31 de julho de 2005
férias
para o reino do Sujoeste (não, não vou ao festival)
porque é que não fazemos uma caracolada na Zambujeira?
As alegrias da pequena morte...
...agora não dá...
A minha cara metede não está em condições de se entregar a desmandos gastronómicos, senão teria almoçado mesmo ali. Além disso prolongaria, com toda a certeza, o dia de trabalho dos funcionários, após demonstração do "poderio" da minha pequena força destruidora, que por vezes parece mais um clone feminino do pestinha. Tem bem a quem sair (diz o meu paterno, ehehe).
Amanhã, começa o "dolce fare niente" das férias, isto contando que, última hora não surja para aí algo que tenha de levar um daqueles despachos à boa maneira burocrata do sistema. Mas também só depois de absorver umas boas golfadas dequele ar único do Magoito e me besuntar todo com protector solar. A parte que não aprecio é quando me adicionam areia à loção solar (adivinhem quem??)
Estou quase mestre em segurança em caso de Terramoto; o Tinoni é dono e senhor do ecran da TV e não pára de me avisar constantemente de uma série de perigos. Há umas semanas que tenho para ali uma compilação em DVD dos Monty Piton (O sentido da vida " e " O Cálice Sagrado) ; a sala foi invadida e vou ter de ir para o quarto das "mademoiselles", para o o DVD do PC. Ainda não será hoje que vou ver as comédias. Aqui, definitivamente, não há hipótese. A Daniela obrigou-me a sentar no sofá para me bombardear com aquele constante "Tou-te a avisar!..." Que fazer?!?
Fui buscar uma bujeca, fresquinha; sento-me aqui para escrever estas palavras. Ao lado repete-se mais um dos episódios do DVD interactivo.
- Baixa um pouco o som, filhota.
- Não que assim é que é mais giro.
- Vá lá, baixa isso...
- Não... vem para aqui ver, tá muita giro...
- Hiii!! Daniela... agora, não dá!
Jantámos...
Ninguém parou de falar. Sobretudo depois das primeiras garrafas medicinais circularem pela mesa.
Foi um excelente momento de estar juntos e um excelente grupo de pessoas .
Eu gostei muito, mas sou suspeita:)
Aproveitámos e contratámos um novo postador, o Francisco. Escreve e diverte-te por aqui.
E acho que vou dormir mais um bocadinho.
29 de julho de 2005
Sincronia
Os dias voam. Aqui, há dois anos.
Estar vivo é muito, muito bom. Sobretudo quando a companhia é deste calibre.
Acasos
Quase a chegar a Aljustrel, vimos uma coisa esquisita: terra espalhada na estrada e muitas folhas de eucalipto. Comentámos: "Isto não estava aqui quando fomos para lá. E se voltássemos para trás para ver o que é? Se calhar é melhor não... Vou fazer inversão de marcha."
Fizemos inversão de marcha e ao olharmos atentamente, vimos no fundo no barranco um braço erguido, alguém gritou. Parámos e vimos um monte de chapa vermelho, alguém lá dentro e outra voz na escuridão do campo gritava: "Tenho uma perna partida, não nos abandonem aqui! SOCORRO!"
Liguei para o 112.
Uns minutos depois, apareceu um carro preto, um casal ao ver-me na beira da estrada pararam. Disse-lhes que tinha havido um acidente. O da perna partida pediu para eles avisarem o fulano na rua tal, em Aljustrel. O outro que estava dentro do carro deixou de falar. Morreu, pensei eu.
O casal arrancou e eu aproximei-me do rapaz da perna que chorava. "Sou o Guilherme e o meu amigo é o Nelson, não nos deixem aqui sozinhos." O H agarrou-me num braço e perguntou-me: "Tens a certeza que queres ver?" Não lhe soube responder.
Chegaram os bombeiros, mais tarde a família.
Um bombeiro dizia-me: "Ainda bem que pararam, muitos não o fariam, tinham medo. Se vocês não os tivessem visto, se calhar ficavam aqui até que alguém os encontrasse amanhã."
Arrancaram as ambulâncias para Beja.
Ficaram muito magoados, muitos ossos partidos de certeza. As melhoras para ambos.
Vivam os dias que voam
Um abraço deste vosso genial conhecido (genial e modesto)
Obrigados Teresa e Ricardo
Bem haja por isso, Madame.
Também o Ricardinho nos visitou e aproveitou para nos insultar no Dias que Voam (território até então desconhecido para mim...). As crónicas da altura rezavam assim:
"O blog do gajo é uma imitação de má qualidade do blog do pipi. Não gostei. O blog do pipi dava para engolir porque no meio da ordinarice havia um sentido de humor que podendo ser de mau gosto era muito inteligente. Além disso o pipi tinha o domínio da linguagem, do saber escrever muitíssimo bom. O blog do gajo fica-se pela imitação e pela ordinarice vulgar. Pipi: ordinarice inteligente. Gajo: ordinarice vulgar."
e
"Mas porque é que o F. vem em defesa do Gajo e o Gajo vem em defesa do F.??? O que é que o F. e o Gajo são um ao outro? Está visto que são namorados. Eu não tenho nada contra o facto de eles serem larilas mas é enjoativo que os larilas andem sempre a pedir provas de virilidade a homens como eu! E já agora: ser homem não é ter a cabeça cheia de merda nem ter uma opinião merdosa relativamente às mulheres. Se é isso que tu, gajo, pensas, é porque além de seres um paneleiro merdoso é um imbecil merdoso. "
A partir daqui o F!, apercebendo-se do carinho que transparecia destas palavras, passou a fazer parte desta casa. E após uma saída temporária, voltou e está para ficar.
Por isso, obrigado Ricardo! Foi graças a ti e a estas belas pérolas que eu estou aqui hoje! Que conheci estas pessoas que, umas mais, outras menos acabaram por alterar de alguma forma a minha vida. Muito e muito obrigado.
a caça à lagarta ou de como a processionária, se torna a notícia do dia num site...
"Divisão de Matas da CML coloca 50 armadilhas para atacar Lagarta do Pinheiro
A Divisão de Matas da Câmara Municipal de Lisboa (CML) vai colocar a partir de hoje, 25 de Julho, cerca de 50 armadilhas para apanhar a “lagarta do pinheiro” (processionária) no Parque Florestal de Monsanto (PFM), com o objectivo de controlar esta praga e reduzir os danos que causa nas árvores e mesmo nos seres humanos.
A Processionária - como é conhecida esta lagarta por sair em procissão do seu ninho - é um insecto desfolhador dos pinheiros e cedros que pode causar a morte às árvores consoante o grau de ataque. Além disso, pode provocar ainda graves problemas de saúde pública, alergias na pele, no globo ocular e no aparelho respiratório do Homem e mesmo dos animais domésticos, devido à característica urticante dos seus pêlos.O ciclo de desenvolvimento da lagarta do pinheiro foi este ano acelerado, devido às condições climatéricas favoráveis - Inverno seco e de céu descoberto. Em Dezembro, já existiam muitas lagartas no solo, quando isso só costuma acontecer no fim do Inverno.Por isso, a Divisão de Matas vai atacar esta praga nas zonas afectadas dos PFM, nomeadamente junto à Alameda Keil do Amaral, ao parque de estacionamento do Clube de Ténis no Alvito e na zona da Cruz das Oliveiras.As armadilhas funcionam como isca, uma vez que contêm feromonas sexuais, uma substância produzida pelas fêmeas que atrai os machos para o interior da caixa. Este procedimento impede que a fêmea seja fecundada e logo que esta ponha ovos. A colocação das armadilhas, especialmente usadas na fase da borboleta, está a ser realizada com base num acordo celebrado entre a Câmara Municipal de Lisboa, a Direcção Geral das Florestas (actual Direcção Geral dos Recursos Florestais) e a Direccion General para la Biodiversidad.
As lagartas do pinheiro passam por cinco estádios de desenvolvimento, mas é a partir do 3º estádio que se tornam perigosas para a saúde pública.É entre o 3º e o 5º estádio - geralmente no período de Inverno - que as lagartas atingem o crescimento activo e constróem os ninhos (tipo novelo de seda), produzindo os pêlos urticantes. O 5º Estádio ocorre entre meados de Fevereiro a fins de Maio, quando as lagartas descem das árvores em procissão para se enterrarem no solo e passar à fase seguinte – a de borboleta – que emerge no Verão, completando assim o seu ciclo anual. Nesta fase, a destruição mecânica das lagartas é o único método de combate, nomeadamente através da colocação de cintas de papel ou plástico embebidas com cola inodora à volta da árvore, de forma a que as lagartas fiquem coladas no tronco ao descerem. (blerghhhhhhh)
Para mais informações, consulte a nossa página em pmonsanto
In www.cm-lisboa.pt"
(apetece cantar o Ghost Buster!!!)
coisas de gajo
nunca soube.
sempre odiei gravatas.
agora procuro ignorá-las.
mas ignoro, usando-as.
porque tenho de as usar
utilizo um nó estranhíssimo que é uma espécie de nó de corda (não sei se já alguma vez me viram o meu nó de gravata… creio que não).
ontem achei que me ficaria bem olhar para a forma como os homens normais fazem os seus nós nas suas gravatas.
deixar de olhar com inveja para os filmes onde uns tipos fazem uns nós enquanto o diabo esfrega o olho e ficam impantes de auto-confiança….
e o que faz um ignorante de nós de gravatas quando precisa de saber do assunto:
usa a hora de almoço e vai googlar.
‘tie knob’ & enter
de knobs para noeud vai um passo…
e eis-me em frente a uma página cheia de windsors, half-windsors, nós simples, pequenos nós, nós cruzados, nó pratt, fink….
e achar que talvez mais valha a pena continuar com o nó de atar que utilizo.
parabéns & all that jazz
é a vida.
há pouco mais de um ano fui convidado para aqui escrever pela presidenta da coisa.
já nos conhecíamos há uns bons 30 anos (era ela uma criança, era eu amigo de um seu irmão).
umas vezes mais que outras cá fui escrevendo.
cá fui comentando.
cá fui alimentando polémicas. umas mais saudáveis que outras.
outras mais razoáveis que umas.
não conheço pessoalmente a maioria das pessoas daqui.
mas acho que poderei contar aqui com alguns amigos.
como eles poderão contar comigo.
hoje não irei ao jantar.
mando a foto dos aperitivos.
sejam felizes...
e até um dia
Dois anos é muito tempo!!! (risos)
Estou contente de ter tido esta ideia. Foi num dia como este, escalorado e ronceiro. Um lembrar-me de fazer alguma coisa.Tentativa erro, chatear amigos para serem a "dias", fazer burrices, pedir ajudas, etc e muitos mais etc.
Agora o "Dias" é um bloco completamente heterógéneo mas apesar de tudo unido pelos mesmos prazeres. O da comunicação e do humor. E o gostar da boa comidinha !
Até logo aos que forem de até logo:) Abeijos e braços aos outros!
28 de julho de 2005
Bloco informativo
Assim e à laia de consolo, deixo-vos esta pérola:
Oração (praga?!) Árabe
"Que as pulgas de mil camelos infestem o meio das pernas da pessoa que arruinar o teu dia. E que os braços dessa pessoa sejam curtos demais para se coçar"
Lisboa de manhã
Os dias começam assim!
Vejo as coisas estranhas no alto da Morais Soares...~
Chega a minha boleia com ar muito sorridente...
A quem dedico a seguinte foto. Para ela uma vacaria seria o paraíso na terra, dado que adora esses animais.
É amanhã
Como um miúdo a olhar para a montra dos doces;
Como um tótó!
É assim que me sinto.
É o aproximar de 6ª feira.
Mas isto entretanto passa.
Vocês vão ver...
Perseguição à americana com fim à portuguesa
Para não variar, a dica estava certa. Naquela noite, o “dealer”, conforme o informador afirmara, estava à hora certa no local certo. Restava agora a perspicácia, paciência e sorte para que fosse fisgado com a boca na botija. O Bairro da Liberdade adormecido oferecia dentro da sua degradação total um óptimo disfarce para aguardar o “correio” que vinha do sul de Espanha, longe dos olhares incómodos da bófia, em especial dos tipos do giro, facilmente controláveis pela rotineira passagem das rondas em pontos chave. Os espreitas do bairro, quais batedores atentos às movimentações do inimigo, faziam parte do jogo de gato e rato entre polícias e traficantes.
Ficámos a observar. O chefe da equipa, do interior do 131 volumétrico/Abarth, estudava os movimentos do “mafioso”, longe do campo de visão deste, através do contacto rádio de uma outra brigada, estrategicamente colocada no interior da caixa de uma velhinha Transit, de vidros espelhados e pintura desgastada, ao lado da qual o meliante estacionara. Via rádio, um dos elementos da equipa sussurrava os pormenores da viatura alvo, de forma quase imperceptível, para não levantar suspeitas. Claro que as forças para falar com “vontade” não seriam lá muitas; eram cerca de 23H00 e estavam ali dentro daquela lata desde as 14H00, sem comer, beber, tossir ou mesmo mexer muito as pernas, de forma a não dar nas vistas. Incómodo, sem dúvida, garanto eu, mas imaginem a quantidade de coisas que, mesmo que se vá prevenido antes, dão vontade de fazer dentro de um espaço exíguo como aquele, que vão das necessidades mais básicas da fisiologia humana, à obrigatoriedade de comunicar unicamente por gestos ou por escrito. Não esquecer que nos inícios da década de noventa não havia toda a panóplia de meios de comunicação pessoal, com jogos extras e mensagens, bem tudo aquilo que agora nos inferniza a privacidade. Estava-se no advento dos jogos de tetris que, além de muito caros, quem os tinha, não conseguia tirá-los facilmente da esfera do poder dos seus petizes para queimar o tempo nestas longas esperas!!... Mas vamos à descrição da máquina do bandido. Sem dúvida, uma máquina de sonho. O Honda Prelude 4wd (brinquedo com quatro rodas direccionais), era um adversário de respeito. Os seus cento e muitos cavalos de potência não eram algo que preocupasse os quase 130 do Fiat, mas sim a mobilidade que aquela bomba esguia, de tracção dianteira e toda uma panóplia de inovações tecnológicas, por certo, bem mais jovem que o velhinho tracção posterior, que soprava a cada aceleração mais puxada e que fazia baixar o ponteiro do tanque de combustível. O bicho comia uma média de 22 aos cem, mas nunca deixara a malta envergonhada.
Vamos ao que interessa nesta estória. O tipo do Prelude sai e dirige-se à cabina telefónica plantada no passeio contíguo. Fala breves minutos e volta para o interior. Arranca com o carro, imprimindo logo de início uma velocidade digna de Senna (era o piloto da moda nessa altura), lançando o cavalo branco em condução violenta e descuidada pelo asfalto esburacado do bairro, passa a apertada ponte do Tarujo, ladeia o Casal da Sola. Pelas manobras, de imediato chegamos a uma conclusão. O correio alterou o local da entrega. O mais discretamente possível, a equipa do Abarth inicia a perseguição. O suspeito segue em direcção à Rua de Campolide, sobe esta e entra na Rua do Arco de Carvalhão, depois, Maria Pia; no entroncamento da Meia Laranja, sobe em direcção ao Cemitério dos Prazeres, contorna a rotunda e toma o caminho da zona das Amoreiras. Chegados aqui, observamos que um outro veículo, um BMW M-3 Baur faz sinais de luzes ao nosso “amigo” e ambos se precipitam para o interior do estacionamento subterrâneo de uma das torres. Após um pequeno compasso de espera, seguimos também para o interior. Atrás de nós, entra outra equipa que entretanto se juntara na discreta perseguição. Após alguns minutos de espera, saímos dos veículos e não tarda a detectarmos o Honda estacionado entre dois outros veículos. Do BMW, nem sinal de vida. Aguardamos o que a seguir se vai passar. As informações recolhidas já tinham apontado para a possibilidade de as negociatas serem efectuadas no interior de um escritório alugado no edifício. Ao fim de uma hora, um atento e diligente segurança intervém com um dos homens de atalaia. Informa-o que, mesmo sendo polícia, não pode permanecer naquela parte do estacionamento, já que é área reservada a residentes. O cívico identifica-se novamente e “educadamente” manda-o ir dar uma voltinha ao “bilhar grande”; ofendido, o vigilante lança para o seu intercomunicador portátil um relatório, à laia de queixinha, para o seu supervisor. O Chefe da equipa aproxima-se e mete água na fervura. O dedicado guarda do estacionamento, não vai na conversa da bófia, “estrilha” que nem um possesso (ainda hoje lamento não lhe ter dado motivos para chorar a sério) e começa a pedir reforços pelo rádio. Gera-se a confusão e o Comissário “convida-o” a entrar numa das viaturas policiais com um par de pulseiras para se entreter a procurar abri-las. Eis que no meio desta confusão, abre-se a porta de acesso aos elevadores de acesso aos escritórios e saem do seu interior os “negociantes”. De imediato se apercebem que algo não está bem e precipitam-se para o Honda. São seis, mas dois são dispensados dos serviços dos seus cobardes patrões; ficam logo ali, sem resistência, disparando um chorrilho de insultos para com a ex-entidade patronal. Enquanto isto, o Honda faz marcha-atrás, abalroa duas viaturas com o seu generoso pára-choques traseiro, estilo americano, e arranca pelas estreitas galerias do estacionamento. Acto contínuo, o Chefe da missão arranca conduzido pelo experiente motorista. Conseguem alcançar os fugitivos, quase se colam à traseira, mas não há espaço para ultrapassar. Os carros ressaltam nas bandas limitadoras de velocidade. Roda-se nuns vertiginosos 50/60 km/h. Os fugitivos não olham a despesas. Não tirando partido da tecnologia da máquina, de nada valem as quatro rodas direccionais batem em tudo o que se lhes atravessa no caminho. O veículo é mais longo que o “escorpião” que sopra atrás de si e que conta com a vantagem de ter tracção atrás. O Chefe abre então o tejadilho do Fiat, finca os pés na consola e na pega da porta do pendura, encosta as costas à janela do tecto, empunha com ambas as mãos a PPK, apoia os braços sobre o tejadilho e efectua vários disparos na direcção dos pneus da viatura
- Mais rápido com esta merda, que está a fugir….
O Motorista acelera, o vacuómetro entra no red-line, a máquina debita toda a sua força aventa-a para as rodas, aproxima-se do Honda e eis que do nada surge uma densa parede de espesso fumo branco que invade todo o campo de visibilidade da viatura policial. Perante isto, o motorista trava a fundo, por milagre não bate em carros estacionados. O Chefe, encolerizado grita, barafusta:
- Os tipos estavam à espera de ser interceptados; têm sistema de fumigação para fuga avance já, basta seguir o rasto de fumo que apanhamos os gajos lá fora. Arranque esta medra; porra, de que está à espera?-grita colérico.
O pobre motorista, desesperado sai do carro e grita – Acabou, não dá mais!...
- Arranque, já disse, é uma ordem, que raio! – tornou o comissário verde de ira.
- Veja se consegue o Sr. – replicou o motorista.
- Eu? Mas quem manda aqui?!?!? É uma ordem, ponha já o carro em andamento. – continuou a disparar o chefe enquanto entrava no carro.
Ao entrar no carro, desapareceu literalmente no meio de uma mancha de fumo branco. Breves segundos bastaram para reaparecer do meio daquele misterioso nevoeiro; D.Sebastião (se aparecer, como reza a história) não fará melhor, estou certo. Olha para o motorista, aproxima-se deste, que se encontra em frente ao capôt e ambos olham estarrecidos para a lata. O dedicado comissário depressa conclui que aqueles furinhos, bem ali na zona do radiador da máquina não deveriam ali estar. De imediato, do alto da sua altivez, defendeu o seu orgulho (e falta de pontaria), escondendo a brecha nele aberta, lamentando a fuga do criminoso e rematando: - Mais um pouco e os tipos tinham-nos limpo, tanto a mim, como a si - disse pondo o braço confortador sobre o desolado motorista. O Escorpião estava ferido, não por outro da mesma espécie, mas por quatro “pulgas” de chumbo com uns meros
Em tempo:
Resta referir que nem tudo acabou mal; o perseguido acabou por ser interceptado à entrada do Viaduto Duarte Pacheco por carros patrulha entretanto informados da ocorrência.
26 de julho de 2005
De volta
Depois de uma curta estadia em terras de Espanha, preparo-me para uma semanita no Nordeste Alentejano. A ligação é que está impossível e, para um ou dois comentários e um pequeno post, demoro meia-hora.
Espero que tenham contado comigo para a janta. Dois lugares, que sou gordo!
Bício!!
Hoje resolvi tão à pressa o dito cujo que até me ia enganando!
Ah, já me esquecia!!! Eu moro em Benfica, no Bairro do Charquinho, um bocadinho à direita do X [LOL] mas tenho ensaio nesse dia! Ele há coisas...
Este blog anda assim. É a explosão da imagem , da cor, da história escondida no pormenor...
Ler as entrelinhas do que não está escrito, ou escrever sem palavras.
Blog de verão. Preguiça de uns, ausência por férias de outros, procrastinação de muitos mais!
Esta sexta faz dois anos. Os aniversários valem o que valem. E valerão sobretudo pela ocasião de estarmos juntos e conhecermos caras que só conhecemos pela escrita.
Sexta à noite no "Escondidinho". Boa ideia. E boa comida.
X mark’s the spot
25 de julho de 2005
A menina fuma ?
NET, MAILS E AFINS
No entanto, efectivamente algumas coisas da Net são merdosas.
Os mails são uma coisa fantástica. Amanda-se um textozinho, até se pode ajuntar umas imagenzinhas e tudo, e prontos. Chega lá rápido, sem se extraviar, e não há aquela chatice de a pessoa não estar em casa e depois ter que ir levantar aos correios. E não se paga selo.
Mas claro que tem as suas desvantagens.
No correio "a sério", a gente pode dizer que não quer receber catálogos e merdas dessas, e não recebe. Só vão parar à caixa do correio aqueles catálogos do hiper que o porteiro deixa escapar por acidente.
No correio electrónico, ou correio-de-faz-de-conta (sim, que é tudo virtual, ou seja, não existe), recebemos muitas mensagens que não queremos. É o "enlarge your penis" (hmm... esta até me dava jeito). É aqueles malandrecos a pedirem a password da conta do banco. É aqueles vígaros a quererem impingir-nos Viagra (hmm... esta até me dava jeito), ou outro remédio qualquer, ou outro artigo idiota qualquer.
E depois temos ainda o lixo que nos mandam os nossos próprios amigos. Mas sobre isso o meu amigo boavisteiro já falou no blog dele (chama-lhes merdails, ou seja, mails de merda). Podem ver em
http://odiariodemarilu.blogspot.com
(O boavisteiro sou eu, ok. Mas é uma das muitas personalidades alternativas que eu tenho. Iá, sou marado dos cornos, mas isso não é novidade para ninguém.)
Outra coisa dos mails que é uma boa merda são os "amigos" que se queixam de que a gente nunca lhes responde aos mails. Por isso, aqui fica, definitivamente, o meu esclarecimento.
EU NÃO REENCAMINHO MAILS.
EU TENHO PREGUIÇA DE RESPONDER A MAILS.
Quanto aos blogs (gosto imenso deste, por acaso, e não é só por poder despejar aqui os produtos duvidosos da minha mente tresloucada), há uma coisa que eu também não gosto.
É quando as pessoas me fodem o juízo para eu deixar comentários nos blogs delas.
Por isso, fica aqui, definitivamente, o meu esclarecimento.
EU TENHO PREGUIÇA DE COMENTAR OS BLOGS.
Bem, e por hoje acho que já fiz as minhas reclamações todas.
Descontraiam-se, relaxem, aspirem fundo o cheiro a queimado e não se esqueçam do bronzeador Factor 1.200.000.000.000 (no mínimo).
24 de julho de 2005
22 de julho de 2005
Que almoço!
O Jantar do Blog
(...)
Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma montanha toda negra.
e que nevesse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas.
E à porta do meu amor o ouro se acumulasse.
(...)
Aviso à navegação
Para que se possam diligenciar os detalhes referentes ao jantar/comemoração do 2º aniversário do Dias, hoje vamos almoçar, em negócios, claro, ao nosso Escondidinho.
Necessito que os voadores que ainda não confirmaram a sua presença no referido evento o façam.
Gracie :-)
Dedicado ao DuPostal, rei das colecções!
"Californian Strawberries from the beginning of the century. Are they still this big? "
Bem-vindo ao blog!
21 de julho de 2005
Usem protector solar
E está muito calor. Usem protector solar, por favor.
Specimen days
O novo livro de Michael Cunningham: depois de The hours ia ser um problema.
Estou a ler. E estou agarrado, pelo menos ao fim do primeiro terço do livro. Mas há mais. Quem aprecia Walt Whitman... correcção: não é possível apreciar Whitman, apenas adorá-lo incondicionalmente ou ser-lhe indiferente. Dizia eu, pois, que quem adorar Whitman é obrigado desde já a ler este livro.
I wish I could translate the hints about the dead young men and
women
And the hints about old men and mothers, and the offspring taken
soon out of their laps.
Esta Quinta-feira Aconteceram
Voltei a deixar o carro na oficina. Corta-se-me o coração deixar o carro abandonado, numa ruela qualquer por baixo da ponte (sobre o Tejo). Que mãos vão passar pela chapa? Com que modos será tratado o motor? A que esforços cruéis será ele obrigado? Depois são também as outras incertezas: quanto vai custar?, e será que ficou tudo bem?, e será que não ficou nada estragado? Enfim, ter carro sai exorbitantemente caro. Caro financeiramente e caro emocionalmente.
Hoje vi pela segunda vez um dos meus filmes preferidos. Eu chamo-lhe um musical. É um musical com sexo e sangue. O sangue serve para provocar umas discontinuidades num filme que já é do princípio ao fim de uma grande volatilidade emocional. É um filme rápido, excepto nas cenas com droga. É um filme com ritmo e é também um filme histórico. E tem óptimas cenas de sexo. Gosto muito.
a cara mais expressiva do cinema
aqui fica a que ele escreveu sobre a cara mais expressiva do cinema
A imagem de Joana D'Arc
Poucas coisas serão tão belas quanto a imagem de Joana d'Arc criada por Joseph-Delteil. Não será talvez tão autêntica quanto a de Bemanos, onde se pode quase sentir a criatura física, isenta de toda a legenda, relapsa e santa, a pobre heróica e frágil camponesinha de Domremy. Mas é muito mais rica de se imaginar. Delteil, infinitamente menor que Bemanos, plasmou a visão de Joana d’Arc em palavras que são pura substância e cor. O livro é uma paisagem constante de campos em pastoral, um constante sentir de perfumes, um eterno ondular de trigais, uma riqueza de vinhas e de bom pão, tudo tão limpo, tão arejado, tão simples.
O que é mais curioso é que Delteil consegue isso com um fino trabalho de técnica verbal, tão fino e leve que, a bem dizer, desaparece para suspender um estado infantil de beleza. O vigor das palavras que usa constantemente, palavras elementares da natureza, assim dosado, empresta uma grande e saudável magia a tudo, como uma lembrança da realidade e sonho confundidos.
É um livrinho inesquecível, que se lê entre alegre e chorando, mas de um só olhar, muito adorável que é. A Joana d'Arc de Bemanos abre uma ferida na carne da gente: dói, machuca, tão viva, tão humana, tão como qualquer um de nós. Essa pequena Joana perplexa é uma agonia em busca de um fim. Seu martírio é uma revolta terrível para quem o assiste, e sua covardia uma vontade de vingança que dá.
A Joana d’Arc de Bernard Shaw, confesso, por grande e especial tenha sido a felicidade do teatrólogo quando a criou, não deixa nada de bom nem de mau na gente. O demonismo sem objetivo de Shaw ainda uma vez prejudicou-lhe a criação. Sua Joana d'Arc pouco tem de francesa e mesmo sua perplexidade é uma coisa meio astuciosa. Das três só a de Delteil me trouxe alguma coisa de bom e tranqüilo.
Foi nela que Carl Dreyer, o grande cineasta, colheu inspiração para o seu filme: o filme é maior que o livro, maior que não importa o que se tenha dito ou escrito sobre Joana d'Arc. É a história da sua paixão e morte. Lembra um afresco colossal, em sua falta de progressão, em sua falta essencial de progressão. Palavra: Joana d’Arc é uma obra gigante em cinema. É a história dessa obra que me proponho trazer aqui, em crônicas próximas, porque dá-se que tive a sorte de conhecer ontem a Joana d'Arc de Dreyer. Mme. Falconetti, a grande intérprete francesa, escolhida pelo diretor entre muitas outras, entre as quais se achava a própria Pitoêff, se encontra, a bem dizer, perdida no Rio. Logo que a soube aqui fui procurá-la e tivemos uma grande conversa sobre Dreyer, o filme e tudo mais. Mme. Falconetti é uma rara figura. Poucos a sabem uma das maiores atrizes que a França já teve. Roberto Alvim Correia, que me falou sobre ela, contou-me sobre sua miraculosa interpretação na Phèdre de Racine. Seu próximo pronunciamento no seu debate sobre cinema e sua informação sobre Joana d’Arc fazem essa crônica feliz, muito feliz.
Nem tudo o que parece, é...
Lisboa, linha verde do Metro, 17H35.
Observo o tipo que se senta à minha frente. É o protótipo do viajante ocasional da toupeira urbana. Salta à vista; contrasta com os habituais utentes, esses que quase atingem o estatuto de residentes. Os olhos não param. Os dedos contorcem-se uns contra os outros num nervoso miudinho que complica o sistema nervoso ao mais paciente dos pacientes. Parece engolir com o olhar todos os recantos da carruagem; parafusos, publicidade, até os grafites improvisados, cravados a golpe de navalha em vidros e bancos (à falta de tinta urge o improviso), enfim, tudo aquilo que é visível dentro de um comboio. O meu companheiro de viagem encafuado, melhor, emparedado (quase espremido) entre a parede e uma matrona de carnes rechonchudas, humedecidas pelos grossos bagos de suor que brotam da sua pele e se misturam com o odor de perfume “made in Taiwan”, resfolegada no assento, que diga-se de passagem até para as minhas modestas e secas “assentadeiras” acho pequeno, olha em seu redor com a cara de terror que têm os aprisionados numa escura e tenebrosa caverna.
Consigo observá-lo sem que ele se aperceba. Os óculos escuros, tipo “Martini-man”, são de uma eficácia total. Eis que dou por mim a ser observado dos pés à cabeça enquanto ele crê estar eu deliciado a mirar uns fantásticos (embora generosos, bem delineados) nadegueiros da jovem que segue em pé no corredor, a meu lado, insistindo em manter aquela zona a escassos centímetros da minha cara. Nestas ocasiões, digo eu, bem que dava jeito a visão binocular autónoma dos camaleões; sempre se juntava o útil ao agradável, prestando mais atenção aos pormenores.
O tipo continua a mirar-me de uma forma que roça o “tirar as medidas”; reparo que faz o mesmo à ninfa que se sentou a meu lado ao mesmo tempo que eu o fiz. É atrevida e descontraída a moçoila. Não tem problemas em dar largas à sua área de acção e expande-se no assento, encostando-se a mim com uma descontracção que quem olhe de fora invejar-me-à (“um tipo destes com um naco daqueles” - seria o comentário de um observador mais atento!) Porra!!! Com tanta mulher aqui dentro, até o clone da Odete Santos, sentada ali mesmo à frente, teria a minha condescendência para com os olhares fixos e lascivos sobre a minha pessoa; agora um gajo, isso não, não é admissível.
Carteirista, não é. Pelo menos, conhecido meu, não é. Será aprendiz? Não vislumbro nenhum dos “habitues”, desde o mais cotizado ao menos hábil. Nem mesmo as “encostas” e “muletas” do costume se vislumbram. Será hoje o meu dia de sorte? Desde o Euro 2004 que não referencio novos mestres do abafo do “cabedal”.
Chego ao Intendente. Em manobra estudada, levanto-me com cuidado de modo a não ser notada a artilharia dissimulada sob a fralda da camisa. Coloco-me estrategicamente encostado ao varão central do patamar de saída. Coincidência? Bingo? O tipo secunda o meu gesto, levanta-se e quase se cola a mim e à jovem que viajava encostada a meu lado e que também veio para perto da porta. Mau! Ou vens para fazer a carteira ou então queres aliviar as carências afectivas… Dou-lhe o flanco (sei que se vão rir desta parte, mas não retirem a parte do contexto) na esperança que o gajo invista contra o bolso traseiro. Avanço para a porta, faço a paradinha e observo o “suspeito” através do reflexo do vidro da mesma. Eis que o fulano se aproxima, quase se encosta; aguardo a paragem e o solavanco fatal que dá a cobertura ao encontrão da praxe. Chegou o momento, abre-se a porta precipito-me, junto com os restantes para o exterior, mergulho no funil que os que aguardam entrada sempre formam, avanço para a gare e eis que, pelo canto do olho, observo a abonada cachopa que seguia junto a mim, rodopiando sobre um pé enquanto esganiça um “ai” e desfere uma real “latada”, daquelas à antiga, na cara do meu alvo.
Porco – grita ela.
Fodassss…!!! – lamuria ele.
Bem feito – replica um terceiro.
No meio disto, na minha condição de simples observador/respeitador, invejo o tipo. Afinal o mariola era um rebarbado qualquer, que sabia o que queria (claro que em matéria de limites, razoáveis, socialmente falando, era limitado) e arriscava a integridade do seu facies (e vergonha claro, isto contando que a tem!) em detrimento de uma fugaz passagem dos “garfos” pelo "monumento" visado. Que coragem!!
Subindo as escadas rolantes, ao passar por mim, a esfregar a cara no local do estrafegado impacto, o sacana, sorrindo, lança-me um olhar de triunfo e dispara:
- Porra, pensava que era a sua namorada, amigo…
- Pois, infelizmente não era! – replico em tom de gozo.
- Por isso, arrisquei… quem não arrisca!... G’anda cú… sim senhor, g’anda cú…
Lá foi o tipo; afinal conseguiu aquilo que queria (pago a preço de estalo, não de saldo, mas conseguiu).
Ele há tipos com uma lata!
20 de julho de 2005
Quase dois anos de blog.
O jantar será no nosso Escondidinho de Benfica no Charquinho!
Sexta a oito..não falhar faz favor:)
Adormecer com o som da ventoinha, romba e vacilante, é sempre uma boa forma de o fazer. Produz sempre sons diferentes. Às vezes imagino-me a viajar de comboio na linha do Tua, a ouvir pouca terra pouca terra, outras vezes lembro-me de países mais quentes. Talvez Parati, o som da ventoinha igualmente romba e a música das escolas de samba a ensaiarem para o Carnaval, numa suave batucada. Ontem li algures que há uma doença relacionada com a excessiva sensibilidade auditiva. Confesso que professo muitas intolerâncias sonoras. Existem vozes de pessoas que me fazem tremer o tímpano. E músicas que me dão vontade de ranger os dentes.
Gosto de esticar o pé e o Vicente convencer-se que é uma almofada e deitar a cabeça, confiantemente. Ouço-o ronronar muito ao longe e adormecemos os dois num sono de gato sem sonhos.
Hoje li que morreu um conhecido naúfrago voluntário, Alain Bombard. Conhecido salvo seja, nunca tinha ouvido falar nele. A bordo da sua embarcação "Herege", este médico procurou conhecer os mistérios da sobrevivência no mar, depois de ter presenciado a morte de 42 marinheiros franceses a apenas algumas braças do porto de salvação.
"Le docteur Bombard se penche alors sur les grands naufrages de l'Histoire, et il en tire une conviction : ce n'est pas l'organisme physiologique qui cède lorsqu'un bateau coule, mais le moral. Le naufragé qui se voit noyé perd aussitôt tous ses moyens et s'abandonne au fil de l'eau."
A ideia é interessante, procurou prová-la toda a vida...Fazem falta este tipo de pessoas, verdadeiras, corajosas e...heréticas:)
O Meu Óscar
Esta recompensa vale muito. Nem eles sabem! (E nem sabem nem saberão que eu soube!...).
19 de julho de 2005
Só existe quando falta
Como nos faz falta, quando entra em bolandas azaradas. E como é bom ficar melhor.
Afinal não se consegue ser feliz sem ela. Vivemos sem paixões, com pouco dinheiro, trabalhamos com chatos, mas...
Quem vive bem se estiver doente?
Valorizamos tão pouco o básico, caraças...
Isto é só mesmo uma constatação.
What city do you belong in?
You Belong in LondonA little old fashioned, and a little modern. A little traditional, and a little bit punk rock. A unique woman like you needs a city that offers everything. No wonder you and London will get along so well. What City Do You Belong in? Take This Quiz :-) |
Há dias assim
Estava eu a preparar-me para postar um mail que recebi hoje e que faz um paralelismo entre a roupa vermelha habitualmente usada por Bonaparte para, em caso de este ser ferido, os seus soldados não se aperceberem e continuarem a lutar e o facto de Sócrates - o PM - usar, também habitualmente, calças castanhas (vá-se lá saber porquê...), estava eu a preparar-me para fazer isso e eis quando uma vozinha me segredou: "deixa-te disso, deixa-te disso... não fales hoje na m****".
Há dias em que estas vozes têm uma enorme influência sobre mim, vá-se lá saber porquê...
(Esta foto foi feita por mim no passado sábado. É apenas uma flor. Contemplem-na e tenham todos um bom dia!)
enfim...
a rapariga que escreve vê o homem que fala
fecha os olhos e brinca com as manchas de luz
traça histórias de papel indiferentes ao tempo
ritualiza gestos em palavras e responde com
perguntas onde os pássaros se encostam
nos olhos fica o silêncio do outro corpo
afinal bastava rasgar os dias dos rostos
e usar a voz como um percurso
as palavras estão sempre entre
o som e a noite
maria
18 de julho de 2005
Tenho uma Tosta e uma Cerveja na Cabeça
Acho que vai ser hoje que vou ver um episódio completo daquela série que dá na rtp2. Agora que o episódio está a chegar ao fim, já posso formular a minha opinião baseada na experiência. É uma opinião inteiramente nova, gerada agora mesmo. E essa opinião é exactamente igual à minha velha opinião baseada no preconceito.
Isto acontece-me muitas vezes. Talvez seja perspicácia, ou “instinto cultural”. Mas eu já sei como é que as coisas vão ser para mim a partir de minúsculas partículas que estão longe de formar o todo. Pode ser dito que pelo facto de levar um preconceito quando vou para a experiência, só retiro dessa experiência aquilo que comprova o meu preconceito. Mas não é verdade. Atiro-me para a experiência sem o pára-quedas do preconceito como um bébé atirado contra a vida. Sou honesto.
A língua portuguesa é mesmo muito complicada, difícil. Para além dos verbos, que têm vários tempos em cada modo e, complexidade da complexidade, têm de ser aprendidos tanto nas formas complexas (aquelas que são mais simples porque têm verbo auxiliar) como nas formas simples (aquelas que, por não serem ajudadas, são mais complexas), há ainda resquícios muitos de declinações e há casos acusativos e dativos.
Por exemplo, eu amava-a e eu amava-lhe. O primeiro caso deve ser o acusativo, o “quem”. O segundo deve ser o dativo, o “a quem”. Mas no eu amava-lhe fica a pergunta: o que é que eu amava a ela?
Engraçado mesmo é que na língua portuguesa o verbo no imperativo muda conforme a ordem seja afirmativa ou negativa. Mas isto só no informal (no tu). Já viram um verbo mudar só porque a frase é afirmativa ou negativa? Faz! Não faças! É em ambos os casos o tempo presente na segunda pessoa do singular. A única diferença é ser ou afirmativa ou negativa, o que determina o uso ora do modo indicativo ora do modo conjuntivo. Que o imperativo possa estar no conjuntivo é original.
Afinal, não vi o episódio até ao fim. Já sei como vai acabar. Sem experiência.
A paixão do cinema II
Lá podemos encontrar, para venda, tudo, ou quase, com que sempre sonhámos de cinema e cultura pop: Dvd’s importados, posters, tapetes para rato, postais, fotos e...t-shirts loucas, como esta…
Comia-te
Mecânicos, bate-chapas, sucateiros e um vogal da junta de Pirescoxe têm andado numa lufa-lufa a substituir calendários de mulheres nuascom seios grandes, pelas declarações de rendimentos dos ministros com grandes dígitos. O que está a dar são as reformas obscenas que os ministros acumulam com ordenados provocantes.
"Há três anos que tenho a Célia Matadinho na parede. Agora vou trocá-la pela reforma de Campos e Cunha, que é muito mais indecente", confidenciou um mecânico de olhar lúbrico.
A excitação é tal que alguns ministros têm sido alvo de piropos lançados por homens das obras ao passar debaixo dos andaimes. Das pérolas mais frequentes sublinhem-se apenas duas:
- "Contigo, reformava-me todos os dias"
- "Comia-te essa pensão toda, ó Dr.".
I'm back... :-)
You are... Catherine
Who Are You? (CSI Quiz - My Version)
brought to you by Quizilla
Curioso paralelismo
A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste abaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: "o país está perdido"!»
(Eça de Queirós, 1871, no primeiro número d'As Farpas.)
EU
Uma epifania.
Uma visão.
(Não, não foi uma alucinação. Tenho imensas, mas esta não foi. A sério que não. A sério mesmo!)
Percebi finalmente qual o sentido da minha vida. A minha missão. O meu destino. A minha razão de ser.
(Pequena pausa para o suspense.)
Pois eu nasci para COMER.
Atenção. Não disse "comer". Aliás, eu efectivamente dantes pensava que era isso. Que tinha nascido para sexo e nada mais. Claro que, pensando nisso, vi que não era. Quer-se de dizer. 42 anos e ainda virgem.
Duh.
Sim, meus amigos, o sentido da minha vida é comer. Morfar. Trincar. Mastigar. Degustar. Provar. Engolir. (Não, não estou a falar de sexo, pôrra!!!)
E só percebi isso quando finalmente, após anos a pensar nisso e a adiar, comecei uma dieta.
Irónico, hein?
Que eu já desconfiava, claro.
Por exemplo, muitas vezes as minhas fantasias começavam a ganhar um tom culinário, especialmente a certas horas. Via a Angelina Jolie na Net, nua e toda boa, e começava a pensar em esparguete. Encontrava uma turista boazona na Baixa, e vinha-me à mente um rico prato de batatas assadas, daquelas mesmo como eu gosto.
Um dia, num restaurante, li o menu e tive um clímax.
Porém, apesar destas dicas todas, nunca ousei enfrentar a verdade.
Até que comecei esta dieta (sei lá, já fiz mais de cem) e finalmente percebi.
Andava eu pela casa, sem saber o que fazer, e só me vêm ideias de comer. Os passos fogem-se-me para o frigorífico, para a cozinha, para o armário das bolachas, para a gaveta dos chocolates.
Aí pensei: mas que é este merda? Estou em dieta, fosga-se!
E foi então que se fez luz.
O meu default mode é comer.
No fundo, tudo o que eu faço é considerado pelo meu sistema como um programa temporário até à hora da refeição. Uma rotina insignificante que esconde o real objectivo.
E agora ando preocupadíssimo.
É que eu recebi uma herança enorme em que uma das condições era emagrecer até aos 120 quilos e manter esse peso durante pelo menos vinte anos!
Odeio a minha vida.
17 de julho de 2005
«Felícia não era bem dessas; estava a servir; não sabia a idade; dizia que nascera no tempo das castanhas, e que seu pai era miliciano de Chaves. Andaria nos dezasseis, e parecia de carne petrificada, rija, com uma frialdade de metal fundido, e nenhumas morbidezas feminis. O Justino nas mãos dela sofria amarfanhamentos rudes e boléus. Era possante, não se deixava abraçar, e um dia cascara com um engaço num oficial de diligências de Montalegre que lhe apalpara a polpa de um braço.»
«A primeira pessoa que viu a descer pelo recosto de um mato com um rebanho de ovelhas, que o fitavam pasmadas numas atitudes palermas, era Felícia, a impoluta, com a roca à cinta, rodopiando o fuso, saia de linho muito fresco apanhada na cintura em refegos inquietadores da honestidade, e uns traços de pernas trigueiras, com redondezas de barrigas muito gordas, e um colete de chita amarela com atacadores vermelhos que pojavam para cima os seios muito intumecentes e mordidos dos beijos do sol, com alguns sinais de pulgas.
E o arrieiro lúbrico[Frei Justino]:
- Oh que fatia! Um peixão! Hem? Ó senhor frei Justino! Aquilo é que é obra acabada! Boa Verónica! – E outras pachuchadas.»
«Aquele encontro, na aba da serra, parecia uma passagem antiga, bíblica. O rebanho das ovelhas brancas como o velo de Gedeão, a rapariga meiga com as branduras do olhar de Rebeca e Rute, e mais o frade escanchado no macho do Gaitas, a fugir da bíblia para o mito, por dar uns longes de Sileno. E o arrieiro de olhos acirrados, vorazes, um subalterno grotesco do Cântico dos Cânticos, achando aquela Sulamita barrosã, mais doce do que o vinho de Cabeceiras de Basto.
Disseram adeusinho, até logo, com muitos acenos. E o arrieiro queimado de concupiscências bestiais:
- Sim, senhor, é um bocado de coisa muito limpa! Pode-se ver, o diabo da mulher! Terra que dá desta fruta é boa terra. Ficaram-me os olhos no berzabu da moça! Tem ventas! e que pernas! – e outros canalhismos de sensualidades tarimbeiras que faziam rir o frade às escâncaras, como quem estava sequioso de pilhérias plebeias, reles.»
Custódia
«Cruzavam-lhe a curva opulenta dos seios as pontas franjadas de um xaile de caxemira amarelo com festões de flores rubras, que atavam atrás da cintura, dando um destaque às ancas muito reparado dos sensualistas das feiras e das romagens. No pescoço, redondo, com maciezas e tons alvos de leite, até à raiz dos peitos, tinha uma gargantilha de ouro e mais três cordões, com um crucifixo de uma esculturação antiga e rebelde às devoções sinceras, espiritualistas, por estar posto num calvário de enormes glândulas hemisféricas mais tentadoras que as visões lúbricas dos anacoretas.»
Camilo Castelo Branco – Eusébio Macário
Entardeceres
Mas o que eu queria era mesmo falar do Quelimane da T. Porque me trouxe a minha África à mente e desde então ela tem voltado recorrentemente. Sejamos precisos: ela não se vai nunca embora - só que às vezes está mais na paisagem de fundo e menos em primeiro plano.
Este sol poderia ser o de África.
Six feet under..Quiz... (estou lixada:)
Which Six Feet Under Family Member Are You Most Like? Claire Fisher You are fun, wild, full of life, even though you have been surrounded by death your whole life. You have not found yourself yet. You are constantly attracted to the wrong people and get yourself into bad situations |
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Uma das "minhas "escritoras
Desta senhora disse o meu bem amado Graham Greene que "conseguiu criar o seu próprio universo, um universo onde penetramos de cada vez com um sentimento pessoal de medo".
É assim o o mundo de Patricia Highsmith, grande escritora de suspense. Não foi por acaso certamente, que o destino dela e o de Hitchcock se cruzaram e produziram filmes como o "Strangers on a train". Bem aventurado Ripley:)
Mas deixemo-la falar sobre os escritores ("A criação do suspense"):
"Como os boxeurs, podemos começar a enfraquecer depois dos trinta, isto é, já não conseguir aguentar com apenas quatro horas de sono e, depois, começamos a refilar por causa dos impostos e a pensar que o objectivo da sociedade é afastar-nos desta profissão.É bom, então, lembrarmo-nos que os artistas existiram e persistiram, como o caracol e o peixe de espinha côncava e outras imutáveis formas de vida orgânica, desde muito antes de se ter pensado na existência de governos."
Highsmith escreve os seus livros duma forma aparentemente simples, em que por detrás duma pretensa normalidade, surgem os mistérios e ansiedades mais inconfessáveis. Enfim, o mundo real e muitissimo perturbador.
Fez quinze anos que morreu de leucemia , em Fevereiro de 1995. Desde então, muitos a esqueceram.
(photograph of Patricia Highsmith, Harper & Brothers, Deep Water, c. 1962 © Gina Jackson, photo courtesy private collection / o seu a seu dono)
Biba a Cóltura!
Lewis Carroll est un «explorateur», un «expérimentateur», qui «a le don de se renouveler selon des dimensions spatiales, des axes topographiques», écrit Deleuze. «Dans Alice, les choses se passent en profondeur et en hauteur : les souterrains, les terriers, les galeries, les explosions, les chutes, les monstres, les nourritures, mais aussi ce qui vient du haut ou est aspiré vers le haut comme le chat du Cheschire. Dans le Miroir, il y a au contraire une étonnante conquête des surfaces (...): on ne s'enfonce plus, on glisse, surface plane du miroir ou du jeu d'échecs, même les monstres deviennent latéraux. Pour la première fois, la littérature se déclare ainsi art des surfaces, arpentage de plans. Avec Sylvie et Bruno, c'est encore autre chose (peut-être préfiguré par Humpty Dumpty dans le Miroir) : deux surfaces coexistent avec deux histoires contiguës et l'on dirait que ces deux surfaces s'enroulent de telle sorte qu'on passe d'une histoire à l'autre, tandis qu'elle disparaissent d'un côté pour réapparaître de l'autre, comme si le jeu d'échecs était devenu sphérique.»
16 de julho de 2005
pequenas coisas do dia a dia
Sentou-se num muro baixo e ali ficou pelo menos meia hora.Depois, foi para casa. Já em casa, foi à janela e reparou que num prédio em frente uma senhora estendia roupa. E no piso de baixo uma criança comia freneticamente cereais ou algo do género. Foi buscar os binóculos.
Naquele instante eu também apareci à janela e notei o luzir das lentes dos binóculos. Lançei um berro ao Sr Rui Grego: - Ó Sr Rui, sabe que esgotaram os stocks de Nestun com Figos. Tenho aqui o último.
O homem olhou para mim. A sua expressão alterou-se. Não disse nada. E foi para dentro fechando com violência as portas da janela.
Eu ainda disse, mas ele já não deve ter ouvido: - Já estava previsto, não é surpresa para ninguém.
15 de julho de 2005
Pensamento da Manhã / Pensamento da Noite
Being normal is not a necessity.
Pensamento da noite:
Os filhos são a desvantagem que degenera um casal numa família.
Em 1981..eu ia ao cinema:)
Adoro estes programas antigos.
Erudições em noites de Verão (the last...)
A linguagem, como forma de comunicação, é uma das características fundamentais do Homo Sapiens e é, também, uma das mais ricas formas de estudar a evolução humana. Após milhares e milhares de anos de evolução, diferentes grupos de humanos desenvolveram, em diferentes pontos da terra, diferentes formas de linguagem. Essas línguas primitivas, essas formas de comunicar iniciais, revelam a maneira como esses grupos desenvolveram o seu modo de pensar, as suas crenças e culturas e o seu modo de agir. Por outro lado, acredita-se que a linguagem também condiciona a evolução do pensamento do grupo, ao favorecer o desenvolvimento dos conceitos expressos verbalmente desde sempre. Este é o dilema de Heidegger: é a língua que serve o pensamento ou o pensamento que serve a língua?
Quando, milhares de anos depois, estes grupos grupos se voltam a encontrar – com maneiras de pensar, culturas e linguagem diferentes – os choques são inevitáveis. E não me refiro ao défice de tradução… Os exemplos que vou referir, referm-se a povos que vivem, actualmente, em proximidade geográfica mas que desenvolveram modos de falar (e pensar) diferentes
As línguas Indo-europeias, presentes em quase toda a Europa, na Rússia, Pérsia e Índia apresentam duas características essênciais.
– A frase constitui-se agrupando palavras em torno do verbo que se relacionam com ele, directa ou indirectamente (habitualmente sujeito-verbo-objecto). A frase é uma sequência lógica de afirmações/negações em torno do centro, o verbo. Ou seja, estas línguas assentam na razão e na lógica.
- O verbo ser/estar é essencial na frase indo-europeia, de tal modo que praticamente nenhuma frase é construida sem estes verbos, de forma expressa ou implícita.
Estas características únicas, a que se chama centralização no sujeito e enunciação explícita, é a tradução do modo de pensar europeu/ocidental: racional, lógico e abstracto, em que o objectivo se opõe ao subjectivo (o homem pensa, o homem é!).Pode-se dar um pequeno exemplo com uma frase simples, comum para nós: O urso preto está na floresta.
Nota: Na península ibérica é onde o conceito de ser/estar é levado ao extremo. “Ser” usa-se para uma característica essencial e “Estar” usa-se para um estado ou condição temporária.
As línguas Uralo-altaicas, com algumas semelhanças às Indo-europeias, desenvolveram-se com os povos nómadas da estepe asiática. No presente, conhecem-se o turco, o húngaro, o mongol e o finlandês. Comparemos a características essênciais destas línguas
- A frase também se constroi a partir da sequência sujeito-verbo-objecto, mas é o sujeito, e não o verbo, o centro lógico da fase. O sujeito determina o verbo e este determina o objecto. A frase é uma sequência de constatações e determinações.
- O verbo ser/estar não tem relevância nestas linguas e é substituido pelos conceitos fulcrais destas línguas: “existe” e “não existe” (em turco “var” e “yok”)
Estas características, centralização no sujeito e constatação simples, exprimem também o modo de pensar destes povos nómadas: “constatativo”, determinista e concreto, em que não existe o subjectivo. O mesmo exemplo, dito nestas línguas, seria: Na floresta, urso preto existe.
Nota: Esta ausência do verbo ser/estar reflecte-se na inexistência do verbo ter. Não dizem eu (não) tenho um martelo, dizem o martelo meu (não) existe.
Finalmente, as línguas Semitas, presentes no médio-oriente, das quais a mais conhecida é o arábico. Observemos a duas características referidas.
- A frase constroi-se a partir da sequencia verbo-sujeito-objecto, mas o verbo não é importante e pode estar ausente ou implícto na frase. O cento da frase é a relação entre o sujeito e o objecto.
- O verbo ser/estar não existe e não é substituido por nenhum outro conceito. O sentido das frases, sem verbo, é apenas sugerido ao ouvinte
As caraterísticas das línguas semitas, intencional e de sentido desejado, são a real expressão do modo de pensar destes povos: simbólico, místico e concreto… embora o concreto seja referido de uma forma subjectiva mas intencional (confuso, não...?). A tal frase, dita em arábico, poderia ter a seguinte forma: Floresta negra, urso preto.
Nota: O arábico ainda tem outra característica completamente distinta da outras línguas referidas. Enquanto nestas as palvras se formam pela flexão de temas ou radicais (mar, maré, marear, marinheiro,…) no arábico as palavras formam-se pela flexão de uma raíz de consoantes (k.t.b significa escrever; Kátib é escriba e Kitáb é livro).
Finalizo com outra pequena comparação. A conhecida frase de Aristóteles – Ser como ser - que para nós tem todo o sentido, em uralo-altaico ficaria qualquer coisa como: Existência do ponto de vista de existir. Em arábico nem será possível a tradução.
E isto, talvez, explique muita coisa…
PP: Parece que os bombistas-suicidas de Londres eram ingleses muçulmanos, imigrantes de segunda geração e aparentemente integrados. E da classe média, não sujeitos ao maléfico“imperialismo” ocidental. Não soa estranho?
14 de julho de 2005
A Voz
Dentro de mim, existe uma pequena voz que não para de me gritar: Quero férias... Quero férias!
Essa pequena voz não pára.... Contínua e insistentemente, ressoa-me na cabeça, ocupa-me o pensamento, não me deixa fazer nada.
Daqui a dois dias calo-a da vez!
há dias assim. únicos
eu sei que vou de férias amanhã....
mas hoje apetecia-me andar por aí.
apenas.
feliz
sim.
estou estupidamente feliz
13 de julho de 2005
Quelimane
Lembrei-me de tudo isto, talvez por causa da resenha histórica do Gasel, me ter transportado à elencagem das dinastias deste reinado português. De imediato fui transportada à sala de aulas, numa escola primária em Coimbra, com a Dona Fernanda a olhar-nos de forma inquisidora e nós de batinhas brancas, a recitar reis, rainhas, heróis e conquistadores. Não podíamos falhar uma, ou a vara muito fininha chegava a qualquer lado e zás, era carolada certa. Por isso, naquele tempo, em que era obrigatório ter memória e exercê-la, ter voz audível e presença de espírito eram outros valores fundamentais à sobrevivência no sistema de ensino.
Lembro-me perfeitamente de ser chamada ao quadro e de ter que indicar e explicar nos mapas de Portugal e das colónias (era tanto território meu Deus), as montanhas, os rios e as minhas predilectas, as linhas férreas. Nunca percebi, nem percebo agora, a utilidade de decorar estações, linhas e quiçá apeadeiros, mas lembro-me que gostava imenso de não falhar. Aqueles nomes faziam-me sonhar. Eram Benguela, Limpopo e sei lá que mais. A minha palavra favorita era Quelimane. Esta era a palavre chave. Imaginava logo caçadores, bichos poderosos, feroz vegetação. Ou seja uma África que conhecia pelo Júlio Verne e outros livros de aventuras. Quelimane era o que era. Dava o toque para eu desligar e sonhar, alheia ao crucifixo e às fotos de dois senhores feios mesmo à minha frente.
Tempos que eram outros tempos. O politicamente correcto não existia e a história do D.Pedro comer o coração dos matadores de Dona Inês de Castro parecia-me normal. Ou o Marquês pôr os Távoras a fumegar. Éramos ensinados a conhecer a história através dos vultos importantes e todo o resto não interessava para nada. Passados uns anos porém, aprendia Lenine e Marx no liceu e conhecia a enorme aventura da luta de classes. Malhas que o Império tece.
Em minha casa entrava o República e o Diário de Lisboa. O meu pai ensinava-me a ver a diferença entre o que era a verdade e o que era encenado, pela leitura de um jornal. Claro que a Época e o Diário de Notícias eram um exemplo perfeito, de como o pais perfeito ia bem. Outro dia emocionei-me a ver num programa de televisão, imagens da época de soldados que iam defender a pátria dos terroristas. Diziam nessa peça, que essas imagens chegaram a ser proibidas, devido à perturbação emocional que causavam, pelo seu pesado desespero. Encenações diversas, fui criada num país de papelão, permanentemente adaptado e reinventado.
Por isso o Daniel Filipe inventou a invenção do amor:
" É indispensável encontrá-los dominá-los convencê-los antes que seja tarde
e a memória da infância nos jardins escondidos
acorde a tolerância no coração das pessoas
protejam as crianças da contaminação
uma agência comunica que algures ao sul do rio
um menino pediu uma rosa vermelha
e chorou nervosamente porque lha recusaram
Segundo o director da sua escola é um pequeno triste inexplicavelmente dado aos longos silêncios e aos choros sem razão
Aplicado no entanto Respeitador da disciplina
Um caso típico de inadaptação congénita disseram os psicólogos
Ainda bem que se revelou a tempo Vai ser internado
e submetido a um tratamento especial de recuperação
Mas é possível que haja outros É absolutamente vital
que o diagnóstico se faça no período primário da doença
E também que se evite o contágio com o homem e a mulher
de que fala no cartaz colado em todas as esquinas da cidade "
Soletrar nove letras.
Q U E L I M A N E. Hoje à noite sonhei com animais ferozes.
Poesia
<|||||||> Tal como Eva andou no paraíso
<|||||||> P'ra contemplar as carnes que diviso
<|||||||> Ante essa transparente veste tua
<|||||||>
<|||||||> Poder beijar teus lábios de coral
<|||||||> Poder sugar teus seios provocantes
<|||||||> E quedar-me nervoso por instantes
<|||||||> Frente ao monte de vénus virginal
<|||||||>
<|||||||> E, no mais macio e fofo leito
<|||||||> Beijar-te do umbigo até ao peito
<|||||||> à luz frouxa e mortiça de uma vela
<|||||||>
<|||||||> E, numa fúria, louca e repentina
<|||||||> Untar-te bem o cu com vaselina
<|||||||> Dar-te uma forte e soberba enrabadela.
O Reino que desapareceu
O Reino de Leão é um dos meus mistérios das história: durante mais de 400 anos foi o grande centro político dos reinos cristãos da península, o grande aglutinador da uma identidade cultural e religiosa e o grande mobilizador da reconquista militar e, de repente, esfumou-se na história. Às mãos de dois reinos seus “filhos”…
Em 866, Afonso III o Magno foi o primeiro dos reis astures a tomar o nome de Rei de Leão e, nos 200 anos que se seguiram – entre rixas de irmãos, guerras parricidas e muitos olhos vazados – o Reino de Leão foi sempre engrandecendo. Nesse tempos, embora a Galiza e as Astúrias fossem considerados reinos, apenas ocasionalmente foram verdadeiramente independentes e sempre subordinados a Leão: o seu grande rival era o Reino de Navarra – de influência Vasca e Franca –, mas os leoneses quase sempre se impuseram. E, como era costume, os Reis de Leão concederam condados às zonas mais periféricas que serviam de zonas tampão com os Reinos vizinhos e com as Taifas mouras: assim nasceram os condados de Castela (915) e de Portucale (968), sempre vassalos de Leão. Das rivalidades entre Leão e Navarra soube Castela tirar proveito, apoiando-se ora mais no seu suserano – Rei de Leão -, ora mais no seu rival, o Rei de Navarra.
A primeira rotura nestes equilibrios políticos aconteceu por volta de 1030. Seguindo os hábitos da época, o rei de Leão resolveu encomendar o assassinato do Conde de Castela, talvez por o achar demasiado emproado. E assim foi feito… Sancho Garcés, Rei de Navarra, tomado de “salva honras” – era casado com a irmã do Conde de Castela – invade Castela, invade Leão, mata os assassinos e reclama o Condado de Castela como seu legítimo herdeiro. Aproveitando a relativa debilidade de Leão, antes da sua morte entrega as sua possessões (elevads a reinos) aos seus três filhos – Navarra, Castela e Aragão. Assim nasceu o Reino de Castela em 1035– sob influência Navarra – e Fernando I foi o seu primeiro rei.
Entretanto a dinastia astur-leonesa continuava débil e, em 1037, Bermudo III de Leão (1028-1037) morre sem descendentes. Estando Fernando I de Castela casado com a sua irmã, passou a ser Fernando I de Leão e Castela (1037-1065). Como o nome diz, era rei de Leão e também de Castela. A grandeza e superioridade do Reino de Leão prevaleceu e Fernando I – apesar de navarro – manteve a identidade e cultura leonesa. Ao morrer, também divide os sus reinos pelos três filhos, Leão, Castela e Galiza. Afonso VI de Leão (1065-1109) logo tratou do sebo aos irmãos e reunificou o reino de Leão e Castela. Afonso VI o Bravo foi, talvez, o maior rei de Leão: derrotou definitivamente o Reino de Navarra, conquistou Toledo aos mouros (1081) e intitulou-se imperador. O centro político, cultural e religioso da península continuava em Leão e assim se manteve nos reinados dos seus sucessores (Urraca e Afonso VII).
Afonso VII de Leão e Castela (1126-1157) coroou-se mesmo imperador da Hispânia e é, precisamente nessa altura, que nasce o segundo reino “filho”: Afonso Henriques recusa a vassalagem e proclama-se Rei de Portugal (1143). Ao morrer, Afonso VII o Imperador volta a dividir o seu reino, pela última vez, entre Fernando II - Rei de Leão - e Sancho III - Rei de Castela. É durante esta última separação que se acentuam as diferenças e rivalidades entre Castela e Leão, nas quais Castela vai ganhando terreno… A tal ponto que Fernando II de Leão (1157-1188), casado com a filha de D. Afonso Henriques, teve que mandar o seu herdeiro para a protecção do avô em Portugal, devido ao perigo de um golpe castelhano.
E assim chega, em 1188, Afonso IX de Leão ao trono, o último rei de Leão... Este Reino ainda mantinha a sua superioridade política e cultural sobre os restantes, facto atestado pela fundação da primeira Universidade da península em Salamanca (1218). Afonso IX teve uma vida atribulada…Casou com Urraca de Portugal, filha de Sancho I, que era sua prima e, quando o Papa anulou o casamento, já tinha três filhos. Tentou resolver, a bem, os conflitos com Castela e casou com Berenguela, filha do rei castelhano… mas esta também era sua prima e, mais uma vez, o casamento foi anulado já com três filhos. Desta filharada toda, dois eram varões e ambos Fernandos… e em 1214 morreu o Fernando errado, o filho do primeiro casamento. Sobrou o Fernando do segundo casamento - que a mãe tinha levado de volta para Castela - e fora educado dentro da cultura castelhana e na rivalidade com Leão. Após a morte de Henrique I de Castela, subiu ao trono Berenguela que logo abdicou no seu filho, Fernando de Castela. Afonso IX de Leão, vendo o perigo da coroa passar definitivamente para Castela, ainda tentou enfrentar o filho, mas sem êxito. Morre em 1230 e resiste a “dar” o Reino ao filho… deixa-o em testamento às duas filhas portuguesas – Dulce e Sancha - que o vendem a Fernando III da Castela e Leão. Este sim já era um rei claramente castelhano e, em pouco tempo, os seu herdeiros passaram a ser só Reis de Castela.
E assim acabou o grande Reino de Leão… vendido ao Rei de Castela por duas princesas “portuguesas”.
Mais que o seu desaparecimento há 800 anos, impressiona o seu desaparecimento actual. Se durante muitos anos ainda constituiu uma das coroas do rei de Espanha, se durante muitos anos ainda foi uma província de Espanha, com o advento da democracia foi “engolido” da autonomia de Castilla-León. É a única nação histórica espanhola que não tem a sua própria autonomia. Completou-se o desparecimento do Reino de Leão…
Post suscitado por um outro da Luz que, como é costume, desapareceu!
PP: fui à entrevista... há muitos candidatos ao mestrado!
12 de julho de 2005
Na viragem do dia
Para além dos posts hoje publicados, a casa esteve invulgarmente silenciosa. Não tem mal. O silêncio, sabemo-lo, é parte integrante e essencial da música.
Uma boa noite para todos. E um bom dia também.
depois admiram-se que o ceu lhes caia em cima....
os trabalhadores da construção civil foram apanhados no meio de um fogo cruzado e foram detidos para averiguações.
dos doze que foram detidos, a polícia só teve o trabalho de interrogar 3
9 morreram antes disso.
eram apenas nove trabalhadores da construção civil iraquianos.
(algo me fez lembrar o 'deportees' do woody guthrie)
11 de julho de 2005
O Loky, o trabalho e as férias...
Ontem, a noite, fui ao café… e perdi o meu cão. Entre filhos, primos, cunhados e sei lá quem mais, o cão ficou esquecido e, pequeno e apalermado como é, não soube voltar a casa.
Era meia-noite quando, ao me ir deitar, dei por falta dele.
Não estava em nenhum recanto da casa, nem no quintal. Era uma da manhã e lá andava eu, às voltas pelo bairro, a assobiar e gritar: Looooky!!… Looooky!!E nada… Eram duas da manhã e deitei-me, com uma sensação difícil de decrever.
De manhã, logo às oito horas, fomos ao café e veio o alívio: o sr. Oliveira (que não sei quem é…), ao vê-lo de ar perdido, tinha-o recolhido. Às onze da manhã, o nosso Loky tinha regressado a casa!
Entretanto, já voltei ao trabalho. Como tinha prometido a T, sexta-feira lá estava às nove da manhã em ponto. É verdade que ainda tenho um andar meio esquisito, que ainda me sento do um modo meio amaricado, que ainda solto uns “ais” meio a despropósito… mas, estóico, trabalho com alegria. Ou não me faltasse apenas uma semana para as férias.
E é assim… quinta-feira começa a Concentração de Faro. Sábado de manhã estarei no posto médico do recinto e, lá pelas cinco da tarde, zarpo para Matalascañas…
as palavras, a caligrafia e um filme que me apaixona
'When God made the first clay model of a human being, he painted the eyes, the lips, and the sex. And then He painted in each person's name lest the person should ever forget it. If God approved of His creation, he breathed the painted clay-model into life by signing His own name.'