17 de dezembro de 2006

das certezas

sou homem de pouquíssimas certezas.

nada de anormal num tipo com a minha idade.

já tive disso na minha adolescência.
tinha certezas para dar e vender.

tudo para mim era tão óbvio, limpo e cristalino, que quase me parecia que os que não pensavam como eu o não fizessem apenas por má-fé (estou a exagerar na apreciação, mas acho que me percebem melhor assim...)

com a idade, i.e., os anos de vida vivida e o que vamos aprendendo com ela, vamos aprendendo que as coisas são tudo menos simples e que verdades há milhões.
e todas elas verdadeiras.

uma das coisas que me foi ficando dessa época, foi o gosto pela polémica.
o gosto pela discussão, a troca de ideias.
a defesa daquilo em que acreditamos.
e o gosto de que gostar de quem defende o que pensa.
mesmo que pense o oposto de mim.

mas estava eu a dizer que sou um gajo de dúvidas.
e sou-o muitas vezes quando toca a votos.

quase sempre antes das eleições tenho dúvidas.
mas também quase sempre o meu voto tem o mesmo destino.

mas se tenho dúvidas (e tenho que aguentar com o quase 'gozo' familiar) no dia do voto, essa dúvida dissipa-se logo a seguir a, seja ele qual for, o governo começar a governar.

há poucas coisas sobre as quais tenho certezas.
certezas daquelas que nada nem ninguém nos faz mudar de ideias.
certezas daquelas em que temos a absoluta certeza de estar correcto (por muito que respeite as razões que quem acha o contrário).

uma dessas poucas coisas em que tenho certeza absoluta é na justeza do meu voto no próximo referendo.

votarei sim
votarei sim plenamente certo de que estou com a razão.
votarei sim porque tenho a certeza que não quero que quem decide interromper a gravidez não vá preso.

há muito poucas coisas sobre as quais tenho certezas.

esta é uma delas.
seguramente.

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