Burocracia...

(imagem captada numa repartição pública na cidade de Aveiro)

É como a Loja do Cidadão: é uma trapalhada. Há uns tempos precisei de um passaporte. Em Julho… 3 horas à espera para tratar dum passaporte. Acabaram com as bichas, é verdade, mas é só porque temos senhas e podemos estar espalhados por todo o lado… Mas não acabaram com as horas de espera…
Quando cheguei ao balcão disse isso mesmo à empregada. «Estive 3 horas à espera! Pensava que na Loja do Cidadão era tudo mais rápido, era o que tinha ouvido dizer»… «E é mais rápido…», disse ela «mas o senhor apanhou a hora do almoço, nesta altura do ano há mais pessoas que querem passaportes, há mais empregados de férias, e então é por isso que levamos mais tempo, percebe?»…
Não. Não percebo. Na Loja do Cidadão querem o quê, de nós, cidadãos? Que eu trate do passaporte em Fevereiro? Querem que eu, um cidadão português, me lembre do passaporte em Fevereiro, quando vou de férias em Agosto? E ainda por cima vou de férias em Agosto porque sou obrigado, porque toda a gente vai de férias em Agosto e eu não me vou pôr a fazer espectáculos em Agosto para ninguém vir ver!? Sim, porque as férias repartidas são uma boa ideia, mas para os estrangeiros, «camones«, velhinhas e tal, porque connosco não funciona.
«Há mais empregados de férias!». Mas porque é que não vão eles de férias em Fevereiro?! É como se agora os guardas-nocturnos não quisessem trabalhar de noite!

José Pedro Gomes, «A Loja do Cidadão» in O País dos Jeitosos