17 de dezembro de 2006

Da problemática do aborto (VI) - Das considerações finais

Prometi mais um e cá está ele. É o último, acho!

Não sabia bem como começar, mas o Carlos deu-me o mote... Disse ele, meio irónico, se eu queria convencer alguém que ainda não sabia como votar no referendo. Mas é verdade, ainda não sei... e provavelmente só saberei nesse mesmo dia, no último minuto ou segundo - quando marcar a cruzinha - completamente só e sem mais desculpas inteligentes ou retóricas mal-amanhadas.
Sei que, em consciência, ética e moralmente, devia votar NÃO. Não existe, quanto a mim, outra hipótese. Mas sei que, muitas vezes, não faço as coisas em conscência... ou melhor, a ética e a moral podem ceder ao pragmatismo e ao bem-comum. E nesse aspecto, fez para mim muito sentido o que li no Abrupto há uns tempos:

"Votarei SIM no referendo sobre o aborto, sem grandes parangonas morais, sem grandes proclamações sociais, sem certezas absolutas sobre nada, nem sobre a moralidade, nem sobre a liberdade do acto de interromper uma gravidez. Respeito os dilemas dos que votam não, respeito os dilemas dos que votam sim, porque em ambos os lados há a consciência de que o que defrontam é um mal social, uma perturbação a evitar, um momento sempre de uma certa crueldade interior, a da vida aliás. Mas como não acredito em grandes proclamações morais, nem pelo sim nem pelo não, voto sim por um conjunto de razões dispersas, sociais, culturais e filosóficas, que admito que se diga serem de mal menor. Será de mal menor, mas quantas vezes muitas coisas que fazemos são de mal menor? Até no Catecismo da Igreja Católica há várias escolhas de mal menor"

E no meio disto tudo, admiro - mais do que admiração, é quase inveja - os que decidiram assim... os que sabem, os que querem. Admiro a presunção dos que pensam que toda a razão está do lado deles e que do "outro lado da barricada não existe nada". Que do outro lado, ou estão os idiotas católico-conservadores, moralmente hipócritas, atafulhados de bolorentos preconceitos religiosos, ou estão os ateus amorais e relativistas, meio-lúbricos-meio-hedonistas , alegres destruidores de vidas humanas.
E não estão... Estão, apenas, pessoas como nós!

Antes de terminar, vou dar largas ao meu lado libertário. As leis e regras existem para serem cumpridas... mas também para serem quebradas! Eu ando - muitas vezes ou quase sempre - a mais de 140 km/hora. Eu nem vos conto quantas outras leis e regras eu já infrigi... Mas nem por isso vou querer que essas regras ou leis não existam, ou sejam mudadas.
Eu sou livre. Livre de não cumprir qualquer uma regra - em consciência - e livre para assumir a responsabilidade de a ter infrigido. E também não faço juízos morais e aprioristicos sobre outros que, livremente, não cumpriram regras.

PP: Se quiseram mais, não se acanhem... digam, que eu posto! :)

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