20 de julho de 2005
Adormecer com o som da ventoinha, romba e vacilante, é sempre uma boa forma de o fazer. Produz sempre sons diferentes. Às vezes imagino-me a viajar de comboio na linha do Tua, a ouvir pouca terra pouca terra, outras vezes lembro-me de países mais quentes. Talvez Parati, o som da ventoinha igualmente romba e a música das escolas de samba a ensaiarem para o Carnaval, numa suave batucada. Ontem li algures que há uma doença relacionada com a excessiva sensibilidade auditiva. Confesso que professo muitas intolerâncias sonoras. Existem vozes de pessoas que me fazem tremer o tímpano. E músicas que me dão vontade de ranger os dentes.
Gosto de esticar o pé e o Vicente convencer-se que é uma almofada e deitar a cabeça, confiantemente. Ouço-o ronronar muito ao longe e adormecemos os dois num sono de gato sem sonhos.
Hoje li que morreu um conhecido naúfrago voluntário, Alain Bombard. Conhecido salvo seja, nunca tinha ouvido falar nele. A bordo da sua embarcação "Herege", este médico procurou conhecer os mistérios da sobrevivência no mar, depois de ter presenciado a morte de 42 marinheiros franceses a apenas algumas braças do porto de salvação.
"Le docteur Bombard se penche alors sur les grands naufrages de l'Histoire, et il en tire une conviction : ce n'est pas l'organisme physiologique qui cède lorsqu'un bateau coule, mais le moral. Le naufragé qui se voit noyé perd aussitôt tous ses moyens et s'abandonne au fil de l'eau."
A ideia é interessante, procurou prová-la toda a vida...Fazem falta este tipo de pessoas, verdadeiras, corajosas e...heréticas:)
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