30 de setembro de 2010
30 de Setembro de 1791: Mozart termina «A Flauta Mágica»
A 30 de Setembro de 1791, Mozart termina «A Flauta Mágica». O compositor virá a falecer em Dezembro desse mesmo ano, não tendo possibilidade de saborear o sucesso da sua obra.
29 de setembro de 2010
Figuras históricas «em jarro»
(imagens: b.auctioneers)
Quem serão as figuras célebres representadas? Conseguirão identificá-las?
Acertaram três visitantes: Rui Almeida, Toni e Zé Dias da Silva. À esquerda encontra-se representado Winston Churchill, à direita Thomas More.
28 de setembro de 2010
Sementes da República: o Ultimatum
(postal: reedição de 1996, Museu da República e Resistência)
«Para alguns, como Gomes Leal e Junqueiro, o mundo vindouro toma a forma de uma nova ordem pública, a República. Para outros, como Eça, a forte reacção nacional ao Ultimatum é encarada como a oportunidade de levar a cabo o programa e regeneração nacional anunciados nas Conferências do Casino. É esta a mensagem e A Ilustre Casa. Contudo, qualquer que seja a filiação literária ou política dos autores estudados, todos partilham a crença num novo e eterno Portugal devolvido à perfeição do Jardim primordial.».
Maria Teresa Pinto Coelho, Apocalipse e Regeneração: o Ultimatum e a mitologia da Pátria na literatura finissecular, Edições Cosmos
27 de setembro de 2010
Heroes
Um postalito que salta dum livro do Herculano. Nem me lembrava dele. Tenho a mania de guardar tudo dentro dos livros. Ou melhor, arrecadar.
primeiro dia de escola...
antes de eu ir para a escola primaria, na rua das trinas, passava os dias inteiros com a minha avo. mas no ano antes de entrar para a escola primária, os meus pais resolveram pôr-me na infantil, no último ano da infantil, para eu me ir habituando. tenho poucas recordações de como se terá passado o meu primeiro dia de escola. estou certa que, em casa, no dia anterior a esse grande dia, devem-me ter dado só boas razões para eu ficar contente e ir para a escola de coração leve. o que eu gostava era de passear com a minha avo, conversar com ela, ouvir a rádio com ela, ver a avo tina fazer os croquetes de manhã, andar de triciclo no corredor de casa… porque razão me queriam pôr agora na escola?
de manhã, a minha mãe levava-me de carro até à casa da minha avo, na altura em que não havia obrigatoriedade do cinto de segurança. lembro-me que vinha deitada no banco de trás, nos dias mais sonhadores, ou de joelhos entre os dois bancos, nos dias observadores. na manhã do primeiro dia de escola vinha deitada no banco de trás a ouvir a minha mãe falar-me das vantagens de andar na escola. penso que era um dia de chuva e penso que era outubro porque, embora eu não soubesse o que queria dizer o 5 de outubro, sabia que dali a poucos dias era dia de não-escola. nessa manhã lá foi a minha avo levar-me, desta vez no sentido oposto ao da escola na rua das trinas. fomos por ali abaixo. eu, de impermeável de plástico e de galochas (antes de aparecerem as colibri) estava em dia de poucas conversas. como toda a gente, a minha avo falava-me das vantagens de andar na escola e lembro-me que me contava também que a escola ficava muito perto da casa do herman josé.
tenho memória do recreio, da sala de aula do corredor que tinha uma lojinha fechada e que às sextas-feiras se abria de forma magica e ali vendiam gomas e chocolates… nunca me tinham dito que uma escola podia vender gomas e chocolates… e lembro-me que nesta escola também aprendíamos inglês. não sei como se passou o primeiro dia, mas talvez não tivesse o coração tão pesado porque sabia que, dali a poucas horas, a minha avo vinha buscar-me para almoçar. o que me marcou desta escola foi, sem duvida, a loja das guloseimas que abria as portas, ou se desmontava ou se transformava em loja magica às sextas-feiras e que podíamos pedir aos nossos pais para nos darem umas moedas para comprarmos uma guloseima. na verdade, penso que esta foi a principal vantagem que vi em ir para a escola "antes do tempo". e na sexta-feira seguinte a minha avo pôs-me na “algibeira” umas quantas moedas pretas grandes, penso que fosse de cinquenta centavos para eu poder comprar umas guloseimas...
... e à saída da escola voltei a ter coisas para contar e a minha avó suspirou de alívio...
imagem daqui
26 de setembro de 2010
O beijo vermelho
Às duas da madrugada num dancing de luxo.Ela acaba de contar-lhe como se perdera por causa de umas violetas vermelhas. Daí o seu nome de guerra. Ele tinha também, confessava-lhe agora, enquanto marcavam juntos o compasso desarticulado de um tango infernal, flores vermelhas semeadas na vida.
Stubbs de Lacerda, O beijo vermelho, Ilustrações de Stuart de Carvalhais, Magazine Civilização 1929
Banhos de Caldas
Os banhos das Caldas terminam com os últimos dias do estio. O mês de Outubro marca o termo das estações termais. Um dos prazeres das viagens, o melhor talvez, é esse de voltar para casa.
Texto de Ramalho Ortigão e desenho de Emílio Pimentel
25 de setembro de 2010
Les amis de Georges
(imagem: lyricsfever)
Brassens viu a sua consagração como músico e poeta há precisamente 56 anos (e um dia) na famosa casa do music-hall parisiense, o Olympia.
Corria o mesmo ano de 1954 quando se deu a publicação de La mauvaise réputation, colectânea de textos de sua autoria. Gostos são subjectivos e discutíveis embora, a título pessoal, todos os momentos sejam propícios para o evocar, como aliás o fizeram alguns dos seus amigos cantores de poemas.
Quando se deu a oportunidade pessoal de passear pelas palavras e acordes do então já adulto cantor, algum tempo teria decorrido desde a sua ascensão na chanson française. Seleccionei, pois, alguém que tão bem o evocou neste retrato em que, mais tarde e em certos traços, alguns ainda nos iríamos rever. É que o tema escolhido traz igualmente memórias de acordes dedilhados, bem como de textos a perdurar na memória.
Les amis de Georges
O que é a fama?
(imagens recebidas por e-mail)
Em que consistirá a fama? A pergunta parece aparentemente simples embora traga, decerto, múltiplas e divergentes opiniões... De modo resumido e transpondo para pequenos aspectos presenciados, fica-se a pensar em depoimentos e situações ocasionais: a saudação efusiva e, por vezes, certos comentários intrusivos dos transeuntes sempre que alguém publicamente conhecido cruza uma rua, uma loja, um cinema, como se alguns dos «famosos» tivessem sido colegas de escola …
A interiorização errónea deste conceito quando, subitamente, numa turma mais problemática, se verifica encontrarem-se muitos dos alunos ausentes por terem ido participar num casting para uma novela de qualidade discutível em qualquer canal televisivo (aqui não se pode deixar de pensar que, no caso pessoal, tal nunca teria sido permitido pelos progenitores) ou quando alguém se presta à participação em concursos de duvidoso gosto destinados a voyeurs…
Sentimento a trazer vaidade e a falsa sensação de superioridade para uns, algum enfado para outros. Evoco um mediático fadista que , ao ser entrevistado, afirmou só sair para locais movimentados com a família e amigos sempre que sentia energias para tratar de modo afável o cidadão anónimo. Outros há que respondem de forma provocadora e hostil quando são saudados. Respeitando pessoalmente uns e outros (como a qualquer ser humano desde a tribo mais ancestral à sociedade caracterizada pela tecnologia), procedo como se não os conhecesse dado não fazem parte do meu círculo próximo merecendo, por isso mesmo, toda a paz e sossego devida a todos nós… Trazendo a ideia de fama sensações diversas aos visados, ficam ainda dois pequenos apontamentos: o do futebolista outrora famoso que, tendo deixado um grande automóvel desportivo sobre o passeio de uma estreita rua da nossa bela cidade, ao ver que lhe era passada uma multa, perguntou ao agente: «não sabe quem eu sou?» , tendo a questão levado à resposta «não, não sei…» e de seguida recebeu em mãos o merecido «cartão vermelho»…
Não há muito tempo, tendo entrado num estabelecimento, um político com protagonismo na tv e em cujo partido nunca votei, ao ser aparentemente passado à minha frente no atendimento , disse ao funcionário: «desculpe, mas há quem se encontre à minha frente», respondi já ter sido atendida (o que era verdade) e , independentemente de quem possa ser, saí bem impressionada pelas regras de civilidade demonstradas.
24 de setembro de 2010
A mocidade
A ler as memórias de Bulhão Pato, reencontro constantemente Rebelo da Silva, e sorrio com o afecto que transparece ter existido entre eles. E eis a capa, por Maria de Vasconcelos, do livro A mocidade de D. João V.
A pouca distância do Vale de Lobos está outro, o vale de Santarém, que Almeida Garret imortalizou nas suas viagens, e onde Rebelo da Silva tinha a casa, ensombrada dos loureiros e gorjeada dos mesmos rouxinóis que encantavam aquela Joaninha dos olhos verdes, a flor alpestre mais graciosa, colorida e perfumada de quantas têm desabrochado, com Abril, nos agros do campo.
Assim descreve Bulhão.
A pouca distância do Vale de Lobos está outro, o vale de Santarém, que Almeida Garret imortalizou nas suas viagens, e onde Rebelo da Silva tinha a casa, ensombrada dos loureiros e gorjeada dos mesmos rouxinóis que encantavam aquela Joaninha dos olhos verdes, a flor alpestre mais graciosa, colorida e perfumada de quantas têm desabrochado, com Abril, nos agros do campo.
Assim descreve Bulhão.
Aviso à navegação
O alojamento de imagens TinPic foi-se. A quem tiver imagens ainda, coloque-as pelo sistema normal do blogger. A ver vamos. São para aí 2.000 imagens perdidas. A ver o que recuperamos.
Posts com imagens perdidas desde 2009/Março. Os da Teresa estão todos perdidos desde o início.
Talvez se recuperem não sei.
Nota: Voltaram todos. Mas à cautela, use-se o blogger para upload.
Posts com imagens perdidas desde 2009/Março. Os da Teresa estão todos perdidos desde o início.
Talvez se recuperem não sei.
Nota: Voltaram todos. Mas à cautela, use-se o blogger para upload.
23 de setembro de 2010
A idade da reforma: notas soltas
Convidaram-me ontem para uma cerimónia de homenagem aos professores das escolas do concelho. Lido o programa, verifiquei ser a mesma exclusivamente dedicada àqueles que, no presente ano, se tinham reformado. Ao ver os homenageados chegar ao palco apercebi-me, com alguma apreensão, serem muitos dos presentes - vi no grupo amigos de outros tempos - pessoas que, por “vias normais”, para utilizar um chavão, ainda teriam pela frente muito tempo de vida activa. A opção certamente lhes terá trazido considerável corte financeiro. Os discursos dos participantes da mesa foram, na generalidade, de preocupação , provavelmente por terem visto pessoas de aparência relativamente jovem e de dedicação por muitos reconhecida (os pais também se manifestaram nesse sentido) a despedirem-se em definitivo da escola, das crianças e dos jovens. Partiu a nota algo discordante da representante do ministério, com referência ao facto de ser 2011 o ano do voluntariado, tendo deixado o apelo àqueles professores recém-reformados para que não deixassem de dar aulas em regime de gratuitidade. A título pessoal, afigurou-se insólito o pedido : já não falando em questões de civilidade de acordo com as quais ninguém se deverá sentir bem a retirar postos de trabalho (ou a gerar horários muito incompletos) para tantos dos recém-licenciados no desemprego, revelou-se contra-senso o facto de se pedir a quem decide pôr fim a uma profissão com acentuada penalização financeira que volte a ela sem remuneração. E tudo isto acabou por ser associado às movimentações que, uma vez mais, se verificam hoje por França onde se protesta contra o prolongamento da idade da reforma dos 60 para os 62 anos. Por cá a fasquia afigura-se bastante diversa.
Da janela
E neste emaranhado de prédios surge uma senhora de cabelo branco a ver o que se passa. Como faz as compras e sobe todos os dias aquelas escadas e escadarias é que me preocupa. Mas Lisboa está assim. Pessoas de idade isoladas em gaiolas e a terem que deslizar pelo escorregadio da calçada.
22 de setembro de 2010
Roupas desfraldadas
Vi praças sossegadas, quase provincianas, com o seu chafariz, suas velhas amoreiras que a luz doira, ruas estreitas e escuras, roupas desfraldadas, quase tocando a cabeça dos transeuntes. Texto de Maria da Graça Azambuja e desenho de Ofélia Marques.
Revista Panorama, 1947
Misteriosa paisagem
(foto: l'intern@ute magazine)
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A imagem foi captada junto a uma praia do nosso país. O título de um poema de Paul Valéry poderia servir-lhe de legenda. Qual a praia a que se refere a fotografia?
Este «cemitério de âncoras» fica no Algarve, na praia do Barril e acertou o Bic Laranja, tendo a Ana Marques Pereira acrescentado informação sobre a origem deste aglomerado.
Um interessante local
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Situada numa povoação cujo nome tudo leva a crer ter origem num deus romano, sobre ela se afirma ter existido neste mesmo espaço, num passado distante, um templo dedicado a outra deusa da mesma mitologia cujo culto a «extraordinária difusão se encontra provada em virtude da forma como os concílios e outras assembleias ou autoridades cristãs reagiram contra ele até por volta dos séculos VII e VIII». A festividade associada a este local ainda se encontra marcada por ritos ligados a práticas pagãs. Conseguem identificar o monumento e a localidade aqui representados?
Citação: Chevalier e Gheerbrant, Dicionário dos símbolos
21 de setembro de 2010
Um belo blogue
É este que vos recomendo. Amnésia.
Simples e aconchegante. Toca a arejar a alma.
Imagem de autoria do blogue que vos recomendo. Amnésia.
A vida é uma "traila"
Mais dois meses e haverá menos habitantes no domicílio. Felizmente, quase todos já têm donos responsáveis (uma ficará a fazer companhia à mãe). Aproximando-se o Natal a passos largos , não pude deixar de associar a actual situação de «família» numerosa a este clássico do cinema … Por vezes, a vida real é uma autêntica traila, de acordo com a famosa expressão do cineasta.
20 de setembro de 2010
A chave na cabeça
A história é simples: nos anos 30, um jornalista pobre regressa a casa depois de uma ida ao Maxim´s e perde o último carro para o Arco do Cego. A vaguear pelas avenidas novas, um lenço agita-se e alguém lhe atira uma chave. Ele ousa e sobe.Ouve "Cautela nada de falar" e é acolhido por uma doce e misteriosa mulher. O conto é bem escrito e inesperado. E a ilustração, de Roberto Nobre, uma delícia.
Magazine Civilização, 1930
A pedido da T e para quem não leu a Pública de ontem
(imagem: revista Pública de 19 de Setembro de 2010)
A revista Pública que acompanha o jornal Público de domingo começou ontem a divulgar histórias de amor que despertaram as atenções do cidadão comum por envolverem figuras conhecidas e terem, na época, atraído a imprensa (não só a rosa...).
Foi inaugurada esta rubrica com um artigo dedicado a Liz Taylor e a Richard Burton tendo o mesmo o sugestivo título A fúria deste amor - e o álcool e as jóias..., acrescente-se para quem não leu a peça, ter sido a mesma construída a partir de um texto biográfico. Termina o artigo do seguinte modo: «Elizabeth Taylor receberia ainda mais uma carta de Richard Burton. Ele tinha-a enviado a 2 de Agosto de 1984. Três dias depois, ausentou-se da sala na casa que partilhava com a sua quinta mulher, Sally Hay, queixando-se de dores de cabeça. Morria nessa noite, vítima de hemorragia cerebral. Elizabeth recebeu a carta dias depois da morte de Burton. Foi a única carta que Taylor não disponibilizou a Sam Kashner e Nancy Schoenberger. Vamos ler o que eles contam no final de Furious Love: "Era uma carta de amor a Elizabeth, e nela ele dizia-lhe o que ele queria. Elizabeth estava em casa e ele queria regressar a casa. Desde essa altura ela mantém essa carta na mesa de cabeceira"».
Correcção: pensei que continuaria a divulgação destas histórias que atraíram a opinião pública, mas um domingo depois constato que tal não sucedeu.
Bacall
Esta era a contracapa de um livro romântico editado pela Ibis. A heroína chamava-se Jessamine! A actriz, essa, é outra louça...
19 de setembro de 2010
Livros escolares do passado
Mais uma vez voltei a este antigo livro escolar. Destinava-se à então designada por 2ª classe do ensino primário e este exemplar é a 6ª edição, publicada em 1958. Pareceu-me curioso o facto de, para além de livro de leitura, integrar páginas de catecismo e, no final, uma parte dedicada à aritmética. Quem se não lembra (isto já na 4ª classe) daqueles terríveis problemas com torneiras a pingar dentro de tanques? Para quê tanto desperdício de água? Ao olhar para a avó na gravura, veio ainda à memória os véus que as senhoras tinham de usar ao entrar na igreja, dado ser considerado inapropriado o andarem de cabeça descoberta. E isto trouxe-me ainda lembranças de um passado, não tão distante assim, em que as meninas não podiam usar calças compridas, moda considerada pouco apropriada (dizia-se) ao sexo feminino.
O saber não ocupa lugar
Tirar nódoas, tratar de queimaduras, arranjar o sobrado, de tudo tratava o Magazine Civilização em 1931.