26 de julho de 2011

parque do alvito



ha muito tempo que queria regressar ao parque do alvito e, no mês de junho, num dia em que passeavamos por lisboa pedi ao j. que fossemos até la à procura de cheiros e recordações de infância. pelo monsanto acima, chegamos à porta do parque, carros e carros estacionados onde havia espaço... não tinha ideia daquele lugar tão cheio de gente... ca fora uma senhora vendia balões de super herois e uma parafernalia de brinquededos, assim ao estilo dos vendedores que estão à entrada das praias, mas noutra versão. entramos. à direita ha uma recepção. vamos pelo paque adentro, cheio de pessoas, familias, crianças, pessoas idosas. andamos, andamos na esperança de encontrar elementos que ainda hoje, com os cheiros de outono, despertam em nos recordações. iamos em primeiro lugar pelo avião, depois pelo electrico, pelos baloiços brancos que nos levavam tão alto, pelo ringue de patinagem... mas tudo o que vimos foram divertimentos que existem, nos dias de hoje, em qualquer parque, que correspondem às regras de segurança, mas que são todos iguais. pensamos que talvez estejamos a ir pelo caminho errado e perguntamos a uma senhora, ali sentada, se ela “sabe onde esta o avião”. ela responde que ja não vinha ao parque ha muitos anos também e tudo estava diferente. não desistimos. continuamos, comentamos que não nos lembravamos do parque ser tão grande.





damos a volta e voltamos ao ponto de partida, à recepção. então ai, dirijo-me ao porteiro, um senhor brasileiro, extremamente simpatico e pergunto-lhe onde podemos encontrar a nossa infância. e, de repente, os nossos domingos de infância tornaram-se ainda mais distantes. os baloiços ja não existem ha muito tempo, não se sabe o que foi feito deles, o avião foi para um armazém qualquer da câmara e o electrico esta no museu do carro electrico, ja não fazem parte do parque desde 2005. nem o ringue de patinagem se safou, estão as marcas no chão, é tudo o que resta dele, e dessas tardes de mini saias rodadas e patins metalicos, com uma parte de cabedal vermelho que apertava com atacadores no peito do pé... estavamos desconsolados, o parque do alvito ficou na nossa memoria pela diferença, porque nos fazia viajar de avião, de electrico, de baloiço até aos nossos pés tocarem nas folhas das arvores, porque nos fazia viajar no ringue de patinagem de cabelos ao vento... ficaram apenas as cabanas dos indios, quase me esquecia delas, escondidas no fundo das nossas recordações...

5 comentários:

  1. jose quintela soares26 julho, 2011 12:29

    Excelente texto.
    Parabéns.

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  2. Subscrevo o que o JQS já escreveu, acrescentando que estas 'viagens ao passado' deixam-nos, por vezes, um sabor um algo amargo por verificarmos que o que deveria ter sido preservado, acaba por ser deixado ao abandono. Apetece fazer uma manifestação pessoal com um grande cartaz «queremos as nossas memórias respeitadas» .

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  3. Com os cuidados exagerados das mães dos tempos que correm, jamais deixariam as crianças voltarem à sua própria infância e ir a um avião ferrugento, um ringue de patinagem de cimento e um eléctrico cheio de bactérias... Sem falar dos baloiços sem norma UE de tão altos que eram. é lamentável sabermos que são as crianças que usufruíram desta infância cheia de coisas bonitas, hoje pais e mães, queiram os parques clínicos sem personalidade.
    Eu tenho saudades do Alvito e de todas as experiências únicas de um parque com muita imaginação, não não podemos voltar no tempo.

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  4. O Parque do Alvito estava muitíssimo degradado aqui há uns anos, penso que estará recuperado agora e com as condições de segurança adequadas. Apesar de ser acusada de saudosista, neste aspecto prefiro os parques modernos e com menos riscos para as crianças. Lembro-me de brincar em prédios a serem construídos e a achar o máximo, mas nem por isso gostaria de ver os meus sobrinhos netos a fazerem o mesmo. Talvez pudesse existir um equilíbrio nesta recuperação de espaços lúdicos, incorporando alguns elementos característicos da história do espaço. Se bem me lembro, existia aí uma piscina para crianças. Existe ainda?
    Por acaso lembro-me que o avião era mesmo ferrugento e me cortei lá, quando desviava dele a minha sobrinha mais velha.

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  5. Pois também eu, hoje com 57 anos, morria de amores pelo Parque do Alvito. Não podemos esquecer também o carro de bombeiros e a piscina. E o ronceiro autocarro da carris que fazia a ligação com Alcântara...
    JMSC

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