22 de agosto de 2009

August, bloody August...

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Cada vez convivo pior com o mês de Agosto. Que me perdoem tantas pessoas nascidas nesta altura e a quem dedico uma amizade sincera, embora tal reflexão também me recorde (penosamente) já ter sido – ainda num passado próximo - alguém com melhor memória para datas. Se até me esqueço (com a dose de egocentrismo que todos temos) do meu aniversário, quem poderá levar a mal tais incidentes amnésicos ? Ainda na última «efeméride pessoal» dei comigo a rir , pois fui lembrada por um MMS «excessivamente» matinal tendo dado um salto na cama e ficado a pensar durante uma fugaz sensação de taquicardia: “uma mensagem antes de tocar o despertador? Uma má notícia?”, afinal era um simpático alertar para o envelhecimento (acompanhado de imagem de um bolo de aniversário, garrafa de espumante ou lá o que era, pois durmo sem lentes)…e logo pela manhã, quando nasci às 18.30 (diz a minha mãezinha pois conta que o parto não foi fácil, o que nos leva a manter a memória fresca…).
Mas o que o mês de Agosto traz de menos risonho é o facto de há algum tempo ser aquele que nos impele a gozarmos férias colectivas... O incómodo da questão é quando uma pessoa gosta de viver num local retirado , perto do mar gélido e, de um dia para o outro, muda bruscamente o cenário, ficando a lotação em risco de esgotar, com a permanência em cruzamentos ainda não acometidos de «rotundite aguda» aí uns 3 minutos à espera de entrar... até a velha estrada interior a qual, em época de trabalho, é «abrilhantada» por um cão a dormir mesmo no meio da via (se um dia sair munida de metro-padrão confirmarei se está mesmo centrado, parecendo-me não haver erro de paralaxe, aqui recorri a antigos conhecimentos escolares, quiçá na tentativa de parecer culta) se encontra desimpedida de seres canídeos… Não é que estas rotas saloias – com excepção para a estrada Ericeira-Sintra aos domingos ensolarados - se assemelhem ao IC 19 – emoção diária ao longo do ano - mas, não sendo exagerada nas rotinas, este súbito desassossego é calo a ser roído por sapato de cerimónia acabadinho de estrear…
De um dia para o outro o espaço é rasgado por gritos, quase que a abafar o canto da passarada e fica-se pendurado ao balcão na pastelaria de eleição ( com fabrico próprio pelas manas proprietárias), por causa de famílias numerosas em bermudas, havaianas, baldes e pás na mão e o entusiasmo (uau!) das férias. Estes grupos excursionistas elevam as vozes a decibéis como se um emissor em Almada pretendesse fazer-se ouvir em directo e em tempo real por um parente postado em Alcântara… Até a praia, acolhedora no início da Primavera para caminhadas descontraídas até à Aguda, em manhãs de maré baixa, se converte num local proscrito pois, mais ainda do que tropeçar na multidão de peles-vermelhas (sou fã dos legítimos desde que não escalpelizem), corre-se o risco de encontrar parte do elenco exclusivamente «trabalhólico» do resto do ano, a discutir em êxtase (fico-me por aqui por questões de decência) formulários, decretos e portarias quase com gabinete montado no areal ...
Quando financeiramente possível, uma das poucas extravagâncias é a fuga, no auge do Verão (e por poucos dias), para cidades mais ou menos distantes, pois aí a confusão é aceitável, sempre se podendo assistir àquela peça de teatro ou ficar simplesmente em britânicos relvados debaixo de uma árvore com a preservação do espaço vital, arriscando-se a ousadia de comprar bilhetes a poucas horas dos idealizados espectáculos. E nem incomoda ouvir pela enésima vez da boca dos veraneantes bronzeados umas semanitas mais tarde, aquando da rentrée: «então não foste à praia? É que não tens mesmo corzinha nenhuma».

7 comentários:

  1. Comprrendo perfeitamente: e eu feliz de ter Lisboa só para mim:)
    Bela foto. É tua?

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  2. Olá T.,

    Lisboa é mesmo a nossa maior amiga nestas alturas:D

    A foto não é nem poderia ser minha, pois fujo destes cenários (autor britânico, pois por lá as praias em Agosto também serão locais infecto-contagiosos):(

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  3. Também não sou "grande fã de Agosto"...
    A não ser pelo facto de, como diz a T, ter Lisboa quase só para nós:)

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  4. Concordo, erre... fica-se com uma cidade tão especial para nós e sem a confusão do resto do ano (embora o Outono e o Inverno sejam a época de eleição para se ir ao teatro, mas isso já será possivelmente algo de mais pessoal):D

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  5. como vos invejo terem Lisboa por vossa conta nesta altura. Ter filhos adolescentes e uma casa de férias à borla quase nos obriga a ir, embora também me perguntem se não havia sol na minha praia...?! (a T sabe bem qual é) à qual respondo que vou precisamente para a praia onde o inverno passa o verão!!! risos :)

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  6. Ora tivesse eu casa à borla e ia a correr:) E tu tens ai toda a tribo familiar e de amigos:)

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  7. E que a Curiosa aproveite bem a casa de férias à borla:)

    A miudagem precisa de se 'cansar' um bocadinho na praia, caso contrário ouve-se diariamente: 'não se faz nada!'... é que para os adolescentes, ficar a preguiçar e a ler não é conceito de férias. (eu que o diga)...

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