uma boa disposição contagiante de jovem contente com o seu dia.
estranhamente não reparamos em quem nos varre as ruas.
o seu sorriso enquanto trauteava umas canções e varria as ruas fazia com que reparassem nele.
ontem, varria o enorme pátio com a boa disposição de sempre.
de repente, como se tivesse sido desligado, caiu.
a longa espera pelos bombeiros
a longuíssima espera pelo inem
ao fim do dia, no local onde viu pela última vez o sol de sintra, continuava arrumada a vassoura e a pá, ainda com lixo, como se estivessem à sua espera para continuar o trabalho.
ele não voltará mais a elas
nem à rua, nem ao sol, nem à vida
e se acabou no chão feito um pacote flácido
agonizou no meio do passeio público
Há pessoas que desaparecem e nos deixam assim este sentimento. Um beijinho, Carlos.
ResponderEliminarnão o conhecia, apenas o via aqui pela estefânia a varrer a rua
ResponderEliminarCaros Carlos e Tereza. A vida invade a arte, uma vez mais. E o texto do Carlos, relatando a passagem de alguém cotidiano, de alguém alegre e quase imperceptivel é magistral.
ResponderEliminarSem querer, ou, querendo mesmo, o texto estende uma ponte invisível e emocional, que nos une (portugueses e brasileiros) através da poesia viva e da canção de Chico Buarque. A frase com que Carlos encerra o post pertence à música de Chico que se chama Construção.
E assim, traduzindo o cotidiano, com olhares tristes ou felizes, seguimos. Decifrando a vida. Decompondo a tristeza e construindo a esperança.
Um abraço. Parabéns pelo texto.
a frase com que acaba, e o título também é do mesmo poema/canção do chico.
ResponderEliminaruma enorme canção
e obrigado por nos visitares aqui.
Uma morte anónima...uma vida que nos invade o quotidiano, uma morte que nos faz ver que vale pena viver, não a menosprezemos...lutemos por ela.
ResponderEliminarUm bom texto, singular, ele que partiu merece com certeza.
Eu por acaso reparo nos varredores de rua, porque sempre pensei sê-lo durante um tempo por causa desse anonimato (acabei por experimentar algo semelhante quando limpava no aeroporto de Zurique), pode ser algo realmente interessante!!!
ResponderEliminarE também compreendo este sentimento. São aquelas pessoas que estão sempre lá, que parece que não vão desaparecer nunca e depois... fica uma espécie de vazio estranho na nossa vida quotidiana.