1 de setembro de 2009
Começo de livros
Começo de “Espingardas e Música Clássica” de Alexandre Pinheiro Torres:
“Nesta invernia que não pára vamos deter-nos num alvorecer em particular. O de terça-feira, 19 de Dezembro de 1961.
Os homens atribuem ou não números diversos a cada madrugada por muito semelhante que se pareça com qualquer das outras que a precederam? A verdade é que cada manhã que se ergue, preguiçosa, da sua tarimba e nos saúda com rigores e exigências militares, exibe no rosto baço ou afogueada, conforme as estações, uma etiqueta com algarismos sempre novos. É bem sabido que o tempo converte mais gente que a razão. A manhã que rompe não sabe disso nem se importa. Mas incomodam-se aqueles que sabem que cada toque de alvorada fere um timbre que nunca se repete. Porque assomamos à janela todas as manhãs? Porque espreitamos o céu? Porque ele é, todos os dias, o risco que devemos enfrentar.”
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