Agora que o Senhor Nosso Presidente dissolveu as Cortes vamos continuar na mesma sopa a esfriar em que nos temos banhado e tendencialmente afogado qual areias movediças feitas de sopa a esfriar nada que não se esperasse já que tudo se espera já deste pessoal itinerante entre Bruxelas Berlim Murtosa Mealhada Figueiró dos Vinhos Quinta do Lago mas a sopa a esfriar continua com aquela consistência viscosa em que se afogam os suicidas e os acidentados ou os simplesmente néscios e mentecaptos condecorados com a Ordem do Sim Senhor e a Grã Cruz da Espinha Dobrada enquanto a matilha esfomeada se perfila já na ombreira da porta para correr aos despojos dos que saem e os despojados se perfilam para correr aos despojos dos que entram e a sopa vai esfriando parece uma Vichyssoise made in Deutchland Über Alles Virgén Macarena me ayuda os cães atiçados em campanhas o respeitinho é muito bonito os cães comem a sopa mesmo quando está a esfriar e se tiver alguns afogados lá dentro melhor que assim os recibos verdes do caldo verde de recibos verdes a esfriar ajudam a Maria a boiar na sopa que esfria servida no jantar de Estado oferecido pelo Senhor Presidente ao Príncipe homeopático e micrognático junto com peixe de Setúbal que esfria em Setúbal enquanto no Bairro da Bela Vista a sopa que esfria é outra bué marada e os senhores que nos hão-de governar hão-de interceder junto da Santa Igreja do Great Spaghetti Monster para que a sopa de massa a esfriar não nos deixe enleados e afogados que nesta açorda não há naco de torresmos da mesa do Senhor Presidente e os croutons mexem-se com a vida própria das lagartas das couves que sentem a chuva da Primavera que cai mesmo antes da ceia de Natal servida com as couves de Fevereiro e a juros compostos que afundam o PIB na sopa a esfriar de desconsolo e apatia antes da venda a prestações do último Tupperware dos anos setenta no Hipermercado Chinês Família Feliz a seis de Junho do ano que já não lembra no fundo da sopa já definitivamente gelada.
31 de março de 2011
Quando se aproxima o Verão
Título súbito, a pensar em praia, para este post... Deve-se o mesmo ao calor que hoje, subitamente, se fez sentir. A fotografia é de início do século passado e leva a breves considerações: não se divulga de imediato a fonte, pois já seria uma resposta parcial ao desafio; atentando a aspectos da imagem, chegar-se-á, a passos breves, ao nome da localidade; o chapéu, tão em moda na época e usado por qualquer dandy em veraneio, foi recuperado fugazmente nos anos 70 e tem um nome específico. Ficam, pois, duas perguntas:1)- o nome do povoado onde foi captada a imagem e , evocando Vasco Santana e a sua deixa num filme que ainda nos faz sorrir , 2)-pergunta-se se conhecem o nome deste «tapa cabeças» ao gosto de um qualquer romance queirosiano ou de alguns cenários traçados pelo baiano Jorge Amado.
Localidade: Azenhas do Mar
Fonte: Um passeio de Cintra até ao mar
Saúde e Energia
Os brindes do Toddy em 1969. Eu tenho por brindes um fascínio total. Grandes, fortes e bonitas, ficam um amor na sua cozinha!
rua das teresas que voam (ou escrevem voando)
por razões que as ditas não têm culpa, esta casa transformou-se na rua das teresas.
que voam.
com e sem abreviatura.
a culpa não é delas, que fazem o que devem.
a culpa é mesmo dos outro, de nós, os que andamos a sofrer, por uma razão ou outra, dum síndrome de perguicite aguda.
não que os últimos tempos não estejam férteis em razões para escrever.
do futre ao obama da rua da milharada, as coisas sobre que escrever são mais que muitas, embora nenhuma delas particularmente excitante.
diria mesmo que são mais para o depressivo.
mas a vida é o que é.
se é esta que temos, é com esta que temos que nos haver.
a ela iremos.
e,
obrigado teresas
30 de março de 2011
A senhora da avenida
Uma bela imagem encontrada numa avenida.
Sabeis identificar esta placa?
Cabeleireiro, Almirante Reis
Sabeis identificar esta placa?
Cabeleireiro, Almirante Reis
Uma série ao vivo entre contratempos
Ainda no rescaldo de uma mala acabadinha de extraviar, gastando parte de pequeníssimas férias a comprar o essencial - ao contrário da maioria das hostes femininas, não se é fã de sessões de shopping - eis que, na rua, se dá uma aparição: estes senhores tocavam para uma privilegiada audiência que não ultrapassava as duas dezenas. Sem resistir, máquina tirada da mala e... "clic, clic"...
Pelo ar dos músicos-actores, fica a sensação de que se divertiam tanto ou mais do que a assistência... Aprende-se ainda (nunca é tarde) a duvidar da máxima «só acontece aos outros»... Lição interiorizada até hoje - viajar de avião levando, sempre, numa pequena mochila a nunca largar, meia dúzia de imbambas (que me perdoem o quimbundo) de coisas essenciais para não se ficar uma semana a roer unhas até à falange, à espera do tesouro perdido...
O arrazoado prende-se com o facto de, no meio de alguns aborrecimentos relativos nascerem, muitas vezes, risonhas estórias. Recordarão, decerto, a série em que entram estes senhores.
Romance
Em 1972, este par fazia o meu enlevo. Reconhecem?
La Demoiselle d'Avignon :)))
"Ando há séculos para comprar na Amazon francesa. Ela, Marthe Keller, viveu vários anos com Al Pacino (inveja!) "disse a Teresa Leandro e acertou.
La Demoiselle d'Avignon :)))
"Ando há séculos para comprar na Amazon francesa. Ela, Marthe Keller, viveu vários anos com Al Pacino (inveja!) "disse a Teresa Leandro e acertou.
Olvida mis ojos
Comprei-o pela bonita capa, pelo "Lisboa" no título e por estar abandonado no chão, todo partido. E por ter visto antes o vendedor a pegar num livro em igual estado e a espatifá-lo no lixo. Depois, quando cheguei a casa, mão amiga colou-o e deu-lhe outro cara e eu fui googlar a autora. É mexicana a Maria Enriqueta e no site que lhe é dedicado diz: Olvida mis ojos, pero lee mis versos. Bonito não é?
Brujas, Lisboa Madrid,
Maria Enriqueta, Primera Edición,
http://www.casamuseomariaenriqueta.com/
Brujas, Lisboa Madrid,
Maria Enriqueta, Primera Edición,
http://www.casamuseomariaenriqueta.com/
29 de março de 2011
André Brun
Anunciava-se o livro de André Brun, "Dez Contos de Papel". Li-o há pouco, foi a primeira obra que li de Brun e que fez de mim uma leitora fiel deste autor. Seria uma boa reedição, pegar no acervo deste escritor e fazer umas obras completas.
28 de março de 2011
Portugal é sensacional!
Portugal é sensacional, assim dizia este slogan publicitário de 1972. E eu acredito que o somos ainda em 2011.
Mazinger Z: viagem da ficção à realidade
Sempre gostei dos desenhos animados de robôs japoneses de seu nome Mazinger Z. […] . A série entusiasmou provavelmente muitas crianças nascidas na década de 70. O argumento de Mazinger Z era o de o professor Kabuto, auxiliado pelo seu conselheiro científico Dr. Inferno, ter descoberto na ilha de Rodas uns autómatos ancestrais. Inferno guardou segredo da descoberta tendo, mais tarde, informado os restantes investigadores de que iria utilizar os robôs, já recuperados, para dominar o mundo.
O conselho de cientistas recusou tornar-se cúmplice do louco exterminador tendo decidido, este último, programar os robôs para uma destruição em massa. O único sobrevivente foi o professor Kabuto que acabou por se evadir para o Japão onde, com o auxílio dos últimos avanços tecnológicos e da energia foto-atómica […] fabricou um robô denominado Mazinger Z, a fim de aniquilar os planos de Inferno. Posteriormente, Kabuto foi assassinado pelo Barão Ashler, um aliado do maléfico cientista, tendo conseguido, antes da morte, revelar ao seu neto Koji Kabuto os planos de destruição e todos os segredos do Mazinger Z .
Mazinger Z passou a ser comandado por Koji, combatendo os robôs enviados pelo terrível Dr. Inferno[…].
Cruzando ficção com realidade, surpreende o sucedido com o acidente nuclear de Fukushima. No país das bombas atómicas (Fukushima e Hiroshima têm os mesmos sufixos), dos terramotos e dos tsunamis, constroem-se centrais nucleares à beira-mar, indo os humanos -não os robôs- apagar focos de incêndio de baldes e mangueiras […]…
Mazinger Z traz-nos a lição de ter a tecnologia robótica vencido a ilimitada ambição representada pelo Dr. Inferno embora, na época e ainda em início da juventude, se fosse mais ingénuo ...
Hoje ninguém envia aviões anticontaminação nuclear ou hidroaviões telecomandados para ajudar o Japão. As guerras do petróleo e a defesa do nosso nível de vida encontram-se no posto de comando.
José Ramon Pichel Campos, «Medo dos aviões» em Galicia Hoxe (tradução livre e com supressões, sem utilização das regras do novo acordo ortográfico)
aqui o artigo original
27 de março de 2011
Cocaína
Encontrei a referência de novo a Pitigrilli nas cartas de noivado dos meus pais. Sabia que era dos escritores que fazia o meu pai sorrir. Agora ao colectar um a um os seus livros, deste autor tão esquecido nos dias de hoje, tudo me faz sentido.
26 de março de 2011
Ritmos de uma manhã de sábado
Regresso a casa após compra do semanário de sábado. Por ruas estreitas, abrando para deixar passar uma humana nuvem da qual se destaca o azul… A expressão de surpresa leva um jovem a aproximar-se e a pedir amavelmente contribuição para a sociedade a que pertence, de seu nome MTBA.
Como se chamam? «Bumbos de Santa Maria de Magoito» - respondem. Peço, em troca, autorização para os fotografar. Sorridentes, arrumam-se para o instantâneo. Passa a D. B que há muito não encontrava. Radiosa, mostra-me as fotografias dos netos, que já são quatro «quando vou a Lisboa, só tiro da mala, antes da viagem, as fotografias dos meus pequeninos, a maior perda, caso apareça algum assaltante» - diz-me, embevecida e de olhinhos brilhantes…
Como pano de fundo, um magnetizante som de percussão da responsabilidade dos tocadores de azul que já perdi de vista, mas se fazem agradavelmente sentir.
É bom viver por aqui com tudo o que de surpreendente se vai sendo brindado. Coisas simples, a desenhar sorrisos no rosto e cá dentro.
O melhor de Campo de Ourique, Estrela e Lapa.
Eis os estabelecimentos aconselhados em Campo de Ourique. Corria o ano de 1945. Alguns sobrevivem, como é o caso da Tentadora. E os outros?
Clicar para ampliar.
Clicar para ampliar.
Os pássaros
Arroios em modo fim de tarde, a saborear a rua e a ver as esplanadas montadas já. Mas cuidado, a sombra de Hitchcock paira.
25 de março de 2011
Daqueles dias
Em que vou no autocarro, muito ensonada, a ouvir uma interpretação amaneirada duma canção romântica um pouco pimba, a pensar se o motorista estará a pensar em concorrer aos ídolos ou quejandos, a reparar que a rapariga morena que entrou ao mesmo tempo do que eu se agita no ritmo e sorri misteriosamente, imagino um romance ao som do "Não vás, não partas, fica aqui, quero-te...".
Ainda meia arremelgada entro no prédio e abro o correio mecanicamente. Aparece um pequeno embrulho da cor das encomendas como eu gosto. Eis o recheio, estes lindos chocolates duma confeitaria antiga de Zurique e umas lindas palavras da Luísa da Terra das Vacas. Não sei o que me enterneceu mais, se o texto do postal, se os desenhos vintage e tão bonitos das embalagens dos chocolates. O caso é que fiquei de sorriso nos lábios e eis-me aqui a agradecer esta lembrança tão querida. Trocar afectos faz-me feliz.
24 de março de 2011
Inspirações de ontem - II
Inspirações de ontem por aqui encontradas - I
Fotografias do baú
Daqui reconheço o meu bisavô e a minha avó Amélia muito novinha, de chapéu e pele escura, penso que a foto datará da primeira década do século XX.