e não aconselháveis a mentes sensíveis):
27 de julho de 2011
Presentes que melhoram o dia
Estava eu aqui no trabalho, dizem-me que estava a Isabel Lázaro na recepção. Trazia-me um presente que adorei. Estes dois livros. Muito obrigada Isabel:)
27 de Julho de 1990: é fabricado o último 2cv
(imagem: Michel Guenanten)
Já a saborear o início das férias, espreitam-se publicações recebidas por correio electrónico contendo, algumas delas, interessantes referências. Evoco com agrado este modelo da Citroën, tendo ficado há pouco surpreendida ao ler onde foi produzido o último exemplar. Este automóvel foi por muitos considerado na juventude um estilo de vida. De acordo com informação consultada, terá cessado o seu fabrico por se tornar complexa a adaptação às modernas normas de segurança. Fica, pois, a pergunta à qual provavelmente os mais ligados a esta coisa dos automóveis saberão responder: de que fábrica e localidade terá saído o último 2cv ou «deudeuche»?
2 cv citro blues
Construir o presépio
Embora não seja especialmente religiosa, ou sou-o à minha maneira , tenho um verdadeiro fascínio por presépios desde pequena. A esse gosto associou-se o que tenho por bonecos de barro.
Mas adiante, encontrei numa revista Pirata de 1969,os moldes de construção de um presépio dessa década. Não resisti, pois claro. É usar cola, tesoura e cartolina e aproveitar estas figuras tão datadas, mas por isso mesmo tão engraçadas. E viva o ano de 1969.
Clicar nas imagens para as aumentar. Se tiver crianças ou se quiser brincar, imprima-as e construa!
Mas adiante, encontrei numa revista Pirata de 1969,os moldes de construção de um presépio dessa década. Não resisti, pois claro. É usar cola, tesoura e cartolina e aproveitar estas figuras tão datadas, mas por isso mesmo tão engraçadas. E viva o ano de 1969.
Clicar nas imagens para as aumentar. Se tiver crianças ou se quiser brincar, imprima-as e construa!
Bujados
Desfolho uma Blanco Y Negro de 1927, que ainda cheira bem. Parece talco ou sabonete ou talvez pó de arroz. E dou com uma pequena peça sobre Manuel Bujados, um artista galego. Gosto do desenho e aqui o deixo.
400 passos
‘too much information’
é o que parece que temos nas nossas cabeças.
hoje, ao sentar-me no bar da piscina de fajão, dei conta (olhando para o telefone que conta passos antes de fazer com ele esta foto) que de minha casa à entrada da piscina são 400 passos (475 até ao bar).
não 100, como a distância entre a casa de peppino impastato e a de gaetano badalamenti no filme de marco tullio giordana
entre a casa do jovem que se recusava a viver sob a tirania da mafia e a de um dos seus padrinhos mais poderosos.
lembrei-me das perguntas de peppino ao seu irmão: ‘sabes contar? sabes caminhar?’
e revi o filme. e lembrei-me da canção dos modena city ramblers.
se a nossa cabeça não andasse tão cheia de informação (até a inutilidade de ter um telefone que conta, no nosso bolso, os passos que damos), estaria no bar da piscina de fajão, numa quente manhã de julho simplesmente a saborear o café, ainda molhado do banho recentemente tomado, olhando a água que me refrescou a as montanhas que o testemunharam.
a felicidade são pequenos momentos, que demasiada informação pode complicar.
é o que parece que temos nas nossas cabeças.
hoje, ao sentar-me no bar da piscina de fajão, dei conta (olhando para o telefone que conta passos antes de fazer com ele esta foto) que de minha casa à entrada da piscina são 400 passos (475 até ao bar).
não 100, como a distância entre a casa de peppino impastato e a de gaetano badalamenti no filme de marco tullio giordana
entre a casa do jovem que se recusava a viver sob a tirania da mafia e a de um dos seus padrinhos mais poderosos.
lembrei-me das perguntas de peppino ao seu irmão: ‘sabes contar? sabes caminhar?’
e revi o filme. e lembrei-me da canção dos modena city ramblers.
se a nossa cabeça não andasse tão cheia de informação (até a inutilidade de ter um telefone que conta, no nosso bolso, os passos que damos), estaria no bar da piscina de fajão, numa quente manhã de julho simplesmente a saborear o café, ainda molhado do banho recentemente tomado, olhando a água que me refrescou a as montanhas que o testemunharam.
a felicidade são pequenos momentos, que demasiada informação pode complicar.
26 de julho de 2011
Será?
Um postal enviado pelo meu trisavô à minha avó em 1906. Notam quem o assinou? Será que é mesmo ele?
Stuart de Carvalhais.
Casamento em 1887
Menu da festa de casamento dos meus bisavós, no Rio de Janeiro, servido pela Pastelaria Paschoal ( a que serviu o último baile do império brasileiro) e que pertencia aos pais da minha bisavó.
parque do alvito
ha muito tempo que queria regressar ao parque do alvito e, no mês de junho, num dia em que passeavamos por lisboa pedi ao j. que fossemos até la à procura de cheiros e recordações de infância. pelo monsanto acima, chegamos à porta do parque, carros e carros estacionados onde havia espaço... não tinha ideia daquele lugar tão cheio de gente... ca fora uma senhora vendia balões de super herois e uma parafernalia de brinquededos, assim ao estilo dos vendedores que estão à entrada das praias, mas noutra versão. entramos. à direita ha uma recepção. vamos pelo paque adentro, cheio de pessoas, familias, crianças, pessoas idosas. andamos, andamos na esperança de encontrar elementos que ainda hoje, com os cheiros de outono, despertam em nos recordações. iamos em primeiro lugar pelo avião, depois pelo electrico, pelos baloiços brancos que nos levavam tão alto, pelo ringue de patinagem... mas tudo o que vimos foram divertimentos que existem, nos dias de hoje, em qualquer parque, que correspondem às regras de segurança, mas que são todos iguais. pensamos que talvez estejamos a ir pelo caminho errado e perguntamos a uma senhora, ali sentada, se ela “sabe onde esta o avião”. ela responde que ja não vinha ao parque ha muitos anos também e tudo estava diferente. não desistimos. continuamos, comentamos que não nos lembravamos do parque ser tão grande.
damos a volta e voltamos ao ponto de partida, à recepção. então ai, dirijo-me ao porteiro, um senhor brasileiro, extremamente simpatico e pergunto-lhe onde podemos encontrar a nossa infância. e, de repente, os nossos domingos de infância tornaram-se ainda mais distantes. os baloiços ja não existem ha muito tempo, não se sabe o que foi feito deles, o avião foi para um armazém qualquer da câmara e o electrico esta no museu do carro electrico, ja não fazem parte do parque desde 2005. nem o ringue de patinagem se safou, estão as marcas no chão, é tudo o que resta dele, e dessas tardes de mini saias rodadas e patins metalicos, com uma parte de cabedal vermelho que apertava com atacadores no peito do pé... estavamos desconsolados, o parque do alvito ficou na nossa memoria pela diferença, porque nos fazia viajar de avião, de electrico, de baloiço até aos nossos pés tocarem nas folhas das arvores, porque nos fazia viajar no ringue de patinagem de cabelos ao vento... ficaram apenas as cabanas dos indios, quase me esquecia delas, escondidas no fundo das nossas recordações...
Queima das Fitas 1938
Assim eram os finalistas do curso de Direito em 1938, festejando a Queima das Fitas no Hotel Nunes em Sintra. O meu pai em cima, de fato e camisa clara.